Dobro Pozhalovat' v Katsu

Quatro passos para roubar uma vida (Parte 2)


Terceiro Passo

Irina acorda no meio da tarde, com febre alta e dor no corpo, começando a entrar em pânico. Não só está correndo o risco de engravidar e de ter AIDS, como também sua aliança de casamento, seu segundo celular, usado para mandar mensagens e fazer ligações para seus amantes e seus cartões de crédito e débito. Além disso, ela não se lembra do que aconteceu na noite anterior e não existe um patinador chamado Ivan Plisetsky, segundo a internet. O que significa…

Que ela foi estuprada e roubada por um desconhecido, ou ainda pior, um prostituto.

Logo ela, a Pakhan.

Ela precisa saber se está mesmo grávida e com AIDS. Ela ignora seu telefone principal, que está cheio de ligações e mensagens de Viktor e do pai dela. Na entrada do hotel, ela vê um velho motorista táxi, parado como se estivesse esperando um passageiro. Sem pensar duas vezes, ela se aproxima.

“Me leve para o hospital mais próximo. E seja rápido.” Ela diz, empurrando na mão dele diversas notas de rubros e entrando na parte traseira do táxi.

“Sim, senhora.” O velho diz, indo até a porta e dirigindo até o destino mais próximo.

Ela sai do táxi e entra no prédio. O problema é que o local está cheio de pacientes para ser atendidos, o que significa que o atendimento dela irá demorar. Quando finalmente chega a vez dela, ela bate as duas mãos na mesa, chorando.

“Por favor, me ajude. Eu acho que fui estuprada.” Ela diz, fazendo as recepcionistas e as pessoas ali perto a olharem assustadas.

“Tenha calma. Eu vou colocar seus dados aqui e colocar um pedido de urgência ao nosso ginecologista.” A moça diz, digitando no computador imediatamente.

Meia-hora depois, uma mulher de cabelos negros, e óculos, usando bata e uma máscara no rosto se aproxima.

“Irina Nikiforova?” Ela pergunta e Irina se levanta, respirando fundo.

Dentro do consultório, a médica abaixa a máscara do rosto, revelando um rosto de aparência asiática.

“Boa tarde, Senhora… Nikiforova.” Ela diz, lendo os detalhes no computador. “Eu sou a Doutora Yuliya Baranovskaya e sou um dos ginecologistas deste hospital. A senhora disse que acha que foi estuprada, então peço que primeiro tire sua roupa, vista o roupão que está pendurado e se deite na maca. Enquanto isso, eu vou preparar os pedidos de exames de sangue para verificar se a senhora contraiu algo.”

Irina afirma com a cabeça, bastante nervosa. Ajustando a cortina, ela começa a tirar a roupa, vestindo o roupão e se sentando na maca. A médica surge com uma seringa e dois frascos de coleta na mão. Com precisão, Doutora Yulia acha a veia dela e retira o sangue para a coleta, colocando os frascos em uma pequena bandeja de aço. Ela faz o curativo e retira as luvas de plástico das mãos, as trocando por outro par.

“O exame que eu vou fazer na senhora determina se a senhora foi mesmo estuprada e se há material do agressor na senhora. MAs para isso preciso que a senhora respire fundo e relaxe.” A médica diz, se aproximando dela com um lenço.

Irina obedece, respirando fundo e sentindo um cheiro… estranhamente familiar. Antes que ela percebesse, ela estava fechando os olhos e ficando inconsciente. A doutora pega um palito de madeira e começa a cuturar aleatoriamente a vagina de Irina, aleatoriamente. Ela então se afasta, pegando os frascos de sangue e a seringa, colocando tudo dentro de uma sacola para ser descartado imediatamente. Ela se senta em sua mesa e pega fichas com resultados de exames de duas pacientes, uma que foi estuprada e outra com AIDS, editando todas as informações para fazer com elas pertençam a irina Nikiforova.

Quando Irina acorda, Doutora Baranovskaya dá as más notícias, a deixando em choque. A doutora também pede para ela assinar uma declaração, informando que ela foi estuprada e que gostaria de abrir um boletim de ocorrência usando os exames como provas contra o agressor.

A doutora passa para ela uma receita médica, e Irina deixa o consultório. para a surpresa dela, a receita é recusada porque não há registros de nenhuma médica chamada Yulia Baranovskaya naquele hospital. Ela volta para o consultório, se assustando ao ver que está vazio. Não entendendo mais nada, ela olha para a receita médica e percebe o mesmo desenho em forma de ‘V’ encontrado na mensagem de Ivan.

O que está realmente acontecendo ali?

~x~

Quarto passo.

Irina retorna para o escritório da Bratva, e imediatamente percebe que os funcionários a olham com surpresa. Ela franze a testa, não entendendo o motivo disso tudo. Ela está cansada e desejando que aquele inferno termine logo de uma vez.

Mas ela congela ao entrar na sala dela e encontrar não só Viktor, o pai dela e diversas outras pessoas ligadas a Bratva, como também uma sósia sua sentada em sua cadeira, usando a maldita aliança roubada dela.

Duas…?

O que está havendo aqui?

“Agora que todos finalmente estão aqui, está na hora de dar início ao espetáculo, estrelando como protagonista… Eu! O glorioso Chaika, o Ladrão. E como antagonista… Irina Nikiforova.” A Irina com aliança diz, se levantando da cadeira com um largo sorriso no rosto e erguendo um cartão com o mesmo desenho.

“Você é o prostituto?! E a Médica?!” A real Irina pergunta, horrorizada.

“O vendedor da loja com a máquina quebrada e o motorista de táxi também, querida.” Chaika dá uma piscadela para ela, erguendo um familiar aparelho de celular.

“Por que você está fazendo isso comigo?!” Irina pergunta, começando a chorar.

“Chaika recebeu dois pedidos, envolvendo um mesmo alvo. Você, minha querida. Agora, é hora da verdade.” Ele então aperta algo no celular.

Arsene:

Está na hora do show!

Para a surpresa de todos, a televisão, e o laptop se ligam ao mesmo tempo, mostrando uma estranha imagem de um desenho de um rosto feminino de cabelos longos, todo vermelho e com os detalhes dos olhos, nariz e boca brancos. Da janela, dá para perceber que outros computadores e televisões passam a exibir a mesma imagem. E então, surge no lugar um vídeo exibindo Irina e um homem em um quarto de hotel, com a data de duas semanas atrás.

Todos ali, exceto Chaika, ficam chocados em ver Irina e o homem se despindo e transando, até que o vídeo muda de posição, com a data do dia seguinte, em um quarto diferente e um homem diferente transando com ela. E de novo. E de novo. E de novo. De repente, conversas pelo whatsapp surgem, incluindo com imagens de uma mulher pelada, diversos penis masculinos e de Irina com diversos homens fazendo sexo. E para finalizar, extratos bancários da empresa deles, confirmando o envio de milhões de dólares sob a descrição de compra de drogas pela Máfia Italiana para a conta corrente de Irina Nikiforova.

“Você ousa estar roubando dinheiro do meu negócio?” Anatoly Medvedev a olha friamente. “E trair seu marido como se fosse uma puta vagabunda?”

“Eu… eu não roubei nada!” Irina diz, apavorada. “Acredite em mim, Papai!! Eu fui estuprada por ele!!”

“Você acha mesmo que eu me sujaria fazendo sexo com você, como esses caras que você seduziu em um bar, pagou até um jantar e os levou para um hotel para transar?” Chaika pergunta, a olhando com um largo sorriso no rosto. “Minha querida. eu posso ser um Ladrão, mas eu mesmo tenho meu tipo e com certeza você não pertence a ele.”

“Quer dizer que… eu não tenho AIDS?” Ela pergunta, se animando com aquilo.

“Desculpa, mas você tem sim, minha querida. O exame que eu fiz em você é verdadeiro.” Chaika responde, dando risadas ao ver o rosto apavorado dela.

“Minha própria filha, uma puta. Uma golpista.” Anatoly diz, levando as mãos para o rosto. “Que vergonha eu tenho, como pai e como ex-Pakhan.”

“Bem, meu trabalho aqui acabou.” Chaika diz, tirando a aliança de Irina do dedo e a colocando na mesa. “Antes que eu me esqueça, aqui está um pequeno presentinho meu para o Senhor Viktor Nikiforov.”

Ele retira uns papéis de sua bolsa e entrega para Viktor, que o olha com surpresa.

“Papéis passando a liderança da Bratva para o senhor e de divórcio, assinados pela… Pakhan anterior, Senhora Irina Nikiforova.” Chaika então se aproxima da grande janela do escritório. “Não se preocupem com relação ao pagamento. Já o recebi em forma de todo o dinheiro da conta pessoal de senhora Irina.”

E então, ele pula da janela, para a surpresa deles, que quando se aproximam, não encontram nada de peculiar a não ser um andaime pendurado 3 andares abaixo com um funcionário limpando as janelas e um estranho pano ao lado dele, cobrindo algo. Irina, que empalidece ao ver pelo celular que de fato está sem dinheiro algum, cai de joelhos no chão.

“Quem foi?” Ela pergunta, se tremendo.

“Eu fiz.” O pai dela responde, a olhando furiosamente. “Eu entrei em contato com Chaika por meio de um conhecido em comum e o pedi para investigar o desaparecimento do dinheiro que Viktor também estava investigando.”

“Mas eu não roubei nada!” Ela exclama, apavorada.

“Isso já não importa mais. Você vem traindo seu marido, a um bom tempo pelo visto. E se eu me lembro muito bem, uma das coisas que prezo no meu negócio é a lealdade. Se você, como esposa, não é leal ao seu marido, imagina como líder de uma empresa?” Anatoly se aproxima de sua filha, com as duas mãos nos bolsos. “Eu estou desapontado com você. Muito, muito desapontado com você. Agora, o que você pretende fazer agora? Sem dinheiro, sem a posição que tinha, sem apoio de seu marido e meu?”

“Papai…” Irina diz, horrorizada com o que escuta. “ O senhor não me mataria, não é?”

“Eu, matar você? Não me faça rir. Pegando emprestado as palavras de Chaika, eu não perderia meu tempo me sujando com alguém como você. E nem vou perder meu tempo pedindo para alguém mais fazer.” Ele diz, estendendo a mão para Viktor, que lhe estende uma pistola na direção dela. “Faça-me o favor de fazer você mesma.”

No fim, ele e o resto dos homens a deixam a sós. 10 minutos depois, eles escutam o barulho de um tiro. Naquele momento, Irina, que estava perto da janela ao atirar na própria boca, acaba caindo no andaime, onde dois funcionários a cobrem com o pano. Um deles estende tres moedas largas para o outro, e desaparece assim que chega ao térreo.

~x~

“Yuratchka, onde está seu avô?” Yuuri pergunta, se aproximando do menino e cruzando os braços.

“Jogando Poker como sempre.” O menino diz, coçando o nariz. “Ele fica apostado todo o dinheiro da aposentadoria dele nisso. Ele não consegue largar o vício, Katsudon. E eu tenho muito medo de perder ele.”

“Yuratchka, eu estou muito preocupado com você. Fique aqui esta noite, coma e descanse bastante. Eu vou tentar entrar em contato com o Senhor Nikolai e conversar com ele.” O menino o olha apavorado.

“Isso é pela comida? Me desculpe, me desculpe, me desculpe…”

“Yuri Andreyevich Plisetsky.” Yuuri diz, fazendo o menino congelar. “Eu não me importo em dar comida de graça para você. O que eu me importo é a ausência da única pessoa de sua família na sua vida. Você é um menino de 7 anos de idade e está sofrendo por causa disso. Eu vou falar com ele sim, porque eu me importo com você.”

O menino de cabelos loiros o olha surpreso, antes de começar a chorar.

“Katsudon!” Ele exclama, sendo erguido e abraçado pelo cozinheiro.

Viktor observa tudo, com o rosto sério. Yuuri falou o nome Nikolai, e o sobrenome do menino é Plisetsky. Talvez ele devesse usar sua nova posição na Bratva para investigar esse homem e a família dele...