Quando uma nova explosão atingiu o lugar, Rick tinha se livrado de um dos assassinos, enquanto Chase e Glenn derrubavam o segundo.

Mataram todos. Foi à única coisa correta a fazer.

Chase ainda sentiu todo o receio em tirar uma vida, mas quando tentavam escapar, passaram por uma sala e viu partes de corpos, suspensos por ganchos, limpos, de um jeito que lhe deu uma ideia do que aquelas pessoas faziam com seus prisioneiros. E muito de sua fé na humanidade se perdeu naquele momento.

Seguiram pelo caminho que os levaria ao vagão onde os amigos estavam presos, matando mais alguns habitantes do Terminnus pelo caminho.

Rick os matou.

Glenn não tinha conseguido atirar em ninguém, Daryl derrubou dois, Chase estava desarmado e cuidava da retaguarda, mas Rick... Rick tinha derrubado uma dúzia; e depois mais uns tantos quando escapavam do lugar.

Chase viu o ódio nos olhos do xerife, algo terrível e que não se apagou até dias mais tarde quando derrubaram os últimos remanescentes daquele lugar maldito.

O Terminnus estava um caos, e escapar, depois que libertaram os demais do grupo do vagão A, foi uma batalha sangrenta.

Rumaram para a floresta, para o lugar onde Daryl e Rick esconderam as armas. Recuperaram as sacolas e Rick queria retornar e acabar com todos os que ainda estavam vivos ali.

De certa forma ele estava certo, como eles puderam perceber mais tarde... mais tarde na igreja.

“Não podemos deixar que escapem”, Rick tentou explicar a todos, tentando argumentar para que os amigos percebessem o perigo que seria deixar Garret e os demais com vida.

“Estou com você”, Linn falou agarrando uma das armas da sacola e olhando os demais. “Chase?”

O amigo sacudiu a cabeça em uma negativa e passou as mãos no rosto.

“Qual o ponto?”, disse olhando de Linn para Rick. “Escapamos... Agora deveríamos dar o fora daqui.”

Chase não estava com medo, Linn e Rick sabiam que não era isso que fazia Chase não querer lutar, mas aquele não era o momento para ainda ter escrúpulos e não desejar tirar vidas. Não quando quase morreram nas mãos daqueles malditos canibais.

“Eles vão continuar fazendo isso”, Rick soltou. “Atraindo pessoas.”

“O lugar está destruído”, Maggie se pronunciou.

“Pode não ser aqui, mas eles não vão parar, não importa onde estiverem”, o xerife disse e alguns concordaram com seu ponto de vista.

Parte deles não pensava da mesma maneira.

“Rick.” Daryl se aproximou do amigo e tocou-o no ombro. “Estou do seu lado, sempre; mas, cara, deveríamos ir embora dessa porra de lugar.”

Doeu que Daryl e ele não estivessem com os mesmo instintos assassinos, mas Rick podia compreender seu irmão.

No entanto, eles estavam errados. Rick sabia que aquela era uma guerra que deveriam continuar a lutar, mas olhou para os novos no grupo, os antigos também, e todos estavam exaustos. Poderiam lutar, contudo, talvez perdessem alguns deles naquela batalha, e isso era algo que não estava disposto a arriscar.

Pensou em dizer algo, mas olhou para Daryl e este cambaleou, o rosto com ar de descrença, depois felicidade, e logo ele estava a correr, no que o policial se virou e viu que se tratava de Carol.

Daryl agarrou a mulher, apertou-a forte e tomou seus lábios, sem se preocupar com os demais.

“Pensei que tinha perdido você”, ele disse se afastando e tocando o rosto de Carol, sem se preocupar que chorava como o maricas que Merle sempre disse que ele era.

“Estou aqui. Voltei pra você”. Carol falou enxugando as lágrimas que ele não ligava em derramar na frente de todos. “Sou sua mulher, sempre vou voltar pra você.”

Daryl a beijou novamente, depois abraçou-a.

“Sofia?”, perguntou assustado.

“Está em segurança.” Carol se afastou, porque Rick se aproximava. “Tyrese também.”

“Graças a Deus!”, Sasha soltou abraçando Bob, rindo satisfeita.

Carol olhou para todos e se assustou com as ausências, principalmente daqueles que lhe eram mais queridos.

“Beth? Sam?”, perguntou para Rick. “Judy?”

O xerife baixou a cabeça e a sacudiu de leve.

Carol compreendeu, calando e engolindo em seco.

Rick olhou para a fumaça que subia do ponto onde ficava o Terminnus, depois encarou realmente Carol, sua aparência e roupas, as armas que carregava, principalmente a besta de Daryl que ela deixou cair no chão quando o amigo a abraçou.

“Você fez aquilo?”, perguntou apontando em direção ao lugar destruído.

Carol apertou os lábios e sacudiu a cabeça de leve, acenando que sim.

Daryl a encarou com orgulho, o que aqueceu o coração dela. Tinha lutado muito para ser a mulher que ele merecia ter ao lado, que Daryl saberia não estar naquela relação em busca de proteção, mas sim porque o amava. Era bom descobrir que tinha se tornado tudo o que poderia ser.

Sorriram um para o outro. Depois Rick se aproximou e a abraçou. Afastou-se e olhou na direção do Terminnus.

“Rick?”, Daryl chamou agarrando a besta e se colocando em posição de espera.

Como um soldado a espera de suas ordens, Rick pensou.

Ele olhou para os amigos, Linn, seu filho, e decidiu que era hora de seguirem em frente. Estavam vivos e juntos, isso era o mais importante.

“Vamos embora daqui”, chamou e caminharam com Carol à frente, guiando-os na direção da cabana onde Tyrese e Sofia esperavam.

Daryl seguia ao lado dela e conversavam baixo. Rick pode pegar parte do que diziam, alguma coisa sobre Lizzie e Mika, mas preferiu se afastar para dar privacidade ao casal.

Sem perceber, aproximou-se de Linn. Chase seguia ao lado dela, mas se afastou assim que Rick se aproximou. O xerife não percebeu nenhuma animosidade da parte do outro homem, mas notou que ele sempre se mantinha distante quando se aproximava de Linn.

“Está bem?”, perguntou a ruiva, notando o ferimento em seu braço coberto por um curativo tosco.

“Isso não foi nada”, Linn respondeu olhando para o braço e sacudindo a cabeça. “Sua testa está sangrando também.”

Rick ergueu uma mão e tocou no ferimento da testa, olhou para o sangue nos dedos e deu um esgar que tentou ser um sorriso, mas nem chegou perto de um.

“O cara tinha uma cabeça dura, mas levou a pior.”

“Ninguém é mais cabeça dura que você, Xerife”, Linn respondeu e Rick retesou o maxilar, olhou para frente, depois voltou a encarar Linn.

“Não me chame assim”, falou baixo e sem muito tato, se arrependendo logo em seguida pela grosseria.

Sam o chamou de xerife por tanto tempo, que não conseguia suportar a alcunha partindo de outros lábios.

Não queria.

Não podia pensar em Sam e seguir em frente. E tinha decidido seguir sua vida, por seu filho e seus amigos, mesmo que fosse difícil e doloroso.

Estava tentando, mas era difícil.

"Desculpe... É que..."

“Entendo”, Linn soprou e o encarou.

Rick percebeu que ela realmente entendia; que Linn também recordava; que também sofria.

Era um alento.

Aquilo de saber que outra pessoa poderia entender um pouco de sua dor, compartilhá-la, lhe fazia bem, por mais estranho que isso parecesse.

Caminharam por mais meia hora até avistar a cabana.

Tyrese estava sentado à entrada, tendo Sofia ao seu lado.

Tão logo a menina avistou o grupo, correu em direção a eles, no que Daryl também correu na direção dela.

“Daryl!”, Sofia gritou feliz, jogando-se nos braços deste e o caçador a tirou do chão, abraçando-a com amor.

Carol se aproximou e ele cingiu as duas, beijando a testa de sua mulher e colocando Sofia no chão.

“Sabia que estava bem”, Sofia falou e sorriu satisfeita. "Mas está atrasado", continuou parecendo mais com a criança da pedreira do que com a que matou um homem a sangue frio poucas horas antes.

Rick desviou os olhos para Ty e Sasha que se abraçavam, depois olhou em volta, imaginando que aquele momento poderia ter sido mais feliz se sua filha estivesse viva, ou Sam. Mas não devia estar a desejar coisas impossíveis. Seu filho estava bem, muitos amigos também e seu irmão tinha recuperado sua família.

Poderia ter sido pior.

O Terminnus mostrou-lhe que sempre existia algo ainda mais desumano em algum ponto de qualquer caminho que tomassem nesse novo mundo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.