Parte da cerca lateral estava no chão, mas tinham selado a entrada daquele lado para evitar mais errantes. Sam tinha lhe ajudado a abatê-los quando a horda invadiu, e se sentiu grato de que ela ainda estivesse bem, um pouco assustado pelo modo como ela avançou ao invés de recuar, como se não tivesse nada a perder e ficou triste pelo que isso revelava da relação que estavam a tentar manter.

Logo Daryl voltou com os demais, com remédios suficientes e puderam sanar o problema da epidemia sem mais nenhuma baixa. Mas ainda havia o problema sobre o assassinato cometido por Sam para resolver.

Se tivesse sido Carol, como imaginara a princípio, estaria tentado a mandá-la embora dali, um pouco esquecido de como seria impossível de fazê-lo, já que ela era mulher de seu amigo. Mas com Sam nem sequer cogitava tentar tal coisa.

Ela era sua mulher, sua metade, amava a garota e não poderia perdê-la para nada ou ninguém. Sempre a manteria protegida, de outros e até ela mesma se fosse preciso. Sua confiança nela estava abalada, mas não seu amor.

Talvez ela não tivesse entendido isso, porque se negara a lhe perdoar quando ela lhe pedira. Mas estivera atordoado então, com medo por ela e pelo que tinham, sabendo que Tyrese não poderia descobrir aquilo nunca. Ainda que precisassem lhe contar e Sam estar ali quando o fizessem não era uma opção.

A noite veio e passou, com ambos distantes, a promessa de se encontrarem esquecida, perdida pelos problemas que os atacava de todos os lados. Sam se enfiara no Bloco A, depois de dar um enterro decente a Axel, antes que a todos os outros, cuidando depois dos amigos, Chase e Linn, enquanto estes descansavam.

Rick havia visitado os convalescentes, visto como Chase e Glenn tinham realmente estado às portas da morte, se sentindo feliz que Daryl tenha retornado a tempo de salvá-lo e os demais.

Por essa confiança que depositava nele, o procurou na manhã seguinte, para que conversassem sobre o que Sam fizera, por que era o único que confiava que não a entregaria e de quem poderia ouvir conselhos sobre o ocorrido.

Michonne, Hershel e Linn tinham saído cedo para resolver algumas coisas do lado de fora da prisão, e os demais cuidavam uns dos outros, mostrando que aquela doença não seria o que os derrubaria.

Tinha conversado com Sam mais cedo, nas escadas da passarela, mas ela estava estranha e arredia, e tivera que mantê-la a custo ao seu lado para que tivessem aquela conversa necessária.

“Precisamos resolver o que fazer.” Lhe dissera segurando-a pelos braços, lhe afastando para um canto escuro, com medo que alguém os ouvisse, sussurrando aflito.

“Precisamos conversar com calma Rick e essa não é a hora.” Ela dissera muito serena naquele instante, diferente de como estivera durante todo o dia anterior e até de quando a abordara há alguns segundos.

“Sim, precisamos.” Rick tocou-lhe o rosto para que ela soubesse que estava do seu lado, e a achou quente. “Tomou as injeções?” Perguntou preocupado.

“Sim, Hershel insistiu.” Ela dissera segurando a mão dele contra seu rosto.

“Está tão quente.”

“Estou bem, juro.”

Ele a encostou em seu peito e ficou observando o vazio.

“Talvez precisemos ir daqui.” Rick disse e ela se afastou para lhe encarar.

“Nós?” Sam perguntou assustada.

“Eu, você, meus filhos.” Disse determinado.

“Pelo que fiz?” Sam disse aquilo como se não o tivesse feito e a ideia de que não se arrependia lhe machucou.

“Sim.” Respondeu. “Deixarei que Daryl conte ao Tyrese quando estivermos longe, não é algo que podemos manter em segredo, ele não vai desistir de descobrir e isso o tornará perigoso para todos enquanto não souber o culpado.”

“Por que não me manda ir embora sozinha se está tão determinado a contar a ele?” Ela perguntou trêmula e expectante.

“Por isso.” Rick disse e se inclinou tomando seus lábios em um beijo apaixonado, com o qual lhe mostrou, muito mais do que quaisquer palavras, o quanto a amava e não poderiam se separar nunca.

O beijo aqueceu o coração de Sam, lhe dando coragem de tentar lhe contar logo o que realmente acontecera.

“Talvez não seja preciso...” Sam disse se afastando. “Talvez Tyrese perdoe quem fez isso.”

“Ele não irá.” Rick balançou a cabeça e encostou a testa na dela.

“Mas se tiver sido...” Sam parou o que queria dizer, o que iria lhe contar, quando algumas pessoas desceram as escadas e os viram, e o momento de contar a verdade se perdeu.

“Não tomaremos nenhuma decisão agora, ok?” Rick lhe disse ainda triste.

“Está decepcionado comigo, não é?” Sam perguntou.

Por que mesmo diante da forma apaixonada como ele lhe beijou, ela pode notar certa reserva que não estava lá na noite de amor que tiveram, e nem mesmo nos encontros clandestinos que ocorreram antes.

Rick olhara para o chão e balançara a cabeça em negativa, mas Sam sabia que não era uma resposta, ele estava meditando no que dizer para não magoá-la e seu coração se ressentiu de que o amor que ele dizia sentir fosse tão vacilante.

Devagar se afastou, zangada com ele e consigo mesma, ainda que Rick não soubesse então.

Agora, parado ao lado de Daryl, aguardando que alguns habitantes do lugar atravessassem para seguir ao refeitório e os deixasse sozinhos, Rick se lembrava da expressão decepcionada de Sam, como se ele estivesse a cometer algum crime contra ela.

“Carol me contou tudo.” Daryl soltou de seu jeito arrastado, balançando a cabeça e se mexendo inquieto. “Não estou desculpando o que ela fez, mas diante do que já havia acontecido, queimar os corpos foi um bom jeito de tentar evitar a epidemia, pena que não certo.”

“Não sabia que ela tinha ajudado Sam a queimar os corpos.” Rick soltou agarrando a balaustrada, o estômago embrulhado.

“Mas que inferno Rick, o que elas podiam fazer depois de tudo?” Daryl começou alto, mais finalizou em um sussurro para que não fossem ouvidos.

“Nada disso era necessário.” Rick disse e não olhou para Daryl.

Suspirou triste e Daryl lhe deu um olhar contrito e cheio de piedade.

“Estou pensando em ir daqui com Sam e os meus filhos, antes que possa cotar ao Tyrese.” Rick explicou sabendo que seria o melhor para todos. “Acho que podemos nos abrigar na cabana do pai de Sam. É um lugar isolado, podemos criar defesas como as que temos aqui.”

“E porque porra você faria isso?” Daryl parecia genuinamente surpreendido.

“Acha que posso ficar aqui depois do que ela fez?” Rick disse entre dentes, passando as mãos no cabelo, muito tenso em sua imobilidade depois, olhando para o vazio abaixo.

“Carol fez o mesmo e nem por isso vou partir com ela.” Daryl soltou. “E não acredito que o Tyrese vá fazer nada contra o Carl, ele é só uma criança e...”

“O que o Carl tem com isso?” Rick soprou erguendo a cabeça de súbito e encarando Daryl assustado.

O caçador lhe olhou contrito, por certo entendendo que ele e Rick não estavam na mesma página daquela história.

Com aquele silêncio de poucos segundos para pensar, bem no fundo, Rick já havia compreendido tudo, era um homem de pensamento rápido. Mesmo que a descoberta lhe machucasse tanto quanto a anterior, essa foi pior, por que se uniu a dor que havia causado a Sam.

A imagem da garota no momento em que a acusou da morte de Karen e David bailou em sua mente, seu olhar chocado com a acusação, a aceitação da culpa, a decepção quando se afastou dele.

“Desculpe, Rick.” Daryl disse quando percebeu a compreensão em seu rosto. “Pensamos que Sam havia te contado.”

“Não, ela me disse... Não, eu concluí que foi Sam que os matou.”

Rick passou uma mão no rosto se sentindo culpado como pai e como homem.

“Eu a acusei e ela apenas... aceitou.” Sussurrou infeliz, depois estremeceu. “Deus! Meu filho matou dois dos nossos a sangue frio, Daryl.” Soltou desiludido.

“Contaremos sobre o Carl e...”

Daryl não pode concluir, por que um estrondo poderoso atingiu o lugar, de forma que até o chão tremeu.

“Que porra...” Daryl soltou e ambos saíram correndo para o pátio, notando uma das torres destruídas e encontrando um tanque de guerra nos seus portões, rodeado de veículos e pessoas estranhas, menos uma.

“Rick!” Ouviram a voz do Governador e o bastardo estava sobre o tanque a se sentir algum tipo de deus. “Precisamos conversar.”

Rick imaginou ao vê-lo que deveriam tê-lo caçado com mais esforço. Sentindo o ódio o queimar pelo que ele fizera a Glenn e, em especial, a Linn. Revoltado consigo mesmo, por que deveria ter incentivado seu pessoal a caçar o desgraçado, e não deixar isso apenas a cabo de Daryl e Michonne.

“Não sou eu que tomo as decisões por aqui.” Gritou em retorno. “Temos um conselho agora.”

“Hershel faz parte do conselho?” O miserável perguntou tirando o amigo de um veículo. “Michonne e Linn também?” E logo ali estavam elas.

Todos estavam amarrados, mãos para trás, e ele os colocou ajoelhados lado a lado, como se estivesse pronto a fuzilá-los.

Rick olhou em volta, o desespero das irmãs Greene, a raiva a queimar em Daryl, seu filho a lhe olhar muito frio e sério. Depois notou Sam a seu lado, agarrada a grade da cerca, os olhos em Linn, tomada pela raiva e pelo medo de que o bastardo fizesse um novo mal a sua amiga.

“Estou descendo.” Disse e Sam o tocou no braço, apenas um momento, como se temesse perdê-lo também. “Ficaremos bem.” Disse e ela o soltou muito devagar, os dedos sedosos em uma carícia que lhe aqueceu e deu coragem.

Rick se afastou e Sam tremeu completamente ao percebê-lo caminhando sozinho e desamparado em campo aberto ao encontro daquele louco.

Todo o ressentimento por ele, por suas conclusões precipitadas a seu respeito, se esvaíram ao vê-lo caminhar em direção ao perigo. Não poderia perdê-lo, não queria não tê-lo ao seu lado, tocar sua barba e seu cabelo, ver seus olhos sorridentes, sentir seus beijos e seu corpo contra o seu.

Aquele bastardo a lhes ameaçar com um tanque, segurando a espada de Michonne e a brandindo cheio de empáfia não os venceria, não derrubaria o que tinham construindo com dor e esforço, não tomaria Linn e Rick dela.

Mas nada podia fazer, a não ser rezar para que ficasse a salvou e se preparar para a batalha. Por aquela poderia ser a guerra final contra aquele homem insano.

Segurou com força o rifle de assalto que Beth trouxera, verificou se o pente estava cheio, se não travaria, e se posicionou ao lado de Daryl e Carol.

Sofia surgiu no pátio e Sam se virou em sua direção, perdendo parte da conversa que Rick mantinha com o Governador.

“Deveria ficar lá dentro com as outras crianças.” Carol disse a filha.

“Sei lutar mãe.” A menina respondeu muito séria. “Posso ficar e lutar assim como o Carl.”

“Sei disso amor.” Carol tentava. “Mas seria melhor que protegesse as outras crianças, não sabemos o que vai acontecer.”

Sofia entendeu o que a mãe queria dizer, mesmo assim encarou Sam e Daryl, como a buscar apoio dos dois para ficar, ou uma ordem para voltar ao Bloco C.

Sam preferiu se eximir de dizer algo a criança. Cuidara dela durante meses, mas não era mãe e evitava lhe dar ordens ou influenciar suas decisões desde que a devolvera ao casal.

“Faça o que sua mãe mandou querida.” Daryl disse muito sério, nada feliz que a menina se comparasse a Carl e quisesse ser como ele de alguma maneira. O que o menino fez com dois do grupo, o diminuindo aos seus olhos, arranhando a confiança que lhe dedicava.

Sofia concordou e se foi, deixando todos mais tranquilos.

Sam se voltou para Rick e Linn. Ele fazia um baita discurso sobre deixar as diferenças de lado e tentarem conviver. Sam não concordava com ele, mas talvez estivesse certo. O pessoal de Woodbury estava ali, antigos inimigos, agora uma só família, para mostrar que havia um jeito pacífico de resolverem as diferenças.

“Podemos tentar.” Dizia enchendo Sam de um grande orgulho por saber que ele era seu homem, seu amor, e ela lhe pertencia também. “Podemos fazer dar certo.” Rick explicou com muito de convicção.

Mas o Governador não era um homem sensato, e sabia que poderiam aceitar as pessoas que estavam com ele, mas que na primeira oportunidade, fosse Michonne, Linn, Daryl, Sam ou mesmo Chase, alguém o mataria sem nenhum tipo de remorso.

O desgraçado não havia mudado, continuava tão sádico quanto antes, e seus atos ao fim das palavras de Rick apenas demonstraram o óbvio.

Inesperadamente ele ergueu a espada e atingiu Michonne no pescoço, com tanta força, que sua cabeça pendeu em um ângulo horrível, com seu corpo tombando no chão logo após.

Gritaram todos, mas Sam apenas ficou muda, observando como Linn e Hershel se jogaram no chão tentando escapar quando os tiros começaram, com Rick disparando no Governador e este revidando, assombrada por que achou que o homem que amava tinha sido atingido também quando ele correu arrastando a perna para se abrigar atrás do ônibus tombado.

“Rick.” Gritou por fim, mas ele não lhe ouviu, por que, nesse mesmo instante, o tanque disparou acertando uma das paredes do Bloco C.

“Temos que ir resgatá-lo.” Sam gritou para ninguém em particular e tentou abrir a grade.

“Ele está bem Sam.” Daryl lhe segurou e a fez recuar para uma parte protegida na cerca. “Ele sabe se cuidar.” Disse com convicção e se afastou para iniciar disparos contra o inimigo que avançava destruindo as cercas e seguia pelo campo direto para onde estavam.

“Eles não vão parar... Vão entrar aqui e destruir tudo.” Disse para Daryl.

“Precisamos tirar as pessoas daqui, as crianças...” Daryl alertou.

“Vou cuidar disso.” Carol informou e ele a segurou um instante, por que não a queria deixar partir.

Carol beijou-lhe os lábios rapidamente e se foi. Sam olhou para onde Rick deveria estar e pensou que tinha que ser prática e cuidar de ajudar nas defesas e dos que não poderiam se proteger.

Continuou atirando nos que avançavam, ao lado de Daryl, acertando duas pessoas sem qualquer tipo de remorso, trocando o pente quando as balas acabaram, sabendo que era o seu último.

“Vou ajudar Carol, depois me posicionar na passarela e lhes dar cobertura.”

Avisou a Daryl e partiu. O coração aos pedaços por correr na direção contrária a de Rick, com a impressão cruel de que não o veria mais.

Cruzou o pátio em direção ao Bloco C, quase sendo alvejada algumas vezes, se encolhendo quando um novo disparo do tanque acertou uma parede a sua esquerda e os destroços lhe acertaram, o rabo de cavalo quase desfeito, a jaqueta que usava ficando cinza pela poeira.

Tossiu e se ergueu a tempo de ver o tanque quase a derrubar a cerca do pátio, com Tyrese e os demais continuando a atirar, sem recuar.

Correu para o Bloco C, com Maggie lhe ultrapassando e chegando em Glenn, para logo sair com ele, enquanto Sam procurava por Sofia e as demais crianças.

“Harley?” Sam chamou a garota quando a viu, notando que ela também estava coberta de pó e tossia muito “Onde estão as crianças?”

“Na última cela.” A garota lhe respondeu os olhos brilhando e uma mão tocando seu braço com um tanto de familiaridade que deixou Sam desconfortável.

“Ajude-me com elas.” Disse e a garota lhe seguiu como se fosse um cão adestrado.

Sam encontrou as crianças encolhidas no fundo da cela., muito juntas, com duas delas lhe apontando suas armas quando ela entrou, mas as abaixando quando perceberam que não era o inimigo.

“Harley você protege elas até o ônibus.” Avisou tocando em Judith a chorar na cadeirinha. “Lizzie e Micah, levem Judy. Vocês...” Disse para as demais crianças. “Fiquem perto delas e da Harley.”

“Você não vem com a gente?” Harley perguntou assustada.

“Preciso verificar se não há mais ninguém aqui, depois irei dar cobertura da passarela.”

“Vem com a gente Sam.” As meninas pediram com lágrimas nos olhos.

“Harley vai protegê-las." Disse, depois se virou para a garota. "Confio em você para manter as crianças em segurança.” Informou e lhe tocou no ombro, para incentivá-la.

“Ok.” Ela concordou e se foram.

“Tem alguém aqui?” Gritou e sua voz soou forte por cima dos tiros. Tentou mais duas vezes, mas não houve resposta.

Sam se deu por satisfeita e correu para a saída lateral, subiu até a passarela, se posicionando por trás das placas de aço e começando a atirar nos que se aproximavam do pátio, observando as crianças a sair do Bloco C com Judy.

No patio Rick saiu do ônibus. Quando o grupo inimigo passou, ele atacou o Governador que estava na retaguarda, como um maldito covarde, o derrubando com todo o seu peso, socando o maldito com a mão machucada, sem se preocupar com a dor que isso lhe causava.

Em cada soco pensava nos amigos, no aquele homem havia feito a Linn, na loucura de ter decapitado Michonne e depois atirado em Hershel e Linn, sem saber se havia atingindo a ruiva, mas ciente de que tinha conseguido acertar Hershel, por que o corpo deste estava caído entre dois carros e não se mexia.

“Seu desgraçado.” Gritou antes que o jogo virasse.

A mão latejava e seus golpes não tinham metade da força necessária para machucá-lo. O maldito se aproveitou disso para afastar uma das mãos que mantinha em seu braço, apertando sua coxa onde a bala havia lhe acertado.

Rick urrou e perdeu a vantagem, sendo jogado no chão e duramente castigado.

Estava quase a morrer, as mãos em seu pescoço a lhe estrangular, quando pensou no filho e no quanto Carl precisava dele agora. Lembrando-se de Judy e no quanto estava desprotegida nesse mundo. Depois recordou Sam, seu sorriso, sua dor, seus beijos, e não quis partir e perdê-la,sem lhe dizer que sentia ter duvidado dela e pedir perdão por isso.

Mas as forças lhe faltavam e não via como escapar. Até que uma lâmina varou o peito do Governador e as mãos deixaram seu pescoço, o bem vindo ar raspando as paredes de sua garganta e seguindo para seus pulmões.

Durante um momneto Rick apenas não entendeu, Michonne estava morta. Até que o Governador tombou e ele avistou, no pouco que podia ver dos olhos agredidos, uma cabeleira vermelha.

Linn.

Ela estava viva e empunhava a espada de Michone como se a tivesse usado a vida toda.

“Cadê o Carl?” Disse se erguendo, a voz rouca e pastosa pelo tanto que seu rosto estava detonado. “Sam?”

“Não sei.” Linn soprou e se afastou dele, os olhos no homem que lhe estuprara e ainda seguia vivo, apesar de ter tido o peito varado por uma espada.

Afastando-se deles, Rick se arrastou até a parte de cima. Ouvindo, quando estava na metade do caminho, outro disparo do tanque e uma nova explosão. Mais disparos e uma nova explosão, quando parou a tomar fôlego, muito perto e ainda muito distante, por que mal se mantinha em pé.

“Carl!” Chamou. “Sam!” Gritou aflito, agustiado, assustado em perder tudo o que possuía e as pessoas que amava.

Avançou atrás de um veículo e avistou dois errantes e logo seu filho surgiu os derrubando.

“Carl.” Disse o abraçando, uma parte de si aliviada, com todo o restante esperando pelo mesmo consolo. “Onde está Judy?” Perguntou, se eximindo de perguntar por Sam para o menino.

“Não sei.” Ele disse e seu coração fraquejou.

Avançaram em direção ao Bloco C e avistaram a cadeirinha. Próximos descobriram que ela estava coberta de sangue e nada de Judy. Chegando a conclusão de que a menina havioa sido devorada, pelo tanto de sangue que havia ali.

“Meu bebê.” Rick sussurrou chorando, sentindo que podia cair ali mesmo e morrer de desespero.

Seus olhos vasculhando ao redor para avistar os escombros da passarela e realmente se dobrar sobre os joelhos, abatido por uma segunda dor.

Havia um corpo ali. Uma mulher. Cabelos escuros, presos em um rabo de cavalo, jaqueta conhecida, coberta pelos escombros quase completamente.

“Sam.” Murmurou aflito, sem poder acreditar que a havia perdido. “Carl.” Chamou e apontou com a mão trêmula na direção do corpo, meneando a cabeça e a sacudindo sem conseguir dizer nada mais que um: “Por favor.”

Por que não podia caminhar até lá, mas precisava saber. Por que não acreditava que havia perdido duas coisas preciosas em um mesmo golpe.

O garoto corre até o local, olhou para o corpo, viu seu rosto, reconhecível, apesar de esmagado de um lado. Depois recuou, o olhar duro, um pouco feliz, algo que seu pai não poderia perceber pelo tanto que estava machucado e sofrendo.

“É ela?” Rick perguntou tocando a cadeirinha para sentir Judy de alguma maneira, a filha que não queria no começo e que se tornou um pedaço de seu coração. “É a Sam?”

Carl lhe olhou fundo um longo segundo, muito frio, muito sério, até um pouco triste pelo pai, por que ele estava acabado e não ficaria melhor.

“É ela.” Carl deixou sair e amparou o pai para que não caísse, depois para que se erguesse.

Rick avançou em direção ao corpo, mas Carl o reteve, olhando para trás e avistando os errantes.

“Precisamos ir.” Ele disse começando a chorar também, por que olhou para a cadeira realmente e viu o sangue de sua irmã.

“Sim.” Rick disse dando uma última olhada para o amor de sua vida, coberta pelas pedras, em um enterro indigno dela, do que fora e do tanto que cuidara de todos, abdicando muito de si mesma para manTer quem amava protegido. “Acabou.”