– Droga! – exclamei tentando empurrar a portinha que saia de novo na fazenda, mas ela não abriu – está trancada!

Katrin e Bazzir foram até a portinha, averiguando o mesmo que eu.

– Ok, vamos apelar para a força! – Bazzir disse pegando sua espada

Ele bateu a ponta da espada prateada na fechadura que abriu num estalo, empurrei a porta e saímos de lá de dentro olhando a nossa volta, a fazenda estava agora vazia e o dia já havia virado noite e a aurora boreal iluminava o céu junto a luz da Lua.

– Por que trancaram a porta? – perguntou Katrin

– Não sei, talvez alguém quisesse nos prender lá. – sugeriu Bazzir

– Ou nos atrasar... – falei com a mão no queixo

– Vamos até Laasalun, já temos as respostas que queremos. – disse Bazzir indo na direção de Faahnu parado na frente da fazenda

Eu e Katrin o seguimos, montamos em Faahnu e cruzamos as terras de Skyrim até os pântanos de Solitude, mas antes de chegarmos fomos surpreendidos por um rugido que cortou os céus e tremeu o solo quando um dragão passou voando por nós, Faahnu assustou erguendo as patas dianteiras, comecei a dar batidinhas em seu pescoço para acalma-lo, mas não deu certo. O enorme lagarto pousou em nossa frente soltando outro longo rugido, saltamos da costas do cavalo que correu para a segurança.

– Nos enfrente de puder, besta do Oblivion! – gritou Bazzir sacando sua espada

A criatura alada soltou um sopro de fogo do qual desviamos saltando para os lados.

– Nos desafia sem saber que está na presença do próprio Dragonborn! – disse Katrin armando defesas mágicas numa das mãos e com a outra sacando seu machado

Antes que qualquer um de nós pudesse atacar, o enorme animal se calou e ficou a nos escarar.

– Dragonborn?! – ecoou a voz grossa e ameaçadora do dragão para fora de sua garganta fumacenta – não sabe do que fala, humana!

– Ela sabe muito bem do que está falando, dragão, eu sou Tinnaff, o primeiro Dragonborn da raça Khajiit – falei pegando o cabo de minha espada sem tira-la da bainha

As escamas do focinho e acima dos olhos do dragão se franziram, deixando visíveis dentes tão grandes quanto as espadas que levávamos, e depois ele soltou fumaça das narinas enquanto parecia dar uma risada.

– Você é um Dragonborn?! Sua aparência não transmite sabedoria de idade, você é novo, muito novo! – ele tentou dar um passo a frente, mas nós três erguemos nossas armas e ele recuou não demonstrando medo e começou a andar para o lado – sua força não pode ser comparada a um dos filhotes de minha raça! Sua resistência é inferior a um de nossos ovos! E seu tamanho é comparável a deum gato doméstico!

Não podia acreditar, eu estava sendo insultado por um dragão, seres que até pouco tempo nem sabia que existiam, quanto menos que falavam, matei três de seus irmãos e agora ele estava olhando em meu olhos e dizendo que não sou capaz de derrota-los?! Enquanto a besta falava sua cauda escamosa passava perto de nós, ergui a espada sobre ela e abaixei num só golpe cortando fora a ponta da cauda do monstro que rugiu para cima, Katrin atirava flechas de gelo que penetravam suas escamas e Bazzir o atingia com golpes de espada, o dragão moveu a cauda sangrando e me atacou com as garras.

– Vou transformar vocês em comida de Troll! – gritou o dragão

Labaredas ardentes brotaram de sua boca fazendo a neve a volta derreter, desviamos do fogo, e voltamos a atacar desviando, apesar de nem sempre com sucesso, dos contra ataques do dragão, até ele acertar Katrin jogando-a forçando-a a ir para trás de uma pedra, e depois jogar Bazzr longe com sua boca, ele se jogou sobre mim me segurando com suas garras na ponta das asas.

– Você está perdendo seu tempo, Tinnaff! Alduin está vivo e mais poderosos do que nunca e ele não está sozinho! – proferiu o dragão

– Não está? – finalmente estamos chegando a algum lugar!

– Mas afinal, eu não preciso lhe dizer, você não estará vivo para presenciar! – ele abriu a boca ameaçando liberar suas chamas

– Fus ro dah! – gritei

Meu oponente arregalou os olhos antes de ser jogado alguns metros para cima e cair desajeitado mais para trás, me levantei erguendo minha espada e fui até ele que estava tonteado, coloquei a lâmina em seu focinho e ficamos a nos encarar.

– Vamos lá, Dragonborn, você venceu essa disputa de forma justa, mate-me de uma vez para que eu possa ir para Sovnguard! – disse ele me encarando com seus olhos de cobra

– Não vou te matar, você me deve respostas! – falei

– Você mancha minha honra pedindo que eu continue vivo depois de ter perdido um duelo e ainda lhe dar respostas que não levam a lugar nenhum

– Acredite, essas perguntas levaram a algum lugar sim! – tirei a espada da minha frente e guardei na bainha demonstrando confiança, mas ainda estava atento aos movimentos bruscos do dragão

Ele apertou os olhos fixando-os em mim.

– Diga oque quer saber. – cedeu ele

– Antes, terei que ter sua confiança e você a minha! – apontei para minha espada – entende?

Duas colunas de fumaça enfurecida saíram das narinas do dragão, ele se levantou e abriu a boca soltando uma longa lavareda, coloquei os braços na frente do rosto, mas quando os tirei, ele havia queimado tudo a minha volta, menos a mim.

– Sua vez! – disse ele se enrolando em sua cauda

Eu sorri, desembainhei a espada e a joguei no chão, e depois chutei para o lado.

– Isso é o bastante? – perguntei

Ele averiguou meu corpo, vendo se eu não tinha outras armas e depois, assentiu com a cabeça.

– Obrigado, mas as resposta que quero não podem ser dadas agora, antes preciso ir ver uma pessoa, eu poderia lhe chamar quando for o momento certo?

– Sim, Dragonborn, estou muito grato por ter poupado minha vida, eu me chamo Ahanu que significa Caçador de sonhos, basta gritar e eu ouvirei. – ele bateu as asas e levantou voo para leste, pelo menos ele me disse oque seu nome significava isso era um sinal de confiança também

Katrin e Bazzir vieram até mim.

– Oque foi aquilo? – perguntou Bazzir com a mão em seu braço machucado

– Apenas uma conversa, como qualquer outra, mas agora – fiz uma pausa olhando a reação de surpresa dos dois – temos um dragão do nosso lado!

Os dois se olharam e sorriram, depois de nos curarmos nos ferimentos usando magia, fomos até onde Faahnu se escondeu e subimos em dorso para prosseguir a viagem, quando chegamos a casa de Laasalun, ela estava com a porta aberta, coisa que ele geralmente não fazia. Fomos até lá e entramos na pequena cabana que estava vazia.

– Laasalun? – chamei

Não houve resposta.

– Laasalun! – tentei novamente, mais uma vez sem sucesso

– Será que ele saiu? – disse Bazzir

– Eu acho que foi bem pior. – Katrin passou as mãos por marcas profundas de espadas na parede – aconteceu um duelo aqui!

– Mataram ele? – perguntei preocupado

– Não tem sangue, parece que ele não deixou barato e lutou bravamente com sua espada – disse Katrin vindo até onde eu estava

– Foram eles! – exclamei

– Eles quem? – perguntou Bazzir

– A Imperial e o Nórdico na fazenda! Eles nos atrasaram trancando a saída da ruína e pegaram Laasalun! – respondi

– Por que eles iam querer Laasalun? – perguntou Katrin

– Eu... eu não sei! – admiti

– E se eles forem “K”? – sugeriu Katrin

– E oque é “K” então, e oque quer comigo? – falei indignado

– Você agora é o Dragonborn, difícil vai ser achar alguém que não queira algo com você. – disse Bazzir dando uma leve risada

– Acho que agora já posso fazer as perguntas que Ahanu me prometeu. – falei indo para a porta