Do you remember us?

Capítulo 55 - Thirty percent.


Na delegacia o delegado me fez prestar um novo depoimento sobre a noite que Matt me levou a força para o apartamento, e então me mostrou as imagens do acidente de Damon.

Vi o carro de Damon parado em um semáforo, era um cruzamento, quando o farol ficou verde ele acelerou, e quando foi passar um outro carro veio em altíssima velocidade e o acertou com tudo, o carro de Damon voou para longe, e o de Matt continuou seu caminho, o deixando lá.

— Vou colocar em câmera lenta, e ampliar a imagem para que você possa ver melhor.

E assim ele fez, e pude ver com clareza que era mesmo Matt, e o meu sangue ferveu, fiquei procurando o ar, como se alguém tivesse me dado um soco na boca do estomago.

— Temos de outro ponto de vista, mas mostra o Sr. Salvatore... – ele deixou no ar.

— Eu quero ver.

Ele engoliu em seco e colocou o outro vídeo, que apareceu na televisão á minha frente, o ângulo dava para ver Damon de frente, ele estava batucando a mão no volante apressado aparentemente, e quando acelerou e foi atingido seu corpo deu um tranco forte para direita e depois para a frente, e ele bateu a cabeça com força no vidro da frente, meu coração se apertou ainda mais, minha cabeça pareceu girar ao ver seu corpo ser jogado com tanta violência, um choro ficou preso na garganta, se ele não estivesse com o cinto de segurança, teria morrido na hora com certeza, só de pensar nisso o desespero já tomava conta de mim novamente.

— Srta. Gilbert nós vamos encontra-lo. – eu tinha levado a mão á boca para reprimir um grito de dor, e nem ao menos dei conta, só percebi vendo a reação do delegado ao meu lado.

— Eu preciso voltar para o hospital – precisava ver Damon, precisava ver ele acordado.

— Tudo bem, posso pedir para alguém te levar de volta.

— Não precisa, eu vou de taxi – agradeço por ter superado o trauma de andar de taxi.

- Tudo bem, assim que o pegarmos a senhorita vai ser a primeira a saber.

— Certo, obrigada delegado.

Demos as mão em um comprimento e eu sai de sua sala, a delegacia estava praticamente vazia, eu sai apressada e caminhei até a central de taxi.

Fui direto para a sala de espera, Enzo estava lá, ele me olhou arqueando uma sobrancelha. Enzo nunca foi o meu amigo favorito de Damon, mas fiquei feliz em ver ele ali.

— Oi Enzo – sorri.

— Você se lembrou de mim? – ele perguntou surpreso.

— Me lembrei de tudo – ele arregalou os olhos e me puxou para um abraço, fiquei imóvel, ele nunca demonstrou nem um terço de carinho, sempre me irritou e me provocou, isso foi uma surpresa.

— Ainda bem que você voltou.

— Obrigada? – ele me soltou e ficou constrangido.

— Desculpa – ele riu – é que senti falta de te tirar do sério.

— Imaginei – eu ri.

— No bar se você tivesse se lembrado de mim já teria quebrado um copo na minha cabeça.

— Que bar?

— Aquele dia que você estava com umas garotas, e depois o Damon te levou embora – ele me analisou e eu me lembrei do dia, mas não dele – eu fiquei te enchendo o saco, falando para parar de beber, me neguei a te dar mais bebidas, mas isso foi tudo a pedido do Damon.

— A pedido dele?

— Sim, eu mandei mensagem falando que você estava lá, e estava bebendo muito, ele falou para eu tomar conta de você, e não deixar mais você beber, e quando falei que tinha um cara dando em cima de você e você não estava gostando ele se irritou e foi para lá.

— Então ele não estava lá só para conversar com um amigo? – perguntei, e um sorriso brotou em meus lábios.

— De jeito nenhum – ele riu – ele foi lá só pra te defender. Meu amigo é demais. – ele disse com um tom de orgulho, e nostalgia.

— Você já o viu?

— Não, esqueceram de me avisar sobre o acidente – ele revirou os olhos e ficou irritado – fiquei sabendo por um cara do trabalho, e estou esperando a Caroline e o Klaus saírem, não pode ter mais do que três pessoas lá.

— Eu vou lá falar com a Car – disse andando até o quarto, ele me chamou e eu me virei.

— Estou feliz por você ter suas memórias de volta, o Damon vai ficar muito feliz.

— É o que eu espero – sorri e voltei a caminhar.

Bati na porta do quarto e Caroline a abriu, ela saiu e fechou a porta atrás de si.

— Como você está? – ela me deu um abraço breve.

— Estou bem, eu fui na delegacia ver o vídeo do acidente.

— E então?

— Foi horrível Car – imagens do Damon sendo jogado contra o vidro do carro me vinham a mente, e eu comecei a chorar e ela me abraçou – o corpo dele deu um tranco muito forte, a cabeça dele bateu no vidro, e – eu não conseguia controlar as lagrimas – e tudo por culpa do Matt.

— Calma, o pior já passou – ela acariciou minha cabeça – e vão pegar o Matt.

— Se eu ver aquele desgraçado na minha frente, eu juro que eu não respondo por mim.

— Calma – ela suspirou – vou chamar o Klaus para deixar você entrar, e o Enzo que está ai faz algum tempo.

— Tudo bem.

— Qualquer coisa que você precisar você pode me chamar, não importa a hora, ok?

— Ok Car, obrigada – a abracei com força – e eu prometo que vou compensar todo esse tempo de ausência assim que ele ficar melhor – forcei um sorriso e seu rosto se iluminou.

— Eu vou cobrar – ela piscou e entrou no quarto novamente.

Dois minutos depois ela saiu de lá com Klaus, nos despedimos e eles foram embora. Enzo e eu entramos no quarto, Damon estava exatamente do mesmo jeito que antes, seu lábio não estava mais inchado, e o roxo em seu rosto já estava mais suave.

— Já era para ele ter acordado – disse Lilly quase chorando.

— Calma, ele vai acordar, ele vai voltar Lilly, é só ter paciência.

— É Sra. Salvatore, ele é teimoso demais, até para acordar – disse Enzo sorrindo.

— Eu não estou me sentindo bem Elena – disse Lilly segurando meu braço – eu acho que vou embora.

— Tudo bem Lilly, eu chamo um taxi para você.

Liguei para a central de taxi e pedi um para Lilly, alguns minutos depois ela foi embora, deixando apenas Enzo e eu ali.

— Você acha que ele vai demorar para acordar? – ele me perguntou.

— Não sei – não queria pensar nisso – como você disse, ele é teimoso até para isso.

Era quase oito da noite, quando a Dra. Reid entrou no quarto com sua prancheta nas mãos.

— Nada ainda? – ela me perguntou.

— Não, isso é normal?

— Em alguns casos sim – ela suspirou – vou solicitar um Raio-X para saber como está o cérebro dele.

Ela saiu dali, e nós ficamos em silêncio, apenas observando ele ali, seu rosto pálido marcado com cortes e roxos.

— Vamos levar ele para a sala de tomografia, e em algumas horas teremos o resultado.

Eu assenti e quando o levaram pelo corredor eu me sentei na poltrona de canto.

— Eu preciso ir Elena, vou trabalhar ainda hoje, só queria ver como ele está, você me liga se algo mudar?

— Ligo sim – forcei um sorriso.

— Ele vai acordar logo, tenha fé – ele colocou a mão fechada á minha frente, o que me fez rir, dei um soquinho em sua mão – até depois.

Ele saiu pela porta e eu fiquei ali, no quarto vazio, perdida em pensamentos infelizes.

E se ele não acordar? E se ele inconsciente descobrir que não quer voltar? E se eu tiver culpa nisso? Não posso imaginar uma vida sem ele, não posso imaginar viver com essa culpa dentro de mim para sempre.

Eu acabei cochilando na cadeira, e algumas horas depois fui acordada com pessoas entrando no quarto, ele estava de volta, do mesmo jeito que foi, a Dra. Reid entrou logo em seguida olhando um Raio-X e uma folha de papel.

— Aparentemente está tudo bem Elena – ela disse encarando a tomografia – é só questão de tempo, e da vontade dele agora.

— Dra. Você já viu vários casos assim não é? – ela assentiu – quais são as chances dele acordar? – ela parecia surpresa com minha pergunta.

— Elena, o cérebro dele está inchado, mas nada que o ainda faça estar desacordado, eu acreditava que sem os remédios ele acordaria em algumas horas, é o normal.

— Mas pela sua experiência, você acha que ele pode acordar? – ela suspirou muito profundo.

— As chances são de 30% - levei a mão a boca para reprimir um grito de pânico, trinta por cento é muito pouco. – Só depende dele.

E ela saiu da sala, fiquei lá encarando o vazio dentro de mim, não pode ser só isso, ele tem que acordar, ele tem que voltar para mim.