06, jun de 2024. Seul - Korea.

Manhã

Acordei rotineiramente as 05:00 AM e como de costume, corri pelo pátio da cidade. Havia poucas coisas que eu gostava atualmente, mas uma coisa que podia dizer com clareza, era que gostava de correr assim que amanhecia o dia, o clima frio, o céu em leves tons cinzas antes dos primeiros raios de sol, me fazia iniciar o dia com um humor mais leve. Wow, isso foi bom, deveria escrever no bloco mais tarde?

Balancei a cabeça negativamente rindo com aquela pensamento repentino, Mijoo tinha tanta convicção com suas tentativas de me fazer sentir melhor, que as vezes eu ia na mesma onda que ela. Retornei para casa e esperei a minha temperatura corporal normalizar antes de tomar um banho e fazer o que sempre fazia todos os dias após a corrida; estudo-trabalho-consultório-casa.

Tarde

A parte da tarde sempre me cabia ao trabalho, administrava a loja da minha família, já que meus pais haviam falecido há 3 anos atrás. A loja vendia um pouco de tudo e por já está na minha família há algumas gerações, havia se tornado um ponto comercial tradicional em Busan para turistas.

Cuidar da parte administrativa, limpeza, atendimento, entre outras funções, me tornava o único responsável pelo local e seu funcionamento. As pessoas dividiam seus olhares entre pena, por serem fregueses antigos e conhecerem meus pais e sentirem o grande vazio que aquela imensa loja havia se tornado, ou admiração por acharem bonito um jovem trabalhar com tanta paixão possuído assim tantas funções, assim como a senhora Han sempre gostava de dizer enquanto apertava a minha bochecha com força. Já eu, encontrava no trabalho um refugio, passava horas na loja, muitas vezes perdendo até a noção do tempo.

Falando na senhora Han, ela é uma velha conhecida da família, ou pelo menos dos meus pais, eu a tinha como uma vó, já que não conheci os meus, e a senhora Han apesar de ter vários netos, sempre me tratava como seu neto. A gentil e sagaz idosa sempre passava pontualmente às 16 horas na loja, comprava pacotes de chás e bolachas e sempre me deixava um troco a mais, não antes, claro de apertar minha bochecha com uma força duvidosa, todas a vezes antes de ir embora. Mas hoje estranhamente a sra. Han não havia passado.

Quando o relógio marcou pontualmente as 18 horas, cuidei de fecha a loja já que pegava o ônibus até o consultório que Mijoo trabalhava, porém quando já estava virando a placa escrita "fechado", uma garota correu em direção a loja e empurrou a porta, fazendo com que a porta batesse em cheio no dedão do meu pé. O que me arrancou um leve gemido de dor.

— Qual é o seu problema, garota? a loja está fechada.

— A placa ainda estava escrita "aberta". A garota apontou para a placa como se ela não fosse a responsável pela placa ainda está daquele jeito.

— Não importa, está fechada.

— Eu preciso comprar o que está escrito neste papel, se não minha vó me mata. Disse a garota olhando em volta pela loja.

— Como eu disse, a loja está fechada.

— Jeon Jungkook, minha avózinha está doente, ela disse pra mim entregar este papel a você, oras! não lhe machuquei porque quis. Disse a garota após ler o crachá em meu peito e entregar o papel em minhas mãos. Encarei a mão da garota com certa relutância, mas acabei pegando o papel, onde rapidamente identifiquei aquela escrita.

Era a letra da senhora Han, onde dizia ter pego um leve resfriado e por isso havia mandado sua "amada" neta para fazer as compras hoje. Meus olhos voltaram a atenção para a garota a minha frente, neta da senhora Han? como uma idosa tão gentil podia ter uma neta tão desajustada?

Virei minha costas e fui buscar o que havia na lista, a garota ficou na recepção, observando a loja como um todo. Assim que retornei com todas as coisas na sacola e entrei pra garota, ela colocou sobre o balcão um dos maços de cigarro e ficou esperando que eu passasse este item também.

— O que está esperando?

— Isso não está na lista. Retruquei imediatamente.

— Mais eu irei acrescentar, vovó não irá se importar com isso. A garota sorrio, articulando para que eu desse continuidade. Inclinei a cabeça levemente para o lado, me dando por vencido apenas aquela vez. Afim de me livrar logo daquela garota.

Noite

Por causa da neta inconveniente da senhora Han, cheguei mais tarde no consultório que Mijoo trabalhava, pra ser preciso 30 minutos atrasado. Porém quando entrei na sala, Mijoo estava sentada sobre a mesa enquanto conversava em seu telefone, sua voz soava estranhamente mais acalorada e seus dedos brincavam freneticamente com as mechas de seu cabelo, uma visão bem diferente do que esperava com meu atraso.

— Estou atrapalhando algo?. Balancei a cabeça levemente para o lado enquanto via a garota se despedir ao telefone e correr em minha direção, me abraçando forte como se tentasse me matar naquele aperto.

— Eu irei sair com o Park Hyun hoje, você acredita?

— Ah...

— Ah o que garoto? você sabe que tenho uma queda pelo Hyun desde a 8° série. Disse Mijoo estapeando levemente meu braço.

— Podemos começar logo a consulta, tenho que sair mais cedo hoje também.

— Você?. A garota arqueou a sobrancelha enquanto cruzava os braços.

— Sim Mijoo, podemos iniciar a sessão agora?. Vi a garota ajeitar sua roupa enquanto mudava completamente sua postura, assumindo sua cadeira enquanto rodava os olhos em direção ao bloco de anotações em sua mesa.

Bloco 02

Minha manhã foi exatamente igual, regada por uma tarde tão igual quanto a anterior, exceto por a ausência de uma pessoa preciosa e a presença de alguém desagradável. Noite agradável, sensação termina de 25°c.

Encaminhei as anotações do meu bloco e antes de desligar o celular, vi pela barra de notificações a mensagem da Mijoo dizendo que eu não estava levando o tratamento a sério. Por mais que eu quisesse negar aquilo, apenas me deitei na cama, rendido pelo cansaço e assim que retirei meus calçados, apaguei.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.