Hinata terminou de jantar, pediu licença aos presentes e dirigiu-se às escadas. Não era desde aquele dia que as coisas estavam tensas naquela casa.

Ia fazer dois anos desde o falecimento de sua mãe. Hyuuga Hiromi era uma mulher doce que trazia felicidade a todos daquela casa. Mesmo que todos se tratassem formalmente por costumes da família, não era tão intensificado quando a gentil esposa de Hyuuga Hiashi estava presente.

Isso aconteceu quando voltava de uma reunião do comitê de boas vindas à Hiashi, como novo sócio das empresas Haruno. Haruno Kizashi ofereceu-lhes um táxi para que voltassem para casa. Porém, quando atravessavam um cruzamento, um veículo passou no sinal vermelho e atingiu o carro. O pai de Hinata, assim como o motorista, saiu com ferimentos leves, já Hiromi bateu com força a cabeça e teve um traumatismo craniano. Depois de algumas horas depois do acidente, faleceu no Hospital Municipal de Konoha. O motorista do carro desgovernado foi preso por dirigir embriagado.

Subiu os últimos degraus da escada e seguiu pelo corredor em direção a seu quarto.

Abriu a porta, e adentrou o cômodo. Andou até sua escrivaninha e começou a revirar a gaveta.

Poucos minutos depois, encontrou o que queria: Um caderno, simples, de capa dura e com flores roxas, mas que, para ela representava muita coisa. Afinal, fora o último presente que recebera da mãe.

Acomodou-se na cadeira, pegando uma caneta qualquer. Pôs-se a escrever.

Querida mamãe,

Não sei como começar um diário, afinal, nunca tive um verdadeiramente. Se é que eu posso chamar isso de diário. Aqui vou apenas escrever como se estivesse falando com você quando a senhora ainda era viva.

Eu sei que me conhece melhor que qualquer um, mas, mesmo assim, vou me apresentar como se não conhecesse.

Meu nome é Hyuuga Hinata, tenho 15 anos e estudo no 2º ano do Ensino Médio em Konoha High School. Moro com minha família inteira em uma grande casa. Isso inclui minha irmã mais nova, Hyuuga Hanabi, meu pai, Hyuuga Hiashi, meu primo, Hyuuga Neji, e meu tio, Hyuuga Hizashi.

Sou uma menina normal que gosta de ler, se esforça para ir bem na escola e tem poucos amigos. Não é fã de festas nem liga muito para aparência. Não sou nada de especial. Sou perfeccionista em grande parte do tempo, responsável e extremamente tímida. Isso resume minha vida.

Sabe... Depois que você morreu as coisas não são mais as mesmas. Meu pai já não tem mais a alegria de antes, o clima entre ele e meu tio está mais tenso, Neji, Hanabi e eu começamos a agir mais formalmente uns com os outros...

Lembro-me como se fosse ontem. Hanabi, Neji e eu ficamos em casa. Na época, eu e meu primo tínhamos 14 anos, se não me engano, e minha irmã 10 anos. No dia do acidente, ficamos em casa junto com a babá da Hanabi, pois não queríamos ir. Quando eram lá pelas 23h00, recebemos uma ligação de Haruno Kizashi, nos falando o que havia acontecido. Depois disso, as relações e forma de agir aqui em casa não são mais iguais.

Mamãe, eu sinto muito sua falta. Você era minha melhor amiga em todos os aspectos, principalmente quando o assunto era Uzumaki Naruto, o menino pelo qual eu sou apaixonada desde o Fundamental. Faz uns sete anos que estudo na mesma sala que ele e uns cinco anos pelos quais sou apaixonada pelo mesmo. Conversava muito você sobre isso e você ficava toda feliz por sua filha “estar amando alguém tão gentil e bonito como ele”, como dizia.

Quando você partiu, mãe, acho que três coisas aconteceram que foi muito doloroso para mim. A primeira foi eu saber que não poderia mais falar com você da mesma forma, pois não estaria mais lá como antes. A segunda foi ver como o papai ficou arrasado e perdeu qualquer tipo de expressão que tinha, qualquer traço de que um dia fora feliz. No fundo, eu sei que ele ainda é a mesma pessoa, mas ele continua muito abalado. E a terceira foi ter que explicar para Hanabi o que tinha acontecido. Falar com ela depois do acidente foi um enorme aperto no coração. Ela era uma criança ingênua ainda. Hoje não tanto, já que ela fez 12 anos em março. Desde então, procuro ajudar tanto o papai como ela.

Como a senhora sabe, nunca fui de ter muitos amigos por conta da timidez. Antes de nos tornarmos sócios das empresas Haruno, Mitsashi Tenten, Inuzuka Kiba e Aburame Shino eram meus únicos amigos. Depois, como minhas visitas a meu pai no trabalho eram frequentes, eu encontrava bastante com a filha de Kizashi, Haruno Sakura, então, logo começamos a conversar mais e viramos amigas. Após pouco tempo, ela me apresentou sua melhor amiga, Yamanaka Ino. O que me impressionou foi o fato de ela ser melhor amiga da menina mais popular da escola, mas isso não vem ao caso.

Às vezes, por andar com elas, encontramos Naruto e Uchiha Sasuke, que são os capitães do time de basquete de Konoha High School, ou seja, isso os torna uns dos mais populares e desejados do colégio.

Como eu já te dizia, eu não gosto do Naruto por que ele é popular, loiro e de olhos azuis. Ele é realmente muito bonito e me faz perder a fala quando me olha. Minhas pernas ficam bambas e eu fico completamente boba perto dele. Mas não é por isso que eu gosto dele. O Naruto é muito gentil, divertido e leal. Ele é um dos poucos meninos que não se importa com o fato da popularidade e sim em ser como realmente é. Lembro-me dele no Fundamental: todos o chamavam de burro e idiota, pois não tirava boas notas na escola. Além disso, quase repetiu o ano uma vez. Mas depois que entrou para o time de basquete, todos vira seu potencial e ele acabou se tornando o que é agora, mesmo suas notas não tento melhorado muito. Eu me orgulho dele.

O Naruto não sabe sobre essa minha paixão por ele. Eu nunca te contei isso, não é mãe? Pois então, sua filha é tímida demais para se declarar para ele, principalmente porque acha que vai parecer uma idiota. O Naruto nunca namorou nem nada do gênero. A única coisa é que ele já foi (ou ainda) gosta da Sakura. Tudo bem, ela é a fim do Sasuke, mas ele nunca desistiu. Mais uma coisa que admiro nele.

Minhas amizades, sentimentos, gostos e desgostos, hobbies... Todos ainda são iguais, como você provavelmente lembra, ou seja, quanto a mim, não sei mais o que dizer. Você me conhece o bastante para saber como me sinto... Certo mamãe? Eu só escrevi isso tudo novamente para enriquecer a primeira folha do meu mais novo diário. É por aqui que me comunicarei com você a partir de agora, como se fosse nos velhos tempos, aqueles pelos quais sinto tanta falta.

Beijos com muito carinho.

Hinata Hyuuga.”