Rachel balançava para frente e para trás, segurando o corpo de Quinn, chorando copiosamente com o rosto colado no da loira. Sabia que Quinn não estava consciente e isso estava matando-a por dentro. Seu rosto estava se contorcido em um choro silencioso. Seus ombros tremiam. Ela não queria escutar o canhão anunciando o que ela temia. Ela não queria ganhar os jogos! Ela queria Quinn. Somente ela.

Não sabia se a loira respirava, só queria que ela ficasse viva, estava tão desesperada que não teve a noção de que acabou de matar alguém. Mesmo que tivesse tudo ela estaria se sentindo bem, pois essa pessoa estava quase matando alguém que importava para ela, e ver Quinn se acabando daquele jeito fez seu corpo estremecer.

Olhou para o rosto da loira. Os olhos estavam terrivelmente inchados, o nariz sangrava provavelmente quebrado, os lábios inchados e vermelhos. Seu coração se apertou. Levou os olhos até onde sua outra mão estava. Sangue manchava a camisa de Quinn, e sua mão. Rachel choramingou perdida. Ela realmente não sabia o que fazer, então se agarrou ao corpo de Quinn.

Sentiu uma mão em seu ombro e sabia que era Marley, era só elas que sobravam na Arena. E Marley provavelmente veio matá-la, e isso fez com que Rachel se agarrasse mais ainda ao corpo de Quinn.

– Rachel? – A voz de Marley invadiu seus ouvidos. Rachel balançou a cabeça ainda chorando e apertando seu rosto no cabelo de Quinn, fungando o cheiro que vinha dos fios loiros. – Rachel, vamos, temos que sair daqui!

– Não. – Resmungou com a voz chorosa, colou os lábios na testa de Quinn beijando desesperadamente. – Não vou sair daqui.

– Quinn está bem, olhe para mim. – Marley disse e se agachou ao seu lado, colocando uma mão em sua cabeça. – Olhe para mim, Rachel.

– Não. – Murmurou entre os cabelos de Quinn.

– Temos que ir, Rachel, Quinn vai ficar bem, nós precisamos sair daqui. – Disse novamente o tom calmo fez com que Rachel finalmente olhasse para ela. Marley tinha as feições tranquilas e um sorriso no rosto. Rachel sentiu vontade de bater nela.

– O que você quer? – Rachel perguntou com a voz pingando fúria.

Marley recuou um pouco, mas deu de ombros olhando para o céu, e finalmente Rachel percebeu o Aerodeslizador acima delas.

Eles estão aqui para pegar Quinn!

– Não! – Rachel novamente prendeu os braços com mais força ao redor de Quinn. – Eu não posso deixar que ele levem ela, não posso, não posso.

– Rachel, não eles... – Ela colocou as mãos nos ombros de Rachel, que se encolheu apertando o corpo de Quinn com uma força impossível. Marley se sentiu magoada com isso e retirou as mãos, mas continuou a falar. – Eles estão aqui para nos pegar, vamos sair daqui, Rachel, vai ficar tudo bem.

Rachel olhou para Marley, e então olhou para o Aerodeslizador que estava um pouco para o lado e Finnick Odair e Peeta Mellark desciam. Rachel novamente olhou para Marley que tinha um sorriso dirigido para ela. Rachel conseguiu sorrir de volta.

– Nós vamos sair daqui. – Sussurrou para Quinn que não se moveu. – Nós vamos ficar juntas. Eu prometo, meu amor. Nós vamos ficar juntas. – Sorriu em meio a lágrimas. – Você vai ficar bem, nós vamos ficar bem, tudo vai ficar bem.

XxX

Santana estava sentada na frente de Rachel Berry. A garota estava com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. Estava coberta com um lençol grosso para que não tivesse frio. A morena não falava nada apenas chorava e resmungava para si mesma. Santana cogitou que ela estivesse louca. A Quinn apanhar daquele jeito estava completamente fora do planejado, Ryder Lynn foi um inimigo inteligente. Santana via toda a mágoa guardada no garoto, e ver ele batendo em Quinn do jeito que ele fez, fazia ela querer vomitar.

– Quando quiser falar, é só falar. – Santana disse pela quinta vez desde que entrou naquele quarto.

Ela estava esperando que Rachel falasse algo, sabendo que não era nada importante, ela apenas queria saber se a garota estava bem da cabeça, e visivelmente ela não estava. Suspirando Santana levantou da poltrona que estava, olhou novamente para Rachel sentada na cama com suas mãos agarrando o lençol. Novamente suspirou e caminhou até a porta.

– Onde está Quinn? – Santana parou com o sussurro e virou para a garota que tinha os olhos para ela.

– Quinn está em cuidados médicos, não se preocupe, temos os melhores. – Assentiu para si mesma e voltou a sentar na poltrona, sabendo que agora Rachel era capaz de falar.

– Como vocês nos tiraram de lá? Como fizeram isso sem que o Presidente Snow não fizesse nada? – Rachel perguntou genuinamente curiosa, e Santana sorriu para a morena.

– Snow sabia o que estava acontecendo, apenas não conseguia fazer algo. – Santana explicou e Rachel franziu o cenho. – Temos o Idealizador Chefe do nosso lado, Snow não podia fazer nada, ele perdeu totalmente o contato com a Arena, os Jogos foram cortados. Ninguém conseguiu ver o que fizemos.

Rachel abriu a boca quando finalmente entendeu. Santana relaxou na poltrona e cruzou as pernas olhando para a morena na cama. A latina entendia que Rachel estivesse completamente encolhida na cama, ela estava assustada com tudo que tinha passado na Arena, e mais ver Quinn daquele jeito foi perturbador até mesmo para ela. Nunca pensou que veria a amiga naquele situação.

– Então isso é o que?

Santana sorriu. Ela adorava dizer o que era todo esse plano, mesmo que fosse somente uma palavra. Era a melhor palavra que ela já tinha dito. Fora é claro as três palavrinhas que classificavam o que sentia por Brittany.

– Isso é uma Revolução.

Rachel franziu o cenho e se encolheu mais na cama.

– Eu e Quinn fomos à faísca para essa revolução. – Ela concluiu por si mesma e Santana sorriu satisfeita.

– Sim, vocês foram. Precisávamos de vocês para que isso desse certo, precisávamos fazer com que a Capital se virasse contra Snow. E o único jeito era tendo as queridinhas da Capital.

– Vocês...

– Não. Não sabíamos que você seriam selecionadas na colheita, iríamos ter a revolução assim mesmo, mas com vocês sendo selecionadas foi mais fácil. – Santana explicou e Rachel a olhou ainda um pouco desconfiada.

– E como sabia que eu iria me apaixonar por Quinn? – Santana sorriu com isso, ela sabia que a morena estava apaixonada por sua amiga, mas era legal escutar isso da própria.

– Não sabíamos que você ia se apaixonar por ela, mas sabíamos que Quinn tinha um fraco por você e por sua voz.

Elas entraram em mais um momento de silencio. Santana deu esse tempo para que Rachel processasse o que tinha acontecido. Rachel estava atordoada com tudo e Santana não podia fazer ela se irritar nem se preocupar, a morena ainda estava muito sensível com a cena que presenciou na Arena. Além de que a morena tinha tirado a vida de alguém, e isso as vezes pode ser difícil de processar.

– Como está Quinn?

Novamente Santana sorriu, mas então ficou séria ao lembrar da situação da amiga, não era nada boa, e ela ainda teve sorte de ter dado tempo para resgata-la e correr para dá os cuidados necessários.

– A situação de Quinn é delicada. – Santana começou e Rachel levantou a cabeça em um movimento tão rápido que a latina viu que ela ficou um pouco tonta. – Ela está bem, teve muita sorte, sua costela perfurou um órgão importante, que eu não lembro qual é, e ela teve hemorragia interna, assim perdendo muito sangue, mas conseguiram conter.

Rachel ficou pálida. Parecia que ela era quem estava com hemorragia. Santana até pensou em sair correndo e ir chamar alguns médicos, mas achou que seria exagero.

– O-onde ela está? – A morena gaguejou e Santana respirou fundo.

– Ela deve estar descansando, daqui a duas horas você pode ir visitá-la. – Santana levantou novamente na poltrona e se pos a andar até a saída do quarto.

– Onde estamos? – Rachel perguntou com a voz baixa igual a um sussurro.

– Em um trem.

– E para onde estamos indo?

Santana suspira e se vira para olhar para a morena que agora estava toda encolhida deitada na cama.

– Estamos indo para o Distrito Treze.

E se virou saindo do quarto, mas algo a fez parar, e virou para Rachel que tinha o rosto contorcido em confusão.

– Quinn sempre gostou muito de te escutar cantar.

E então finalmente virou para sair, não olhando para trás.

XxX

Seus olhos se abriram quase contra sua vontade. Esforçou-se para fechá-los novamente, mas ao ver o teto branco manteve-os abertos. Virou a cabeça sem dificuldade e olhou ao redor do quarto em que estava. Era branco, muito branco. E a cama que estava não era muito confortável, mas era melhor que o chão de uma caverna. Seu corpo todo doía. Levantou o braço direito com dificuldade. Era por isso que se sentia meio grogue. Estava sob efeito de morfina.

Abriu a boca para tentar falar algo, ou chamar alguém, mas sua garganta estava seca. Quando foi a ultima vez que bebeu água? Sua memória estava fraca, sua cabeça doía. Queria voltar a dormir, mas a curiosidade falava mais alto.

A porta se abrindo lhe tirou dos devaneios.

– Oh, você acordou! – Quinn se esforçou para lembrar quem era. Os olhos azuis, cabelo castanho, um sorriso quase forçado, mas muito bonito. Era mulher linda. A postura felina fez com que a loira lembrasse quem era. Tentou falar o nome, mas não conseguiu com a garganta seca, e entrou em um ataque de tosse, fazendo seu tórax doer. – Oh, sinto muito, esqueci disso.

A mulher pegou o copo com água e deu para que Quinn segurasse, a loira segurou normalmente e levou até os lábios, tomando-o rapidamente, sob o olhar preocupado da mulher ao seu lado. Assim que terminou de engolir, ela devolveu o copo que foi colocado na mesa ao seu lado.

– Como se sente? – A mulher perguntou, puxando uma cadeira para sentar ao lado da cama em que Quinn estava.

– Cansada. – Respondeu com a garganta ainda seca. – O que está acontecendo? Eu achei que tinha morrido...

– Ah, não, está tudo bem, bom, pelo menos aqui nesse quarto. – Katniss sorriu encantadora. Quinn franziu o cenho. – Tem uma revolução acontecendo, Lucy.

Quinn tentou arregalar os olhos, mas uma dor passou cortando por eles. Gemeu e os fechou com força. Katniss suspirou sabendo o que teria que fazer.

– Seus olhos?

– Sim, eles... eles estão ardendo, muito... – Gemeu novamente e levou as mãos frias até eles.

– É, eu imaginei que eles estivessem. – Katniss disse com um sorriso e Quinn não soube o que responder. – Não se preocupe, você não vai ficar cega nem nada, você passou por uma cirurgia nos olhos, mas vai ficar tudo bem.

Quinn tirou as mãos dos olhos e olhou para Katniss, com os olhos cerrados por causa da iluminação que ela nem sabia que incomodava. A morena quando percebeu tratou de pegar o controle para diminuir a iluminação e voltou-se para Quinn.

– E o que aconteceu para que eu precisasse de uma cirurgia?

A voz da loira saiu trêmula, ela tinha um certo pavor de morrer em cima da mesa de operação, mesmo que isso nunca tivesse acontecido e mesmo que ela nunca tivesse enfrentado uma operação antes.

– Você lembra-se do que aconteceu na Arena? – Perguntou e Quinn assentiu. – Bom, você levou uma quantidade de socos que foram o suficiente para arranhar suas córneas. E você poderia realmente ter ficado cega. – Quinn estremeceu e Katniss não se importou e continuou. – Você também quebrou algumas costelas e perfurou alguns órgãos, mas os médicos da Capital que temos para nós cuidaram de você.

– Vocês sequestraram os médicos? – Quinn sussurrou voltando a se deitar corretamente na cama, o sono fazendo sua voz ficar fraca e seus olhos pesarem.

– Não exatamente. Você ficaria deslumbrada se soubesse a quantidade de pessoas que são contra os Jogos Vorazes, Lucy. – Katniss disse ainda com um sorriso.

– Tem pessoas na Capital que são contra?

– Sim, muitas. E todas essas pessoas estão aqui, bom, claro que não todas até porque não sabemos se é um número tão grande, mas temos uma grande quantidade. – Katniss parou de falar quando viu que Quinn estava quase adormecendo. – Acho melhor descansar, você passou por muito.

– Mas... Rachel...? – Quinn tentou, ela não conseguia pensar em outra coisa no momento que não fosse Rachel.

– Ela está bem, está em um dos quartos daqui, ainda hoje se você acordar, pode ser que ela venha aqui, ainda precisamos te falar algumas coisas, creio que ainda tem duvidas. – Katniss foi diminuído o tom vendo que Quinn lutava para manter os olhos abertos.

– Eu ainda... ainda... ainda não sei como saí... – Respirou fundo e fechou os olhos.

– A Lopez virá lhe explicar, não se preocupe.

Lopez?

XxX

Estava do lado de fora do quarto quando uma mulher saiu. Ela conhecia, claro, era muito famosa para não reconhecer a mulher deslumbrante a sua frente. Katniss Everdeen. Os olhos azuis pousaram nos seus quando a mais alta olhou para baixo. Rachel se sentiu inferior diante do tamanho de Katniss.

– Oh, você é Rachel Berry. – Não era uma pergunta, Rachel percebeu, era uma afirmação.

– Uh, sim, sou.

– Claro que é. – Katniss sorriu simpática. – Hm, Lucy está dormindo, mas acho que você pode ficar lá.

E então a morena mais alta tocou o ombro de Rachel, saindo da frente dela e andando pelo corredor. Rachel observou o andar tranquilo de Katniss, e a postura felina. Era como se ela estivesse pronta para o que vier e de onde vier, mas ela está tranquila.

Então os olhos castanhos foram para a porta de metal a sua frente.

Respirou fundo e abriu. Não foi nada do que ela pensava. Quinn não estava com o rosto monstruosamente inchado, nem tinha feito plástica – sim ela meio que foi dramática – ela estava perfeita. Dormindo perfeitamente com a cabeça inclinada para a direita e o peito subindo e descendo calmamente. Com um sorriso de canto, Rachel se aproximou e tocou a testa da loira. Estava quente, morna, não fria como estava na Arena.

Sentou no canto da cama e segurou a mão de Quinn. Suspirou e deixou que as lágrimas escorressem pelo rosto. Seu coração estava acelerado. Não conseguia para de pensar na possibilidade de Quinn morrer, ela não queria pensar nisso, só queria pensar que ela estava aqui, as duas estavam, e estavam bem. Ainda não sabia bem o que estava acontecendo, e porque estavam nesse trem indo para o Distrito Treze, ela só sabia que Quinn estava bem, e as lágrimas que saiam eram de felicidade, e um pouco de aflição.

Inclinou o corpo para frente encostando a testa na de Quinn e fechou os olhos com força. Levou sua mão até o rosto da loira e acariciou a bochecha levemente com o polegar. Deus ela estava tão feliz por Quinn estar bem! Tudo que ela queria era que Quinn acordasse e ela a enchesse de beijos.

Sabia perfeitamente que tinha tirado a vida de alguém na Arena, sua mente fazia questão de lembrá-la disso. O tempo todo, mas pensar que tinha salvado a vida de Quinn fazia com que toda sua culpa se esvaísse.

Não pensou quando viu Ryder subir em cima de Quinn e socá-la sem pausas. Seu corpo travou e sua mente processava o que estava acontecendo. Queria ir lá e acabar com ele depois aninhar Quinn em seu colo, mas seu corpo tinha travado. Via Quinn levar aqueles socos, e quando viu o sangue escorrendo pela boca da loira, não pensou duas vezes quando ergueu o arco e mirou na cabeça de Ryder. Infelizmente – ou até mesmo felizmente – sua mira não era tão perfeita, e acabou acertando o peito do Lynn.

Abriu os olhos encarando os fechados da loira. Beijou levemente os lábios de Quinn e voltou a sentar normalmente. Ainda segurava a mão da loira e não conseguia tirar os olhos dela. Não fazia ideia de que horas Quinn iria acordar, mas queria estar presente quando isso acontecesse.

Quinn sempre gostou muito de te escutar cantar...

Seu pai adorava quando cantava para ele, antes de ele morrer. Sua mãe lhe criou dizendo que tinha uma voz incrível, e que adorava escutá-la. Rachel sempre cantava pela casa enquanto fazia seus afazeres. Todos no Distrito Cinco adoravam sua voz, e o presidente do Distrito a convidou para cantar em uma cerimônia de premiação de algo que não se lembrava, só lembrava de que tinha seis anos e cantava lindamente para todos do Distrito Cinco e para toda a Panem. Cresceu sendo queridinha da Capital por ter uma voz incrível, cantava em várias cerimônias e em vários palcos diferentes, mas nunca saiu do Distrito, a não ser para ir para a Capital.

Não sabia que suas apresentações eram transmitidas para outros Distritos. Principalmente, não sabia que Quinn adorava tanto sua voz. Lembrava das feições dela quando cantou na Arena enquanto Jesse dormia. Era pura hipnose, via o quanto Quinn parecia entorpecida por sua voz. E quando Santana disse que Quinn adorava escuta-la cantar, isso fez com que Rachel sorrisse.

Nenhuma música vinha em sua cabeça agora. Só uma para ser mais exata. A mesma que cantou na Arena, ela queria cantar. Lembrava perfeitamente da música, era do seu Distrito, tinha cantado ela antes para seu pai, na verdade a música era dele, mas ele não cantava, então pediu para que Rachel cantasse, e ela cantou. Lindamente.

Várias vezes seu pai disse que tinha feito para sua mãe, inclusive ele disse isso antes de morrer a seis anos. Ele também pediu para que Rachel cantasse um trecho da música, enquanto estavam os três reunidos no quarto, seu pai deitado na cama com um cobertor sobre a cama, os lábios roxos de frio e os olhos brancos com a cegueira. Rachel cantou. Cantou alto até seu pai sorrir e deixar ela com sua mãe.

Não ficou triste com a morte do seu pai, Rachel o amava, claro, mas sabia que ele estava em um lugar melhor do que nesse, onde crianças eram selecionadas para ser mandadas para a morte. A verdadeira carnificina. Rachel ficou feliz por ele. Sua mãe cuidava muito bem dela, mas as vezes Rachel a via chorando enquanto segurava uma das camisas do seu pai. E ela também chorava quando pedia para Rachel cantar a música.

Respirou fundo antes de começar, tinha que ser baixinho para que não incomodasse Quinn em seu sono.

I’ve been out on that open road

You can be my full time, daddy

White and gold

Singing blues has been getting old

You can be my full time, baby

Hot or cold

Começou e sorriu quando escutou um resmungo de Quinn, não sabia se era um sinal bom, mas o sorriso que se formou no canto do lábio de Quinn fez Rachel sorrir.

Don’t break me down

I’ve been travelin’ too long

I’ve been trying too hard

With one pretty song

I hear the birds on the summer breeze, I drive fast

I am alone in midnight

Been trying hard not to get into trouble, but I

I’ve got a war in my mind

So, I just ride

Just ride

I just ride

Just ride

Mesmo tentando cantar um pouco baixo, não conseguiu evitar acordar Quinn. A loira abriu os olhos e sorriu vendo Rachel cantando de olhos fechados enquanto segurava sua mão. Não disse nada, não queria estragar a magia que era escutar Rachel cantar, principalmente quando era para ela.

Dying young, and I’m playing hard

That’s the way my father made his life an art

Drink all day, and we talk ‘till dark

That’s the way the Road Dogs do it, light ‘till dark

Don’t leave me now

Don’t say goodbye

Don’t turn around

Leave me high and dry

Rachel alterou a letra, mas mesmo assim não se perdeu, continuou cantando lindamente, sem nem ter ideia de que Quinn a observava com um sorriso lindo brincando nos lábios.

I hear the birds on the summer breeze, I drive fast

I am alone in midnight

Been trying hard not to get in trouble, but I

I’ve got a war in my mind

I just ride

Just ride

– Isso foi lindo... – Quinn sussurrou e Rachel abriu os olhos e os arregalou olhando para Quinn.

– Eu... E-eu não queria te acordar, desculpa...!

Quinn riu roucamente e apertou a mão que era segurada por Rachel. O sorriso calmo no rosto da loira fez o coração de Rachel acelerar, ela amava aquele sorriso, era tão lindo, e nunca realmente viu aquele sorriso. Na Arena os sorrisos eram raros, e vendo eles ali, brincando nos lábios de Quinn fez Rachel se inclinar e encostar os lábios nos da loira.

Ela sentia falta dos beijos de Quinn, fazia pouco tempo desde que tinham saído da Arena, três dias, mais ou menos. Rachel não conseguia contar, ela não queria contar, só estava feliz por não estar naquela carnificina mais.

Quinn recebeu o beijo de bom agrado. A língua de Rachel entrou na boca de Quinn, e a loira a recebeu quase que desesperadamente. Sentia muita falta da boca de Rachel, mesmo não tendo noção de quanto tempo se passou. Levou a mão livre até os fios castanhos da nuca de Rachel e os acariciou enquanto a morena se perdia em seus lábios. Quinn sentiu o gosto salgado nos lábios de Rachel, sabia que a morena estava chorando, por isso se separou dos lábios e a olhou confusa.

– O que aconteceu? – Perguntou sussurrando e se empurrando para cima e se arrumar para sentar um pouco na cama. Rachel a ajudou mesmo chorando.

Quando a loira sentou Rachel abraçou sua cintura, escondendo o rosto no peito dela. Soluçava alto e forte, Quinn acariciava suas costas e seu cabelo acalmando-a.

– Shhh, você está bem, eu estou bem. – Quinn sussurrou contra o cabelo de Rachel. – Estamos bem.

Tinha tanta certeza em sua vez que Quinn conseguiu se sentir em paz, e até se permitiu sorrir abertamente. Sabia que esse era o momento em que Rachel liberava tudo o que estava sentindo, então deixou que a morena chorasse até se acalmar. O choro era alto, com soluços também altos, e isso fez com que Quinn fechasse os olhos sentindo a dor e o alivio que Rachel sentia.

– Eu... e-eu achava que tinha te perdido... você estava tão.. tão... argh – Rachel resmungou entre o choro e Quinn apertou os braços envolta da morena. – Eu... eu não quero isso, não mais... não mais...

– Estamos bem Rach, eu estou bem.

– Eu não quero te perder... – Choramingou e Quinn suspirou e pegou o rosto de Rachel entre as mãos e fez a morena lhe encarar.

– Você não vai me perder, eu prometo.

O rosto de Rachel se contorceu e ela voltou a chorar. Quinn sorriu e beijou os lábios da morena, um selinho delicado. Rachel segurou o rosto de Quinn, aprofundando o beijo e fazendo a loira deitar, deitando parcialmente em cima dela.

– Hey! Nossa pré-sexo aqui! – Santana entrou no quarto e Rachel pulou de cima de Quinn.

Quinn ficou confusa. Ela mal sabia onde estava, e ver Santana ali era muito estranho. E o sorriso gigante nos lábios da latina a incomodou. Era uma expressão totalmente diferente da ultima vez que se viram, Quinn lembrava dos olhos vermelhos e o rosto machado com lágrimas, ver aquele sorriso a assustou.

– Santana?

– Em carne e gostosura. – Ela passou a mão pelo corpo e Rachel franziu o cenho, ela tinha voltado a sentar ao lado de Quinn, agora com as mãos agarrando a da loira.

– O que faz aqui, alias, o que é aqui? – Quinn perguntou e olhou para Rachel que pareceu ficar um pouco pálida. Quinn ficou em alerta. E quando viu a expressão satisfeita de Santana, seu coração parou por um segundo. – O que está acontecendo?

– Isso é revolução, baby! – Santana disse com uma expressão vitoriosa.

XxX

– Você podia falar algo.

Quinn tinha ficado em silencio desde o momento em que Santana falou o que estava acontecendo, sentia uma bola em sua garganta, e parecia aumentar quando viu que Rachel estava de cabeça baixa, como se soubesse o que estava acontecendo.

Se sentiu... Traida. Usada. E até mesmo enjoada, queria entender antes de tirar conclusões precipitadas, mas isso não a impediu de desprender sua mão das garras de Rachel, que choramingou e a olhou com os olhos brilhantes. Quinn evitou olhar de volta e direcionou os olhos verdes na latina apreensiva na sua frente.

– Você poderia explicar. – Isso não era uma pergunta, e sim uma afirmação, e ela tinha que ter sua explicação, antes que se levantasse de onde estava e saísse pela porta, mesmo sem saber para onde ir, e nem mesmo fazer ideia de onde estava.

– Bem, tudo começou quando você foi selecionada, eu não sabia, vou logo dizendo! – Santana se defendeu, e Quinn sentiu um certo alivio se expandindo, mas seu olhar se grudou em Rachel, a morena parecia atenta a historia de Santana, como se não soubesse também. Quinn ficou confusa novamente.

– Certo... e?

– E... quando você foi selecionada, eu procurei... bem eu procurei os tributos vitoriosos. – Santana sentou ao lado de Quinn no pé da cama. – Como eu não conseguiria sozinha, pedi a ajuda de Frannie. – Quinn ofegou. Ela não sabia que sua irmã também estava nisso. – Sim, tem muita gente metida nisso! Você não faz ideia de quanta gente revoltada tem lá fora, quanta gente está do nosso lado. – Quinn cruzou os braços em um pedido silencioso para que Santana voltasse a falar do assunto passado. – Então, Frannie me ajudou a contatar Haymitch Abernathy, e bem, eu não fiquei surpresa ao ver que eles já tinham um plano e já tinham uma base no Distrito Treze.

– Distrito Treze? – Quinn resmungou e Santana assentiu cruzando as pernas. – Eu achava que eles não...

– Sim, o Distrito Treze existe. Também foi difícil para acreditar, mas eles me mostraram tudo, e eu tinha um plano para que a revolução fosse maior. Frannie não concordou no inicio, mas Ian a convenceu. – Ela sorriu e suspirou antes de direcionar seu olhar para Rachel, Quinn fez o mesmo. A morena estava parecendo um pouco perturbada. Quinn queria sentar novamente e abraça-la, mas ainda não sabia o resto da historia, e queria ter certeza do que Rachel e ela tiveram foi real. – Não sabíamos que Rachel Berry poderia ser escolhida. Quando isso aconteceu eu... Cara! Foi como se tudo se abrisse para mim! – Santana voltou-se para Quinn com os olhos arregalados e Rachel levantou da cama para sentar em uma cadeira. – Você e ela já eram queridinhas da Capital antes mesmo de tudo isso acontecer.

– O que? – Quinn se esforçou para sentar e Santana levantou para ajudá-la.

– Eu sempre soube da sua paixão reprimida por ela. – Santana brincou quando sussurrou para Quinn que corou fortemente causando um olhar confuso de Rachel, que provavelmente não ouviu. – Plutarch construiu a Arena, e nós não fazíamos ideia do quão inteligente ele foi, mesmo sendo muito obvio.

– As milhões de cavernas que tinham... – Rachel resmungou e Santana virou para ela.

– Sim.

– Vocês queriam que nos aproximássemos. – Rachel concluiu e olhou para Quinn. Finalmente a loira se sentiu aliviada por saber que Rachel não sabia de nada. – Queria nos transformar em Amantes Desafortunadas...

Santana riu e Rachel a olhou horrorizada: - Nós não queríamos isso, pode ter certeza, queríamos que fosse um choque. Duas garotas se apaixonando. Principalmente se uma delas for o Passarinho da Capital e a outra a Rainha da Fragrância.

– Rainha da Fragrância? – Quinn zombou e riu baixinho, Rachel fez uma expressão confusa e um pouco forçada.

Santana revirou os olhos e voltou a cruzar os braços.

– Eles lhe chamam assim, é um nome idiota.

– Com toda certeza.

– Certo, mas não é esse o ponto. – Santana se alterou e Quinn se forçou a ficar seria, ela queria escutar o resto da historia. – Bom, eu realmente não esperaria que tudo aquilo realmente fosse acontecer... bem... tudo mesmo...

Rachel corou fortemente e pigarreou olhando para o teto do quarto. Quinn sorriu, mas estava tão corada quando a morena.

– Bem, vocês não são o símbolo da revolução, e sim Katniss, ela ainda é a maior queridinha da Capital, e ela é o tordo, vocês são somente mais um gatilho para algo maior. – Santana esclareceu e Quinn suspirou.

– Por algum motivo, eu estou bem com isso. – Resmungou e Rachel a olhou confusa e até um pouco surpresa. Santana parecia estar na mesma situação. – Santana, eu vi tudo o que você passou, eu estive presente, eu senti a sua dor. – Os olhos da latina se encheram de água. – Depois da... morte de Daniel... eu... eu vi Santana! Por isso eu entendo o porque de você ter feito isso.

Quinn olhou para Rachel que estava no canto, os olhos presos nos seus. Quinn se odiou por desconfiar da morena, se odiou por ter afastado-a de si.

– Então.. Você está de acordo? – Santana perguntou com a voz um pouco fraca. Quinn direcionou os olhos para ela e viu que Santana estava meio abalada com o que tinha dito. – Você sabe que mesmo que se não tiver nós vamos fazer de qualquer jeito, não sabe?

– Está tudo bem, Santana, eu quero fazer isso. – Quinn assentiu e voltou a olhar para Rachel. – Rachel?

Rachel pareceu despertar de algum transe, a morena estava olhando para o chão fixamente até que Quinn a chamou. Então ela olhou para Santana e seus olhos ficaram doces.

– Eu quero isso também, eu... eu não sei o que aconteceu, mas... Eu quero acabar com isso. Meu pai... Meu pai ele sempre dizia que faria tudo para que os Jogos não existisse, e minha mãe ela... – Suspirou pesadamente. – Minha mãe eu nem sei se ela está bem.

– Shelby está bem. – Santana disse e Rachel a olhou. – Nós a tiramos do Cinco antes que algo sonhasse em acontecer.

– Ah, então... Sim. – E não disse mais nada.

Quinn se sentiu terrível. Ela não devia ter afastado Rachel, a morena parecia magoada por isso. Santana a olhou acusadora. Então a latina suspirou e levantou.

– Enfim, enquanto vocês resolvem aqui eu vou ver se você já pode sair desse quarto. - E então se virou e saiu do quarto deixando Rachel e Quinn sozinhas.

Rachel não encarou a loira em nenhum momento, Quinn suspirou e jogou a cabeça para trás no travesseiro. Ela fez uma burrice, um ato de desconfiança. E Rachel lhe deu muita confiança na Arena, e Quinn na primeira oportunidade desconfiou dela. Ela tinha que arrumar isso.