William abriu os olhos devagar, ainda um tanto desorientado. A dor nas costas denunciava a noite mal dormida na poltrona do seu escritório. Em sua frente à tela da TV aparecia apenas uma tela preta com umas listras coloridas passando. O vídeo tinha chegado ao fim provavelmente há horas. Espreguiçou-se e sentiu duas mãos envolvê-lo e um beijo molhado em seu pescoço, Renesme.

— Bom dia, meu pardal. – falou.

— Senti saudades suas na cama ontem... – sussurrou ela.

— Falhei com você, realmente. Me desculpe, amor.

Renesme subiu no colo dele e, como pôde se aconchegou em seus braços como um macaquinho na árvore. William aproveitou para envolvê-la e aspirar o cheiro gostoso dos cabelos de sua esposa.

— Deixe me ver o que te tirou da minha cama a noite inteira.

— Vai se surpreender.

A princesa olhou presunçosamente para o marido e apertou o botão do controle. Na tela apareceram algumas filmagens caseiras. Era o seu pai, seu avô, seu tio, sua avó, enfim, sua família num passado distante. Realmente se surpreendeu. Não conhecia essas imagens antes.

— Eu nunca tinha visto isso antes.

— Bem, foi sua avó que mandou pra mim.

O ano ela não podia dizer, mas só poderia ser na década de 90. Edward poderia ter entre oito ou nove anos. Seus cabelos loiros quase sumiam diante da luz do sol. As mãos eram pequenas, tentava equilibrar um violão maior que ele. Mas parecia obstinado a tentar aprender. Renesme sabia que seu pai sempre gostou de música. Tinha um ouvido bom e traduzia as notas apenas escutando. Começou a tocar piano aos cinco anos e depois disso não parou mais. Carlisle parecia orgulhoso do filho. Sorria para a esposa que filmava e destinava palavras encorajadoras.

— É assim que começa filho. – dizia na filmagem enquanto bagunçava os cabelos de Edward.

— Eu vou conseguir.

— Claro que vai. Só é pequeno ainda para um violão grande.

Os dedos ainda tentavam extrair algum som das cordas quando a imagem muda para alguns garotos brincando de futebol ao longe. Depois muda mais um pouco para uma pequena Alice com suas xícaras de chá, obrigando a sua boneca e seu primo emburrado a seguir com os seus planos.

— Mãe! – Emmett gritou ao longe. – Você filmou o meu golaço?

A câmera foca novamente no garoto, que já era quase um adolescente, com sua bola suja nas mãos e o suor pingando em sua testa.

— Perdi essa filho, me desculpa.

— Pai? Nós ganhamos de 3 a 0! Não é um máximo?

— Maravilha! – Carlisle falou ainda com a atenção voltada para o violão e Edward.

— Por que não vai lá e faz outro gol para eu registrar? – sugeriu Esme.

— Agora não tem graça! O bom é mostrar na hora.

— Desculpe, mais uma vez. Mostra pra mim qual é a técnica de um bom gol.

A câmera segue o garoto até um campo improvisado e as imagens seguem com Emmett explicando pacientemente como angular a bola e o chute para que acerte a rede em sua frente. Parecia levar muito a sério o que fazia.

— Eu vou ser um jogador e tanto quando eu estiver maior, você vai ver! – falou confiante. – Minhas pernas vão estar maiores e eu vou conseguir fazer mais técnicas.

— Você vai ser um rei um dia. Não há espaço para futebol.

Pierino falou enquanto se aproximava do neto. O velho rei estava em uma cadeira de rodas e se movia devagar pelo campo. O menino olhava para o avô quase como se estivesse assustado e pego em uma travessura.

— Ele encontrará tempo para jogar uma partida. Dará para conciliar tudo. – Esme falou ao fundo. Emmett continuava olhar para a sua bola. – Esportes são ótimos para saúde.

— Talvez, Talvez... Vou te ensinar a caçar garoto. Já está na idade.

Emmett deu um leve entusiasmo e olhou para o avô pela primeira vez. Mas não se pôde ouvir a resposta dele, pois a gravação acaba e passa outra em seguida. Era o aniversário de Alice. A vela em cima do bolo indicava sete anos, mas ela era muito pequena para aparentar essa idade. Renesme e William já podiam reconhecer o jeito serelepe dela. Ela se balançava toda em cima da cadeira e Esme tentava segurá-la. Quando a cantoria terminou ela assoprou a vela, mostrando sua banguela enquanto sorria em seguida. Dava para ver claramente que Emmett desejava aprontar empurrando a cabeça da irmã no bolo em forma de brincadeira, mas Edward olha com uma cara feia para o irmão. A princesa sempre ouviu do tio que ele tinha medo do olhar reprovador de seu irmão por que parecia de um serial Killer. Ela sempre sorria.

Esme e Carlisle não perceberam a possível má criação do filho mais velho, pois estavam absortos em Alice. Ela realmente parecia uma estrela que atraia toda a atenção para si.

— Agora está pronta para o seu presente? – Carlisle perguntou.

— Oba! – falou batendo palmas.

— Está logo ali.

A menina mal deixou o pai falar e já saiu correndo para um lugar que não era mostrado nas imagens. Carlisle e Esme tentaram alcançar a filha e ela já estava em frente a um cavalo porte baixo, pônei, e já batia as mãos animada.

— Amei! Amei!

— Agora a tampinha vai poder perder as corridas para nós, Eddy. – Emmett falou. Alice mostrou a língua para o irmão.

— Se comportem! – disse uma voz logo atrás e que não aparecia nas imagens. – Isso não é um comportamento adequado para um príncipe e uma princesa.

Renesme viu o tio emburrar e podia imaginar que a voz vinha de sua bisavó. Carlisle ignora a mãe e coloca a filha em cima do animal e dá umas voltas com ela pelo jardim, que a princesa imaginava ser em Clarence. Alice seguia animada. Isso deixava Renesme muito admirada. De todos na família, Alice era a que menos se interessava por cavalos.

Depois de um tempo, Carlisle a trouxe de volta para a posição inicial e ela desceu do animal subindo pelas costas do pai. O príncipe a carregava animado como se a filha fosse uma mochila e se animava quando a pequena dava uma gargalhada contagiante.

— Quem é a bonequinha do papai?

— Eu!

William deu um pause na imagem e olhou para a esposa que ainda continuava olhando para a tela.

— Isso explica tanta coisa. – falou.

— É como eu te disse antes. Eu não peguei essa fase. Eu sentia algo estranho sim entre papai e o tio Emmett, mas acho que foi consequência de tudo isso. Acho que de alguma forma papai se sente mais maduro do que o titio e o julga, embora o relacionamento deles seja ok. Para perceber isso é necessário observar bem os detalhes.

— De certa forma seu pai realmente é mais maduro. Mas qual relacionamento não fica com sequelas, não é?

— Com certeza. Porém, de certa forma, é triste isso. Por que ambos não têm nada a ver com tudo que aconteceu. Foram apenas arrastados nessa onda que destruiu um amor fraterno tão lindo!

— Seus avós também têm culpa nisso. Nas imagens é bastante perceptível que Carlisle, principalmente, dava muito mais atenção a Edward e Alice do que a Emmett. Enquanto isso, o coitado era cobrado de todo lado.

— O vovô se sentia mesmo mais a vontade com o papai. Eles eram bem parecidos e havia mais afinidade. Enquanto tia Alice sempre foi a menina de ouro dele. Simplesmente, ele fazia tudo que ela queria. Enquanto os dois dizem que o tio Emmett é o favorito da vovó.

— O que não é uma família sem os seus problemas, não é?

— Verdade.

Duas batidas na porta chamou a atenção dos dois. William já imaginava o que poderia ser. Ajeitou Renesme em seu colo, mas sem deixa-la escapar e pediu o mordomo para entrar.

— Senhor, Hawthorne Abendsen está aqui.

— Obrigado. Por favor, leve-o até a sala e sirva alguma coisa pra ele. Vou me preparar para recebê-lo.

— Certo.

O mordomo saiu e Renesme saiu do colo do marido, mas não antes sem dar-lhe um selinho.

— Se o William de alguns anos atrás visse você agora, certamente daria uma risada.

— Verdade. Mas prefiro a minha versão atual.

— Eu também. Agora vá. Não deixe Abendsen esperando tanto. Enquanto isso vou acordar a nossa pequena dorminhoca para o café da manhã.

William sorriu e segurou a esposa mais uma vez, dando um beijo em sua mão antes que ele saísse também para um banho. Em instantes, estava na sala com Hawthrone Abendsen. Jamais, em outras circunstâncias, imaginou esse encontro. Ele era um jornalista renomado, mas preferiu dedicar a vida ao palácio. William muitas vezes achou isso desperdício, mas agora, estando fascinado como está pelo íntimo da família, que agora é sua também, reconhecia que era uma aventura e tanto.

Abendsen era a melhor pessoa para compreender a família real belgã. Começou a trabalhar no palácio em 1997, no auge da transição entre o reinado de Pierino ao de Carlisle e assim ficou ocupando a sua função até alguns anos atrás, mesmo estando oficialmente aposentado. Agora estava lançando um livro sobre sua experiência dentro dos bastidores da realeza. William não podia perder a oportunidade de conversar com ele.

— Acho que o x da questão é Carlisle. – William afirmou. – Ambos sentiam inconscientemente uma vontade de agradá-lo, de corresponder as suas expectativas.

— É algo realmente a se pensar. Se levarmos para a psicologia, os meninos tem esse desejo de seguir o pai. É a tal da figura do herói.

— É o que eu penso. Não acho que Carlisle fazia isso de proposito, mas sua atenção sempre foi dedicada mais a Edward e Alice do que Emmett.

— Quando cheguei ao palácio, os príncipes estavam na adolescência. Emmett ainda não tinha 14 anos. Não era o rebelde que ficou conhecido anos mais tarde. Pelo contrário, era o artilheiro do time de futebol da escola. Todas as revistas teens falavam sobre ele. Era o colírio das adolescentes, enquanto Edward era posto na sombra do irmão.

— Acha que eles se sentiam confortáveis com isso? – perguntou William.

— Oh sim! Imagina! Qual garoto dessa idade não quer ser o centro das atenções? Emmett era um garoto bonito mesmo, então tinha todos os apetrechos para ser o futuro rei dos contos de fadas que todos queriam. Já Edward sempre foi aquele mistério. Ninguém sabe realmente ele está pensando. Acho que ele se conformou com a sua posição de step do irmão.

— Mas por outro lado, a personalidade de ambos não coincidia com a posição que tinham. Edward era mais seguro para assumir grandes responsabilidades e Emmett era apenas um rosto bonito, era isso?

— Acredito que sim. Isso devia o incomodar bastante. Imagina você ser comparado com o seu irmão o tempo inteiro.

— Verdade.

William pensou em seu caso e no de Gaspar. Ele e o irmão eram o verdadeiro oposto um do outro. Não lembrava de querer, nem inconscientemente ter um lugar de destaque em sua família, pelo contrário, queria era sair dela a qualquer custo e Gaspar se aproveitava para criar a sua imagem de filho perfeito. William sempre odiou essa hipocrisia por que sabia bem dos podres de seu irmão.

— Isso piorou em 94, acredito. – disse Abendsen. - Eu não estava lá ainda, mas esse ano foi um divisor de águas. O rei Pierino teve o seu primeiro ataque cardíaco e obrigou Carlisle a virar regente. Então, o palácio teve que começar a preparar a transição.

— O fato de Emmett, que parece gostar de uma vida confortável, de ser mimado por seu posto, ter que ficar restrito a regras que seus irmãos não eram obrigados a seguir foi algo perturbador.

— Esse é o ponto. Emmett depois começou a querer curtir a sua adolescência e isso foi bem no período que seu pai agora era o monarca e ele definitivamente era o próximo na linha sucessória. Tinha que crescer nem que não quisesse. Ele não tinha maturidade pra isso. Imagina um garoto de 16 anos, quem não contestou as coisas nessa idade ou fez algumas besteiras.

William concordou com a cabeça, lembrando-se que saiu de casa com mais ou menos essa idade. Tinha brigas calorosas com os seus pais. Os hormônios estavam fervendo e compreendia bem como era ser um rebelde. Entendia Emmett.

— Acho que 1994 é o princípio do conflito, então. – falou.

— Tudo é uma construção. As coisas já andavam complicadas antes disso, mas 1994 colocou tudo no ventilador.

O jornalista concordou e fez algumas observações em seu bloco de notas.

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 24: O ano em que tudo mudou.

Em 1991, Carlisle e eu completamos 10 anos de casados. Ele me presenteou com uma propriedade em uma ilha próximo ao Rio de Janeiro, onde tivemos uma espécie de segunda lua de mel. Lembro o quanto ele estava animado. Lily e James ainda não haviam falecido, então parecia que tínhamos um início de década promissor. Nossos filhos já estavam mais crescidos. Nossa cabeça estava cheia de planos para o futuro e por Deus! Tínhamos conseguido passar esses anos todos muito unidos, mesmo com todos os fatores contra nós dois como casal durante anos.

Aquele para mim foi um grande marco. Estava mais reflexiva. Assim como em toda aquela década de 90. Tudo era um aprendizado. Já não éramos mais aqueles dois jovens que queriam mudar o mundo. Estávamos trilando próximos aos 40 anos. Então, era como se um filme passasse diante de nós.

Nossas pegadas ficavam na areia da ilha. As minhas mãos grudavam a dele. A noite estava tão linda no Brasil. Era a maior lua que eu já tinha visto na minha vida. Tão cheia e brilhante. A brisa batia em nossos cabelos. Resolvi sentar na terra gélida da noite. Carlisle sentou atrás de mim, colocando as pernas em torno das minhas. O ar que saia de sua respiração aquecia o meu pescoço.

— 10 anos. Quem poderia imaginar? – comentei.

— Você não se arrepende, não é? – ele me perguntou e eu sorri. Como eu podia? Ao lado dele eu tinha conseguido tanto, algo que jamais poderia imaginar! Tinha uma família linda, um homem que me dava tudo. Amor, parceria, amizade, um reino.... Literalmente. O que mais eu poderia ter querido mais?

— Você sabe que não. Só estou pensando... Tanto a gente conquistou nesses anos todos, não?

— Estamos chegando na metade dos 30, ainda não é hora de ter crise da meia idade.

— Eu sei. Mesmo assim, fico pensando muito nisso. Parece que vivemos várias histórias em uma. Várias gerações em 10 anos. É loucura!

— Tentamos, você diz. Não acho que tenhamos conquistado tudo que queríamos.

— No trabalho, talvez não. Mas falo de vida. Carlisle, Emmy já tem quase dez anos. Daqui a pouco ele vai ter uma vida própria e isso me preocupa muito. Não só com ele, mas com todos da geração dele.

— Lá vem você querendo abraçar o mundo com as mãos.

— Não é isso, é que nosso filho vai ser rei um dia e eu me preocupo com que tipo de monarca ele será. Que mundo o receberá.

— Acho que Emmett tem que ser ele mesmo. Eu penso que talvez ele não irá ter mais um trono quando tiver a minha idade. Não acho que isso seja ruim, se isso for o melhor para todos, entende? Não quero que ele reproduza um padrão do tempo do meu pai. Os valores mudam, a sociedade é dinâmica. Quem sabe o que os anos 2000 irão trazer para nós?

— É sobre isso. Acho que a gente devia trabalhar mais nesse ponto, sabe? Em coisas que vão ser primordiais para o século XXI. Não sei se quero que meus filhos tenham que fazer as loucuras que a gente fez na juventude.

— Não acho que a gente fez errado. Era diferente. Tínhamos um monte de coisa para pôr no lugar. Era uma era de transformações. Espero que daqui umas décadas o mundo do futuro seja muito melhor do que esse que a gente viveu. Veja o que está acontecendo? Não dou um ano para essa maldita Guerra Fria termine.

— Não acha que extrapolamos em alguns momentos?

Carlisle olhou para o mar em nossa frente, certamente lembrando-se de quando éramos adolescentes. Naqueles tempos onde nossa única preocupação era chutar algumas garrafas.

— Aquilo foi necessário. Era um contexto completamente diferente.

Sim, era, mas naquele momento, com a maturidade, eu vinha buscando fazer uma análise de tudo. Algo que para o meu marido levou bem mais tempo para atingir aquela serenidade que todos conheciam. Como bom aquariano, ele não se encaixava em padrões. Sempre tinha alguma luta para travar... para chegar em lugar nenhum. Carlisle sempre foi um sonhador e justiceiro. Sempre tudo para ele era uma contínua transformação. Mas depois do que eu vivi, com tantas perdas, com tudo que tive que lidar, especialmente no meio político. Eu estava numa fase mais descreditada. Mais pé no chão.

Os anos 90 veio mostrar o quão fracos somos e nem insubstituíveis. Pensei muito nisso enquanto fizemos a nossa turnê pelo Brasil para participarmos da ECO 92. A preservação do meio ambiente sempre foi um tema muito caro para Carlisle. Eu assistia às palestras, visitava parques ecológicos e conversava com estudiosos e me dava conta de que o que fazemos hoje será fruto de amanhã. Fiquei com aquilo na cabeça durante toda a viagem.

Eu pensei em meu próprio comportamento. Ficava revirando tudo e refletia. Será que tudo era mesmo preto no branco? Adiantou todo aquele radicalismo? Que tipo de imagem eu queria que os meus filhos tivessem de mim? Eu falava com Emmett e Edward pelo telefone e sentia o soar da voz deles diferente. Sentia que o tempo corria e escorregava pelos meus dedos. Isso me preocupava.

— Não fique se martirizando, meu bem. Fizemos o que tínhamos que fazer.

Carlisle mais uma vez me tirava o foco. Suas mãos passeavam pelos meus cabelos e rosto. O toque de seus lábios nos meus me entorpeciam. Na verdade, a única coisa que eu jamais me arrependeria foi de ter me entregado de corpo e alma para ele. Até acho que isso teria acontecido de toda forma. Eu e ele tínhamos uma ligação muito única. Nos completávamos muito mais do que fisicamente como qualquer casal. Éramos chamas gêmeas que se compreendiam, que procuravam uma a outra como uma peça que colavam. Por isso, nem chegávamos perto da onda de divórcios que corroíam a maioria dos casados naquele começo de década. Éramos um time e tanto, necessitávamos um do outro.

Mas nem seus carinhos e amor, desviavam os meus pensamentos e receios naquele momento. Era como se uma onda negra pairasse. Na verdade, ela nunca saiu de cima de nossas cabeças. Eu tinha vivido tantas tragédias. Tinha precisado lutar tanto, me defender sempre e nunca descansava. Aquilo me cansava, me deixava apreensiva por que os meus filhos estavam crescendo e viveriam tudo aquilo. Não seria um castigo pela nossa rebeldia?

Na verdade fiquei pensando nisso durante toda a turnê. Eu sentia um aperto grande no coração, como se previsse que algo iria acabar dando errado. Tentei pôr na minha cabeça que eu pensaria com calma em outro momento, afinal de contas, meu marido não viraria rei amanhã e nem mesmo Emmett.

Depois de dois dias no Rio, seguimos para Washington para fazer uma visita oficial ao presidente dos Estados Unidos, que estava interessado em firmar negócios com Belgonia. Formos muito bem recebidos por George W. Bush na Casa Branca. Levamos, na época, Alice e Harry e eles amaram correr por aqueles corredores. A primeira dama havia sido muito amável e preparou para eles algo divertido nos belos jardins do palácio americano. Lembro que eles ficaram falando por uma semana das coisas que puderam aproveitar nos Estados Unidos, principalmente a “liberdade” que tiveram. Acho que minha filha jamais se esqueceu disso, apesar de ser muito pequena naquele momento, ela viria escolher a América para completar os seus estudos e viria a casar-se com americano, aliais quase todos os meus filhos viriam se encantar com os prazeres que esse país tinha.

Porém, o que mais me recordo dessa viagem foi, em especial, as reuniões que tivemos. Na ocasião formos tratados como os próprios chefes do nosso país. Lembro-me de Bush dizer que em breve Belgonia teria nova cara e isso combinava com o que a Casa Branca estava interessada. Fiquei pensando sobre isso. Carlisle mesmo já se comportava como um chefe de Estado. Não tinha dúvidas que seria um maravilhoso! Mas a dor da expectativa que aquilo estava próximo me assombrava. Fiquei imaginando como seria a nossa vida depois que isso acontecesse. Temia as mudanças e mais uma vez pensei em Emmett. Senti um arrepio. Se tudo em nossa volta mudaria, imagine a dele. Pensei em tudo que ele não viveria. Nas responsabilidades que teria que ter e nas coisas que iria ter de abdicar. Não seria algo fácil.

Voltamos pra casa, Carlisle vinha falando sobre como Bush tratava as coisas com muita frieza.

— Ele falou como se papai já não existisse. Concordo que o jeito do rei Pierino é antiquado. Mas falar que queria fazer acordo comigo descartando a figura dele como algo sem serventia... Me deixou intrigado.

— E não é isso que todos somos? Um dia você será rei e tratarão Emmett como alguém superior a você. As coisas funcionam assim. O novo se sobressai ao velho.

Carlisle franziu a testa. Eu estava mesmo amarga. Estar com o presidente da república americana, entrar em contato com todo aquele jeito capitalista deles, me fez perceber que os meus sogros estavam envelhecidos. A qualquer momento o bastão teria de ser passado para frente. Como eu e meu marido lidaríamos com isso? Era algo que me deixava ansiosa.

Pelo visto, não era algo que somente eu pensava. Eliuzabeth e Pierino também estavam começando a inserir Emmett nos preparativos para o seu futuro. Ele agora tinha compromissos, na Escola tinha aulas especiais e eu sentia que ele odiava tudo aquilo. Observava a “liberdade” que os irmãos tinham, principalmente por terem mais tempo para se divertirem, enquanto ele estava ocupado com suas obrigações. Edward o acompanha algumas vezes para ser mais solidário ao irmão. Mas aquilo parecia irritar ainda mais o meu primogênito.

A rainha Elizabeth contratou tutores para dar lições para Emmett no palácio, de forma que complementasse os estudos que tinha na escola. Ele os recebia com rabugice.

— Eu não quero ser rei! – Gritava e chorava.

Edward ia até ele e o abraçava.

— Calma Emmy! Ser rei é bem legal também. – dizia ele sem ao menos entender o que estava dizendo.

— Então, você devia ser rei.

Eu intervia quase sempre. Chamava Emmett para uma conversa e tentava explicar a importância daquilo tudo. Não tentei impedir quando os meus sogros quiseram prepara-lo para o seu futuro. Eu também estava percebendo que aquilo era mais do que necessário. Eu tinha experiência o suficiente com os acontecimentos em minha família que tudo podia mudar a qualquer instante. Era bom ter munição.

Entretanto, tenho que concordar que tudo passou um pouco do ponto. O meu plano e de Carlisle era inserir Emmett aos poucos nesse universo. Principalmente quando ele fosse capaz de entender a sua missão. Um menino de dez ou onze anos ainda sonha em ser um astronauta. Mas como dizer para ele que nem isso poderia ser? Quando se nasce na realeza à única possibilidade existente é ser rei, rainha, príncipe e princesa. Alguns até podem achar que isso não é ruim. Mas ninguém enxerga que é uma vida inteira dedicada ao outro e nunca a si próprio. O meu filho estava começando a se dar conta disso. Principalmente quando entendia que seus irmãos não recebiam o mesmo tratamento que ele.

Isso era algo que me incomodava demais. Carlisle e eu sempre nos esforçamos ao máximo para não tratá-los diferente. Até por que o nosso amor por eles sempre foi igual. Mas todos em volta faziam questão de explicitar que Emmett era superior aos outros. Era melhor tratado, tinha mais privilégios. Muitas vezes presenciei a cozinheira cortar o pedaço de bolo maior para Emmett por que ele era o “reizinho”, lógico que como criança, ele gostava, mesmo que depois acabasse dividindo com os irmãos. Mas eu entendia bem o que aquilo significaria e por isso repreendi centenas de vezes quem fazia tais absurdos. Eu não queria uma guerra entre irmãos.

Entretanto, a comparação entre ambos era mesmo inevitável. Edward era mais “maduro”, entendia bem as coisas em sua volta, mesmo quando pequeno. Várias vezes me peguei contando os meus problemas para ele e o via escutado atentamente e depois passando as mãozinhas em meu rosto. Emmett era mais levado, porém extremamente dócil, não conseguíamos ficar com raiva dele por muito tempo. Um era o inverso do outro, mas ao mesmo tempo, se completavam.

Essa diferença de personalidade era o fator determinante para certas preferências dentro do palácio. Eu sabia que o meu sogro gostava da companhia de Edward. Ambos amavam ler e conversar papos “mais cabeça”. Muita coisa que ele aprendeu para sua atual função foi com o tempo em que passou com o avô. Emmett detestava as reuniões dos Cavaleiros que tinha que participar ao lado do rei. Gostava mais de caçar e cavalgar, isso por causa do seu jeito mais energético. Era difícil as pessoas compreenderem os seus gostos. Queriam moldá-lo como numa receita de bolo. Um futuro monarca devia ser sério, educado, polido e não piadista. Isso acabava sempre entrando em pauta na hora de repreensões.

— Você devia ser mais como o seu irmão! Veja como ele é comportado. Não tem mais idade para agir como um moleque.

— Então por que não o escolhem como o rei?

Eu só esperava que com o tempo Emmett amadurecesse e compreendesse o que deveria ser feito e principalmente, dissociasse o que era algo profissional e o que era familiar. Que nunca sua relação com o irmão viesse ser prejudicada por causa de títulos de realeza. Pois isso era o que eu achava mais valioso entre os dois. Eu sabia que ambos se amavam e cuidavam um do outro. Emmett protegia Edward daqueles que não o compreendia e recebia o apoio de seu irmão mais novo quando a cruz de suas responsabilidades ficava pesada demais. Para mim nunca existiu rivalidade entre eles. O que aconteceu em seguida foi uma criação midiática.

Porém, tudo isso começou a ser testado no minuto em que algo terrível e inesperado aconteceu. Eu lembro bem quando tudo mudou. As coisas que vem para sacolejar a nossa vida nunca somos avisados. Vem assim de surpresa, sem avisar. Como uma grande brisa que trazem nuvens que anunciam uma tempestade que cobre o sol de verão.

Foi exatamente assim que aconteceu. Era uma manhã quente de agosto. Estávamos em um resort em The Riverlands aproveitando o restante das férias escolares das crianças. Carlisle brincava animado de vôlei com Alice e Emmett. Eu preferi ficar apenas na beirada segurando Harry que ainda não sabia nadar direito. Tentava seguir os passos de seus primos, mas ainda era muito pequeno para nadar como eles.

Meu olhar se dirigia a Edward. Ele estava quietinho do outro lado da piscina, lendo uma revistinha. Eu me preocupava com ele, devo confessar. Claro que os meus filhos não eram obrigados a serem todos iguais. Mas essa introspecção dele acendia a minha lanterna vermelha.

— Harry, querido, que tal brincar um pouquinho lá fora agora? A titia está com sede.

— Okay. – falou meio a contra gosto.

Ajudei-o a sair da piscina e ele logo correu para brincar com a sua bola de futebol. Sai da piscina e me dirigi a Edward. Ele estava tão distraído que nem percebeu quando sentei ao seu lado.

— Não quer brincar na piscina também?

— Não acho que não.

— Por quê? – falei enquanto passava a mão nos seus cabelos loiros. – É tão divertido! Seus irmãos estão amando. A água está ótima!

— Eu tenho vergonha. – falou acanhado.

— Vergonha por quê?

— Sou muito branco.

— Todos somos, querido. Por isso viemos aqui, para pegar uma cor.

— Acho melhor não.

Resolvi não insistir. Edward nunca se deu conta de sua imensa beleza. Vivia numa crosta que não o permitia ver nada além de suas próprias inseguranças. Isso já estava despertando minha atenção naquele momento, porém não sabia que viraria algo tão sério no futuro.

Carlisle saiu da piscina com as crianças e resolvi ir de encontro a ele. Mesmo se aproximando dos 40 anos, eu ainda o achava o homem mais lindo do mundo. A idade só o fazia melhor, era como um vinho. Ele me viu o observando e me abraçou. Apertei as suas costas molhadas e alcancei os seus lábios.

— Que férias maravilhosas! Faz tempo que não podemos respirar assim. – falou.

— Vou até bater na madeira. – Carlisle sorriu ao meu lado.

Pensando por esse lado, faziam anos que não tínhamos nada de muito grande acontecendo. Estávamos ali fazendo o nosso trabalho, vendo as crianças crescerem e tentando aproveitar os bons ventos. Emmett iria entrar em Hollywarts naquele outono. Era um marco. Antes dele, Carlisle e Pierino já tinham passado por lá. Meu esposo estava com altas expectativas. Hollywarts tinha sido sua primeira escola e guardava boas lembranças de lá, onde tudo era divertido. Bom, eu não podia afirmar nada. Eu nunca tinha tido dinheiro para uma escola tão cara, mas confiava na escolha do meu marido.

— É ruim nesse momento dizer que estou preocupada com Edward?

Carlisle me olhou com um olhar estranho. Não tinha se dado conta do modo do seu jeito arredio.

— O que tem ele? – agora olhava para o nosso filho que ainda continuava absorto em sua revista.

— Ele é muito retraído. Percebe que não se junta a ninguém? Está sempre sozinho. Isso me preocupa.

— Ele é apenas um garoto tímido, meu amor. Você vai ver. Quando chegar a hora dele para Hollywarts, ele vai encontrar a sua tribo.

— É acho que pode ser isso... Mas é meu dever de mãe se preocupar. Ele é tão diferente de Emmett. – falei olhando para o meu primogênito correndo com Alice e Harry como se tivesse a idade deles. Ambos o seguiam como se ele fosse um verdadeiro líder.

— Emmett... É com ele que me preocupo. Espero que Hollywarts lhe dê mais maturidade. Não vai ser nada fácil quando ele começar a ser encaminhado para o seu futuro como príncipe herdeiro.

— Ele ainda não tem nem 11 anos. Não podem exigir que ele se transforme em um adulto da noite para o dia. Está falando que nem sua mãe.

— Ok. Deixemos as crianças de lado. Eles estão bem e saudáveis. Vamos curtir o momento.

Mas nada podia ser bom pra sempre, não é? Isso foi uma lição que aprendi ao longo dos anos. Viver entre os Cullens era estar em uma montanha russa em constante movimento. Quando você acha que está tudo bem, vem algo que te empurra para o alto novamente.

Eu estava me balançando na rede armada debaixo dos coqueiros com Alice e Harry, um em cada lado do meu corpo, quando vi as nuvens começarem a cobrir o sol. Imaginei: “Nossa! Acabou a diversão!”. Não levantei de imediato. Imaginei que poderia ser algo passageiro. Fechei os olhos, apertando as crianças em meu peito.

— Alteza.

Abri os olhos e vi um de nossos seguranças me olhando. O que poderia ser?

— Sim?

— Tem algo importante a informar. Tentei contatar a sua alteza, o príncipe herdeiro, mas não o encontrei.

— Acho que ele saiu com os meninos. O que houve?

— Sua majestade, o rei, está no hospital. Teve uma parada cardíaca.

Me levantei num salto, acordando as crianças. Não podia ser. Eu não conseguia acreditar. Pierino parecia tão bem, sempre tão forte como um touro. Aquilo não parecia se encaixar.

— Como ele está agora?

— Está passando por uma cirurgia delicada. Acho que é melhor voltarmos para Belgravia.

Assenti e levei as crianças para dentro. Quando Carlisle chegou as nossas coisas já estavam arrumadas. Ele olhou com curiosidade. Pedi para que Emmett e Edward fossem tomar banho para que pudéssemos ir. Eu tinha pensado em mil maneiras de contar ao meu marido essa tão má notícia. Por mais que houvessem tido mil problemas entre eles, ninguém gostaria de saber que seu pai estava correndo risco de vida. E foi exatamente assim. Ele ficou um bom tempo abraçado a mim, num choro silencioso. Não precisava dizer nada. Eu sabia tudo que ele estava sentindo.

Quando chegamos à capital já era tarde. O percurso todo foi silencioso. Carlisle abraçava Alice com tanta força que não sei como ela não reclamou. No fundo, sabia que ele precisava dela naquele momento. Precisava de todos nós.

O palácio estava silencioso e escuro. Logo nos avisaram que a cirurgia havia sido bem sucedida e agora Pierino descansava. Vi Carlisle soltar o ar de alívio. Tomou um banho, trocou de roupa e seguiu para o hospital. Todos queriam falar com ele como um bando de abelhas em torno da colmeia. O rei não tinha dito nada, a legislação determinava que a rainha poderia virar regente na ausência do monarca, mas Elizabeth já tinha manifestado o desejo de que Carlisle assumisse. Mas ele, naquele momento, não estava pronto pra isso. Pedi para que conversassem essas questões com ele depois.

Fiquei com as crianças em casa. Tentei agir naturalmente, embora elas tivessem muito agitadas. Quando perderam seus avós maternos, apenas Emmett havia nascido. Quando Lily partira, eram muito pequenos, então aquele momento era a maior tragédia que presenciavam em suas vidas.

— Mamãe, o papai vai ser rei? – Emmett perguntou para mim enquanto eu o colocava para dormir.

— Não agora, querido.

— Eu não quero que o vovô morra por que assim papai será o rei e eu serei o próximo.

— Não precisa se preocupar com isso agora, sim?

Eu dizia isso, mas nem eu estava sendo muito convincente. Eu também estava com medo, essa era a verdade. Uma coisa é saber que um dia, no futuro, em algum momento distante você ocuparia uma posição importante, outra coisa é saber que a hora tinha chegado. O que fazer agora? Ninguém te prepara para algo assim.

Desde aquele período, eu já sabia que Emmett não queria assumir o seu futuro como rei. Mas ele tinha apenas 10 anos quando seu avô ficou doente. Para um menino, aquilo era surreal! E nem deveria ser o momento para se pensar em algo tão grande como administrar um país inteiro. Imaginei que aquele temor seria passageiro, como o meu seria e acho que foi ai que perdi o controle da situação.

Fiquei pensando sobre tudo isso quase a noite toda. Não consegui pregar o olho até a chegada de Carlisle. Quando isso aconteceu, o recebi de braços abertos. Foi a primeira vez que eu o vi chorando, a ponto até de soluçar de tanta dor. Eu apenas o abraçava, beijava o seu rosto e transmitia-lhe carinho. Ele não conseguia dizer nada, apenas expressava sua dor. Quando adormeceu, já era quase de manhã. Carlisle se aconchegou em meu peito, aspirava o meu cheiro e só assim conseguiu descansar.

O sol já estava a pino quando nos levantamos. Por debaixo da porta havia um lenço de papel com os seguintes dizeres: “Não fique triste papai. Tudo vai ficar bem!”. Edward e sua sensibilidade única.

Mal pudemos encarar todos os acontecimentos quando nos jogaram em várias reuniões seguidas. Pierino tinha tido um enfarte e precisava de tratamento no pós- cirurgia. Ele estava bem e todos esperávamos que aquilo seria apenas uma fase ruim e passageira. Então, Carlisle foi convocado a assumir as funções do pai até o momento do pleno retorno dele, o que não aconteceu tão brevemente, um ano e meio para ser mais precisa.

Foi inevitável pensar que tudo tinha mudado. Ficamos profundamente felizes em saber que Pierino ficaria mais um tempo entre nós, porém, como sempre, as obrigações vinham em primeiro. Uma verdadeira força tarefa foi criada para uma transição fosse feita a partir daquele momento. Tudo começou a ser preparado para que nós e qualquer um começasse a se preparar para o futuro próximo. Acompanhar tudo isso foi espantoso. Não pela frieza em que tudo era preparado, isso eu já tinha me acostumado naquela altura, mas como tudo aquilo era completamente bizarro. Ninguém lembrava que ali eram pessoas. Pierino quase havia morrido, Carlisle estava tentando absorver, tentando tocar o barco para frente e Emmett, bom, sua infância foi lhe arrancada de um dia para o outro no minuto em que se deram conta que era necessário criar uma nova cara para o futuro da realeza. Ninguém pensava nas consequências disso, apenas agiam como se fossemos um produto a ser manejado.

— Foi horrível ver papai daquele jeito, Essie. – Carlisle me falou. – Ele estava ali tão frágil...

O abracei mais forte. Nunca tinha visto o meu marido tão abalado. Ele tremia. Suava frio. Eu compreendia totalmente, acho que agora ele também entendia o que passei. Por mais que tenhamos mil problemas com os nossos pais. Por que isso é absolutamente normal devido ao fato de termos vindos de gerações diferentes e sermos seres humanos duros, exigentes e até arrogantes. Esquecemos que eles também tiveram suas lutas e dores como nós. Mas somos incapazes de entender isso no egoísmo da nossa juventude. Agora, quando eles estão partindo, tudo cai sobre os nossos ombros.

— Eu me arrependo de tudo, Essie. Estou me sentindo tão culpado!

— Entendo. Mas, olha seu pai vai ficar bem. Vocês ainda vão ter tempo para se entender.

E realmente tiveram. Pierino se recuperou bem da cirurgia. Acho que os cinco anos que se sucederam até o seu falecimento foram os mais tranquilos no palácio. Carlisle e eu estávamos mais maduros, já víamos as coisas com mais clareza. Ainda não concordávamos com muitas coisas, mas agora não havia discussões épicas como antes. Tínhamos um único foco. Trabalhar. Por que havia muito a ser feito e não queríamos que tudo ficasse solto. A única meta era cuidar de Belgonia, só não esperávamos as consequências que teríamos que enfrentar depois de algo que estava acontecendo de baixo dos nossos narizes e nem ao menos percebemos. Esse sim foi o meu maior arrependimento. COMENTEM PARA EU SABER O QUE PENSAM DA HISTÓRIA!