“Como é difícil dizer adeus...”

Ichigo P.O.V:
Eu não sei dizer se vou ter um infarto agora ou daqui a pouco, porque meu coração está batendo tão rápido que parece que sair pela minha boca.
Estávamos vasculhando o corredor vazio, os meninos que foram na frente não viram nenhum “guardinha” então a barra tá limpa.
Eu estava pensando, será que a Akane está realmente bem?, talvez eu conseguisse pensar melhor se alguém não me balançasse tão rápido que me fez voltar à realidade.
–Ichigo! O que fazemos agora, hein?! - Syo disse, desesperado.
–Calma, Syo! Eu sou uma só!
–Tá, desculpa. Foi mal aí.
Cecil na mesma hora colocou uma mão no topo da cabeça de Ichigo e encarou Syo:
–Não pressione a MINHA Ichigo!
–Eu não sou sua namorada. - respondi séria, não tenho mais a paciência de antes, alguns segundos depois me arrependi amargamente. E comecei a falar comigo mesma bem baixinho – Eu sou uma idiota, sem filtro, porque eu fui grossa justo com ele?!

Syo, Tokiya, Masato, Ittoki e principalmente o Ren, começaram a encher o saco de Cecil, me fazendo sentir pior ainda:
–AHAAAAAA, NÃO CREIO! FOI O FORA DA HISTÓRIA! DEPOIS DESSA EU VOU ANOTAR!!! - gritavam os meninos, Cecil estava com cara de bosta.
–Vão à merda, tá? - ele mostrou o dedo do meio.
–Oh, você sabe xingar!! - me surpreendi.
–Claro que sim. - ele me olhou feio.
Eu me fudi, eu vou pro inferno depois desse olhar mais frio que gelo. Devia ter calado a boca enquanto pude, mas NÃÃO tive que responder, que bocuda.
Depois de algum tempinho aguentando a zoação dos meninos, ouvimos um grito que parecia muito familiar:
–AI PORRA! DÁ PRA PARAR DE ME BATER!? EU NÃO SOU SACO DE PANCADAS NÃO!
Syo ficou extremamente alerta, fazendo os meninos se calarem pra ver se ouvia mais alguma coisa.
–Quietos!! Eu acho que ouvi alguém gritando!
– AVE MARIA, QUANDO EU SAIR DAQUI JURO QUE TE ESPANCO ATÉ VOCÊ PARAR NA CHINA!
– Pessoal, eu tenho mais do que certeza que é a Akane!! - disse Syo ansioso.
– Sim! Ela pode estar com a Nanami-Senpai, temos que ir logo! - eu disse, começando a correr.

Depois de corrermos até o fim do corredor, os gritos ficaram mais altos e cada vez mais nervosos, não estávamos longe. Ren olhou para os lados e um pouco mais para frente tinha uma porta entreaberta com as luzes acesas.
– Alí! Tem uma porta aberta bem ali na frente, deve ser onde elas estão. - disse Ren, todos estavam parados esperando alguém começar a correr, mas ninguém se mexia. - VAMOS LOGO, O QUE VOCÊS VÃO FICAR FAZENDO AÍ?! TEM VIDAS EM JOGO! - depois disso, todos nós começamos a correr.
Quando eu estava prestes a escancarar a porta Tokiya entrou na minha frente, impedindo minha passagem, eu não entendi o por que, mas se for preciso eu derrubo ele!
– Ichinose-san...! - antes de começar a discutir, ele me interrompeu.
– “Ichinose-san”? Faz praticamente um ano que nos conhecemos e você ainda me chama pelo sobrenome?! - Disse Tokya, indgnado. - E antes que me interrompa, você não vai entrar aqui sozinha de jeito nenhum!
– Como assim?! - fiquei brava, eu tinha que entrar de qualquer jeito – Eu vou entrar e pronto, dá licença! - desviei para um lado e ele me acompanhou, desviei para o outro e ele não me deixou passar. Por favor, alguém me diz porque eu não posso entrar?
Cecil puxou Tokya, o substituindo na minha frente, e disse com a cara amarrada:
– Não pode e fim de papo.
Sério que ele estava ainda bravo por causa daquele fora? Cara, eu não devia ter dito aquilo. Antes que eu pudesse dizer algo, a porta se abre num estrondo e Akane aparece afobada com algemas quebradas e acaba batendo de leve em Cecil:
– Não faça isso, Cecil-kun – disse Akane, com uma voz incrivelmente fina e baixinha.
– AKANE! - todos gritaram, felizes.
– Não...! - parecia que essa Akane estava mais fofa do que o normal, ela parou pra pensar – É a Ichigo!
– EU TÔ AQUI, MEU! - me aproximei, e percebi que o olho de Akane não estava azul, mas sim amarelo e verde, tinha alguma coisa errada. Então descobri o que tinha acontecido – Nanami-Senpai, bela tentativa...
– Bem, eu tentei né... - Nanami baixou os olhos e corou um pouquinho.
– Como assim “Nanami”?! Esta aqui é claramente a Akane! - Ren disse, colocando o braço ao redor dela.
Não creio que ele acreditou nesse disfarce, segurei no topo da peruca vermelha que Nanami-Senpai usava e a puxei para baixo, Ren abriu a boca surpreso, e eu só o olhava, esperando sua reação.
– É a Ovelhinha!!
– Jura, Ren?! - disse Syo, que também tinha descobrido de primeira.
Mesmo depois de descobrir o disfarce falido, abracei Nanami-Senpai com força e logo todos vieram nos abraçar também. Graças a Deus estava tudo bem, meio caminho já estava andado.

Akane P.O.V:
Aqui estou eu, fingindo ainda estar presa, disfarçada da Nanami-Senpai... E isso me irrita, porque ela é muito fofa e eu sou meio que... bruta! Já apanhei umas três vezes e não pude dar um chute neles de volta para não descobrirem que foi ela quem escapou.
– E aí, vadiazinha? Vai continuar assim quietinha? - perguntou um capanga.
Não responda Akane. Não responda Akane. Não responda Akane. Eu não posso responder!!
– Ei, me responda, mulher! - ele me deu tapa na cara.
Me irritei, essa foi a gota d'água. Segurei seu braço antes que ele pudesse me bater de novo e finalmente o respondi:
– Experimente colocar essa mão suja em mim de novo, que eu quebro ela agora mesmo...
– Ah, é? Duvido!
– Pois bem. - Usei só metade de minha força para torcer seu pulso. Não cheguei a quebrar, mas isso vai doer pra caramba.
Ele gritou e meio mundo pôde ouvir, essa era sem dúvidas a hora que eu devia sair dalí. Corri o mais rápido que pude, mas na hora em que cheguei no meio do corredor, dei de cara com dois seguranças enormes que estavam vindo para descobrir o que aconteceu.
Tentei dar meia volta sem eles perceberem minha presença, mas foi em vão, pois eles começaram a gritar:
– Peguem ela!! E achem a outra!!
Droga, hoje não é meu dia de sorte.
Virei rapidamente sem ser vista e fui parar em um corredor movimentado, mas quem estava alí eram os meus amigos. Desesperada corri até eles, precisava avisar que estavam atrás de mim e Nanami. Tropecei em alguma pedrinha que estava por aí, e acabei dando um gritinho, o que fez Ichigo olhar para mim assustada e agarrar o braço de Syo que começou a correr na minha direção.
– AKANEEEE! - ele gritou, quando me reconheceu.
Antes que pudessemos nos encontrar sinto alguém puxar meu braço e cobrir minha boca. Todos olham na minha direção, assustados, dava pra ver em seus olhos que mais gente estava chegando.
Depois de alguns minutos estávamos cercados, fodeu.

~*~

Ichigo e os garotos estavam rodeados de bandidos, mas Akane se solta com facilidade, dando uma cabeçada no cara e o deixando inconsciente.

Nos próximos minutos houveram chutes, empurrões, socos, tapas e tudo o que se pode imaginar, até restar somente dois em pé, que era Ichigo cuja as forças estavam esgotadas, mas ainda estava com os punhos firmes, não iria desistir tão fácil. A outra pessoa que também estava mal se aguentando era um dos banidos que estava ferido, mas o que Ichigo não esperava era que ele tinha uma "carta na manga", um revólver pequeno que ele apontou para ela.
– Acabou a palhaçada, mocinha... - disse o homem, logo depois ouviu-se disparo.
~*~

Nanami P.O.V:
Depois que vi o homem se levantar e apontar aquela arma na direção de Ichigo, me desesperei, não posso deixar ela morrer assim, eu tenho que fazer algo para impedir!
Corri rapidamente ao encontro de Ichigo e a empurro para o lado, fiquei de cara com o capanga.
'BANG'
Não tenho palavras pra expressar a dor que sinto, caí no chão antes de perder os sentidos e olhei para o lado, e todos me olhavam chorando desesperadamente, lágrimas escorrem de meu rosto também,é inevitável... Sinto alguém colocar minha cabeça no colo e já sem forças digo...
– Por favor, não chorem ao se lembrar de mim... E... Só sorriam... Eu... amo vocês...
Assim minha visão escureceu e logo minha dor tinha passado, obrigada por tudo pessoal...

Ichigo P.O.V:
– NANAMI, POR FAVOR! - eu disse, desesperada, ainda não acredito no que ela fez por mim, é muito doloroso - NANAMI-SENPAI, NÃO NOS DEIXE POR FAVOR!
Sinto alguém colocar a mão em meu ombro direito, e por um instante desvio minha visão embaçada pelas lágrimas e vejo que é Akane, de cabeça baixa, sei que ela está se esforçando ao máximo para não chorar :
– Ichigo... Pense no que a Nanami-Senpai disse, sorria.- ela levantou o rosto e sorriu tristemente.
Consegui ver a dor de Akane refletida em seus olhos, me levantei rapidamente e abracei ela fortemente, eu estava chorando por ela também.
Logo vi Natsuki vir nos abraçar também, Cecil ficou de frente para mim com lágrimas nos olhos, então todos os meninos vieram também e ficamos assim por algum tempo, compartilhando nosso sofrimento para aliviar um pouco.
E pensar que tudo isso é minha culpa...

~*~

Depois de toda a confusão, o velório de Nanami Haruka já estava pronto. Todos estavam completamente depressivos e quietos, mas a que mais estava abalada com a situação eram Ichigo e Akane por mais que tenham a conhecido há pouco menos de um ano.

– Se não fosse por mim, a Nanami-Senpai ainda estaria viva, e vivendo bem, conosco. - dizia Ichigo que tinha parado de chorar fazia um tempo.
– Ichigo, não foi sua culpa. Ninguém esperava que aquele cara tirasse um revólver da calça. - Akane tentava convencer sua amiga, mas foi em vão.
– FOI SIM! - Ichigo gritou, estava de saco cheio de tudo. Não aguentava mais ficar naquele ambiente. - SE EU NÃO FICASSE PARALISADA, SE EU TIVESSE AO MENOS TENTADO FUGIR, A NANAMI-SENPAI NÃO ESTARIA...- ela parou de gritar,não queria dizer essa palavra. - Saco Akane, você não me entende!
Ichigo saiu do velório e correu para escola, Cecil que já acompanhava a briga das duas decidiu seguí-la, não podia deixá-la sozinha num momento desses. Ela já estava perto dos dormitórios, mas suas pernas não queriam colaborar muito já que tinham acabado de lutar por suas vidas. Ichigo lembrou do sorriso de Nanami quando elas se encontravam no campus e voltou a chorar.

Cecil P.O.V:
Demorei um pouco para encontrar a Ichigo,parecia que ela tinha sumido de vez. Pouco tempo depois a encontrei olhando para o lago, o rosto estava marcado pelas lágrimas que secaram, o que a deixou com um ar bem melancólico.
Me aproximei dela e pus a mão no topo de sua cabeça, o que a fez dar um pulinho de susto e logo depois de me encarar com dúvida desviou o olhar novamente.
– Ei, Ichigo, não fique assim. - eu quebrei o silêncio, mas ela ainda não olhou para mim - Está difícil para você, eu sei...
–É minha culpa.- respondeu Ichigo, me olhando nos olhos com um pouco de raiva - Está horrível, não está difícil! Sinceramente, ninguém entende que fui eu quem causou essa perda! Tudo estaria bem se eu tivesse usado minhas luvas naquele cara! NADA DISSO TERIA ACONTECI...
Não deixei ela terminar a frase, isso já está me irritando, então agarrei seus pulsos com força para não deixá-la fugir e gritei:
– EU TE ENTENDO! Você pode achar que a culpa foi só sua, mas todos nós temos esse sentimento!! - Ichigo me olhava assustada, tentei não ligar - Você simplesmente gritou com a sua melhor amiga que está sofrendo o tanto quanto você, só por que ela tentou te consolar!! Ichigo, NÃO É SUA CULPA, TÁ? CARAMBA, PARA COM ISSO!
Ela não disse mais nenhuma palavra, só me olhou bem nos olhos e quando afrouxei seus pulsos ela começou a chorar novamente e muito alto. E-Eu acabei fazendo ela chorar, mas foi preciso...
De repente Ichigo coloca as mãos para esconder o rosto e se encosta em meu peito, por um instante fico sem reação, mas logo a abraço forte.
– Você não está sozinha nessa. - digo e ela me abraça de volta.

Akane P.O.V:
Depois que fomos embora, fui para a fonte que ficava no meio do campus, agora vazio por causa do cair da noite.
Olho para o céu, hoje ele vai dar uma festa, mais uma estrelinha se mudou pra lá. Decido não segurar mais as lágrimas, essa é a primeira vez que choro sem me importar muito com o lugar em que estou.
– Como é difícil dizer adeus para você Nanami-Senpai... Irá fazer muita falta... - digo.

Syo P.O.V:
Ainda estamos muito abalados com o que aconteceu, passo pelo campus sem ter o que fazer com pensamentos inúteis e avisto Akane olhando para o céu, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Wow, eu nunca a vi chorar, nem quando estava machucada, mas isso deve ter sido o máximo que ela pôde aguentar.
– Akane, tá tudo bem? - falo sem pensar muito.
– Huh? - ela diz surpresa, rapidamente limpa o rosto com as mãos e sorri - S-Syo! T-Tudo bem sim.
Como se fosse instintivo a abraço e acaricio sua cabeça, ainda bem que cresci um pouco, ela me abraça de volta e começa a chorar de leve, palavras não eram necessárias, só a presença de alguém para ter com quem contar.

~~CONTINUA BABYY~~