Diário de um Khajiit

Você acredita que Talos seja um deus?


Acordei, olhei para o lado, Bazzir não estava na cama como normalmente, levantei a cabeça procurando ele pelo quarto que estava escuro, fui até a janela e a abri, agora mesmo com o quarto iluminado notei que ele não estava lá.

– Bazzir? – chamei

Não houve resposta, me troquei e sai do quarto, lá fora estava uma boa parte dos estudantes do colégio, todos andando para lá e para cá, eufóricos e alegres. Mais a frente vi Katrin conversando com Bonery também animada, fui até elas.

– Oque está acontecendo? – perguntei

– Bom dia para você também... – exclamou Bonery

– Oque aconteceu é que hoje é sexta! – disse Katrin abraçando os livros em suas mãos

– E isso significa... – eu sabia oque era sexta, de sexta-feria, mas em Elsweyr não há nada de especial nesse dia.

– Significa que sábado e domingo não tem aula! – disse Bonery

– Nossa! – exclamei

– Em Elsweyr, vocês não tem fim de semana? – perguntou Katrin

– Bem... as aulas em Elsweyr são diferente daqui... – falei passando a mão atrás da cabeça

– E como é? – perguntou Bonery fazendo gestos para eu continuar

– Nós não temos aula de segunda e de sexta. – expliquei

– Nossa! E sábado e domingo? – perguntou Katrin

– É mais um dia normal, como segunda a sexta para vocês. – falei

– Vocês são um povo estranho! – exclamou Bonery

Katrin cobriu a boca de Bonery com a mão.

– Oque ela quis dizer, é que vocês são um povo “exótico”. – disse Katrin sorrindo

Eu sorri.

– Bem, vou para a sala agora, vejo vocês lá! – falei

Ao sair andando Katrin puxou Bonery para trás, provavelmente com o objetivo de que eu não ouvisse a conversa, mas eu ouvi, e do contrario do que ela pensou o fato de Bonery ter chamado os Khajiits de estranhos não me ofendeu, Katrin disse “Bony! Seja mais educada com as pessoas...” o resto já não consegui ouvir. Chegando a sala, percebi que todos lá estavam bem animados para o chamado “Fim de semana”. Dessa vez entrou uma professora elfa da floresta na sala, tinha cabelos ruivos, que acompanhavam seus olhos numa cor vermelha clara, usava uma armadura tacheada com o elmo pendurado para trás de sua cabeça e um machado de ferro na mão.

– Bom dia, sou a professora Dirna, que significa morrer, sou professora de metalurgia, a arte de criar ou melhorar armas de batalha... – disse a professora sorrindo

Ela parecia bem animada para alguém chamada morrer, talvez fosse o tal do fim de semana. Ela colocou seu machado em cima da mesa junto a um minério de ferro, e começou a explicar como melhorar armas, no final da aula, todos os alunos saíram correndo da sala, eu segui a multidão até fora do colégio. Lá fora Katrin, Bonery, Bazzir, Bawh e Âlara estavam conversando.

– Errrr... oque vocês costumam fazer nos fins de semana? – perguntei

– Visitamos nossos pais juntos... – respondeu Katrin

– Menos o Bazzir! – disse Bawh rindo

Todos riram.

– Hahaha, muito engraçadinho, quando seus pais morrerem vou fazer a mesma piada! – exclamou Bazzir cruzando os braços

– Ok, os pais de quem visitaremos primeiro? – perguntou Bonery

– Acho que como é a primeira vez do Tin, devíamos ir na casa dele primeiro! – disse Âlara me abraçando

– Na verdade a casa não é exatamente minha, é do amigo do meu pai. – falei

– Que seja. – disse Âlara

– Está bem, vamos para a casa do Tin! Onde fica? – perguntou Bawh

– Whiterun. – respondi

– Hum... ok, vamos pagar uma carroça para nos levar. – disse Bazzir olhando em volta

Fomos até uma carroça meio longe da entrada de Winterhold, subimos, falamos nosso objetivo e pagamos. Âlara e Bazzir sentaram do lado do homem que estava controlando a carroça, enquanto eu, Bawh, Bonery e Katrin sentamos atrás. Olhei para Katrin e me lembrei que ela era uma Imperial, que de acordo com Âlara era uma as raças envolvidas no conflito de Skyrim.

– Katrin, posso te fazer uma pergunta? – perguntei

– Sim. – respondeu ela

– Você conhece o conflito de Stormcloaks e Imperiais? – perguntei

– Claro, é algo que está afetando toda a Skyrim, todos conhecem. – disse ela

– Bem, Âlara já me contou a história – falei me certificando que Âlara não estava nos ouvindo – mas parece que ela queria dar total razão aos elfos. Gostaria de ouvir seu lado da história como Imperial.

– Bem, se ela já te contou, você já deve saber o básico... – disse Katrin olhando para mim

– Stormcloaks querem poder ter culto a seu “deus”, Talos, porém o império quer impedi-los pois se os elfos souberem que o culto de Talos ainda é feito, a guerra entre eles recomeçará e os elfos esmagarão os humanos. – falei

– É isso. Você disse que Âlara te contou a história deixando a razão total para os elfos, mas os Imperiais tem seu lado de certos, afinal só estão tentando manter os humanos vivos, essa é a parte que os Stormcloaks não entendem. – disse Katrin cruzando os braços

– Não entendi, oque eles não veem? – perguntei

Ela me olhou por alguns segundos.

– Os Stormcloaks acreditam na força humana acima de todas as outras, que as raças diversificadas não tem poder algum. – respondeu Katrin suspirando fundo, parece que Âlara não era a única a levar esse papo a sério, todo o povo de Skyrim era assim – o fato é que, eu sou humana, mas sei que nossas chances de vencer os elfos são mínimas, pois os humanos acham que mágica é para os fracos, e se recusam a usa-las, mas sem elas nunca iremos vencer...

– Você acredita que Talos seja um deus? – perguntei

– Não, pelo menos não para mim, Talos não é deus, nem se quer deve estar em Sovnguard, por mim ele pode estar até em Oblivion, mas em Sovnguard não. – respondeu ela

– Todos os imperiais não acreditam que Talos seja um deus, ou é uma opção sua? – perguntei

– Todos, quer dizer, a maioria. – respondeu ela - Na verdade, as antigas gerações ainda creem nisso, como meus pais por exemplo, mas as novas gerações são criadas para não acreditarem.

– O culto de Talos ainda é praticado? – perguntei

– Você faz perguntas demais! Desculpe, é que esse assunto é delicado por aqui. Sim o culto a Talos ainda é praticado, porém o Império caça e mata todos que participarem. – respondeu ela

– Resumindo, você está do lado dos imperiais, e logo, dos elfos também? – confirmei

– Sim, na verdade, não estou do lado dos elfos, só não quero que eles me matem... – respondeu ela

– Obrigado pelas respostas. – falei sorrindo

– Não há de que. – disse ela

É, parece que a opinião de Katrin e Âlara eram bem parecidas, eu precisava conversar com alguém que estivesse do outro lado da luta, eu precisava... de um nórdico! Olhei para Bonery, a nórdica baixinha, perfeito! Vou esperar o momento certo para questiona-la quanto a isso. De repente chegamos a um campo aberto e longe dava para ver Whiterun.

– Estamos quase lá! – gritou Bazzir virando para trás

– Estamos loucos para conhecer seus pais... – disse Âlara

Eu sorri.