Dobro Pozhalovat' v Katsu

Uma conversa entre o Ladrão e o Gatinho, de pai para filho.


A semana passa rápido e logo chega o dia da partida de Viktor para a tal 'viagem de negócios'. Yuuri o beija antes dele deixar o restaurante, o olhando com preocupação.

"Toma cuidado, tá." Ele diz, com a voz rouca. "Por favor."

Viktor não entende o motivo dele ficar daquele jeito, afinal Yuuri não sabe quem realmente ele é. Viktor começa a se perguntar se realmente é importante participar desse encontro com outros líderes mafiosos, mas as palavras de Medvedev quando ele o informou sobre isso lhe deixaram preocupados.

"Tome bastante cuidado com quem você se envolve, Viktor. Não queira fazer inimigos no território deles. Principalmente quando estamos falando de Shirou Kirihara. Aquele homem pode ser velho, mas não deixa de ser um dos homens mais temidos do submundo."

Shirou Kirihara.

O líder de um dos grupos mafiosos mais poderosos e temidos do Japão. Reina toda as ilhas da região sul do país e sua principal fonte de comércio são o tráfico de drogas e de pessoas. Pessoas que ele vende para serem trabalhadas como escravos em países da Europa e América.

"Vitenka?" Yuuri pergunta, o tocando nas bochechas com as duas mãos e o fazendo olhar para ele. "Você está bem?"

"Eu apenas não queria ficar longe de você esse tempo todo." Viktor diz, o abraçando.

Yuuri, encostando seu rosto no pescoço dele, aproxima seus lábios na pele e começa a chupar, o marcando naquele local. Em seus braços, o corpo de Viktor se treme de leve. Ele olha para o rosto corado de Viktor com um sorriso tímido no rosto.

"Minha marca, no seu corpo." Ele diz, tocando de leve no local. "Algo para você se lembrar de mim, mesmo estando longe um do outro."

"Mais, me dê mais." Viktor implora, se arrepiando quando Yuuri faz isso mesmo.

Yuuri coloca mais quatro marcas no pescoço dele, antes de levantar sua camisa e deslizar as mãos e os lábios pelo corpo exposto de Viktor, deixando uma trilha de marcas até chegar no umbigo. Yuuri se afasta um pouco e agarra Viktor pelos quadris, o erguendo de repente e o colocando sentado no balcão do restaurante.

Viktor, que se assusta com isso, arregala os olhos quando percebe que o rosto de Yuuri está entre suas pernas, beijando o seu pênis coberto pela sua calça e massageando suas coxas com as duas mãos. Ele geme, inclinando o rosto para trás ao sentir os dedos dele desabotoando as calças e retirando seu pênis ereto, começando a usar sua mão direita para movimentar a pele envolta do membro.

"Yuuri…" Viktor geme, voltando a olhar para ele e assistir Yuuri beijando e mordendo de leve suas bolas, enquanto o masturba com a mão.

"Me marque, Vitenka." Yuuri sussurra, e Viktor sente a sua respiração quente na base do pênis dele, que está bastante sensível. "Use seu sêmen para marcar meu rosto e leve a memória de que só você pode fazer isso comigo com você para a sua viagem. Tire uma foto do celular, caso queira uma prova de que isso não é um sonho."

"Deus, Yuuri. As coisas que você faz comigo… eu estou perto." Viktor o toca no rosto, se maravilhando com a visão daquele homem se submetendo para ele.

Uma obra de arte quase perfeita. Só falta…

E o corpo de Viktor se treme quando ele finalmente atinge seu orgasmo e ejacula diretamente no rosto e na boca de Yuuri. Ofegante, Viktor lembra que Yuuri havia dito para ele tirar uma foto e com as mãos trêmulas, pega o celular do bolso, observando Yuuri acompanhar o movimento com os olhos. Viktor tira uma foto dele, finalmente uma perfeita obra de arte e percebe que Yuuri, sorrindo, usa a língua para lamber o sêmen em seus lábios. É claro que imediatamente ele tira outra foto dele.

"Vkusno." Yuuri diz, com a voz rouca. "Oishii."

Viktor deixa o celular de lado e o pega pelo rosto, o puxando para si e o beijando ardentemente. Yuuri se afasta dele, com um sorriso no rosto.

"Vou sentir sua falta." Viktor diz, e Yuuri afirma com a cabeça.

"Eu também."

~x~

Não faz nem uma hora e Yuuri se vê sentindo falta de Viktor. Ele não sabe como irá aguentar ficar uma semana inteira sem a presença dele, algo que ele já se acostumou a ter mesmo com o pouco tempo que eles começaram a morar juntos. Além disso, há o fato de que Yuuri não só está omitindo o fato de que ele é Chaika, como também o seu próprio passado e sua relação com o mesmo grupo Yakuza com quem Viktor irá se encontrar naquele momento.

Carmen:

Descobri o nome do navio. Na verdade, estou embarcando nele nesse exato momento.

Arsene:

Viktor acabou de sair também.

Queen:

Carmen, fique de olhos atentos e reporte tudo o que conseguir.

Arsene, permaneça onde está e não se envolva.

Robin, Kidd, preparem suas armas.

Milady, Oracle, dêem a Arsene o suporte necessário, mas não o permita desobedecer minhas ordens.

Arsene:

Entendido.

Carmen:

Entendido.

Milady:

Entendido.

Robin:

Entendido.

Kidd:

Entendido.

Oracle:

Entendido.

Yuuri solta um longo suspiro, guardando o telefone. É claro que ele está com ciúmes de quem vai para o navio, mas ele sabe o que acontece quando alguém não obedece às ordens dela. O resto do dia foi tranquilo, e então quando chega a hora de ir buscar Yuratchka na arena de gelo, ele tranca o restaurante e se dirige para o carro, notando que um homem estava de frente para a loja, fumando um cigarro e mexendo em um celular.

"Posso ajudar?" Ele pergunta em inglês, assustando o homem.

"Você não fala russo?" O homem pergunta, com dificuldade de falar inglês.

"Não." Yuuri apenas responde, inclinando o rosto.

"Pura merda." E misteriosamente, o homem se afasta de Yuuri furiosamente.

Yuuri o olha com o rosto franzido e imagina se ele é o homem que ouviu há pouco tempo atrás de seus clientes.

Dentro do carro, ele se pergunta se deveria ficar no restaurante e pedir para Mila buscar Yura no lugar dele. Decide não incomodar ela com isso, e ir ele mesmo. Mas primeiro…

Arsene:

Homem suspeito avistado na frente de meu restaurante.

Oracle:

Checando câmeras de segurança do restaurante.

Milady:

Eu estou a caminho.

Oracle:

Imagens não captaram bem o homem. Desculpa, chefe.

Infelizmente, Yuuri não consegue esconder a careta que faz quando Yuri acidentalmente o toca no braço machucado, algo que o menino percebe e arregala os olhos.

"Você está machucado?" Ele pergunta, sentado no banco da frente do carro.

"Sim." Yuuri responde, não querendo mentir para o menino mas também desejando que ele não insista no assunto.

"Foi aquele velho maldito?" Yuri então passa a ficar com uma expressão de ódio no rosto, algo que apavora muito Yuuri.

"NÃO!!" Yuuri exclama, surpreendendo o menino ao seu lado.

"Então quem?" Yuri fita seu pai friamente, o vendo soltar um longo suspiro e perceber que ele não ia desistir até saber o culpado pelo machucado.

"Yuri, o que eu vou contar para você é algo que nem Viktor sabe, ok. É um segredo meu e seu." Yuuri diz, se virando para o menino e o olhando seriamente, o surpreendendo. "Me prometa que não vai contar para ninguém."

"Eu prometo, Pai."

Yuuri volta a se encostar no banco do motorista de sua caminhonete e ergue as mãos em direção ao voltante.

"Na verdade, eu não sou só um cozinheiro." Yuuri começa a dizer, voltando a olhar para Yuri. "Sabe das coisas que aconteceram na sua antiga escola depois de eu ter tirado você de lá?"

"Da?" Yuri pergunta, não entendendo o que ele está querendo dizer com aquilo.

"Na verdade quem causou aquilo fui eu e um seleto grupo de amigos especiais." Yuuri diz, observando o menino arregalar os olhos. "Nós somos um grupo de vigilantes que atua em São Petersburgo e nosso objetivo é fazer justiça em casos que a polícia local se recusa a participar ou está envolvida."

"Então.. vocês são heróis? Como o Batman?" Yuri pergunta, bastante animado.

Yuuri dá risadas e bagunça os cabelos dele primeiro, antes de responder.

"Não Yuratchka. Nós não somos heróis. Afinal nós agimos usando de meios ilegais, como hacking. Mesmo que seja para devolver o que foi retirado injustamente."

"Maneiro." Yuri diz, para a surpresa de Yuuri. "Então, o restaurante serve para isso. Como o que aconteceu com a irmã da moça de cabelos ruivos."

"Sim. Um dos motivos para que eu criei um restaurante é para ajudar pessoas como ela." Yuuri liga o carro, com um sorriso no rosto. "E meu machucado foi algo acidental."

"Espera, você tem feito isso e ninguém percebeu? Nem mesmo o velho caduco?" Yuri pergunta, franzindo a festa para ele.

"Eu não tive bem a chance de contar para ele. Eu… estou com medo."

Yuri rola os olhos para ele, não acreditando naquilo.

"O quê? Está medo dele te rejeitar ou algo assim?" Yuri pergunta, fazendo Yuuri frear o carro bruscamente e o olhar em choque. "Que foi? Eu já vi vocês dois sugando a face um do outro. Minha opinião? Ewww."

"E você está ok com isso?" Yuuri pergunta, chocado. "Espera, por que eu tenho que perguntar para um menino de 9 anos sobre meus relacionamentos?"

"Eu sou o seu filho?" Yuri diz, dando de ombros para ele. "E eu não me importo. Ele te faz feliz, então…"

Ele te faz feliz…

Viktor faz Yuuri feliz.

"Eu… eu vou contar para ele." Yuuri decide, respirando fundo. "Quando ele chegar de viagem."

"Espera, eu quero estar presente para ver a cara dele. Ok?" Yuri o agarra na camisa, quando Yuuri afirma com a cabeça e volta a ligar o carro, para assim continuar a seguir o caminho de volta para casa.

~x~

Viktor Nikiforov, Pakhan e assassino profissional, sente um estranho arrepio percorrer em seu corpo ao embarcar no navio com diversos caracteres orientais no casco. Assim que se aproxima cada vez mais do interior do navio, escuta com mais evidência uma discussão envolvendo uma voz masculina e outra feminina. Um casal?

"Seja bem vindo ao Kamome Maru, Pakhan Nikiforov." Um homem todo de branco diz em inglês, se curvando para ele.

Ao lado dele, um velho de longa e cabelos grisalhos e rugas que se misturam a cicatrizes no rosto fala algo em japonês para o homem, que afirma com a cabeça.

"Este homem aqui é o Oyabun da família Kirihara, Senhor Kirihara Shirou. Meu nome é Watanabe e sou o intérprete pessoal dele durante esta viagem."

"Quando iremos partir?" Viktor pergunta, friamente.

"Dentro de uma hora, mais ou menos." O homem chamado Watanabe responde.

"Hmm. Eu quero ir para o meu quarto." Viktor franze a testa, não gostando do olhar que aquele velho está dando para ele.

"Sim, senhor. Um momento, senhor."

Viktor se vê deitado em uma cama, sentindo muito a falta de ter Yuuri ao seu lado, mesmo não tendo nem três horas que o viu. Ele pega o celular e olha para a hora, soltando um longo grunhido ao perceber que ainda falta dois dias para voltar para casa.

Casa.

Um pequeno restaurante japonês, cujo cozinheiro é o homem mais fofo e sexy que ele conhece e que o encantou desde o início.

Yuuri.

Com um sorriso no rosto, ele guarda o celular na calça e se levanta, retirando de sua mala algumas roupas leves, um livro para aprender japonês, duas pistolas e um de seus ternos que ele pretende usar no jantar esta noite com os chefes de outras famílias mafiosas pelo mundo. Ele toma um banho e se senta na cama, começando a ler o livro com atenção, a fim de querer surpreender Yuuri. Quando dá uma hora, o navio dá sinal de que vai partir e rodar pelo oceano Pacífico, antes de voltar para a Rússia. Soltando um longo suspiro, ele só espera que nada de ruim aconteça enquanto ele estiver ausente.

Viktor entra no salão, olhando em volta para ver se encontra algum conhecido pelo grupo de pessoas ali presente. Em um canto, ele vê Sara e Michele Crispino, irmãos gêmeos. Oh, ao que parece, Michele assumiu os negócio da família. Eles estão acompanhados de Celestino Cialdini, braço direito do antigo e do atual líder da Famiglia Crispino. E um pouco mais afastado deles está Alain e Jean-Jacques Leroy, de uma família canadense em ascensão no submundo e com eles está Cao Bin, um dos membros da máfia chinesa.

"Está gostando até agora da viagem, Pakhan?" Watanabe pergunta, acompanhando Shirou Kirihara.

"Por enquanto nada de interessante." Viktor responde, friamente.

"Entendo." Watanabe responde após falar com Kirihara. "Aliás queira me dar pra pêsames pelo falecimento de sua esposa. Se desejar, podemos providenciar uma mulher para lhe acompanhar em suas noites."

"Não obrigado." Viktor responde, franzindo a testa para eles. "Há apenas uma pessoa que eu desejo ao meu lado dia e noite, e apenas ela é capaz de me fazer realmente feliz."

"Que surpresa. Ela deve ser uma pessoa incrível." Watanabe comenta. "Senhor Kirihara aqui também tinha alguém importante para si, que também acabou morrendo. Inclusive, o nome do navio é dedicado a ele. Kamome em japonês significa Gaivota."

Gaivota…

Como Chaika, em russo...

"Oh, meus pêsames também. Agora se me derem licença, eu quero andar um pouco pelo salão." Com uma taça de champanhe em mãos, ele os saúda e se afasta deles.

Ele conversa brevemente com algumas pessoas, sem perceber que um espetáculo está começando.

"Senhoras e Senhores, sua atenção por favor." Alguém diz, e todos param para olhar em direção ao centro do salão, onde um rapaz de pele morena, cabelos negros e usando uma túnica vermelha com pedras douradas se encontra, segurando em sua mão um logo tecido preto e um chapéu. "Meu nome é Phichit Chulanont e eu sou um ilusionista contratado pela organização deste evento para manter todos vocês entretidos. Eu sou… hm?"

Ele se interrompe, e o tecido na mão dele começa a se mexer.

"O que está havendo aqui?" O ilusionista diz, erguendo o tecido e dele sai um… leão? "Espera um pouco, King, ainda não é hora."

Ele cobre o leão e volta a sorrir para o público.

"Ah, me desculpem. Eu…" ele se interrompe quando o tecido se mexe novamente e ele o levanta, mostrando um poodle…

Hein?

"Arsene, meu amigo. Não se preocupe." Ele diz, voltando a soltar o tecido, que se mexe novamente e ele o levanta, revelando um grande gato alaranjado. "Carmen, você é uma diva mesmo."

Ele cobre o gato, e imediatamente puxa, revelando um hamster.

"Capitão Kidd, eu sei que estou atrasado com sua fantasia de pirata, mas isso não significa que precisa me xingar." O ilusionista diz, escondedo o hamster e revelando agora uma Zebra estendendo um monte de grama com a boca para ele. "Robin, eu amo você, mas eu não como grama."

Soltando um longo suspiro, ele cobre a zebra e se curva para os convidados.

"Peço minhas desculpas por ele." Ele então abre um largo sorriso e segue o tecido com força, fazendo um monte de gaivotas voarem ao redor deles. "E com isso, Phichit Chulanont se despede. Até amanhã, pessoal."

E para a surpresa de todos, ele coloca a cartola na cabeça e desaparece dentro dela. Uma das gaivotas pousa do ombro de Viktor, que ergue a mão para acariciar mas ela some.

No lugar, ele acaba segurando uma cartão com o desenho de Chaika e escrito:

Tome cuidado. Por favor.

Isso o lembra das palavras de Yuuri e guarda o cartão no bolso.

No caminho de volta para seu quarto, seus olhos observam uma porta semi-aberta e quando ele se aproxima, percebe a presença de um quadro que lhe deixa bastante arrepiado. Nesse quadro, alguém que claramente é uma criança está de costas, com os olhos vendados e as mãos presas na parte de cima da cabeça. O que chama a atenção e o desenho nas costas. Uma praia, céu avermelhado e gaivotas no céu e os machucados que ele tem nos braços.

"Uma obra prima, não é?" Watanabe pergunta, assustando Viktor. "Esse menino é Kamome."

"Ele é filho de Kirihara?" Viktor pergunta, não entendendo o motivo do Oyabun ter um quadro assim.

"Não." Watanabe solta um longo suspiro. "Kamome era o pet favorito que Kirihara usava quando quisesse se satisfazer."

Viktor fica horrorizado com o que escuta.

"Quer dizer… um escravo sexual?"

"Saia, Nikiforov. Volte para o seu quarto e esqueça que tivemos essa conversa. Pelo bem 'dele'."

'Dele'?

Isso significa que 'Kamome' está vivo?