Eu devo desistir,

Ou devo apenas continuar nessa busca inútil?

Mesmo se ela me conduzir a nenhum lugar,

Seria um desperdício?

Mesmo se eu conhecer meu lugar,

Devo deixá-lo?

Eu devo desistir,

Ou apenas continuar nessa busca inútil?

Mesmo se ela conduzir a nenhum lugar (Chasing Pavementes - Adele)

6 meses depois

Era meu primeiro dia na Advisor, e é claro eu estava tão apavorada quanto eu poderia estar. Enquanto Lizzie estava tendo uma conversa com alguém alheio, em frente a Advisor, eu estava quase vomitando na calçada.

A Advisor nada mais era do que um prédio branco gigante e um pátio maior ainda. Eu podia notar em cada detalhe que o colégio era realmente pra quem tinha dinheiro, e na hora senti que aquele não era o meu lugar.

─ Hm, podemos ajudar? ─ perguntou uma voz atrás de mim.

Tremendo de medo, me virei, temendo que tivesse quebrado alguma regra como “não poder fica parada na calçada com cara de quem vai vomitar”, mas tudo o que vi, foi um garoto moreno magricela e uma lourinha baixinha sorrindo para mim.

─ Você é aluna nova? ─ perguntou a garota e logo vi que era ela quem tinha me chamado.

─ Hm, é, sou sim ─ mumurei, estendendo minha mão para ela ─ Meu nome é Aléxia.

─ Eu sou a Patty ─ disse ela, apertando minha mão, e depois o garoto fez o mesmo ─ E esse é o Will. Vamos lá, nos mostramos o lugar pra você.

Patty e Will fizeram um, literalmente, passeio turístico comigo pela Avisor. Aquela escola, sem dúvida, era um lugar fascinante. A cantina, o ginásio, os laboratórios, tudo era tão lindo e limpo que achei que poderia quebrar alguma coisa só de olhar.

No final descobri que Patty e Will estavam na mesma turma que a minha, então nada poderia ficar mais perfeito. Porém... e nem acredito que estou dizendo isso... ficou.

Na hora do intervalo, apresentei Patty e Will à Lizzie, e os três se deram muito bem.

─ Você é divertida ─ comentou Will, sorrindo para Lizzie ─ Mas eu já tenho a Patty, se não...

─ Nem ouse terminar essa frase, mocinho ─ resmungou Patty, mas ela e Lizzie estavam dando boas gargalhadas.

Patty e Will, pelo que os dois me contaram, eram namorados. Tinham se conhecido na sexta série, quando ambos alunos na Advisor, se tornaram parceiros nas aulas de Ciências.

─ Mas nos odiamos a primeira vista ─ explicou Will ─ Sempre discutíamos e não concordávamos em nada. Até o dia, que sem querer eu a beijei.

─ Então vimos que não tínhamos muito tempo ─ continuou Patty, enquanto pegava a mão de Will ─ Percebemos que podíamos nos dar tão bem, que funcionávamos muito bem juntos e que não dava para ignorar isso. E foi assim que aconteceu.

Lizzie achou aquela história maravilhosa, e eu também, mas havia algo nela que me parecia tão familiar. E foi quando eu decidi olhar de relance para o lado esquerdo do pátio que eu entendi. Rony estava lá, em um roda de amigos, e pelo que percebi estava me olhando antes de eu olhar pra ele, porque quando nossos olhares se cruzaram ele desviou rapidamente.

Depois do incidente da escada, ele nunca mais falou comigo direito. Não brigamos, não nos ignoramos, mas simplesmente criamos uma barreira invisível entre nós. E eu desejava tanto quebrar essa barreira, só não sabia como.

Então, antes que eu pudesse me dar conta, eu já estava de pé. Agora, eu entendia as palavras de Patty, o que ela quis dizer com “não tínhamos muito tempo”, porque eu também não tinha muito e Rony estava ali.

Sem hesitar muito, sem perder tempo pensando no que aquilo resultaria, eu corri em direção a Rony, e não parei nem mesmo quando Lizzie me chamou e gritou em alto bom som “O que você está fazendo?”.

Quando cheguei a dois metros de distância de Rony, gritei o nome dele, e ele se virou em minha direção. A última coisa que fiz antes de ficar, hm, tonta com a distração, foi pular em cima dele e beijá-lo, beijá-lo com tanta vontade que quase fez nós dois cairmos no chão.

─ O que isso significa? ─ perguntou ele, me olhando confuso mas parecendo eufórico.

─ Significa que você estava certo, A gente já esperou demais e... ─ sussurrei ─ não temos muito tempo.

Rony deu uma risada mínima e voltou a me beijar, me envolvendo pela cintura e me erguendo novamente, me girando junto com sigo. Eu sentia tudo, seu gosto na minha boca, minhas mãos em suas costas, seu cheiro maravilhoso quando encostei meu nariz em seu pescoço, seu hálito quente quando ele colocou seus lábios na minha orelha e sussurrou “Estamos sendo apenas nós mesmos”.

E novamente ele estava certo. Quero dizer, meu lugar agora era ali, em seus braços, naquela escola nova, com pessoas que gostavam de mim, e percebi que tudo tinha começado a dar certo porque eu fui apenas eu. A felicidade começou a ser a minha amiga, começou a andar junto comigo, quando eu dei uma chance a ela. Quando eu dei uma chance a mim mesma.

The End.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.