Distracting

◇ . único


A sala do clube estava vazia, Oreki sabia, por aquele motivo que decidira finalmente ir para lá, mas não podia ignorar a sensação de desconforto no peito.

Esperava que Chitanda o surpreendesse e estivesse lá? Que piada.

Deixou a mochila sobre a mesa, retirou o livro do bolso e sentou-se na cadeira perto à janela.

Não levou um segundo após abrir o livro e as palavras começaram a mover-se, nem terminou a primeira página e elas já estavam embaralhadas. Fechou o livro com raiva e tentou novamente iniciar a leitura depois de um tempo.

Só para se irritar mais uma vez por recordar alguém não desejado, a cada palavra que lia.

Beleza.

Os cabelos escuros como a noite se moviam de forma brusca de acordo com o tanto de que a dona deles se mexia.

Cerejeira.

Os lábios rosados de Chitanda se moviam rápido proferindo algo, com certeza banal, mas Oreki não conseguia ouvir as palavras. Sua boca era demasiadamente tentadora e estava invadindo seu espaço pessoal por demais para que ele pudesse ter compostura.

Curiosidade.

Os olhos roxos brilhando de excitação e curiosidade o prendiam, como faria uma sereia antes de levá-lo ao fundo do mar.

Inocência.

“Estou curiosa, Oreki-san” A frase fora dita em alto e bom som.

Oreki ofegou quando a luz do sol bateu em seu rosto, trazendo-o de volta ao mundo real. Ainda podia sentir o calor do corpo dela perto do seu braço direito, no entanto, a sala estava vazia. Tinha medo da sua imaginação e ainda mais do que Chintanda havia feito consigo. A garota havia o hipnotizado sem nem mesmo estar presente.

Fechou o livro, fatigado.

Algo que Oreki não admitia de bom grado era que Chintanda o distraía, afinal, para se distrair com algo é preciso estar interessado naquela coisa, sendo assim Chitanda o interessava. E nem que sua vida dependesse dessa confissão, diria que estava interessado na garota.

Não gostava de ter seu rosto decorado na mente, ou saber exatamente suas ações e falas seguintes, muito menos de seus olhos acabavam sendo atraídos por alguém tão fora do seu padrão de vida. Chitanda era como uma paleta de 34 cores, enquanto ele era cinza, o bom e estagnado cinza. A garota era energética e excêntrica, se preocupava com os outros além da conta e se esforçava para ajudar o máximo possível, inocente, inteligente, amável, carinhosa, esforçada e acabava encantando quem a visse com sua beleza tradicional e personalidade carismática. Definitivamente, não tinha chance alguma de Oreki se interessar por alguém assim – Satoshi e Mayaka eram provas reais, porém, ela havia conseguido. Sabe lá Deus como.

Chitanda era o maior mistério que Oreki já tentara desvendar. Quanto mais pensava sobre o assunto, mais a ouvia dizer seu nome, mais observava aqueles olhos cheios de perguntas para fazer, mais fundo adentrava naquele mundo de cores.

Em algum momento, ele já não conseguia mais sair daquela sinfonia de cores. Não conseguia ver sua vida cinza e pacífica. Ao conhecer Chitanda, Oreki apenas piscou e todo seu mundo cinza tomou cor. E por um não tão estranho motivo, não quis sair daquele mundo colorido. Era aconchegante, tinha música, o vento balançando as flores e podia ouvir risadas doces. Oreki se distraiu com o sorriso radiante, com a mão quente que segurava a sua, puxando-o pelas flores que cheiravam tão bem, com a voz doce dela. Se apaixonou pelo mundo de cores que a garota o levou, e também por ela.

Oreki sorriu, admitindo para si que talvez, a ideia de se distrair por Chitanda Eru, não fosse tão ruim assim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.