Diário De Uma Adolescente Tímida

Uma ajuda inesperada e um mau pressentimento


Naruto estava deitado de barriga para cima em sua cama. Pela primeira vez em sua vida acordara antes do horário. Milagre? Não, imagina. Ele estava apenas frustrado pela rejeição.

Há tempos tentava conquistar Sakura, ficar perto dela ou fazê-la prestar atenção nele. O máximo que conseguia era levar um belo de um soco na cara e/ou um sermão da mesma. Isso já estava cansativo demais para ele.

Flashback on

– Procurar a Sakura de novo – berrei – Vou pedir para ela me ajudar. Vai que assim ela presta mais atenção em mim. E também, é uma chance a mais que eu tenho com ela.

Corri de volta à direção que estava há minutos atrás. Encontrei novamente a cabeleira rosa, porém dessa vez sozinha.

– Sakura! – gritei. Ela olhou-me com uma cara de reprovação.

– Não grite Naruto baka! Para de ser escandaloso! – repreendeu-me.

– Gomem, mas eu preciso falar com você – estava ansioso.

– Desembucha logo. Preciso ir embora.

– Então – coloquei as mãos na cabeça sem graça – Eu queria saber se você podia me ajudar a estudar qualquer dia desses, sabe...

– Sei Naruto – cortou-me – Não.

– Por que não? – fiquei indignado.

– Porque você só está pedindo minha ajuda, pois vive dizendo que gosta de mim. Vai saber o que você quer fazer.

– Magoou – fiz biquinho – Mas eu não vou tentar nada! Eu só quero ajuda para es...

– Não. – foi a última palavra dela antes de dar as costas e seguir para o portão de saída da escola.

Flashback off

Naruto enterra a cabeça no travesseiro e dá um grito, jogando-o longe logo em seguida. Estava mais emburrado do que nunca. Como era possível ainda não ter desistido de Sakura? Ela nunca lhe dera uma brecha para nada! Apenas socos. Talvez alguns pontapés e outros chutes em locais mortais...

– Naruto! – escutou sua mãe gritar da cozinha. Era assim que ele acordava todos os dias, afinal, ou era isso, ou Uzumaki Kushina o faria nunca desejar ter nascido. De que forma? Qualquer uma que lhe fosse conveniente no momento.

Sabendo do que a mãe era capaz de fazer, apenas levantou-se e respondeu a mãe de modo calmo como todas as outras vezes.

– Já acordei! – berrou.

~

O sinal tocou, marcando o final do intervalo. Todos voltaram para suas respectivas salas. No caso de Naruto, voltou para o inferno. Iria ter mais uma aula da Anko antes da Educação Física. Teriam de entregar um trabalho, cada um com seus temas específicos e, em seguida, teriam uma atividade surpresa. Como ele sabia? Simples. Ouvira a professora falando isso quando estava na diretoria na semana passada.

Apesar de ser com consulta, como a outra havia dito, estava ansioso e nervoso. Estudara na noite anterior, porém não obteve muito sucesso quanto ao entendimento da matéria.

Anko passou recolhendo os trabalhos de casa enquanto alguns conversavam. Ela voltou para mesa e sentou-se.

– Muito bem, turma – começou – Vocês vão ter uma atividade surpresa agora sem consulta. – Sem consulta? Agora Naruto estava completamente ferrado.

– Professora, deixa fazer em dupla pelo menos! – alguém do fundo gritou. Provavelmente esse alguém era Rock Lee, um garoto magro, agitado e igualmente apaixonado pela Sakura. Naruto costuma chamá-lo de sobrancelhudo.

Ele começou a escutar sons de aprovação pela sala, e, a julgar pela cara da professora, ela estava cogitando a hipótese.

– Muito bem – Anko calou a sala – Deixarei que façam em duplas – a hesitação na sala aumentou – Porém, eu quem escolherei as duplas. – Ela analisou a sala – Sasuke e Sakura. – Ambos se olharam com reprovação e Naruto ficou realmente muito bravo. Nunca caíra com Sakura! – Ino e Choji, Temari e Shikamaru, Lee e Tenten, Neji e Sai...

~

– ... Hinata e Naruto... – Ao escutar sua dupla, a menina adquiriu um tom vermelho em suas bochechas. “Na-na-ruto...?” pensou completamente envergonhada. Sentiu um par de safiras lhe encararem e desviou o olhar, corando ainda mais.

Anko, após falar todas as duplas, ordenou que as próprias se juntassem para fazer a atividade e que teriam cinco minutos para fazer isso. A sala se tornou uma zona. Cadeiras sendo arrastadas de todos os cantos, conversas paralelas de todos os lados e pessoas esbarrando uma nas outras. Aquilo era uma sala de aula ou o metrô?

Um pouco mais atrás Naruto se levantou e procurou uma cadeira vazia ao lado de Hinata para que não tivesse que levar a sua até lá. Pegou suas coisas e foi em direção à Hyuuga, que fitava o chão.

Ela, por sua vez, estava preocupada em como agir ao lado dele. Sua amado estaria ali, ao seu lado, fazendo uma atividade com ela, trocando falas com ela, olhando para ela! Se com um simples “oi” ela já ficava com as pernas bambas, imagina isso! Sem condição! Ela ia desmaiar ou pior. Talvez ela acabasse...

– Hina? – Ela virou rapidamente para fitar o loiro, que por um instante a assustou. Já ele se perguntou novamente o motivo pelo qual estava a chamando de Hina novamente. Eles lá tinham intimidade o suficiente para isso? Resolveu ignorar tal pensamento. Nesse momento, se sentiu meio sem graça e envergonhado. – Er... Posso sentar a...

– Claro – respondeu ela antes dele terminar a pergunta. Afinal, se não o tivesse dito, mais tarde não acharia voz para isso.

Ele acomodou-se ao lado da garota que olhava para o chão.

Anko passou entregando uma folha de exercícios para cada dupla. Quando Hinata foi pegar a sua, a mão tocou na de Naruto que havia tido o mesmo reflexo de pegar a folha. Ela recuou e ele segurou o papel.

Naruto estava torcendo para que a Hyuuga não tivesse percebido sua hesitação naquele momento. Quando suas mãos tocaram, ele pode sentir, mesmo que por pouco tempo, como as mãos da mesma eram delicadas e macias de certa forma.

Um silêncio constrangedor pairou. Os pensamentos de Hinata começaram a vir para atormentá-la. “O que eu posso falar? O que eu faço” pensava.

– “Imagine um menino andando de skate quando, acidentalmente bate em uma pedra. Ele será lançado para frente no momento em que o skate parar. Em que momentos do movimento do skate ou do esqueitista é possível identificar cada uma das três leis de Newton?” {n/a: Baseada em uma questão de Física da apostila Positivo} – Naruto leu a primeira questão. – Er... Eu acho que... – Ele pausou. – Eu não sei. – confessou um pouco incomodado.

– É assim – Hinata começou a explicar a questão para o amado. Estav extremamente envergonhada e corada, mas o que podia fazer? Aquilo era uma atividade que valia nota, logo tinha que fazer.

Dessa forma, seguiu-se até a aula terminar e os trabalhos serem entregues.

Todos guardaram os materiais, quando Hinata seguia para a porta a fim de ir à quadra para a Educação Física, escutou a professora chamando a atenção de Naruto.

– Naruto. Você fica.

~

Era dia de treino, o que significava que a Hyuuga teria de esperar o primo para ir embora. Sorte a dela que hoje havia pegado dinheiro para comer alguma coisa. Afinal, da última vez, o treino demorara mais do que o esperado.

Após o término das aulas, despediu-se de suas amigas e foi para a lanchonete comprar algum lanche e um refrigerante. Enquanto caminhava, sua mente era atormentada com a pergunta “O que será que o Naruto fez?”.

Comprou um salgado qualquer e duas Coca-Cola, uma para ela e outra pra o Neji.

Estava tão distraída que nem percebeu a aproximação de Naruto, mesmo que ele estivesse correndo, até o próprio a abraçá-la por trás, quase fazendo com que as duas latas de refrigerante fossem ao chão.

A menina corou violentamente e não conseguiu produzir nenhum tipo de som. A situação era completamente embaraçosa! Não era como na hora que estavam estudando. Naruto estava a abraçando! Como suas pernas poderiam se permanecer fortes no chão para aguentar seu peso se seu amado estava a abraçando?! A Hyuuga ainda imaginou como ficaria se alguém os tivesse visto assim.

Ela abriu a boca na tentativa de perguntar o que estava acontecendo, mas sua voz a deixou na mão.

– Arigatou! – ele disse rindo, levantando-a no ar e dando um giro. – Você deve ser meu anjo da guarda! – Hinata parecia estar sonhando. Ela só sabia que não era sonho porque estava sem conseguir mexer um músculo sequer. – Tenho certeza que se eu não tivesse tirado uma boa nota nessa atividade, meu pai me tiraria do time!

~

Naruto estava muito feliz. Jamais imaginaria que tiraria uma nota boa em uma atividade por ter entendido ela. Hinata o tinha explicado todas as questões de Física de Química da atividade e adivinha?! Ele entendera! Pela primeira vez na vida, ele entendera completamente a matéria.

A Hyuuga conectou os pontos de cada atividade, explicando tudo como se tivessem uma linha cronológica igual História. Não podia estar mais agradecido.

Ele finalmente a soltou-a. A mesma cambaleou um pouco antes de conseguir parar em pé firmemente. Mal ele sabia que era porque suas pernas estavam bambas de tanta vergonha.

Hinata virou-se para ele. Por um momento, como havia acontecido no dia anterior quando esbarrara nela, perdeu-se naqueles olhos perolados. Por conta disso, até sentiu-se constrangido, afinal, acabara de abraçar uma menina que mal conversava, certo?

– Arigatou! – agradeceu novamente, mesmo sem jeito, com um enorme sorriso no rosto.

– N-nã-nã-o-o f-fo-foi na-a-da, e-eu s-só... – Aquilo frustrou a garota. Odiava gaguejar quando falava com ele.

Como se suas preces subconscientes fossem atendidas, ouve-se um grito vindo do ginásio não tão longe dali.

– Naruto! Nós vamos começar o treino! – era Sasuke – Cadê você, Dobe? – provavelmente estava irritado, imaginou o loiro. Quando ele não estava assim?

– Já vai Teme! – berrou de volta. Quando queria, Naruto era bem escandaloso. – Vai assistir o treino? – ele perguntou inconscientemente para a Hyuuga. Não sabia o porquê, mas ficou com vontade de o fazer.

Ela não respondeu com palavras, apenas anuiu com a cabeça timidamente. Ele ia continuar a conversa, mas a mesma voz o impediu.

– Dobe! Vem logo! – Sasuke era chato até quando não era de propósito. Naruto bufou.

– Depois a gente se vê – foi a única coisa que conseguiu pensar para dizer. Correu até a entrada do ginásio onde se encontrou com o Uchiha. – Mas você não podia esperar não? – reclamou como uma criança de cinco anos.

– Não – respondeu frio e amigável como sempre.

~

Hinata estava extremamente corada. Por ser uma menina apaixonada, tudo em relação ao Uzumaki a deixava assim. Se ela já ficou dessa forma quando ele a chamou por um apelido, agora ela quase desmaiou! A Hyuuga duvidava que isso não tivesse ocorrido só porque não queria se passar de donzela na frente dele.

Seus batimentos, ao contrário do que acontece com os outros, pareciam não existir, porém, a cada batida, parecia que ele saltaria pela boca. Hinata estava imóvel e, ao mesmo tempo que envergonhada com o que acontecera, estava feliz. Claro que estava feliz. Naruto a abraçara. Era mais do que qualquer coisa que ele já tinha feito.

Ela se forçou a parar de pensar nisso e se dirigir ao ginásio. Ainda tinha um longo tempo até que o treino terminasse e ela pudesse voltar para casa.

~

Era noite. O dia demorara para passar na opinião de Hinata, pois fora meio entediante, sem nada novo depois do ocorrido com Naruto.

Aquilo não saíra de sua mente o dia todo. Até Neji estranhara quando voltavam para casa.

– O que houve? – ele perguntara quando entravam em casa. Respondeu que estava tudo certo e sorriu simpaticamente. O primo retribuiu o sorriso e voltaram aos seus devaneios.

Agora, Hinata jantava com toda a família, ou seja, Hanabi, Hiashi, Neji e Hizashi. Todos estavam quietos. Uma conversa ou outra surgia, mas apenas perguntas rápidas e simples nas quais terminavam com duas falas apenas.

Isso perdurou até terminarem e a empregada servir a sobremesa. Hanabi subiu para o quarto. Foi quando Hiashi começou a falar.

– Eu e Hizashi estávamos conversando sobre os negócios com o Kizashi. Os Uchiha serão nossos novos investidores. – Neji se espantou, mas tentou não demonstrar. Hinata supunha que ele quase cuspira o suco da boca quando escutara aquilo. – E iremos fazer uma festa em comemoração. – O silêncio permaneceu como forma de pedir uma explicação. – Os Uchihas são mais elegantes e famosos do que nós, logo devemos os receber da nossa melhor forma.

– Quando faremos isso? – questiona Neji, lendo os pensamentos da Hyuuga.

– Talvez em um mês. – respondeu Hizashi – Temos muita coisa para arrumar e muitas papeladas para fazer antes de eles se tornarem um de nossos investidores e fornecedores.

– E Hinata – começou o pai da garota – Você será nosso ponto.

– Como assim, otou-san? – ela pergunta confusa.

– Você e sua irmã são as meninas da família, mas como você é a mais velha, você deverá encantá-los, mostrando toda sua gentileza, bondade e educação. Você é o nosso ponto de referência. O orgulho da família Hyuuga. – Hinata ficou apreensiva enquanto a isso. Um mau pressentimento em relação ao futuro. E, além disso, sentiu-se mal. O pai a estava usando ou era apenas uma impressão da mesma? – Afinal – ele concluiu – Você realmente é o nosso orgulho. – Ele disse sério, mas ao mesmo tempo, sincero.

– Sim, otou-san – foi o que respondeu com um sorriso gentil. – Com licença – pediu educadamente e se retirou da mesa, deixando apenas os homens a conversar.

Subiu as escadas, calmamente e com a mente barulhenta. Precisava “conversar” com a mãe.

~

“Mamãe,

Fiquei super envergonhada hoje. O Naruto me abraçou! Eu fiquei completamente sem reação! Mas ao mesmo tempo feliz! Obviamente, por eu estar apaixonada por ele isso parece ser algo que se ele importe comigo, mas foi apenas uma forma de agradecimento por eu ter ajuda-lo. Que bom que ele entendeu. Espero que vá melhor nas provas desse bimestre.

Bom... Enquanto as coisas que ocorrem na escola me deixam feliz, aqui em casa ficam cada vez mais complicadas. Antes o clima estava tenso, agora parece que vai melhorar, porém ainda tenho um mau pressentimento em relação a tudo isso. Por que eu tenho que impressionar os Uchihas se os negócios são com Hiashi e Hizashi? Relamente muito estranho...

E ainda o aniversário do Neji está chegando. Otou-san provavelmente vai fazer alguma coisa em relação à isso, já que ele é seu sobrinho... Isso vai complicar ainda mais as coisas em relação ao negócios, de algum jeito...

Enfim, estamos em um momento instável agora e espero que não permaneça assim por muito tempo.

No momento, a única coisa que eu posso dizer é boa noite, okaa-san.

Beijos com muito amor e carinho.

Hinata Hyuuga”