Divã - As Crônicas do Cristal Vermelho
Crimson eyes
Vi uma fazenda, com um celeiro vermelho e uma casa. Era uma bela tarde de verão, e o Sol estava quase se pondo, presenteando o céu com graciosos tons de laranja e rosa. Um homem estava sentado na varanda, apreciando a vista. Eu, de alguma forma, sabia que aquela fazenda era seu lugar preferido, seu lar de descanso. De blusa xadrez e calça jeans, o homem se sentia como seu pai, o dono desta fazenda, homem do campo. E ele se ria com essa possibilidade.
– Louis, traz logo meu chá! - ele gritou, lembrando que seus pais costumavam fazer o mesmo.
– Eu não sou empregada do homem de aço! - gritou ela, da cozinha.
Seu riso abafado mostrava que ela pensava o mesmo que ele. Não demora e ela abriu a porta da varanda, tentando equilibrar na bandeja uma jarra cheia de chá gelado e um par de copos. Ela pousou a bandeja em uma mesa de madeira e serviu um copo de chá para o homem.
– Não está como o da Sra. Kent, mas... - ela foi logo se desculpando.
– Na verdade, - ele bebeu uns goles - está igualzinho. Até na falta de açúcar.
– Idiota! - ela socou seu ombro, enquanto ambos riam.
Então ela puxou uma cadeira e ficaram ambos ali, admirando aquela maravilhosa paisagem mais bela que a de mil pinturas realistas. Aquele homem poderia visitar mil planetas em mil galáxias, mas somente aqui ele poderia ver uma cena tão perfeita.
Do nada, seu celular começou a tocar uma música estridente de uma banda brega qualquer, indicando que ele tinha trabalho a fazer.
– Não! Hoje não! - a moça pegou o celular e o escondeu atrás de si.
– Louis, devolve! - ele se levantou - Você sabe que é importante!
– Mas hoje é seu dia de folga! - ela correu em direção ao celeiro.
É claro que o homem era muito mais rápido que ela, e como um relâmpago, caíram os dois em um fardo de palha.
– Foi trapaça! - ela brigou.
– Não confie em alienígenas! - ele beijou seu nariz. - Confie em mim!
Então ele se levantou e atendeu o celular, que por um milagre, ainda estava chamando.
– Que foi, tava no banho? - disse o homem do outro lado da linha - Que demora!
– Foi mal, Oliver! É que a Louis resolveu que hoje é meu dia de folga! - ele se desculpou.
– Então é melhor você avisá-la que vamos ter trabalho dobrado hoje! - o sinal começou a chiar e falhar - Você precisa vir ao Hudson e ver o que.....................xxxxxxxxxxxxxxiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
– Alô? Oliver? - ele tentou, mas foi em vão. - Tenho que ir.
– O conceito de um dia de folga é inexistente para você, não é? - ela colocou as mãos na cintura.
Ele respondeu com um sorriso e voou. Não demorou muito para ele avistar o prédio onde estava o homem que ligou para ele. Ao pousar, ele sentiu algo se quebrando sob seus pés, e constatou que era um celular bem queimado.
– Isso explica o péssimo sinal... - ele disse.
– E este nem é o maior problema aqui. - o amigo respondeu, sem olhar para ele.
O homem inclinou-se na mureta do prédio e alarmou-se com o que viu. Uma garota flutuava sobre o rio.
– Humanos desprezíveis! - ela dizia, com uma voz fantasmagórica - Vão se arrepender pelo que fizeram a mim!
E ela lançou seus raios vermelhos sobre a rua, e derrubou alguns carros vazios na água. O amigo do homem, que vestia uma roupa verde, e tinha uma aljava com flechas e um arco, atirou uma flecha nela, que se desintegrou ao tocar a pele da moça.
– Minhas flechas não funcionam nesta bruxa desgraçada! - ele estava furioso - Temos que tentar outro plano!
O homem precipitou-se. Voou na frente da moça e disse, cheio de pose:
– Pare de atacar a minha cidade, ou vai sofrer as consequências!
Ela olhou para ele. Seus olhos eram rubros como seus raios.
– Ah! O kriptoniano! Como você é conhecido aqui mesmo?... O homem de aço... Será mesmo?
E lançou uma forte carga elétrica no herói. Ele gritou e se retorceu de dor e aflição, até por fim, cair desmaiado no asfalto. Ela exultou, e uma tenebrosa gargalhada triunfal. E ajoelhou-se ao lado do corpo inconsciente.
– Não, não, não... parece que você não é tão poderoso quanto pensou que era... Vamos acabar logo com isso!
Ela então ergueu a mão para lançar uma rajada elétrica fatal, mas algo a impediu.
– Não... - uma voz doce e feminina disse no ar - Não deixarei que o mate!
Então algo começou a confundir os sentidos da moça, e então ela desmaiou.
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