Diário de um Khajiit

Uma cidade totalmente desordenada.


– Bem, você sabe algo sobre... – não sabia se Katrin ia gostar muito de eu acusando Bonery – você sabe algo sobre a família de Bonery?

Katrin olhou atentamente para mim, virou o olhar novamente para a paisagem.

– Um pouco... – respondeu ela sem olhar para mim

– Ok! Vou direto ao ponto então! Eu ouvi lá em Riften de uma Imperial que a família Black Briar, que é quem realmente controla a cidade, é totalmente opressora e tem suas formas de chantagear a população a pagar impostos por proteção, sabe algo sobre isso?! – perguntei com raiva

Katrin arregalou os olhos assustada, acho que ela não esperava que eu pudesse ficar com raiva daquela forma, mas depois eu lembrei que ela é uma vampira que podia facilmente me destruir com uma magia, então voltei a meu tom de voz normal.

– Nossa, não precisa se exaltar! – disse ela, respirou fundo e olhou para Bonery, que não estava prestando atenção em nossa conversa – Está bem! Sim, é verdade, a família de Bonery ganhou poder e hoje faz tudo aquilo...

– Como ela pode deixar isso acontecer?! – perguntei

Katrin não me respondeu apenas me olhou e depois desviou o olhar.

– Me responda! – gritei

Todos na carroça nos olharam.

– Algo errado? – perguntou Bawh

– Não, estamos bem, obrigada... – respondeu Katrin tapando minha boca com a mão

Quando todos voltaram a fazer suas tarefas de antes, Katrin tirou a mão da minha boca e limpou em minha roupa.

– Não faça isso de novo! – exclamou ela

– Então responda minha pergunta! – falei

– Bony, não vê isso como errado... – disse Katrin colocando a mão na testa

– Como alguém pode não ver isso como errado?! – perguntei

– Quem começou com isso foram os tataravós da Bony, e desde então todos que nascem na família Black Briar são criados em meio a isso, e adotam essa filosofia como sendo “normal”, eles no poder, e todo o resto a baixo deles... – explicou ela

– Mas algo precisa ser feito! Isso é errado! – exclamei

– Eu sei. – disse ela

– E se sabia, por que nunca fez nada? – perguntei

Ela colocou a mão no meu ombro.

– Não tente mudar a cultura de Skyrim, as coisas sempre foram assim e sempre serão. Acredite, se tentar mudar algo, vai se dar muito mal! – explicou ela

Katrin tirou a mão do meu ombro se levantou e foi se sentar do lado de Bonery. Isso ainda não entrava em minha cabeça! Como ela podia simplesmente dividir quarto com uma pessoa que faz isso com as outras e ainda não ter coragem de fazer nada?! Para uma vampira ela estava medrosa demais, a viagem durou mais algumas horas, passamos por muitas paisagens diferentes, enquanto eu pensava sobre aquilo.

– Aqui estamos! – gritou Âlara quando chegamos a Markarth e estava quase anoitecendo

Paramos em frente a um estabulo, descemos e fomos até o portão, era grande feito de um material dourado bonito, até achei que fosse ouro, mas se fosse não estaria num portão exposto desse jeito, e provavelmente já estaria cheio de furinhos de pessoas que roubaram uma parte, ao entrarmos percebi que era uma cidade totalmente desordenada, as casas não seguiam uma ordem, eram “jogadas” em qualquer lugar, e no meio da cidade haviam pequenos morros, onde também tinham casas.

– É bem desorganizado não acha? – disse Bazzir olhando em volta – pelo menos não tivemos que pagar a ninguém para entrar!

Âlara riu.

– A entrada em qualquer cidade Skyrim é de graça, e ela é desorganizada por que foi construída em cima de uma das ruinas de construções Dwemers! – exclamou Âlara olhando para Katrin

– Ah! Nós estamos em cima de um lugar onde os Dwemers já estiveram! – Katrin disse olhando para o chão, ela realmente gostava de estudar essa raça de antigos elfos

– Sim, estamos, a minha casa é por ali. – disse Âlara nos guiando por uma das ruas de Markarth que passava do lado de um riacho pequeno que cortava o meio da cidade

Chegamos a porta que era feita do mesmo material que o portão da cidade.

– Hum! A porta já é de rico! – disse Katrin rindo

Âlara riu.

– Que isso! É só a porta mesmo – disse ela ainda com um sorriso – comparado a Bonery não sou nada...

Bonery sorriu. Naquele momento tive vontade de gritar para a cidade inteira ouvir o motivo de tanta riqueza de Bonery “Claro que ela é mais rica que você Âlara, ela e a família forçam as pessoas a pagarem para eles!”, mas eu não faria isso, ia dar problema e não era o momento. Quando Âlara abriu a porta, havia uma elfa suprema cortando cenouras numa mesa bem perto da porta.

– Oi mãe! – gritou Âlara indo correndo na direção da elfa

Elas se abraçaram e depois Âlara voltou até nós trazendo a elfa pelo braço.

– Essa é minha mãe, Siluzah. – disse Âlara

– Significa “Alma bondosa” – completou Siluzah

Ela se apresentou para todos e quando chegou em mim, uma reação de surpresa veio em seu rosto.

– Qual seu nome? – perguntou ela maravilhada

– Tinnaff. – respondi

– Ownt! Tinnaff é um Khajiit? – perguntou ela apertando meu nariz, odeio quando as pessoas perguntam isso, claro que sou um Khajiit! Da próxima vez vou responder que sou um gato superdesenvolvido

– Sou. – respondi

– Que fofo! Parece um gato mesmo! – bem pelo menos ela gostou de mim

– Onde está seu pai Âlara? – perguntou Bazzir colocando as mãos atrás da cabeça

– Bazzir! Pare de ser intrometido! – exclamou Bonery dando uma cotovelada em Bazzir

Âlara e sua mãe riram juntas, parece que esse negócio da Âlara de viver no mundo onde nada da errado, e tudo virar motivo para riso, era de família.

– Não tem problema, o meu marido, Grunslaad, está a trabalho em Morthal, ele só volta semana que vem. – esclareceu Siluzah

– Ele está em guerra? – perguntou Bawh

– Não em guerra, mas infelizmente, ele está ajudando a resolver certos desentendimentos sociais lá... – respondeu Siluzah pegando na mão de Âlara

As duas abaixaram as cabeças por alguns segundos, depois voltaram a falar normalmente com um sorriso.

– Vamos entrando! Já está anoitecendo, acho que terão que dormir aqui... – disse Siluzah nos puxando para dentro

A casa não era rica de detalhes e frescuras com a de Bonery, mas era arrumada, e tinham muitas estatuas de elfos. Uma delas me chamou atenção a qual estava no meio da sala em cima da lareira e tinha um elfo supremo segurando em sua mão a cabeça de um nórdico e na outra uma magia preparada, Bonery passava em frente as estatuas olhando com atenção e depois com olhar de reprovação, não sei se era recomendável a um nórdico entrar numa casa como aquela.

– Desculpe as diversas ofensas com sua raça Bony, são do meu pai, ele é um Thalmor de todo o coração e despreza totalmente os humanos, mas eu e minha mãe não somos assim! – disse Âlara

Bonery respondeu com um sorriso falso. De repente um cachorro grande veio correndo de um quarto e ficou fazendo festa com a gente.

– Oh! Você tem cachorro! – exclamou Bawh estendendo a mão para acariciar o cão

– Na verdade é fêmea, ela se chama Kulaas, significa princesa. – esclareceu Âlara

– Ela é linda. – disse Katrin sorrindo

Âlara sorriu em resposta.

– É melhor eu ir arrumar um lugar para vocês dormirem, acho que tenho alguns sacos de dormir em algum lugar! – disse Siluzah indo na direção dos quartos

– Vamos sentar aqui por favor! – disse Âlara nos guiando às cadeiras da sala

Kulaas parou em frente a Bazzir se sentou e ficou observando, eles ficaram se encarando por um tempo, eu não resisti e me aproximei do ouvido dele.

– Não vai querer cheirar o bumbum dela né cão? – sussurrei

Ele olhou para mim, eu dei uma risada escondida pela mão.

– Então tome cuidado, vai que ela quer te perseguir pela rua gato! – disse ele rindo