Doce Sacrifício

Capítulo 5 - 'Cause I feel a separation coming on


Musica: About a girl [Nirvana]

Adolescentes felizes demais pulavam na piscina, casais bêbados se agarravam pelos cantos da casa. Aquilo virou um inferno, uma mistura de jovens bêbados e drogados.

– Cara, você colocou alguma coisa na bebida? – Matthew pergunta a Taylor, que estava encostado à parede olhando os outros se jogarem na água.

– O que? Eu sabia que não tínhamos vendido tudo isso – ele olha para a garrafa na sua mão. – Na bebida você disse?

– É, parece que alguém acabou com nosso negócio hoje.

– Se é assim, eu vou embora. Isso já deu pra mim.

De repente, Matt se dá conta que estava sozinho demais ali.

– Você viu a Jessica e a Alison por ai?

– Não – Matt observa o outro jogar sua garrafa no lixo e se afastar. – Até mais.

Após Taylor sair, ele decide ir atrás das garotas sumidas.

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David e Jessica estavam deitados na cama, já que tudo estava dançando na frente deles. Era estranho, de repente eles começaram a se lembrar de todas as coisas engraçadas que viveram juntos, e mesmo que não fossem tão engraçadas, eles não conseguiam parar de rir.

– É tarde demais pra te desejar um feliz aniversário?

David vira-se de lado e, num movimento até que bem rápido para a sua situação, fica em cima dela, sustentando o peso de seu corpo com os braços.

– O que você está fazendo?

– Você estava certa, eu não aguento por muito tempo.

– Ah não! Não vamos fazer isso!

– Por quê? Ninguém vai ficar sabendo, e é bem provável que não vamos lembrar disso amanhã. Qual é! O que os olhos não vêem o coração não sente.

Jessica começa a rir mais ainda.

– Meu Deus, David! Você está mesmo desesperado! O que a Rachel está fazendo com você... – Ela balança a cabeça, em repreensão

– Uma vez não vai matar – ele aproxima-se mais dela, olhando-a nos olhas. – Eu sinto a sua falta, porra

– Não, você não sente. Você só está drogado. Droga David, você sabe que não... – Ele a interrompe com um beijo, calmo e demorado. – O que foi isso?

– Um beijo. Não ficou claro pra você? Quer que eu repita?

– Acho melhor não – Jessica o tira de cima dela e senta-se na cama. Os dois ouvem um clic na porta e a olham, intrigados. – Você ouviu isso?

– Sim – David levanta-se e vai até a porta, talvez fosse em vão, mas ele tenta abri-la. E ele consegue. – Graças a Deus, estamos livres! – ele sai correndo dali, e Jessica não consegue se impedir de rir, ele parecia uma criança correndo pelo parque de diversões.

– Até que enfim te achei – Alison estava na porta do quarto, olhando o cômodo, confusa. – O que você está fazendo aqui?

– Nada – Jessica a puxa pela mão. – Vamos embora.

Enquanto passavam pelo corredor, puderam ouvir um pouco da conversa entre David e Rachel.

– Onde você estava? Sumiu praticamente pela festa inteira!

– Desculpe. Eu...estava resolvendo umas coisas ai.

– Que coisas?

– Não se preocupe, está tudo certo agora. Está ficando tarde, eu não estou muito bem, mas talvez Nick possa te levar pra casa.

– Ele vai ficar aqui com a Lexis.

– Ah bem, então nós podíamos...

– Ela me deixou ficar no quarto de hóspedes.

– É...claro, o quarto de hóspedes...

Dois dias depois:

Jessica e Alison estavam sentadas em um banco no pátio da escola. Josh chega e mostra a Jessica algo em seu celular. Era uma foto dela com David.

Jessica fica de pé num pulo. Então aquilo fora mesmo real.

– Alison você não tem algo para fazer naquela direção? – ele diz, sério.

– É, claro – ela levanta-se e os deixa a sós.

– Ajuda se eu dizer que estávamos meio bêbados e que eu não me lembro de nada disso? – ele continua a olhá-la, agora com os braços cruzados. – É, eu acho que não.

Ele não fala nada, esperando que ela lhe desse uma explicação decente, e ela até tenta pensar em uma, mas não foi necessário: o sinal toca, era hora de ir.

– Falamos sobre isso depois ok? – ele afirma com a cabeça.

Ela tenta lhe dar um beijo, mas ele vira a cara e ela acaba beijando sua bochecha.

– Ok – ela devolve o celular dele e vai para a sala de aula com passos apresados.

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Era hora do almoço, Taylor e Harry estavam sentados numa mesa conversando. Eles param de falar ao ver a garota a sua frente.

– Hei Mady! – Taylor a cumprimenta, sorrindo. Ela sorri de volta, um pouco tímida.

– Hei. Eu...eu só queria agradecer pelo o que você fez por mim. Foi...muito gentil da sua parte.

– Que isso. Gentileza é meu nome do meio

– É, e mentiroso é o primeiro.

Taylor dá um chute na canela de Harry, que reclama com ele, fazendo Madison gargalhar.

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Do outro lado do refeitório, Jessica estava sentada ao lado de sua amiga Alison. Matthew chega e senta de frente para elas.

– Hei garotas. O que está rolando?

– Descobrimos o que aquela ultima mensagem queria dizer – Ali vai direto ao assunto.

– Como assim?

– Alison, não! – Jessica tenta impedi-la.

– Você acha mesmo que vai conseguir manter isso em segredo?

– Manter o que em segredo? – Matt pergunta ainda mais confuso.

– Nada Matthew!

– Já foi feito. Josh sabe. É só uma questão de tempo até todos ficarem sabendo.

– Será que dá pra falar logo caramba!

– Jess – Alison diz, esperando que a garota continue.

Jessica procura em seu celular a foto. –G mandara pra ela também, “pra recordação”. Ela estende o celular para Matthew, que de início fica confuso, mas depois arregala os olhos ao perceber do que a imagem se tratava.

– Por favor, me diga que eu estou com catarata e esses não são você e David.

– O.k., não são David e eu.

– Jessica!

– O que? Você pediu pra eu não dizer que eram!

– Eu não acredito que você fez isso!

– Então somos três...

~”~

Michelle andava cabisbaixa pelas ruas. Ela ouve alguém chamar o seu nome e vira-se para ver quem era.

– Raphael? Pensei que estaria no hospital agora.

– Estou livre.

– E a sua namorada?

– Está presa.

– Achei que você continuaria lá, sabe, pra lhe fazer companhia.

– Ta brincando né? – por mais que ele tenha gostado daquelas crianças, ele não perderia todas aquelas horas trancado em um hospital. – Está indo aonde?

– Por aí...

– Você tem feito bastante disso ultimamente. Algum problema?

– Ta brincando né? – ela o imita, com um pouco mais de ironia.

– Tem alguma coisa com o que eu possa ajudar?

– Temo que não. Você já fez o bastante arruinando tudo – ela diz sem pensar.

– Pensei que havíamos parado com as acusações – Raphael parecia um pouco ofendido. Não. Culpado.

– Desculpa... Eu não quis dizer isso – Michelle tenta corrigir as coisas. Mas é claro que não conseguiria.

– Você quis sim, é o que você pensa. Mas eu não culpo você. Eu mereço isso.

– Não, foi um acidente. Eu não devia jogar tudo isso em cima de você.

– Se acontecesse alguma coisa com a minha mãe, aquela casa iria virar de cabeça pra baixo. É isso não é? Você parecia relutante em voltar pra casa naquele dia. Eu te tirei a única pessoa que mantinha as colunas erguidas.

– Sem culpa Raphael, por favor!

– Algum dia você vai conseguir me perdoar?

– Eu já te perdoei, mas se você continuar falando disso eu vou acabar me irritando com você!

– O.k., não vou mais tocar no assunto. – ele faz uma pausa, abrindo um sorriso. – Então, o seu trem de fuga aceita mais um passageiro?

Michelle dá de ombros e diz:

– Claro, por que não?

Então os dois começam a andar rumo a lugar nenhum, falando sobre coisas aleatórias.

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– Você queria me ver? – Matthew pergunta ao sentar do lado de Jessica no banco do parque, de frente para o lago.

O que o fez perceber isso? As ligações (que ele não atendeu) ou todas aquelas mensagens?

– Não faz isso. Josh já está puto comigo, não me ignore você também!

– Fique feliz por ele não ter terminado com você.

– Não dê a ideia Fitch!

– Eu ainda não consigo achar explicação suficiente para o que você fez.

– Credo! Você está pior do que o Josh! Por que isso te incomoda tanto?

Sério? Será que ela nunca perceberia isso? Além do mais é o David. Matthew tinha um milhão de motivos do por que aquilo foi tão errado. Mas era melhor não discutir.

– Não incomoda, é só que... – Matt suspira, ele não conseguiria dizer. – Deixa pra lá.

Jessica chega mais perto, deitando sua cabeça no ombro dele.

– Você acha que Josh vai ficar bravo por muito tempo?

– Não. Vai ficar tudo bem - ele passa um braço em volta dela, fazendo carinho em seu cabelo.

– Promete?

– Prometo.

Que feio Matthew! Sua mãe nunca lhe ensinou a não fazer promessas que você não poderia cumprir?