— Uau, são muitas opções! – exclama Hanabi, animada.

Os três jovens Hyuugas estão na confeitaria do centro de Konoha. Hoje é o aniversário de Neji e estão lá para que ele escolha o bolo de sua preferência para comemorar.

— Acho que vai ser mais difícil do que pensávamos. – comenta Hinata, com uma risadinha.

Seu primo se inclina sobre a vitrine. Ele paquera o Floresta Negra e o bolo de Leite Ninho.

— Estamos com tempo, né? – Hanabi agora estava ao lado da irmã, sussurrando a pergunta de forma que seu primo não pudesse escutá-la.

A mais velha concorda com a cabeça.

Aquilo tudo era parte do plano para a festa surpresa do moreno. A ideia era deixá-lo fora de casa durante algumas horas para que seus amigos fossem arrumar a festa, junto a seu tio e seu pai. Assim, Neji pensaria que era apenas uma comemoração em família e, quando chegasse, se depararia com uma recepção calorosa de vários amigos.

Eles deram uma volta no parque e compraram sorvete antes de ir para a confeitaria. As meninas precisavam ganhar tempo e, como seu primo era objetivo e rápido com decisões, provavelmente voltariam em meia hora para casa se tivessem ido apenas na confeitaria.

— Vamos levar o de morango. – Neji decide, encarando-as.

— Pensei que fosse escolher o Floresta Negra. – Hanabi o encara, confusa.

O moreno pega o bolo enquanto as meninas vão até o caixa pagar. No percurso, Hanabi tira seu celular do bolso e manda uma mensagem para Hiashi, avisando que voltariam em menos de 15 minutos.

Hinata agradece a atendente do caixa e os três saem do estabelecimento, andando até onde o carro está estacionado e Mitsuo os espera do lado de fora.

O motorista abre a porta do passageiro para Neji entrar com o bolo enquanto as meninas se sentam no banco de trás.

Eles partem para a mansão Hyuuga.

[...]

Ao chegarem, Hinata desce do carro primeiro e pega o bolo para que seu primo pudesse descer sem correr o risco de ir para o chão.

Caminhando até a entrada da casa, encontram Sasuke sentado no degrau da escada da porta, mexendo no celular de maneira tediosa e estressada.

“Cadê o Naruto?”, pensa a morena.

O combinado era a dupla de melhores amigos estarem ali, fingindo tocar a campainha e não serem atendidos. Entretanto, apenas o Uchiha esperava ali.

As duas meninas trocam olhares, preocupadas com a possibilidade do plano dar errado. Neji está à frente delas e anda em direção a Sasuke, cujo faz uma careta ao morrer no joguinho.

O trio se aproxima e o moreno de olhos ônix levanta o olhar, notando a presença deles ali.

Antes que qualquer um pudesse pronunciar um “ah”, alguma coisa... ou melhor, alguém aparece correndo do portão da mansão à entrada, gritando.

Esse alguém se chama Naruto.

— Teme! – ele estava ofegante – Eu atrasei! Minha mãe começou a pedir para eu fazer um monte de coisa, mesmo eu tendo dito que hoje era a...

Hinata não soube dizer se o que aconteceu em seguida foi um milagre – por impedir o Naruto de abrir a boca – ou um desastre – algo tão rápido que ela precisou de um bom tempo para absorver o ocorrido.

O Uzumaki não percebera os Hyuugas do outro lado, devido à inclinação do gramado, e continuou correndo com uma sacolinha na mão. Antes que pudesse completar a frase com “...festa de aniversário do Neji”, ele tropeça.

Ao mesmo tempo, Sasuke, com o olhar aborrecido, ameaça ficar de pé.

Ambas a cenas se juntaram: a sacola que Naruto carregava voou com o seu tropeço, assim como ele. O loiro tropicou para frente e caiu sobre Sasuke, que estava se levantando, e o resultado disso foi... um beijo.

E um soco. Bem no nariz de Naruto.

O Uzumaki cai de bunda no chão, com sangue escorrendo pelas narinas. Já Sasuke, limpa desesperadamente sua boca com a manga da camiseta e cospe no gramado.

— Dobe, seu filho da...

Hanabi leva a mão à própria boca. Já Hinata, fica estática, piscando algumas vezes.

A porta se abre, com o olhar assustado de Hiashi. Ao que parece, Hanabi soltou um grito durante o processo – o qual sua irmã não escutara por estar chocada demais com seu amado beijando o melhor amigo dele, mesmo que de forma acidental – e isso chamara atenção do interior da casa, principalmente de seu pai.

Hiashi e todos os convidados encaram a cena, sem entender absolutamente nada.

— Mas o que... – Neji é o primeiro a quebrar o silêncio. Ele encarava seu tio e o interior da casa cheio de gente.

Hizashi aparece no último segundo e, de forma sagaz, muda a atenção de todos com uma simples frase:

— Feliz aniversário! – ergue as duas mãos, com uma expressão feliz.

Depois de sua fala, todos os outros convidados gritam “surpresa” em uníssono. O foco se concentra em Neji e permite que aqueles do lado de fora resolvam a situação sem estragar um aniversário.

Hiashi põe a mão nas costas do sobrinho e o guia até o interior, onde as pessoas começam a cumprimentá-lo uma por uma. Ao mesmo tempo, Hizashi passa pela porta e caminha até a sobrinha mais velha.

— Leve o Naruto lá para cima e ajude ele a limpar esse sangue todo. Eu levo o bolo para a mesa. – dito isso, ele estica os braços, retira a caixa da confeitaria das mãos da menina. Ele é discreto ao entrar e desaparecer entre as pessoas.

Sasuke já não está mais à vista. Ele entrara na casa sem que percebessem.

Hinata permanece parada, encarando o nada. Ficara feliz por não derrubar o bolo no chão diante do beijo. Porém, agora ela estava corada e a cena se repetia na sua cabeça várias e várias vezes, como se ela ainda não acreditasse no que vira.

“O primeiro beijo dele foi com...”

— Nee-san, o Naruto – Hanabi interrompe os pensamentos da irmã ainda em choque.

A morena balança a cabeça e assume uma postura determinada.

— Pega a bolsa de gelo para mim? – pede e a caçula confirma, dando as costas e indo em direção à cozinha. No caminho, ela recupera a sacola jogada com o tropeço de Naruto.

Hinata direciona seu olhar para o Uzumaki. Ele estava de pé agora e tentava parar o sangramento com as próprias mãos, de forma bem inteligente e sensata.

Hinata o chama, segura seu braço com delicadeza e o guia até o andar de cima, mantendo a cabeça dele um pouco inclinada para trás.

~

Naruto a segue, respirando pela boca.

Se sua mãe o visse agora, ela tiraria sarro da cara dele, dizendo que parecia um palhaço por estar com o nariz vermelho e inchado.

Ele toma cuidado para subir as escadas. A última coisa que ele precisava era um novo tropicão.

A morena à sua frente abre a porta de um cômodo e entra. Ele faz o mesmo.

Ela encosta a porta e abafa os sons do aniversário do andar de baixo.

Naruto sente as mãos de Hinata o guiarem. Ele senta em um banquinho ao lado da pia do banheiro e se permite abaixar a cabeça.

Sua visão é de Hinata abrindo um armário e retirando um kit de primeiros socorros dali, junto a um pacote de algodão.

O silêncio permanece. É como se o loiro tivesse se esquecido da dor por um instante ao mesmo tempo que mantinha o olhar curioso sobre cada gesto da morena.

“Ela é tão delicada...”, pensa, observando a sutileza dos movimentos da mesma.

Uma batida na porta. Uma mão se estende pela fresta e entrega à Hyuuga uma bolsa de gel. Ela agradece com um sorriso e encosta a porta mais uma vez.

A menina caminha até o Uzumaki com tudo em mãos. Apoia o kit sobre a pia, abrindo-o. Pega um frasquinho de água oxigenada e derrama algumas gotas no primeiro algodão.

Quando ela se vira, ele nota que suas bochechas estão coradas e ela o encara por tempo indeterminado até desviar o olhar, constrangida. Uma de suas mãos segura o rosto dele e o ergue levemente; a outra traz o algodão e o encosta em seu nariz.

— Ai. – ele resmunga baixinho.

— Desculpa. – ela retira o algodão rapidamente, como um reflexo – Não queria te machucar.

A voz soa tão suave que Naruto a encara para se certificar que não é um anjo falando.

Ela encosta o algodão no seu nariz novamente. O toque de Hinata em sua pele é tão leve que o faz suspirar de modo discreto e involuntário.

Entretanto, isso não dura muito, pois ela retira o apoio de seu rosto ao notar que ainda há sangue escorrendo. Ao retirar um pedaço de algodão do pacote, ela o parte em dois e enrola.

— Aqui, coloque. – pede, estendendo-os.

Assim que ambos os rolinhos tampam suas narinas, ele inclina a cabeça para trás de novo e permite que a morena volte a limpar o sangue.

— Será que beu dariz quebrou? – sua voz está fanha.

A morena dá risada, mordendo o lábio inferior.

— Acho que não. – o sorriso se mantém nos seus lábios.

Há uma pausa.

— Minha boz tá estranha. Eu estou buito abeaçador – diz, com diversão. Sua intenção era ouvir a risada outra vez.

— Tão ameaçador como um patinho. – Hinata complementa.

Os dois dão uma risadinha juntos.

Entretanto, ele logo para, fazendo uma careta de dor.

— Eu não bosso dem rir que já dói. – o loiro esboça uma careta insatisfeita.

— Pelo menos seu nariz não está mais vermelho. – a Hyuuga retira o último algodão e o joga no lixo, o dando o mesmo destino que os outros.

Sua mão se estende em direção à bolsa de gel congelada antes de seu olhar voltar a se fixar no rosto de Naruto. Ela aproxima a mão e o gelado encosta no septo de seu nariz.

Hinata mantém uma pequena pressão na região durante dez segundos e retira durante mais cinco, numa constante repetição ao redor da região afetada.

O Uzumaki suspira de alívio, conforme a dor vai diminuindo e seu nariz vai desinchando. Ele mantém os olhos fechados ao longo da aplicação do gelo, enquanto um silêncio confortável permeia o banheiro.

Nenhum deles percebe que as mãos de Naruto estão apoiadas no quadril de Hinata. Ele as colocara ali como reflexo na primeira vez que sentiu seu nariz latejar com o toque.

— Pronto. – a morena retira o gelo e desfaz o contato com o rosto do loiro.

As mãos dele se abaixam

Isso o deixa desnorteado enquanto ela guarda o kit de primeiros socorros e o pacote de algodão de volta no armário.

Naruto levanta a mão ao nariz e retira os dois rolinhos que tampavam suas narinas: apesar de ainda sentir o leve cheiro metálico, o sangue não escorreu mais.

— Agora só falta você lavar as mãos. – acrescenta a morena.

O Uzumaki não tinha reparado que ainda havia sangue seco na parte de trás delas. Por sorte, não manchou sua roupa (nem a da Hyuuga).

Ele fica de pé, em frente à pia, e faz o que Hinata pediu. Ao terminar, vira em direção a ela.

— Hum... arigatou. – agradece, com um sorriso grande e tímido no rosto e uma das mãos coçando atrás da cabeça.

— Não precisa agradecer. – ela diz, com as bochechas ruborizadas.

Ambos saem do banheiro e descem a escada.

Hinata se distancia, indo até a cozinha para colocar a bolsa de gel no congelador novamente.

Naruto encara a nuca e o cabelo moreno até perdê-la de vista.

“Ela cuidou de mim”, pensava.

~

Tenten não tinha ideia do que acontecera antes de abrirem a porta, mas ela não pôde deixar de notar o Uzumaki sentado na grama com o nariz sangrando e Sasuke entrando com agilidade na casa, seguindo direto para o banheiro.

Muitos cumprimentaram Neji enquanto Hinata subia as escadas com o loiro. Hizashi colocava o bolo sobre uma mesa um pouco longe da multidão e Hanabi correu pra cozinha.

Tenten foi atrás da Hyuuga mais nova.

— Hana-chan, precisa de ajuda? – ela apoia a mão no batente da porta.

— Tenten-chan! – sorri, desviando o olhar do que estava fazendo – Não, eu só vou levar gelo para minha nee-san.

Ela abre o congelador da geladeira e retira uma pequena bolsa de gel.

— Para o Naruto? – a Mitsashi supõe a a outra confirma com a cabeça.

— Parece que o Sasuke é bom com o punho esquerdo. – Hanabi fala de uma forma narutal.

Tenten pisca duas vezes.

— O Sasuke bateu no Naruto? – pergunta, confusa.

— Sim. O Naruto tropeçou e eles se beijaram. Acidentalmente, é claro. – a Hyuuga fecha o congelador e caminha até a porta.

Mil coisas se passam na cabeça da Mitsashi.

Sua primeira reação é gargalhar. Muito.

— O Sasuke... e o Naruto... – não consegue concluir por conta da risada.

O quão suja ficaria a reputação do pegador Uchiha se a escola inteira soubesse do ocorrido? Pior ainda se todos tivessem visto, viraria a piada eterna da escola durante muitas gerações.

Tenten limpa uma lágrima do canto do olho.

Hanabi passa por ela.

— Depois eu quero saber dessa história direito!

Ao ouvir isso, a Hyuuga ri e faz um gesto com a mão.

— Tá bom! – e ela sobe as escadas.

— Parece que minha prima já começou a espalhar informações para os outros. – uma voz masculina corta o riso da Mitsashi.

Neji estava com uma expressão neutra e segurava várias sacolas e caixas de presentes. Aparentemente, queria entrar na cozinha e uma certa garota ainda estava encostada no batente.

— Pode apostar que sim. – ela responde, com um sorriso de lado.

Tenten se aproxima e alivia o peso das mãos de Neji, pegando alguns dos presentes para ela carregar.

— Pra onde está levando eles?

Ele entra na cozinha e ela o segue.

— Pra mesa da cozinha. – responde – Se os presentes ficarem do lado da mesa do bolo, não vai ter espaço pra andar.

A Mitsashi espera ele pôr os presentes primeiro – afinal, ele ainda estava com a maior parte do peso – antes de organizar os que estavam em sua mão, pendurando as sacolas nas cadeiras e deixando duas caixas sobre a mesa.

— Vou buscar o resto.

O Hyuuga vai em direção à porta novamente enquanto Tenten abre mais espaço para colocar o restante.

Quando volta, Neji carrega mais uma caixa e alguns embrulhos.

“São muitos presentes”, ela pensa. “Quem dera eu ganhar tudo isso no meu aniversário.”

— Precisa de ajuda com mais alguma coisa? – oferece ela.

Ele nega com a cabeça e murmura um leve “arigatou”, dispensando.

Há alguns segundos de silêncio.

— Bem, agora que você já parou de ser assediado pelos seus fãs – ela brinca – Eu posso te dar parabéns adequadamente.

Tenten faz um gesto para Neji, indicando que era para ele a segui-la. Ela dá as costas e vai em direção à escada, com ele atrás de si.

Quando ela chegara na casa mais cedo, usava uma mochila, pois ficou responsável por levar fitas, balões e alguns confetes para o aniversário.

Além disso, ela tinha deixado o presente de Neji dentro dela.

Subindo para o quarto de Hanabi e Hinata – onde ela, Ino e Sakura haviam guardado suas mochilas –, ela abre a porta e entra no cômodo. Se dirige até à escrivaninha e tira sua mochila ali de baixo e abre o zíper.

Neji fica parado na porta, encostado, observando a menina.

— Aqui está – ela fica de pé, com um embrulho na mão – Espero que goste.

Ela estende o presente e ele o segura. Em seguida, rasga a parte de cima do papel.

Ele se depara com “Uncharted 4” e um meio sorriso surge em seu rosto involuntariamente. O Hyuuga queria muito comprar esse jogo. Desde quando ela sabia disso?

— Eu adorei! – exclama num tom alegre.

Tenten permanece parada em sua frente e ele percebe que ainda tem algo dentro do embrulho.

Era um papel de bombom com um nó.

A menina lhe dá uma piscadela e sai do quarto, sem dizer mais nada.

~

Entregar uma embalagem de bombom ou bala com um nó era um costume antigo, perdido com o tempo, o qual muitas pessoas já não sabiam mais o significado.

Neji sabia. E ficou à porta do quarto por tempo indeterminado sem saber como reagir.

O nó simbolizava um beijo.

~

Passado o infortúnio do começo do aniversário (e de sua vida), Sasuke passou o dia todo irritado com seu melhor amigo. Além de atrasar, ele tinha que causar o estardalhaço de sempre, arrastando outros com ele.

Naruto realmente mereceu aquele soco.

O decorrer do aniversário foi tranquilo, na medida do possível.

Sasuke, Sai e Neji disputaram uma partida de videogame. Naruto jogou um pouco de água no Shikamaru, que dormia em uma das poltronas. Sasuke perturbou Sakura. Ino forçou suas amigas a dançarem com ela (até Hinata, a mais tímida delas, foi obrigada a fazer isso). Logo em seguida, Naruto derrubou refrigerante em si mesmo por falta de atenção – o moreno se perguntava seriamente o que ou quem o distraíra tanto para o loiro errar a própria boca.

— Eu bati o cotovelo! – ele alegara e todos deixaram de lado, afinal, a distração constante do Uzumaki não era novidade para ninguém.

Quando as meninas voltaram para perto deles depois da dança, o grupo de amigos ficaram juntos ali, papeando entre uma conversa paralela e outra até Hizashi chamá-los para o parabéns.

Todos se reuniram ao redor da mesa da sala de jantar e começaram a cantar quando ascenderam as velas e apagaram as luzes.

Neji deu o primeiro pedaço do bolo para Hanabi, e Hinata se aproximou para ajudar a cortar o resto do bolo e distribuir aos convidados.

— Teme, você sabe qual desses copos é o meu? – Naruto se aproxima do Uchiha segurando dois copos com fanta laranja.

— E faz diferença, Dobe? – o moreno resmunga e revira os olhos.

O loiro faz uma careta com a resposta mau humorada, dá de ombros e deixa o copo mais vazio em cima da mesa de centro da sala antes de sentar em uma poltrona.

Hinata se aproxima dos dois, com um pedaço de bolo para cada um. Ambos seguram os pratinhos e agradecem antes da Hyuuga dar as costas e voltar para a mesa do bolo.

Sasuke se dá conta de uma coisa interessante: Naruto não falara nada sobre quão está apaixonado pela rosada, sobre querer sair com ela num encontro ou sobre ela dar uma chance a ele. Na verdade, o Uzumaki tinha sido o mais normal possível o dia todo em relação à Sakura, como se nunca tivesse se apaixonado por ela.

Curioso. Será que finalmente seu amigo estava desistindo da sua paixão platônica?

[...]

Era final de festa. A maioria dos convidados já tinha ido embora. Ficaram apenas o Uchiha e o Lee, que dormiria ali naquela noite.

Sasuke estava no sofá agora. Hinata lhe fazia companhia enquanto esperava Itachi ir buscá-lo.

— Ainda é difícil acreditar que o Dobe esteja realmente estudando. Tem certeza que ele não dormiu nenhuma vez sequer?

A Hyuuga dá uma leve risada com o tom de indignação daquela frase.

— Tenho sim.

Sasuke dá um meio sorriso. Hinata era uma garota gentil e não sabia esconder seus sentimentos pelo loiro. Era difícil acreditar que Naruto não sabia dos sentimentos dela. Deviam criar uma nova escala de lerdeza, no qual o nível de lerdeza suprema chamasse “Naruto Uzumaki”.

— Está ansioso para a festa das empresas? – ela desconversa.

— Não muito – o moreno revira os olhos – Acho isso uma perda de tempo. Eles só querem chamar atenção da mídia para o evento e fazerem o anúncio oficial de sociedade. Não era necessário algo tão social como uma festa.

— Uma entrevista coletiva funcionaria tão bem quanto.

— Com toda certeza.

Nesse instante, Sasuke escuta um barulho no andar de cima. O senhor Hiashi estava parado na ponta superior da escada e, ao ser flagrado, começa a descer.

— Tou-san – a garota diz, com um sorriso sutil nos lábios – Gostou do dia hoje?

— Cansativo, mas foi bom – seu pai lhe responde, assim que está mais próximo dos dois.

— Neji-nii-san ficou muito feliz.

Antes que qualquer um deles pudesse falar mais alguma coisa, a campainha toca.

O sr. Hyuuga dá as costas aos dois jovens e se dirige à porta, abrindo-a.

Sasuke o observa. Hiashi o encara, soltando a maçaneta. Itachi aparece e faz um gesto com a cabeça como quem diz “vamos”.

Ambos começam a conversar num tom baixo.

O moreno fica de pé, assim como Hinata. Eles se despedem e a garota sai da sala, indo para o andar superior.

O Uchiha caminha até a porta de forma lenta, mas não consegue ouvir as palavras trocadas entre o irmão e o sr. Hyuuga.

— Desculpe a demora, irmãozinho – Itachi diz num tom divertido.

O mais novo só revira os olhos.

— Nos vemos na festa da empresa, sr. Hyuuga. – eles se encaram e apertam as mãos.

Após Sasuke se despedir de forma educada, os Uchiha dão às costas e vão até o carro.

[...]

O caminho até a própria residência é silencioso.

Durante todo o percurso, Sasuke se perguntava que tipo de olhar era aquele trocado entre o irmão e Hiashi enquanto apertavam as mãos.

~

Hanabi estava na cozinha – escondida, comendo mais um pedaço de bolo –quando a campainha soou pela casa.

De forma ágil, ela se levantou da cadeira e levou o parto à pia, fingindo que nada tinha acontecido, e foi em direção à porta para atendê-la. Contudo, seu pai tinha sido mais rápido.

A caçula pôde ver Hiashi e Itachi na porta.

Como toda e boa curiosa de 12 anos, Hanabi se esgueirou atrás do primeiro móvel que encontrou antes de perceberem sua presença ali.

— Conseguiu mais alguma informação? – ela quase não ouviu direito o que o pai disse de tão baixa que foi a voz.

— Estou trabalhando nisso – Itachi responde, no mesmo tom.

— Espero que possamos descobrir logo os novos planos. Se eles envolverem a festa... – Hiashi se cala com a aproximação de Sasuke.

Hanabi não entendera nada. Do que eles estavam falando?

Ela inclina um pouco mais a cabeça para conseguir olhar àqueles que estão à porta.

Uma troca de olhares, uma despedida e a porta se fecha.

Hiashi se dirige ao andar de cima, seguindo o mesmo caminho que sua irmã fizera a pouco.

Ele não a nota ali.

— Novos planos? – ela murmura consigo mesma, pensativa.

~

“Mamãe,

Enquanto eu e minha irmã mantínhamos Neji longe de casa para a organização, fomos ao parque. Já tinha um bom tempo que nós três não fazíamos isso juntos. Foi realmente muito divertido. Hanabi e eu fomos na gangorra como quando éramos menores e Neji empurrou minha irmã na balança. Rimos bastante e depois tomamos um sorvete natural de uma sorveteria próxima do parque.

Ao chegarmos em casa, foi chocante vivenciar um beijo acidental entre Naruto e Sasuke. Eu queria poder apagar isso da minha mente... Até onde eu saiba, foi o primeiro beijo dele...

Ah, Naruto levou um soco por conta disso. Eu cuidei dele e do seu nariz quase quebrado. Não seria agradável sair da festa por conta disso e seria pior ainda se todos tivessem prestado muita atenção nisso. Ainda bem que deu tudo certo e a festa seguiu sem boatos e fofocas sobre o ocorrido (pelo menos, até onde eu saiba).

A parte que mais me deixou envergonhada foi a Ino me puxar para dançar junto com as outras. Inclusive, acho que o Naruto ficou observando a Sakura dançar e, por isso, derrubou refrigerante nele mesmo... Ele é um bobo. Sakura-chan tem muita sorte em ele gostar dela.

Assim que Sasuke foi embora, eu resolvi tomar um banho e descansar. E agora estou aqui.

Hanabi já caiu no sono. Ela está bem cansada, assim como eu.

Por isso, já vou me despedir.

O dia de hoje foi incrível, apesar dos pesares. Você teria adorado.

Beijos com muito amor e carinho

Hinata Hyuuga.”