"Sorriram um para o outro. E tudo estava certo outra vez, e tudo tinha um gosto bom."

O caso da Alexa encontrada caída no banheiro não foi solucionado. As câmeras de segurança nos corredores não conseguiriam captar nada além dela mesma, sozinha, entrando no banheiro e não saindo mais de lá. Eu só soube dessa história através do Jesse, que estava conversando muito comigo ultimamente, tornamo-nos mesmo amigos. A direção do internato pediu para que essa história fosse mantida em confidencial para que os boatos não se agravassem. Já que Alexa não se lembrava de nada e ninguém além dela poderia saber da verdade.

Ainda assim ela estava agindo de uma maneira muito estranha pelos corredores. Quase como se sua luz tivesse sido apagada. Ela andava cabisbaixa, reflexiva e resmungando consigo mesmo coisas que só ela poderia entender. Eu tentava ao máximo não tocar no assunto com o Jesse, mas mesmo sem eu perguntar, ele me dizia o quanto estava achando aquilo tudo muito estranho. Alexa já não era mais a mesma. Algumas vezes ela chegava a sumir por horas e quando voltava, dizia o Jesse, o tratava como se nada tivesse acontecido.

— Olha só pra ela – Amy comentou quando a viu passar. — Parece que não toma banho há dias! Está com a mesma roupa há mais de uma semana. O cabelo, olha só aquilo – estava péssimo mesmo. Alexa quase que parecia uma mendiga. — o cabelo dela era lindo!

— Ela era linda.

Alexa era como uma boneca, delicada, bem arrumada, impecável, traços angelicais, amigas de todos, muito conhecida, a simpatia em pessoa, sorridente, sempre alegre e comunicativa. Agora, só restava uma desconhecida, suja, mal arrumada, uma aparência repugnante, cabelos emaranhados, unhas sujas, pele pálida, olhos apagados, mal humor e algo que poderia ser qualquer coisa, menos ela.

— Eu não sei mais o que eu faço. Estou perdido! – Jesse me abraçou horas depois que nos encontramos após o almoço.

O que me preocupa é ele e não ela. Jesse está todo o tempo muito ocupado tentando pensar em uma solução para salvar Alexa da sombra escura que a consumiu. Ele parece triste a maior parte do tempo, incapacitado, e até mesmo, vem faltando aos ensaios da banda.

Acordo aquela manhã me sentindo muito cansada. Passei a noite anterior inteira conversando com o Jesse, ouvindo-o falar sobre a Alexa. E por mais estranho que isso possa parecer, até mesmo pelo ciúmes que eu deveria sentir, parece justo que eu esteja ao seu lado quando ele mais precisa de mim. E não importa como ou porque, eu estarei ao seu lado. Porque sou eu que ele procura quando precisa e assim vice-versa.

Não é só mais um dia qualquer. É o dia do meu aniversário. E eu sei que deveria me sentir animada por isso. Mas não estou. Não completamente. Fico mais animada, ao sair do banho, quando vejo que o dia lá fora parece impecável: ensolarado, céu sem nuvens, um ventinho agradável e as flores colorindo o jardim.

Procuro pela Amy ou pela Natalie para irmos para a primeira aula juntas igualmente a todos os outros dias. Mas as duas simplesmente evaporaram e me pego pensando se as duas não estariam tramando algo para o meu aniversário ou eu estariam pensando em outra coisa. Afinal, não sou o centro do mundo. Elas podem simplesmente ter me esquecido ou deixado eu dormir um pouco mais por causa do meu aniversário.

Fico perplexa quando piso o pé dentro da sala de aula escura, com todas as cortinas fechadas impedindo a luz do sol de entrar, quando todos ali presentes começam a cantar os parabéns pra mim. Não são todos, são poucos e suficientes. Oliver está segurando um pequeno bolo de aniversário nas duas mãos e as velas brilham com as chamas do fogo.

Dezoito anos.

A primeira pessoa a me abraçar após a cantoria é a minha mãe. E entre todas as pessoas, ela era a última que eu esperava ver ali no meio da semana e de manhã. Depois dela, vem os outros: Amy, Nath, Tyler, o Jake, Andrew, alguns outros conhecidos, meu irmão e por fim o Jesse, que estava escondido em um canto, um pouco mais isolado e afastado do pessoal.

— Feliz aniversário Hayley! – de todos os abraços sinto que o dele é o mais especial. — Felicidades a você.

Estou surpresa, emocionada e muito contente. Por essa eu realmente não esperava. De quem terá sido a ideia? Talvez isso não importe nesse momento. O que importa é que não teremos a primeira aula. O que significa que teremos cinquenta minutos, graças a minha mãe, para comemorar o meu aniversário nesse primeiro momento do dia.

— Filha – mamãe se aproxima. Estou com os meus amigos devorando o bolo, que pelo que eu soube, foi o Tyler quem providenciou. — posso falar com você um instante?

Nos afastamos dos outros.

— Seu pai não quis entrar. Você sabe como ele é. – mamãe parecia sem jeito, aborrecida, porém compreensível. — Vai lá fora. Ele está lá no estacionamento e quer falar com você.

Papai estava trancafiado dentro do carro como um bicho do mato. Bati no vidro para que ele pudesse perceber que eu estava ali. Quando me viu abriu um meio sorriso, abriu a porta do carro e me deixou entrar enquanto desligava o rádio.

— Parabéns querida! Feliz aniversário. – ele me deu um rápido abraço. Nós nunca fomos muito de carinhos íntimos. Somos mais ou menos como dois estranhos que não sabem agir um com o outro por sermos tão diferentes. — Eu trouxe um presentinho para você.

Papai pegou no banco de trás um pequeno embrulho quer cabia na palma de sua mão. Estava mais para um saquinho do que para um embrulho. E ele me entregou muito calado.

Abri devagar. Era uma joia. Mais precisamente uma pulseira. Não uma pulseira qualquer daquelas que a gente encontra em qualquer lugar. É uma joia de família passada de geração em geração.

— Era da minha mãe. Foi da sua avó. Mamãe pediu para que eu desse a uma filha minha. Uma menina. Mas eu tive duas. Eu pensei muito em dar para a Elisabeth em uma data importante. No casamento dela, no aniversário de dezoito anos ou quando ela tivesse o primeiro filho. Mas algo dentro de mim dizia que aqueles não eram os momentos certos e que eu deveria esperar um pouco mais. – não estava entendo nada daquela conversa, mas deixei ele continuar. — Tenho percebido que você tem mudado muito desde que chegou aqui. No início pensei que não daria certo e que você poderia ficar ainda pior. Eu sei o quanto você sofreu pelo namorado que você perdeu e isso mexeu, ou mexe, muito com você. Eu e sua mãe temos conversado muito ultimamente. Desde que voltou para cá após as férias de inverno eu decidi passar mais tempo em casa. E vejo na sua mãe algo que eu nunca tinha visto antes: uma felicidade indecifrável. Ela não fala em outra coisa: você e Oliver. E tenho me permitido ver com os olhos dela que vocês já não são mais os mesmo. Eu não sei porque ou como e quando decidiram mudar. Mas devem ter seus próprios motivos. Não acredito que tenha sido uma decisão que tomaram de uma hora pra outra. Mas sim por alguém. Sei que nunca fui o melhor pai do mundo e nem me esforcei para isso. Mas sempre desejei o melhor para você e isso fez com que eu e sua mãe tomássemos decisões difíceis.

— Pai... Eu não estou entendendo.

— Acordei essa manhã – ele continuou, ignorando o meu comentário. Eu estava perdida. Mas ouvindo tudo muito atentamente. — e lembrei que era o seu aniversário. Então lembrei da joia. E algo acendeu em minha mente automaticamente. Era pra você que eu deveria entrega-la. E não para Elisabeth. Era pra você que nunca foi a melhor filha do mundo e nem a que mais me deu orgulho, mas que vem se esforçando, vem melhorando a cada dia e tem uma vida inteira pela frente para ser o quiser. Pois não importante quais serão suas escolhas, o futuro que você deseja seguir ou as atitudes que você toma mesmo que, na maioria das vezes, não sejam bem pensadas. Você é e sempre será a minha filha. E eu como seu pai tenho o dever de estar sempre ao seu lado.

Papai, nunca antes, tinha me dito nada tão bonito. Nunca antes tinha me dado nada tão significativa. Nós nunca tivemos muita intimidade e nem uma conversa séria que não fosse a base de gritos e palavras cruéis com o objetivo de machucar um ao outro. Mas um dia, tarde ou não, as coisas têm que mudar. E esse dia chegou pra mim. Tudo a minha volta está diferente.

— Obrigada pai. – não resisto ao impulso de abraço-o forte. — Eu sempre amei você só não sabia dizer. Não me via pronta para dizer. Mas a verdade é que eu sempre vou te amar apesar de tudo ou por causa de tudo.

Papai coloca no meu braço esquerdo a pulseira e pra finalizar aquele momento histórico, ele me dá um beijo na testa de despedida.

Quando volto ao internato, mamãe já estava me esperando na recepção para ir embora. Ela não poderia ficar o resto dia, afinal, apesar de ser o meu aniversário, era um dia normal como todos os outros, e eu tinha que ir pra aula. Agradeci por ela ter vindo, lhe abracei e ela se foi.

Suportei as aulas aquela manhã diferente dos outros dias. Mesmo que fosse um dia qualquer como todos os outros para a grande maioria e por mais que dissesse a mim que também não tinha tanta importância, ainda assim, era o meu aniversário. E isso de alguma forma me enchia de uma alegria incomum. Um tipo de alegria que não sinto, geralmente, pela manhã ao acordar para mais um dia de aula.

Depois da aula queria aproveitar o resto do dia de alguma outra forma. Queria fazer qualquer coisa. E que isso incluísse as pessoas que eu gosto, que são poucas, porém essenciais. Tomei um banho, tirei aquela roupa e substitui por algo mais leve, algo mais para o calor. Enquanto procurava meu short jeans no guarda-roupa fui atingida por algo na cabeça.

A caixa de Brandon caiu no chão, e todas as coisas que estavam dentro – que eu acreditava está bem fechada - caíram também. Recolhi tudo rapidamente, mas não o suficiente para não me deixar abater. As lembranças dos meus tantos aniversários que passei com ele ao meu lado flutuaram por minha mente em câmera lenta.

Entristecida, completamente abatida, e com o coração partido caminhei até o jardim de cabeça baixa. Ignorando o brilho do céu azul e os raios solares entrecortados pelas folhas das arvores atingindo meu rosto. Só queria ficar sozinha nesse momento, lembrar um pouco do Brandon e tudo aquilo que pouco a pouco eu vinha esquecendo.

Eu disse, muitas vezes, a mim mesma que jamais esqueceria dele. E não é como se eu tivesse o esquecido completamente. As vezes sinto, que esqueço por um longo momento, mas logo depois volto a lembrar. E é assim que vai ser, por mais dolorido que seja. O tempo vai passar e todas as lembranças vão ficar cada vez mais distante. Pois essa é a função do tempo: amenizar. E eu sempre vou ama-lo, disso eu sei, não importa quanto tempo passe. Mas será possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Porque agora eu tenho o Jesse e diferente de antes, tenho certezas do meus sentimentos por ele. Não é uma fantasia, uma carência ou uma necessidade qualquer. É um preenchimento, um bem estar, algo profundo, algo intenso, que me faz querer ser melhor, até mesmo quando ele pede e me irrita, diferente de como era com o Brandon. Afinal, não poderia ser igual e eu nem queria que fosse. Gosto de amar cada um deles a sua maneira, porque são maneiras diferentes, são pessoas diferentes, têm jeitos diferentes e eu nem poderia comparar.

Mas de alguma forma poderiam, ou são, muito parecidos.

— Você está tristinha. No que está pensando?

Olhei para o lado. Jesse. É quase como se fosse automático. Eu penso nele e ele aparece, assim do nada, quase me matando do coração em todos os sentidos. Como eu queria que o mesmo acontecesse quando penso no Brandon. Queria que ele pudesse aparecer quando mais preciso dele e me disse algo, qualquer coisa, que me direcionasse pelo caminho certo. Porque as vezes, na maioria das vezes, não tenho certeza se estou fazendo a coisa certa. E sei que ele poderia me ajudar de alguma forma.

— Hum. Acho que posso adivinhar.... Brandon, certo?

— Como você sabe? – olhei fixamente pra ele.

— É meio como se estivesse estampado na sua expressão.

Soltei um riso. Fraco.

— Você está com saudades dele.

— Eu estou com saudades dele.

O silêncio nos preencheu por um momento. Suspirei fundo. É muito bom poder falar do Brandon com alguém. Especialmente com o Jesse. Mas não me parece certo.

— Quando sinto falta dos meus pais a música é a única forma que eu encontrei de amenizar as coisas. – senti-o segurando minha mão. — Vem comigo. Talvez funcione com você também.

Sentamos ao piano na sala de música. A sala parecia maior, mais bonita de alguma forma, com os raios solares atravessando o vidro das grandes janelas. Igualzinho da vez em que fiquei espionando o Jesse quando eu pouco o conhecia.

Ele sempre foi bonito. Como um anjo.

— Lembra da última vez que te mostrei a música que estava compondo mas – ele deslizava os dedos pelo teclado no piano. Como uma forma de distração. — eu disse que ainda não havia terminado?

Assenti, recordando-me. Não fazia muito tempo. Lembro de ter gostado muito. A letra da música parecia fazer sentido em relação ao que eu sentia por ele. Mas não saberia dizer se ele pensava o mesmo quando compôs aquela canção.

— Eu terminei. Queria que você fosse a primeira a escutar.

Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso

Algo no seu jeito de falar, de mexer, de andar

Até mesmo de me olhar, sorrir, de falar

Faz com que eu não acredite ser possível

Viver em um mundo do qual você não faça parte

Ás vezes o caminho parece difícil demais

E as coisas dão errado não importa o que eu faça

Mas você tem o amor que eu preciso

Para conseguir superar.

Jesse pausou por um pequeno instante, mas sem parar de tocar.

A segunda parte da letra:

Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem

Mas nunca é suficiente

E quando vejo seu rosto

Eu me sinto vivo outra vez

Você é meu único refúgio

O mais próximo que eu já tive de estar bem

Estou no meu limite gritando seu nome

Eu só preciso de você

Só de você.

Você é meu refúgio

A única pessoa que me faz bem verdadeiramente.

— O nome da música é Refúgio. – ele sorriu, ao termino. Já não mais cantava e nem tocava. Ainda assim a música tilintava em meus ouvidos. Uma sensação pura da qual eu jamais me esqueceria. — Esse é o meu presente pra você, Hayley. O que você achou?

Antes de responder já sentia as lágrimas que tomavam meus olhos.

Parecia loucura, exagero, ou que o mundo girava exclusivamente em torno de mim. Mas eu realmente achei, desde a primeira vez que ele tocou aquela composição pra mim, que a música foi feita para mim, para nós dois. Se encaixava perfeitamente na nossa história. Em tudo que eu sabia sobre o Jesse. Tudo que ele havia me contado e relevado desde que nos tornamos muito mais que dois simples amigos ou conhecidos.

Aproximei-me dele, porque a única coisa que podíamos ter naquele momento, era a aproximação. Nada mais que isso. Colei minha testa na dele sem tirar meus olhos dos detalhes do seu rosto. Jesse fechou os olhos e eu o achava cada vez mais bonito. Com olhos abertos inexpressivos ou fechados. Nada era mais bonito que ele. Senti seus dedos no meu braço e aquela típica queimação como uma corrente de energia passando de um corpo para o outro.

Éramos silencio total. Nada além de nossas respirações entrecortadas.

Senti as lágrimas escorrem quentes por minhas bochechas. Uma espécie de alivio, quase uma necessidade de chorar para me sentir ainda melhor. Já era o suficiente estar ao lado do Jesse. Mas sabíamos, eu sabia, que ainda faltava algo. Éramos pequenos pedacinhos de nós dois. E eu, naquele momento mais que tudo, queria que fossemos um só, únicos, apenas eu e ele e nada mais. Só que isso não seria possível. Não seria justo e não cabia a mim decidir por nós.

Estávamos juntinhos naquele momento, mas de alguma forma, havia um abismo entre nós dois. Eu chorava de alegria, emoção misturado com uma onda de tristeza por não sermos em nada o que eu gostaria que fossemos e isso me doía. Uma dorzinha aguda que exprimia meu coração.

— Obrigada. – sussurrei passando meu dedos cuidadosamente por seu rosto. — Esse é o melhor presente que eu poderia receber de aniversário. É exatamente tudo que eu sinto e gostaria de lhe dizer, mas não sei como.

— Tudo bem. Hayley. – Jesse voltou a abrir os olhos, encarando os meus. Sorriu de lado. — Na maior parte do tempo quando estou com você também me sinto assim.... Como se não pudesse explicar, traduzir, decifrar, exprimir tudo o que eu gostaria de poder ter dizer. A música foi o único meio que encontrei de chegar até você do jeitinho que eu queria.

Resisti ao impulso de colar meu lábios nos deles e nunca mais desgruda-los.

— Quer saber da grande verdade?

Afastamo-nos para olhar melhor um para o outro. Jesse segurou minhas duas mãos sobre o colo e apertou firme.

— Quando eu escrevi essa música estava pensando em você. Exclusivamente em você. Acredite. – eu acreditava, claro que sim. Porque eu sentia que era a mais pura verdade. — E essa não foi a primeira vez. A primeira música que te mostrei a algum tempo atrás, quando eu escrevi, também pensava em você. Era automático! Eu tentava colocar minha mente pra funcionar e a primeira coisa que vinha na minha cabeça era você.

Eu sabia! Só não sabia se seria certo pensar assim ou perguntar diretamente pra ele. Mas eu sabia, desde a primeira vez, que aquela letra, daquela primeira música, tinha algo a ver com nós dois. E por isso eu fugi, fugi pra longe na tentativa de escapar da culpa por tais pensamentos. Eu sempre achei que ainda devia algo ao Brandon mesmo depois de sua morte. Mas ultimamente venho pensando muito mais nisso. E talvez não seja tão ruim quando eu acredito que seja. Talvez seja bobagem da minha cabeça e é por isso que preciso tanto de respostas.

Enquanto não as tenho – as respostas – prefiro não pensar no pior. Brandon jamais seria injusto comigo. Ele me amava. Nós nos amávamos verdadeiramente. Quando se tem amor não há culpa, não há medo, não há julgamentos, não há punições, não há traições e não há injustiça. O amor é um sentimento puro. O Brandon jamais faria o tipo de ex-namorado que faria da minha vida um verdadeiro inferno só porque não podemos mais ficar juntos. Às vezes acho, que se ele ainda estivesse vivo, ele e o Jesse seriam dois grandes amigos. Não só por mim. Mas sim, porque de alguma forma, são parecidos. E é por isso que gosto dos dois de um jeito que nunca gostei de nenhum outro antes.

— Eu toco pensando em você, eu componho pensando em você, eu durmo pensando em você, eu como pensando em você. Na aula eu penso em você, quando estou no palco diante da multidão eu penso em você, quando estou aqui sozinho na sala de música eu penso em você. Penso tanto em você que chega a ser assustador e improprio. Mas não é algo que eu consiga controlar. Pelo contrário! Vejo isso como uma fuga. Uma fuga da minha própria realidade. Da dificuldade que vem sendo estar namorando com a Alexa e suas esquisitices dos últimos dias ou da saudade que ainda sinto pela morte dos meus pais ou dá solidão que sinto desde então. Você é meu refúgio! A única pessoa que encontrei capaz de não me fazer pensar em nada disso... Só em você.