Depois do horker estar pronto, comemos e ficamos conversando, ao final disso, todos nós levantamos da neve fria que estávamos sentados e seguimos viagem, agora sem o horker nas costas, de volta para o Colégio, lá, fomos cada um para seu quarto. Eu tentei esquecer o sangue no acampamento, mas ficava olhando Bazzir lá deitado em sua cama, e aquilo ainda martelava minha cabeça como um Orc irritado, ele parecia esconder algo, e para ter ficado daquele jeito, parecia ter sido algo importante.

– Eu... já volto... – falei saindo do quarto

– Esta bem, estarei aqui. – respondeu ele

Eu ia novamente no acampamento do lado do navio, mas não podia ir sozinho, fui ao dormitório de Katrin e Bonery e bati na porta, Bonery abriu a porta devagar averiguando quem estava do outro lado dela.

– Ah, é você! Como podemos ajuda-lo? – perguntou Bonery sorrindo

– Será que vocês podiam me ajudar numa coisinha? – perguntei

– Eu estou meio ocupada, esta vendo a cama cheia de roupas? Preciso arrumar tudo! – disse Bonery apontando para a cama – Katrin! É o Tinnaff! – completou ela saindo da porta

Katrin veio até a porta.

– Oi, Katrin, está ocupada? – perguntei

– Não... – respondeu ela curiosa

– Pode me ajudar numa coisa, lá no acampamento onde comemos o horker? – perguntei

– Posso. Oque é? – perguntou ela

– Te digo quando descobrir! – respondi – mas precisamos ir logo!

Ela voltou para dentro do quarto pegou seu machado e se despediu de Bonery, eu já estava com meu arco então saímos correndo no Colégio, cruzamos a ponte, Winterhold, a montanha, a praia congelada, e finalmente chegamos ao acampamento do lado do navio. Comecei a investigar o chão

– Oque estamos procurando? – perguntou Katrin impaciente

– Eu também não sei! – respondi

– Se você me der pelo menos uma pista do que viemos fazer aqui, eu posso ajudar! – completou ela

– Ah! Alguma coisa aconteceu nesse acampamento, e Bazzir estava tentando esconder, sei lá, oque de nós! – respondi

– Hum... – ela arregalou os olhos, senti que ela já sabia de algo – claro, vamos descobrir então!

Ela começou a revirar as coisas do acampamento, apenas sangue, para todos os lados.

– Não vamos achar nada aqui! Não tem nada! – disse ela já cansada de mexer nas coisas sem obter resultado

Até que, eu avistei em meio a grama alta no lado do acampamento alguma coisa branca saindo do meio dela, quando me aproximei, eram ossos, ossos humanos, estavam mordiscados, como se algo com dentes poderosos tivesse comido a carne que antes cobria aqueles ossos.

– Pode ter sido um tigre dente de saber ou um urso. – disse Katrin

– Talvez... – falei observando mais os ossos

Me virei e dei de cara com o navio encalhado e partido ao meio do nosso lado.

– Ou pode ter algo a ver com esse navio... – completei

Katrin engoliu a seco e concordou a cabeça. Entramos em um dos lados do navio de madeira lá dentro haviam um monte de coisas reviradas, armários caídos, comidas jogadas pelos lados, começamos a andar pelos corredores enquanto pensávamos.

– Engraçado, Skyrim é a província mais fria de Tamriel, então o norte de Skyrim devia ser o lugar mais frio de todos... – falei

– E ele é, não está com frio? – perguntou ela

– Estou. Mas e o sangue? Já não era para ter congelado ou virado sangue seco? – perguntei

Katrin pensou por alguns segundos.

– Pois é. – respondeu ela olhando para mim

– Talvez tenha alguma parte da história que Bazzir não tenha nos contado. – disse

Katrin não respondeu e continuou olhando para frente e andando.

Em uma das paredes do corredor havia uma pele de animal pendurada, parecia pele de urso, mas era mais grossa, e parecia grande demais para um urso.

– Sabe de que animal é isso? – perguntei

Katrin passou a mão por cima da pele acariciando os pelos.

– Não, talvez de um urso enorme. – respondeu ela

Continuamos andando, o lugar cheirava a morte, e haviam instrumentos de tortura jogados em cima de algumas mesas que ainda estavam de pé, alguém ou alguma coisa era torturado naquele navio, continuamos andando até chegarmos numa sala onde tinha um homem morto jogado no chão, pelo meio da barriga dele passava a marca de uma enorme garra.

– Então, já sabemos que era um animal, grande, e bem forte! – falei passando a mão pelo ferimento do homem

Katrin respirava preocupada e olhando atentamente para os lados, já havia ficado de noite, então a pouco luz que entrava pelas janelas pequenas do navio era oque impedia que não ficássemos totalmente cegos lá dentro.

– Essas marcas... – disse Katrin olhando marcas profundas no piso do navio – são recentes! – completou ela se levantando apreensiva

– Daqui a pouco iremos embora, só preciso descobrir... – falei

– Acredite, você não quer descobrir nada! – gritou Katrin

– Mas eu preciso! – respondi

Katrin bufou, ela realmente queria ir embora, mas acho que ela sabia que se ela fosse eu estaria sozinho, oque não é bom você ficar em Skyrim.

De repente com uma rajada de vento vindo de uma das janelas, abriu-se a nossa frente uma porta muito bem enfeitada, olhei para Katrin, ela já havia pego o machado, preparei uma flecha e entramos na sala atentos, não havia ninguém, então saímos do “modo defesa” fui até uma mesa e comecei a abrir as gavetas enquanto Katrin olhava umas coisas em cima da estante, abri uma gaveta que havia um papel todo escrito as pressas, com uma letra difícil de ler, me sentei e comecei a decifra-lo.

– Nossa essa letra é digna de uma Orc, horrível e quase impossível de ler! – falei sem tirar os olhos da folha

Katrin passou os dedos por cima de um retrato, estava embaçado, sujo com poeira, ela começou a limpar.

Comecei a ler a carta em voz alta para Katrin – “Quem diria que conseguiriam pegar o nosso capitão! Agora estão a solta! Estão atrás de nós! Eles vão nos matar...” – a carta parava por ai, pois o resto parecia ter sido cortado

Katrin terminou de limpar o retrato, era Bazzir, com um homem de bigode e uma mulher de cabelos encaracolados, e passando pela foto tinha marca de 3 garras, Katrin colocou o retrato de volta na estante apreensivamente. Continuei olhando as gavetas, em outra delas estava a palavra “Lobo monstro” em uma folha cortada.

– Hey Katrin! Sabe oque isso significa? – perguntei levando a ela

Ela olhou para a folha e arregalou os olhos.

– Por Sithis! Eu estava certa! – gritou ela dando passos pequenos para trás com a mão no coração

– Oque é? – perguntei curioso

– Lobisomem! – gritou Katrin saindo correndo da sala

– Lobisomens?! Mas... mas... – eu não sabia oque dizer

Katrin pegou um pedaço de madeira, e raspou ele na parede, formando fogo na ponta da madeira fazendo uma tocha temporária improvisada, ela levantou a tocha e o cômodo a nossa volta se iluminou, haviam um monte de corpos de lobos gigantes e humanoides jogados pelo chão com marcas de sangue e ferimentos graves. Na mão de um deles havia mais um papel, era a continuação da carta que tinha encontrada na outra sala.

– “...Eles fugiram das selas, atacaram nosso capitão, o filho dele, e agora estamos perdidos!” – li na carta

– “Eles” são os lobisomens! Esse é um navio de caçadores de lobisomens! – disse Katrin com um tom de voz preocupado

– Mas por que só tem corpos de lobisomens pelo chão? – perguntei

– Quando um lobisomem te morde, se ele não comer toda a sua carne, você vira um deles, a tripulação desse navio deve ter sido toda infectada! – completou ela

E um deles conseguiu fugir – completei lendo o verso da carta que estava que o filho do capitão havia conseguido fugir

Bonery está perigo! – Katrin gritou e saiu correndo

Eu a segui, passamos por todos os corredores de novo, Katrin puxou o vestido para cima para correr mais rápido, estava muito rápido como se sua vida estivesse em perigo.