Casa de Jesse


Rachel se sentia compadecida com a história de Lea. Ela queria entender mais sobre essa mulher que parecia tanto com seu reflexo.

07 de julho de 1712 (continuação)


Abri os olhos e tudo estava escuro, mas eu conseguia enxergar muito bem. Jesse estava ao meu lado e senti sua mão em meu cabelo.
_Como você está se sentindo?_ Ele perguntou

Eu não entendia direito o que havia acontecido, pensei que tivesse morrido, quantas vezes vou achar que morri e acordar na escuridão?

_ O que aconteceu?_ Tentei me levantar.

_ Fique deitada.

_Eu senti meu corpo sufocar e...

_Eu sei! _ Ele segura minha mão.

_Se eu não morri... Então eu sou..._ A palavra não saiu, ela travou dentro da minha garganta me deixando sem ar, queria chorar, mas não conseguia, parecia que eu não tinha lágrimas._ O que você fez?_ Levantei da cama.

_Lea me desculpe, mas eu não podia...

_Jesse você me traiu, disse que respeitava minha vontade e me traiu.

_Mas você não queria morrer.

Ele tenta me abraçar, mas eu saio do quarto e sinto minha pele queimar.

_Ai!!!

_Lea! _Jesse me puxa para dentro do quarto. _Está sol lá fora, qualquer raio de sol queima sua pele.

Olhei para minha pele queimada se recuperando e parando de doer, o êxtase daquilo me causou uma sensação boa.

_Incrível!_ Jesse sorri. _ Não dói mais.

_Tem muita coisa que é incrível Lea.

_ Porque você não queima no sol?

_Porque possuo um anel mágico, Kurt está preparando um para você.

Meu sorriso se fecha e olho para Jesse.

_Então o que eu faço agora que sou como você?

_Me beija e depois se case comigo!

_Como posso casar com você? Meu pai me matou, esqueceu? Estou morta.

_Fique tranquila Lea eu vou resolver tudo para ter o prazer de ser seu marido.

08 de julho de 1712

Eu não dormi, mas não me sentia cansada e nem sentia raiva de Jesse por me transformar em vampira, pois sei que no fundo a morte me assustava demais, não que ser uma vampira não me assustasse, mas morrer de verdade me causava ainda mais medo.

Kurt fez um anel para mim, já podia passar pelo sol sem me queimar, o que me fez bem já que o sol é uma das coisas que mais gosto de sentir.

Estava do lado de fora da casa, pensando em como seria minha vida agora que eu era uma vampira e foi quando Jesse me abraçou por trás me causando sensações que nunca senti antes, eu saí dos seus braços com o susto da resposta positiva que meu corpo teve com o seu toque.

_Desculpe, te assustei?

_É que nenhum homem... É que eu nunca tive... Um namorado.

_Tudo bem, não farei de novo._ Ele sorri.

_Não! É que... Eu só me assustei.

_Lea tudo bem, não precisa ter medo de mim, na verdade não precisa ter medo de ninguém._ Ele riu e eu tentei sorrir, mas não consegui._Vamos embora hoje.

_Pra onde?

_Para minha casa, quer dizer nossa.

As palavras de Jesse me causavam insegurança, acho que ainda tinha esperança de acordar e tudo ser um grande pesadelo.

_Estou com fome!_Digo sentindo uma dor forte no estomago. Jesse fecha a expressão de alegria e faz expressão de dúvida.

_ O que quer comer?

_Não vai adiantar uma fruta, vai?_ Eu digo e Jesse tenta sorrir, mas sinto que ele está tão tenso quando eu.

_Podemos tentar! _ Diz Jesse antes de chamar Kurt que aparece na porta me causando uma sensação de fome ainda maior. Minha mão começou a suar e minha boca salivar. Não conseguia entender o que estava acontecendo, não conseguia me controlar tudo que queria era pular em cima de Kurt e sentir seu gosto. Mas antes de eu me movimentar Jesse me segurou.

_Olha para mim Lea! Olha pra mim! _ Eu não conseguia parar de olhar para Kurt, não conseguia parar de ouvir seu coração.

_Eu estou com fome Jesse. _ Eu queria chorar. _ Estou com fome!

_Calma, vai passar. Toma! _Jesse leva seu pulso a boca.

_O que está fazendo? _ Eu perguntei ouvindo seus dentes ferido sua pele.

_Mate sua fome.

_Não! Não quero machucar ninguém.

_ Você não vai me machucar. Agora se beber qualquer outra pessoa, você vai machuca-la e pode até matá-la. Agora beba.

_Não! Eu não quero ser isso Jesse, eu não quero beber sangue._ Eu salivava ao ver o sangue de Jesse escorrer.

_Você já bebeu meu sangue Lea, por isso que você não morreu.

_E foi por causa do seu sangue que eu virei vampira _ A ferida de Jesse cicatrizou.

_Me desculpe! Eu não tive a intenção, só não queria te perder.

_O que eu faço agora? Eu não quero viver como um animal._ Eu senti o gosto de minhas lágrimas, eram diferentes das lágrimas de um dia atrás,acho que tudo em mim era diferente. Jesse me abraçou.

_Vem cá, vamos dar um jeito._Ele me levava para dentro.

_Não quero entrar, posso machucar Kurt.

_Fique tranquila. Kurt já saiu.

_Como?

_Kurt é um bruxo e ele sabe se cuidar, venha.

Entramos na casa e Jesse me levou para o quarto, ele fechou um pouco a janela deixando somente um pequeno espaço clareando o quarto.

_O que está fazendo?

_ Tentando fazer você se sentir melhor_ Jesse senta na cama.

_Vai me colocar pra dormir? _ Eu falo sem pensar, Jesse ri e me ignora dizendo:

_Vem cá? _ Ele me estende a mão, apensar de tudo eu confiava nele, segurei sua mão, ele me fez sentar ao seu lado. _ Ontem quando eu te beijei confesso que nunca senti nada parecido em todo o tempo que estou vivo.

_Você está mentindo?_ Digo mordendo os lábios e sorrindo.

_Não! Não tenho motivo pra mentir pra você Lea, já tive mulheres especiais em minha vida, mas nunca alguém como você. Seu beijo faz-me sentir vivo.

Eu queria dizer que o beijo tinha sido bom e queria falar do que senti, mas conversar dessa forma com alguém, principalmente com um homem me parecia tão estranho. Ainda mais quando uma enorme vontade de beijá-lo tomava conta de mim.

Meus lábios se aproximavam dos dele, sua mão jogou meu cabelo para trás da orelha, seu toque me fazia querer pular, minhas emoções estavam tão fortes dentro de mim. Encostei meus lábios nos dele sentindo o macio de sua boca na minha, ele me beijava com delicadeza, mas meus lábios partiam para os dele com força e velocidade, a vontade de sentir sua boca estava cada vez maior, eu não consegui me reconhecer, senti vontade de morder cada pedacinho de sua boca. Não consegui conter a excitação que tomava meu corpo, me joguei em cima de Jesse que segurou minha cintura, senti meus dentes perfurarem seus lábios, o gosto do seu sangue passou pela minha língua, descendo pela garganta, ele chupava meus lábios superiores delicadamente enquanto eu sugava o sangue dos seus lábios inferiores curtindo cada gota.

_Não! _ Eu saí de cima de Jesse me sentindo um mostro_ Eu te machuquei?

_Não! Volta aqui. _Ele segurou minha mão. _ Seus lábios estavam sujos de sangue, eu queria mais, minha fome era muito grande eu queria muito mais.

_Eu não posso ser um animal, eu não quero!

_Lea deixa de ser boba eu não sinto dor, olha já nem está ferido._Ele passa a mão na boca.

_Posso beber sangue de animal?

_Pode, mais vai ter que esperar chegarmos em casa, pois aqui não poderemos sair para caçar.

_Como não? Por quê?

_ Seu pai e outros homens estão atrás de mim, por isso vamos embora hoje.

_Meu pai?

_É Lea, agora beba mais um pouco.

_ Não! ­

Fui novamente para frente da casa, deixando Jesse no quarto, eu tinha achado maravilhoso tudo que tinha acontecido, mas machucar ele não é certo, ou pelo menos não era. Abri a porta da casa e tive uma surpresa.

_Pai?

_Lea!

_Pensei que tivesse matado você. _ Disse Theo despertando em mim uma fúria desconhecida.

Não pude saber exatamente o que aconteceu, foi tudo tão rápido e inesperado, fui dominada por uma fúria que eu desconhecia. Só me dei conta quando senti o sangue de Theo descer pela minha garganta como um veneno de ódio e dor.

_Atirem nela! _ Senti muitas dores e perfurações em meu corpo, mas nada me fez parar de beber aquele sangue nojento, eu queria tirar o último sopro de vida dele, ele não merecia viver. Uma mão me puxou de cima de Theo.

_Saia daqui, Corre!_ Disse Jesse.

_O que? _ O sangue me causou um estado de letargia tão grande que não conseguia pensar em nada que não fosse sangue.

Jesse estava em cima de um homem quando meu pai chegou por trás dele com uma estaca. Uma emoção tomou meu corpo e eu pulei em cima de meu pai.

_Sai daqui seu mostro!_ Ele dizia matando em mim a menina que o amava.

Eu não conseguia falar, estava me transformando em um verdadeiro animal. Tinha muitas coisas que queria falar para meu pai, uma delas era que foi por a causa dele que eu estava assim agora, mas parecia que a palavra não fazia mais parte de mim.

Senti o gosto do sangue de minha família escorrer pela minha garganta e alimentar meu corpo, lembranças passaram por mim e agora eu tinha certeza: a Lea havia morrido.