Diário De Uma Adolescente Tímida

Angústia, ansiedade e nervosismo


Era uma manhã de sábado, aproximadamente umas 8h00min. Hiashi despertara exatamente nesse horário. Ele se sentia extremamente... bizarro. Sempre adorara finais de semana, pois era neles que descansava por trabalhar tanto durante a semana. Mas agora não. Agora a empresa Haruno acabara de assinar a sociedade com os Uchihas. E tudo se tornou mais fácil.

Estranhamente desejava não precisar permanecer em casa nesse dia. Não se sentia cansado. A única coisa que devia se preocupar era Pain, mas arranjara Uchiha Itachi como o investigador do mesmo.

Ficou um tempo olhando para o teto e imaginando o que faria naquele dia, afinal, há quanto tempo não tinha nada para fazer nem se preocupar?

Levantou-se e, como de costume, tomou seu rápido banho da manhã e desceu para tomar café com sua família.

– Ohayo, otou-san – Hinata foi a primeira a notar sua presença e cumprimenta-lo com um sorriso.

– Ohayo – disse em resposta e sentou-se à mesa.

Hiashi adorava o café da manhã da filha, e, mais ainda, comê-lo quando estavam todos presentes à mesa, incluindo Hizashi, o que não era o caso nesse dia.

Durante a refeição, houve algumas trocas de fala entre eles, mas não algo que durasse o suficiente para torná-las uma conversa. Apesar disso, o ambiente estava bem agradável e tranquilo, na opinião dele.

Antes que pudesse terminar, seu celular começa a tocar.

~

Neji não era do tipo muito observador, mas desde que os Uchihas e os Haruno passaram a ter relações empresariais, ele começara a prestar muito atenção no pai e no tio.

No caso de seu pai, ele não conseguia nada que lhe podia ser tido útil, afinal, ele só tinha entrado naquilo por causa do irmão, mas quando se tratava do tio, sempre tinha alguma coisa que o deixava inquieto. Não que Hiashi fosse fazer algo com eles ou com a empresa que pudesse prejudicar, como uma transação comercial ilegal, mas ele sentia que tinha alguma coisa errada.

Afinal, ele fazia parte daquela família.

Ao escutar o celular e ver o tio saindo da cozinha em direção à sala, sabia que coisa boa não poderia sair dali. Dessa forma, deu uma desculpa qualquer e saiu pelo lado oposto. Quando não era possível as primas o virem, deu meia volta e se escondeu atrás de umas da paredes na qual não seria percebido.

– ...não está sozinho? O que quer dizer com isso? – ouve uma pausa para escutar a pessoa do outro lado da ligação. – Mas como você sabe? Como sabe que ele está atrás da nossa empresa desde aquela época? Aquilo foi um acidente.

Neji entendeu que um dos assuntos envolvidos na conversa com o desconhecido à ele era Hiromi, afinal, Hiashi não falava a palavra “acidente” em nenhuma outra ocasião. Pelo menos, não até onde sabia.

– Não importa. Quando tiver mais informações me ligue. – e ele desligou o telefone, suspirando longamente e indo para seu escritório.

Definitivamente, seu tio já tinha com o que se preocupar naquele dia.

~

(...)

Incrivelmente, mas não inexplicavelmente, Naruto estava de pé antes do meio dia naquele sábado. E, apesar de não ter dormido o que estava acostumado, parecia ter tomado cinco energéticos, pois não tinha sentado em nenhum momento. Aquela manhã o tinha feito se superar.

Arrumar o quarto bagunçado há semanas, arrumar o banheiro, que antes tinha até roupa pendurada até na torneira da pia, tomar banho quando acordar, coisa que ele só fazia em dias de semana, usar uma roupa apresentável e confortável ao em vez de ficar de bermuda e sem camisa, jogado no sofá o dia inteiro. Naruto tinha feito isso tudo desde às 11h10min.

– NARUTO, VEM ALMOÇAR! – delicadamente, Kushina grita da cozinha.

O loiro, cujo estava “arrumando” o cabelo no banheiro, deu uma última olhada no espelho e foi correndo até o cômodo.

– NARU... Ah, você está aqui – a mãe do loiro começou – Por que está assim? Vai sair...? – perguntou encarando o filho, mas antes que ele pudesse responder, ela ficou com uma cara maliciosa – ...Com uma menina?

O outro quase caiu da cadeira que tinha acabado de sentar-se.

– Não, kaa-san! – reclamou de boca cheia – A menina que eu falei que ia vim aqui me ajudar estudar... ela vem hoje.

A ruiva se tocou e lembrou-se que o filho havia dito isso à ela no dia anterior. Até deixou escapar um “Aaaah” quando se recordava.

Kushina parou de falar um momento. Será que era aquela menina?

– Naruto – chamou a atenção do menino sem notar que o mesmo ainda olhava para ela – Quem vem aqui hoje é... a Sakura?

Ele quase cuspiu o leite que tomava por conta da pergunta. “Quem dera eu fosse” pensou, porém não respondeu. O quão egoísta estava sendo? Apesar de amar a Sakura, duvidava que a mesma pudesse explicar tão bem quanto Hinata, logo como poderia ter um pensamento desses? “Um dia ela vira aqui, mas não para estudar, e sim para eu apresentá-la para minha família”.

– Naruto? – a Uzumaki chamou ao filho novamente.

– Ahn? – ele havia esquecido-se de responder a mãe – Ah... er... não, é outra... uma amiga da Sakura.

– Mas você ainda gosta da....

– Sim, kaa-san.

– E por que não pediu ajuda para ela?

– Eu pedi, ela que não quis ajudar – e fez beicinho lembrando que fora, de certa forma, rejeitado.

Kushina pegou seu copo de café com leite e sentou-se na mesa do filho.

– Por que você gosta dela?

– Da Sakura? – ele respondeu instantaneamente e não notou o quão óbvia foi sua pergunta até mesmo para si.

Kushina confirmou com a cabeça.

– Ah... pois ela é bonita, legal, divertida, simpática... Mas pra que você quer saber? – questionou.

– Por nada. – e assim, encerrou-se o assunto.

~

– Chouji, desse jeito você vai explodir – Shikamaru reclamou ao ver que o melhor amigo já havia devorado uma costela inteira.

– Não sei como consegue comer tanto – falou Ino encarando meio assustada enquanto Chouji engolia a camida.

Os três estavam almoçando numa churrascaria conhecida da região. Era comum eles marcarem de se encontrarem lá. Era como um costume deles, já que se conheciam desde os seis anos, aproximadamente.

Tinham vezes nas quais o professor Asuma ia com eles, mas não dessa. Eles haviam decidido de última hora se encontrar no sábado, apenas como uma diversão, então acabou ficando muito em cima para ele.

A Yamanaka também tinha coisas para fazer naquele dia, mas ela não poderia negar o convite. Afinal, nenhuma das coisas que a deixariam ocupadas era inadiável.

– Problemático – disse Shikamaru e bocejou logo em seguida.

A loira achava incrível a capacidade do mesmo de sempre estar com sono. E também de dormir em qualquer lugar. Não que ele sempre conseguisse, às vezes acabava apenas como uma tentativa frustrada de dormir.

Ela também se questionava o porquê tudo para o Nara era problemático.

– Vocês por aqui... – Alguém se aproximou da mesa.

– Sai? – Ino olhou-o surpresa.

Sem responder, e pegou um pedaço de picanha na maior cara de pau e ele sentou-se frente à Ino, ao lado de Shikamaru, que não pode deixar de reclamar novamente.

– Ótimo. Outro problemático. – revirou os olhos, mudando sua atenção para a rua.

A loira ignorou-o.

– Você não ia sair com o Sasuke hoje? – ela perguntou. Não que ela se importasse com o que ele fazia ou deixava de fazer, estava apenas curiosa.

Ou pelo menos, era assim tentava se convencer.

– Disse certo – respondeu ele pegando mais picanha – Ia. – ele terminou de mastigar antes de continuar – Mas parece que ele tinha um trabalho pra fazer com alguém aí e teve que cancelar.

– E o que você veio fazer aqui? – Chouji perguntou com uma coxa de frango na mão.

– Comer – respondeu Sai, simplesmente e em seguida olhou para Ino.

Tal ação fez as maçãs do rosto da garota adquirirem um tom meio avermelhado, mas nada perceptível.

Por que diabos ele havia feito isso? E desde quando ela corava?

– Pensei que gostasse mais do Ichiraku. – desconversou - Pelo menos foi o que o Naruto disse.

– Não tenho preferência – deu de ombros.

– Shikamaru – Chouji chamou-o de repente, mudando completamente de assunto. – O que foi?

Ino direcionou o olhar para o amigo. Ele estava assustado com alguma coisa do lado de fora e parecia querer se esconder fazendo contorcionismo.

– Temari – ele disse – Ela está lá fora.

– ... – todos esperaram alguma informação a mais.

– Eu tenho medo dela.

– Espera... O que? – A loira estava confusa.

– Ela é problemática. – “Ótimo, isso ajudou muito” pensou a ela – Não gosta de me ver dormir. Ela não me deixa dormir!

– Se esconde embaixo da mesa – sugeriu Chouji, como se ver o amigo nessa situação fosse a coisa mais normal no mundo.

– Vocês só podem estar brincando... – a Yamanaka começou a dar risadinhas abafadas dos dois amigos idiotas. – Seria uma pena se ela estivesse vindo para cá. – disse ao notar que Temari estava realmente se dirigindo para a churrascaria onde estavam.

Shikamaru quase teve um ataque.

– Espero que ela não nos veja. Espero que ela não nos veja. Espero que ela não nos veja. Espero que ela não nos veja. Espero que ela nã... – sussurrava para si mesmo.

A Sabaku entrou, acompanhada dos irmãos. E aconteceu exatamente o que o Nara não queria: eles seguiram para a mesa deles.

Nesse momento, Shikamaru soube que não ia poder descansar até o final do dia. “Aff, que problemático” pensou cansado.

~

Hinata sempre fora uma menina que se vestia bem, do mais simples até o mais elegante. Mesmo que a roupa fosse simples, ela conseguia criar uma harmonia entre cores e estilos das peças que usava, incluindo o calçado.

A Hyuuga havia aprendido isso aos 10 anos com a mãe. Hiromi sabia que seria necessário por pertencerem a uma família de classe alta, fazendo com que houvesse muitos eventos da empresa ou entre sócios, por exemplo. E isso já lhe fora útil em vários momentos como estes. A única mudança depois de dois anos foi a ausência da mãe, e Hinata passara a ter a responsabilidade de vestir tanto à ela como à Hanabi, sozinha.

Aquele sábado era diferente em apenas um quesito: ela ia à casa do amado. Era motivo suficiente para ela ficar em dúvida se a roupa escolhida era boa o suficiente ou não.

– Hana, tem certeza que está bom? – questionou a irmã enquanto encarava sua imagem no espelho do quarto. Estava vestida com uma regata branca com algumas pedrinhas brilhantes na parte frontal, usava uma saia rosa claro, lilás e branca, detalhada com flores, com uma renda na borda, e calçava uma sapatilha puxada para um tom roxo.

– Você está ótima. – respondeu a irmã após três segundos.

– Mas isso não é muito... formal?

– Hina, você está natural.

– Ou pode ser que esteja muito provocante...

– Você está linda assim.

– Ou a saia pode estar muito curta...

– Hina, a saia bate quase no seu joelho. – disse Hanabi entrando na frente dela. – Você está linda, está ótima e vai pra casa dele assim. – e esboçou um sorriso.

A mais velha suspirou e em seguida retribuiu o sorriso.

– Tudo bem – falou gentilmente – Confiarei em você – e as duas abafaram risinhos.

Hinata olhou-se no espelho novamente. Começou a imaginar. Ela estava preocupada, como a própria irmã já havia percebido. Estava com medo de ir muito arrumada e ao mesmo tempo de não ir arrumada o suficiente para causar uma boa impressão.

E os pais do amado? O que pensariam dela? Não que ela estivesse indo a fim de conhecê-los, o objetivo é apenas ajudar Naruto com seus problemas de aprendizado e notas na escola. Mas... tem como não ficar nervosa?

E o que ele pensaria ao ver ela? Será que ele a veria como uma estranha ou a elogiaria? A menina corou com a hipótese.

– Pare de se preocupar com isso – a caçula novamente notou a expressão da irmã e tentou deixa-la tranquila. – Vai dar tudo certo.

– Espero que sim. – desejou. Em seguida pegou sua bolsa e saiu do quarto, em direção à porta de entrada da casa.

~

Naruto estava sentado no sofá, jogando videogame, quando a campainha tocou. Ele levantou-se, deixando a TV e o jogo ligado.

Ele estava vestindo uma bermuda preta, com seis bolsos, e uma camiseta laranja com alguns detalhes igualmente pretos, e calçava um chinelo qualquer. Ele tinha o cabelo molhado e todo rebelde, e seus olhos estavam mais azuis do que nunca. Talvez por conta do sol forte.

– Já vai! – ele gritou enquanto revirava a casa em procura da chave, coisa que era normal para todos de lá.

Ele caminhou até a porta, colocando a chave na fechadura.

Ao abri-la, a imagem à sua frente o fez perder qualquer tipo de noção que ele um dia já tivera. Claro que foi só por alguns segundos, mas ele, em algum lugar, sabia que poderia ficar o dia inteiro encarando aquela figura à sua frente.

– Er... Kon’nichuwa*, Hina-chan. – cumprimentou ele.

– Kon’nichuwa, Naruto-kun – ela disse tímida, e ele percebeu, mas pensou que fosse apenas sua imaginação. Isso era mais uma característica da nomeada de “Síndrome de Naruto” pelos amigos do mesmo.

Ele convidou-a para entrar e fechou a porta. Ao dar três passos para mais dentro da casa, houve sua mãe gritar:

– NARUTO, ATENDE A... – e ela aparece na porta.

– Ahn... Hina-chan, essa é minha mãe, Uzumaki Kushina – disse ele coçando a cabeça e sorrindo.

– Naruto, por que não me disse que traria uma menina tão bonita para casa? – tal comentário fez a garota sentir suas maçãs do rosto se avermelharem.

– Porque você não perguntou – ele respondeu de uma forma tão natural, que a pobre menina sentiu que fosse desmaiar ali de tanta vergonha.

Logo em seguida o loiro percebeu o que havia dito e corou também. Voltar com a palavra não ajudaria agora, e muito menos tal hipótese havia passado pela cabeça do Uzumaki.

– Kaa-san, nós vamos ficar na sala de jantar – falou, mudando radicalmente de assunto.

– Hai – disse a ruiva voltando para a cozinha.

~

– Gomem – falou ele após – Minha kaa-san é meio... louca. – concluiu sorrindo.

Ela queria ter dito que ele tinha puxado pra ela, mas ele poderia se sentir ofendido ou incomodado com isso, então ela optou por falar outra coisa que veio à sua mente, que era verdade também.

– Ela me pareceu divertida – e voltou a segui-lo até a sala de jantar.

A casa dele era bem grande, e, apesar disso, simples de uma forma elegante. Não tinha portão nem um jardim frontal como na dos Hyuuga. Tinha uma cerca branca a uma distância de três metros aproximados da porta, e, depois, três degraus para subir e tocar a campainha do sobrado laranja.

A entrada era uma porta de madeira dupla, um pouco mais alta que as portas convencionais. Tinha uma lâmpada e uma cobertura acima da mesma.

Quando entrou, ficou ainda mais impressionada. Por fora a casa já era grande, mas por dentro, era maior ainda. À direita estava a sala de estar com dois sofás de dois lugares e um de três, todos postos de forma que em qualquer lugar a tevê de tela plana pudesse ser assistida.

O móvel onde estava colocada possuía algumas flores de enfeite, livros nos armários com portinhas de vidros, e dois videogames.

À esquerda havia a segunda das janelas que eram vistas do lado de fora e uma mesa de vidro que tinha um telefone fixo, algumas fotos em família e um chaveiro com três chaves penduradas.

Um pouco depois era a cozinha (como Hinata percebeu depois da aparição de Kushina com um avental).

Passando o cômodo, logo após a escada, tinha uma mesa de jantar de oito lugares e um espelho grande na parede à esquerda da janela pela qual o sol entrava e iluminava o local.

Uma coisa que chamou atenção dela foi o fato de que não eram todas as paredes brancas. Algumas se destacavam com um laranja bem fraco e outras com um mais forte em cada lugar. Aquilo deixou a casa mais bonita ainda.

Naruto fez um gesto para que ela se sentasse em uma das cadeiras.

Optou por sentar na cadeira ao lado de uma das pontas, cuja segundos depois foi ocupada por Naruto.

– Er... por onde começamos? – Ele perguntou e logo em seguida sua mãe o chamou na cozinha, fazendo-o reclamar.

Ela passaria o dia inteiro estudando e coordenando os estudos com o loiro... E toda a atenção dele seria voltada para a mesma.

Dessa forma, seu rosto começou a corar e ela tentou afastar aqueles pensamentos de sua cabeça.

O Uzumaki parou de falar com a mãe. Virou-se novamente para a morena.

– Hina-chan, você está bem? Está com febre? – Ele perguntou colocando as costas de sua mão direita na bochecha corada da menina. A menina congelou olhando os olhos safiras do garoto.

Ele realmente era muito lerdo.

– Nã-não é nada – firmou sua voz no final. Ele retirou a mão e deu de ombros.

A menina tentou tirar a tensão dos músculos depois de passar por mais um constrangimento em tão pouco intervalo de tempo.

– Por onde você quer começar? – retrucou a pergunta anterior, desviando os olhos para a bolsa e começando a retirar suas coisas.

– Pode ser por... física? – ele pareceu meio em dúvida.

– Tudo bem – ela tentava acalmar seus batimentos cardíacos sem demonstrar reações explícitas demais a ponto de seu amado notar.

E assim, seus estudos começaram.

~

– Pain não está sozinho? O que quer dizer com isso?

O Pain tem uma... companhia clandestina que quer destruir o legado Hyuuga e você, senhor Hiashi. O que aconteceu com sua esposa há dois anos era pra ter acontecido com você.

Estar no alvo de terroristas do mundo dos negócios deixou Hiashi sem chão. Eles queriam matá-lo naquele dia, mas em vez disso acabaram levando sua esposa no lugar.

Agora mais do que nunca ele se sentia culpado pelo que havia acontecido.

Seus pensamentos não paravam de martelar isso na sua cabeça enquanto esperava em seu escritório, seu ilustre convidado, Uchiha Itachi, chegar.

Para sua sorte, ele não demorou muito, pois logo uma batida na porta o despertou.

– Entre – disse simplesmente.

O Uchiha estava como sempre: vestindo uma roupa social e com o cabelo comprido preso em um rabo de cavalo baixo.

Ele entrou, fechando a porta à suas costas e sentando-se em frente ao Hyuuga com uma expressão séria.

– Kon’nichuwa – cumprimentou.

– Kon’nichuwa – disse em resposta ao notar que já passavam das 15h30min. – O que queria falar comigo?

– Como eu disse, eu descobri um pouco sobre o suposto “acidente” com a sua mulher.

– Estou ouvindo.

– A companhia clandestina que eu mencionei quer acabar com tudo relacionado a você. No dia do acidente, o objetivo era atingir ao senhor, e não à... – ele pausou – Eles acreditavam que poderiam deter seus avanços junto aos Haruno se você não estivesse mais lá para colaborar. Enfim, aparentemente eles não pretendem seguir os mesmos planos... sujos. Se tivessem tal intenção já o teriam feito nesse período de dois anos.

– Sabe o motivo disso tudo? O porquê eles quererem me ferrar? – ele não foi nada formal na fala.

– Não – respondeu rapidamente, o que deixou Hiashi desconfortável – Acredito que tenha alguma coisa a ver com... passado. Como sempre. –acrescentou.

O Hyuuga girou sua cadeira a 180º e olhou pela janela, ficando de costas para Itachi.

– Sabe o nome da companhia? – perguntou.

– Infelizmente, não. – respondeu. – Mas estou buscando isso.

Hiashi suspirou. “A culpa é sua por acordar reclamando do que não tinha o que fazer”, repreendeu-se mentalmente. “Quem procura problemas sempre acha”.

Itachi começou a falar alguma coisa sobre o que o pai, Fugaku, queria fazer como forma de um investimento inicial, mas ele dispensou-o com um gesto de “Depois conversamos sobre isso”, fazendo-o se retirar da sala.

Ainda olhando pela janela, ele pensou “Justo quando estava tudo ficando melhor...”.

~

Naruto estava completamente atento a todas as palavras da garota à sua direita. Ele achava incrível como ele conseguia compreender tudo o que ela dizia.

– ...então, depois de substituir o número dado na função, você só termina de fazer a conta e consegue o resultado que o enunciado está pedindo. – ela terminou de explicar um tópico de matemática.

– Oh! – soltou uma exclamação – Agora eu entendi – e abriu um sorriso de ponta a ponta, que logo foi desfeito por uma cara de insatisfação – Estou com fome. Vou procurar alguma coisa para comermos. – ele disse e, antes que a menina pudesse protestar, já estava na cozinha.

Ele supôs que sua mãe tinha feito compras no dia anterior, levando em conta o armário cheio.

Lá, pegou um bolo de chocolate com cobertura e alguns palitinhos salgados para rebater o gosto do doce. Em seguida, pegou dois pratos de sobremesas, dois pares de talheres, guardanapos e dois copos de suco.

Ele levou tudo à mesa em duas viagens.

Sem perguntar nada, o loiro serviu Hinata e ele logo em seguida, a ele mesmo.

– Está... muito bom – ela comentou meio constrangida.

Ele riu.

– Foi minha kaa-san que fez. – respondeu – Hum, bem, acho que está bom por hoje, não está? – ele disse isso na esperança de ela concordar, pois ele já estava cansado.

– Acho que tudo bem... Você se esforçou bastante – ela não o encarou. E ele se sentiu meio sem graça pelo comentário.

Ela começou a guardar suas coisas de volta na bolsa.

– Você já vai embora? – ele perguntou, fazendo-a corar.

– Vo-vou. Por quê?

– Eu te levo pra casa.

– Nã-não se incomode com isso, Naruto-kun. – gaguejou.

– Não é um incômodo – e sorriu. Ela desviou o olhar instantaneamente.

– Tu-tudo bem, se vo-você insiste...

E seguiram para a porta.

~

“Mamãe,

Meu dia foi maravilhoso, apesar de toda a vergonha que eu passei. O Naruto realmente não mede palavras. Acho que ele puxou para a mãe dele.

Ele foi bem diferente hoje do que eu estou acostumada. Normalmente em aula ele está sempre brincando ou brigando... Pela primeira vez eu percebi que ele parecia interessado. Bom, até que não é tão estranho assim, levando em conta que o pai dele ameaçou acabar com os treinos dele...

Não sei o que o levou a fazer isso, mas ele me trouxe em casa! Eu não sabia o que falar durante o caminho, mas acho que ele não percebeu, levando em conta que ele parecia animado com os assuntos banais que falava.

Quanto ao otou-san*... quando cheguei em casa, ele já tinha voltado, mas ele estava novamente trancado no escritório... Nem falei com ele... Eu acho que alguma coisa aconteceu, só espero que não seja tão grave quanto me pareceu...

De qualquer forma, é isso.

Sinto sua falta.

Beijos com muito amor e carinho.

Hinata Hyuuga.”