Kian.


Tenho medo de cometer erros, tenho medo de perder pessoas, temo percorrer por caminhos que nunca deveria ter ido. Temo fazer escolhas incorretas, amar pessoas erradas e não me sinto covarde por admitir isso.

Por microscópicos dezessete minutos nasci antes da minha irmã, Amber, e o trono que deveria pertencer a ela passou a ser meu.

Eu tento não reclamar. Afinal, tinha bastante consciência de que era mais sortudo que a maioria das pessoas. Mas havia alguns dias que me sentia sobre peso, como se nada fizesse sentido, como se a minha vida não merecesse continuação.

Folheei a página do jornal e vi que um ataque rebelde tinha acontecido. Linhas de expressões preocupada franziram em minha testa. Pessoas supostamente insatisfeitas com a monarquia, querendo derrubar o nosso governo e romper o império monarca da família Lancaster. Aquilo me preocupou bastante. Lembrei da situação em que a Noruega se encontrava, pensei em Johhana e toda sua situação delicada.

— Café, alteza? - perguntou Dora, com a voz gutural.

— Obrigado. Pode levar as louças. - dispensei, fazendo um gesto negativo com a cabeça.

Levantei da mesa imperceptível e marchei para fora do cômodo, trombei com alguém à porta e quase caí para trás.

— Desculpe Alteza! - disse Katherine Amy, filha de Dora Hemmings, corando um pouco.

— Tudo bem. Como está se sentindo? Talvez machucada? - eu sorri timidamente.

A garota retribui um sorriso desconcertado. - Agradeço a preocupação pela qual sou indigna, vossa graça!

Não resisti, comecei a gargalhar. - O quê é isso, Kat? Quanta formalidade! Logo você que me viu tirar meleca do nariz quando criança.

Katherine balançou a cabeça.

— É a minha mãe. Acha que devo me comportar como se fosse criada agora que estou grande.

Abri um sorriso.

— Não se preocupe com isso. Você é ótima! Merece ser tratada como uma hóspede.

Kat corou.

— Mudando compeltamente o foco, sua irmã, Amber, mandou um recado, - me informou, com um tom importantíssimo. - os cavalos estão prontos. Passe-me a mensagem, qual das Selecionadas devo convocar para esse encontro?

Pensei um pouco antes de responder. - Alaska Roth, a Selecionada da França.

Katherine sorriu educadamente. - Ela é incrível! Tenho feito diversas observações e a Alaska é um doce! Educada com todos os criados, só esculto elogios vindo dos serviçais ! É minha favorita! E creio que de todos no Palácio.

Fiquei surpreso, e me senti bobo por me sentir dessa forma. - Sim, uma moça recatada, simples e gentil!

Katherine piscou para mim. - Bom, não é só você que enxerga isso. Detesto ser fofoqueira mas o James está de olho nela. Diz ser Alegre, modesta e cheia de vivacidade.

Novamente estive surpreso.

— Bom, sempre soube que não era o único impressionada. - pisquei para a morena. Fazia um tempo que não conversávamos. Quando éramos mais novos, Katherine parecia estar apaixonada por mim. Espero, no momento estar enganado, ela é muito incrível e suas chances seriam ainda maiores se tivesse entrado na seleção. Ao contrário de Annelise, expressava facilmente suas opiniões.

— Muito obrigada, Katherine. - agradeci.

Ela sorriu.

— É um prazer trabalhar para o senhor. - respondeu.

— Não. - a cortei. - Obrigada por ser um ser humano dedicado! Colocarei você em um cargo maior quando virar rei. É uma promessa.

(...)

Optei por minha roupa de equitação; calça preta, toque, luvas, casaco e bota de couro. Juguei que um toque de classe requintaria a tarde.

Quando cheguei ao estabulo, Alaska jazia à minha espera, selando Nevasca, a égua de Amber. Parecia tão distraída ao lado da besta que tampouco pareceu me notar.

— Olá! - cumprimentei me aproximando vagarosamente da garota.

Alaska levantou a cabeça e sorriu satisfatoriamente. Estava realmente bonita.

Olhe, sua eguá é muite bonite.— comentou, acariciando a crina loira de Nevasca. Ela exibiu um sorriso alegre e encantador, tipicamente dela mesma.

— Amber adora ela. - disse-lhe.

Yu também aprecio estes animais. Mas eu tenhe una linda égua. caramelo este seu nombre — disse a mim com o sotaque Francês charmosíssimo.

— Esta aqui é a Nevasca. - eu a apresentei.

Bonjour, Nevisque — Alaska fez um biquinho charmoso para a égua.

— Está pronta para o passeio? - perguntei, firmemente.

suis (estou). - Alaska me fitou nos olhos.

Tomamos os cavalos pelas rédeas e os conduzimos até o jardim.

— Como é sua vida na fazenda? - perguntei, sentindo o vento soprar no rosto.

Agradable. Meu pai e eu amamos aquele lugar. — ela sorriu, radiante. Gozando da lembrança - Goste também daqui. O castelo tenhe muite conforto. Acho que a coisa mais chique que já tive na vida. As garotes são legais. Todas elas estão ansiosas. Amanhã é a eliminacion... Desejo sorte, Alteza.

— Obrigada, Alaska. - eu agradeci. - Sua mãe morreu quando você nasceu, certo?

Oui. Morreu durante ao meu parte. Amber é sua irmã gêmea, correte?

— Exatamente. - assenti com concordância. - Nasci alguns minutos antes da minha irmão, o que me dá a coroa por direito.

Coroe. Responsabilidades. Imagino que o senhore precise de uma grande esposa para ajudar-lhe a carregar todo o peso. A vide real tem seus lades bons, mas também suas partes ruins.

— Sim. - mordi o lábio inferior.

Ken, se eu tiver de sair... s'il vous plaît, diga-me lougue. É una grande tortura para mim. - ela me cravou o olhar com suplicia.

— Não se preocupe - abri um sorriso gentil.

(...)

À noite quando as estrelas iluminam o jardim eu me sento sozinho para apreciar a lua pálida resplandecer na atmosfera carregada do Palácio.

— Você fica aí, sempre tão sozinho - a voz suave de Annelise me assustou. Viro-me para encara-la. - No que tanto pensa?

Fiz uma pequena pausa antes de continuar; – Estou um tanto confuso! Preciso fazer uma escolha mas simplesmente não consigo eliminar outras opções. Parece idiota, eu sei, mas cada uma das Selecionadas representa coisas importantes demais para serem esquecidas.

Annelise o observava. - Eu queria que não fosse assim. Você está se machucando, não gosto de te ver triste!

Eu a encaro. - Anos atrás, naquela noite na biblioteca, lembra-se?

Ela assentiu. - é uma surpresa para mim que se lembre. Você me beijou... nunca estive tão assustada. Mas ao mesmo tempo... era bom!

Então eu percebi, notei que mesmo depois de anos, Lise continuava se alimentado com um amor de criança, um sentimento infantil que eu tinha criado.

— Naquele dia, eu a beijei por motivos errados. Nós éramos crianças e você era uma garota. Amber foi a primeira garota que conheci, você a segunda!

— Mesmo assim. Sempre será inesquecível para mim. Porque apesar de tanto tempo continuou te amando. Não como as outras, elas não o conhecem como eu. - ela continuou, com um tom mais rouco e abatido. - Desejo-lhe sorte amanhã. Mas se não for para ficar comigo de verdade, peço-tr que me elimine e me prive de sofrimentos.

Ficamos calados, escutando os barulhos silenciosos da noite.

— As vezes eu me sinto tão triste e abatido. - vacilei. Meu olhar caiu - exausto, distante, nada parece ser o certo, as pessoas já me olham diferente. - fiz uma pequena pausa. - Eu sou o futuro rei, Lise, todos esperam que eu seja maravilhoso mas nunca vão levar em conta o que eu realmente quero. Em momento algum eu tive de fazer uma escolha sobre meu futuro. Nunca tive de decidir o que queria realmente. Admito me sentir atraído pela Aleksandra. Admito sentir meu sangue ferver junto à ela. Mas a verdade é que quando olho pra você, sinto a inocência de quando éramos pequenos.

O silencio voltou a cair sobre nós.

Annelise demorou para me responder. Talvez estivesse pensando nas palavras certas. Algo que não me magoasse - Só quero que saiba que você pode contar comigo sempre, independente do motivo. Vou estar lá quando cair, quando você precisar, Kian. Mas quero que saiba também, que nunca amarei outro homem e que o meu coração vai sempre te pertencer. Mas eu quero que independente do que disser, continue fiel as suas escolhas, faça por si mesmo pois nunca me perdoaria te fazer infeliz para realizar um sentimento infantil.

Lembrei-me das palavras de Alice alguns dias atrás no jardim. Senti um grande nó sufocar a garganta.

— Hoje só quero colocar a cabeça no travesseiro e torcer pra que as coisas se ajeitem no dia seguinte, mesmo sabendo que elas nunca se ajeitaram. - eu baixei o olhar.
— Kian, mesmo que nada dê certo, eu vou estar sempre aqui. - nos fitamos por algum tempo. Até que a garota foi se aproximando lentamente de mim, iniciando um beijo lento e delicado.

A mão suave de Annelise tocou meu rosto. Era uma dança lenta em um ritmo doce. Demorou algum tempo. Talvez horas ou vários dias ensolarados em um lugar distante da Seleção, então nós dois nos separamos. Annelise deu uma risadinha excitada, eu também não resisti.

— Eu te amo! - Ela me disse.

Não soube o que falar.

— Não se sinta obrigado. Eu te amo e sei que também vai me amar um dia! Tudo o que quero é tempo! - murmurou lentamente.

Eu a olhei. Tão linda, tão inocente. Eu a desejava como nunca desejei ninguém. Eu a queria de todas as formas possíveis ao meu lado. Todo aquela certeza me veio em um simples momento.

— Não é pedir muito. Eu concordo. - lhe garanti enquanto a beijava. Minha mão percorria pela sua cintura e eu sentia vontade de despi-la, beija-la e talvez até mais.

Quando nos separamos, ela se dirigiu a mim com um doce sorriso.

— Boa noite, querido! - disse-me, sua voz suando em meus ouvidos como uma música delicada.

— Boa noite, querida! - disse por fim.