— Zayn’s POV –
Uma gota acertou o rosto de Paola. Seus olhos se voltaram para o céu e depois para frente. A única coisa que piscava em minha mente era: Corre! E foi isso que eu fiz. Passei em disparada ao seu lado e comecei a correr em direção a casa da árvore. Correr ao mesmo tempo em que carrega uma porção de galhos não é tão fácil como parecia. Escutei os passos de Paola me seguindo e depois a vi do meu lado. Eu sei que o está passando em sua cabeça: “Eu sabia que isso ia acontecer! Mas não... Essa coisa de topete acha que está sempre certo e insistiu em trazer a porcaria dos galhos...” E bla, blá, blá... Era só questão de tempo pra ela começar a discutir.
Voltei a me focar em chegar rápido na casa da árvore. Não estávamos longe, mas nos perdermos era a coisa mais fácil de acontecer. A chuva começou a apertar e gotas mais fortes e largas começaram a cair. Trovões e raios partiam o céu. Será que a chuva é pior quando está na mata? Um raio atingiu uma arvore a 700 metros de nós. Cacete. Comecei a correr mais rápido. Paola já tinha largado todos os galhos no caminho e estava me ultrapassando gritando centenas de palavrões sem nexo.
Quando finalmente avistei a escada, nunca me senti tão feliz. Assisti Paola segurando a escada e começando a subir. Acho que não é uma boa hora para isso, mas a minha visão estava ótima. Não me venha falar que estou errado em fazer isso, todos os homens do mundo fazem e eu bem que vi ela me olhando hoje. Paola subiu as escadas e eu não resisti em observar a cena, e não demorou muito para que a graça acabasse e ela chegasse na casa da árvore.
- MAS QUE PORRA DE CHUVA É ESSA? – Ela gritou passando a mão em seus braços tentando tirar a água. – Eu disse que ia chover e esses galhos não iam dar em nada, Zayn!
- Pelo menos, nós temos galhos! – Eu bati meus pés tentando tirar o barro. – Acho que a Malu e o Harry estão chegando. – Apontei para janela, onde eu escutava gritos de xingamento. – Harry.
- Joga essas porcarias de galhos em qualquer lugar. – Ela revirou os olhos.
- Não chama eles assim! – Protestei.
- Eu... Esquece. – Ela foi até a rede. – Tayná?!
- Estamos aqui em cima! – Tayná disse. – Eu e o Niall vamos dormir aqui... Se vocês não se importarem...
- Tá, Tá, só usem camisinha! – Ela gritou pegando um cobertor. – Ou não usem e me deixem ser madrinha do bebê!
- Espero não ter interrompido nada, Niall! – Eu gritei dando uma risada.
- Tarde demais, babaca! – Ele disse de volta.
Continuei rindo enquanto jogava os galhos no tal ‘buraco’. Tentei acendê-los em vão. Estavam molhados demais. Paola tinha razão, mas eu é que não ia falar isso pra ela. Quando me voltei para olhá-la, ela já estava fazendo isso, com um sorriso vitorioso no rosto. Revirei os olhos e ela riu, jogando um cobertor em minha direção.
- Eu preciso dizer a frase: “Eu avisei”? – Ela sentou em uma rede.
- Não. – Peguei o cobertor e fui até a rede que estava ao seu lado. – Parece que essa noite vai fazer frio... Não temos galhos... secos.
- É, estou sabendo. – Ela se deitou na rede puxando o cobertor até seu pescoço. Eu fiz o mesmo.
Eu não falei mais nada, apenas encarei o teto, tentando respirar regularmente. Estava escuro, chovendo e frio. Não era exatamente o feriado prolongado que eu queria. Escuro demais. O desespero começou a surgir em mim, eu odeio escuro, tenho medo. Barulhos de animais e mosquitos soavam e me deixavam inquieto. Porra. Me virei na rede e levei o cobertor até meu ouvido fechando os olhos. É só respirar...
- Zayn? – Paola me chamou.
- Eu... – Disse sem abrir os olhos.
- Eu meio que estou... Nervosa. – Sua voz não era muito agradável... Parecia estar meio tremula. – Tá escuro, né?
- Aham, mas é só não pensar nisso, tá? – Eu disse tentando ser forte. Ela já tinha me ajudado pra caramba, era a minha vez de fazer isso... Não era?
- Não está funcionando. – Ela começou a se remexer na rede. – Preciso pensar em alguma coisa que me acalme...
Acalmar... Palavra difícil para uma situação pior ainda. Pensa Zayn, pensa... Ela tinha dito alguma coisa em relação a isso na noite da piscina, mas o que? Abaixei meu cobertor colocando meu braço por cima. Olhei-o cuidadosamente... É ISSO! Minhas tatuagens, ela disse que quando contornava as minhas tatuagens ela se acalmava.
- Minhas tatuagens! – Eu disse me levantando um pouco. – Elas te deixam mais calmas não é?
- Sim, mas... – Ela respondeu baixo. – Posso dormir ai? – Não sei o motivo, mas aquela pergunta me fez dar uma risada fraca.
- Vem logo. – Eu sorri ao vê-la levantar e andar na posta do pé enrolada em seu cobertor. – Mataremos dois coelhos com um tiro, ficará calma e ao mesmo tempo isso ajuda com o frio e... – Ela parou e me encarou levantando as sobrancelhas. – No bom sentido!
- Tá. – Ela respondeu. – Abre um espaço ai.
Fui um pouco para o lado, deixando espaço para que ela deitasse. Eu era mais pesado, então seu corpo escorreu até o meu, fazendo com que ficássemos juntos o suficiente para que sua perna ficasse por cima das minhas. Estiquei meu braço o colocando em cima do cobertor. Paola deitou sua cabeça em meu ombro e tocou em meu braço. Seus olhos fixavam no número 6 e seu indicador começou a contorná-lo. Seu indicador batia em meu braço enquanto ela cantarolava uma música. Demorou muito tempo para que eu percebesse que era McFly. Love is Easy.
Percebi que Paola já estava mais calma, isso porque seus batimentos já estavam bem menos acelerados. O problema? Eu não estava lá aquelas coisas. Eu tenho medo de escuro, mas estava me fazendo de fortão. Comecei a mexer meu pé nervosamente. Paola me deu uma olhada estranha levantando a cabeça. Tentei não encontrar os olhos dela. Ela percebeu. Como eu sei? Bom, foi depois disso que ela levou sua mão até minha nuca. Fiquei tenso tentando entende-la. Ela começou a mexer em meu cabelo, seus dedos entrelaçaram nos meus fios. Meu corpo inteiro se arrepiou. Pior foi quando ela percebeu que aquilo não estava ajudando muito a me relaxar e teve a brilhante ideia de tocar seus lábios em meu pescoço. Senti seus lábios percorrerem minha pele.
Sim, ela estava mexendo em meu cabelo enquanto beijava meu pescoço, na rede, de noite, no escuro, com metade do seu corpo em cima de mim. Não pude impedir minha mente de imaginar o que podia acontecer em seguida. Eu teria o prazer de esquenta-la, de tirar aquela blusa justa e com certeza de ter seu corpo em baixo do meu. Me amaldiçoei por não trazer minha carteira pra porcaria do acampamento, lá havia uma coisa que, bom... Ia ser bem útil. Mordi meu lábio me lembrando de que ela não estava pensando do mesmo jeito, pois pra ela, isso era um modo de me ajudar.
- Mas o que vocês estão fazendo? – Harry apareceu para estragar o meu divertimento. Paola parou de beijar meu pescoço, mas continuou com uma das mãos em meu cabelo.
- A Paola tem medo de escuro, então provavelmente ela pulou para a rede do Zayn como um cachorrinho na chuva. – Malu puxava sua blusa branca para frente.
- A Malu me conhece muito bem, Harry, escute-a. – Paola disse dando um sorriso. – Contornar as tatuagens do Zayn me acalma e beijo no pescoço o acalma. – Ela deu de ombros. – Simples assim.
- Sinto segundas intenções no ar. – Harry deu uma piscada em minha direção. – Espertinho...
- Cala a boca, Harry! – Revirei meus olhos ainda com vontade de dar um soco nele. – Ta um frio do cacete, se eu fosse vocês dormiria na mesma rede... ah, e pegue dois cobertores.
- Paola, você tem uma blusa na mochila? A minha é branca, está transparente e encharcada! – Malu perguntou.
- Não tem nada ai que eu já não tenha visto, relaxa. – O sorriso sacana de Harry fez com que eu desse uma risada e Malu jogasse um olhar da morte em sua direção.
- Eu acho que sim... – Paola levantou sua cabeça de meu ombro. Aquele calor já estava fazendo falta. – Está ali! – Ela apontou para a mochila e voltou a se deitar.
Malu e Harry falaram mais algumas coisas e depois de discutir e dar umas risadas se deitaram na rede ao nosso lado. Harry começou a falar coisas pervertidas como: “Sexo na rede? Isso é novo para mim!” E Malu fez junções de palavrões que eu nunca tinha visto. Paola não falava nada, só dava risada, e eu a acompanhava. Quando finalmente tudo ficou quieto, as únicas coisas que se escutava era o barulho dos bichos.
- Você sabe que esses bichos podem entrar aqui de noite e nos atacar né? – Eu sussurrei para Paola. Ela arregalou os olhos e logo em seguida virou um tapa em meu peito.
- Cala a boca, você quer me deixar acordada a noite toda?! – Ela bufou e fechou a cara. – Eu vou dormir.
Eu comecei a rir e ela puxou o cobertor até o pescoço e escondeu o rosto em meu ombro. Podia sentir seus lábios cochichando algumas coisas, provavelmente me xingando, até que finalmente cai no sono.

***

Senti alguma coisa nas minhas partes baixas. Sim, onde você está imaginando. Era como se alguém estivesse tocando lá, se é que você me entende. Franzi os olhos. Não sei se eu ficava com medo ou feliz. Afinal, podia ser que o Harry estava sonâmbulo e estava com a mão em minhas partes... Ou podia ser a Paola. Hm, ok, agora as coisas ficaram mais divertidas. A Paola estava com a mão em cima do meu...
- Zayn... – Ela sussurrou em meu ouvido. Sua voz estava incrivelmente sexy, será que era sempre assim quando ela acordava ou ela queria me provocar?
- Eu... – Meus olhos continuavam fechados, mas eu estava sorrindo.

— Não surta tá? – Ela disse bem perto de meu pescoço o que me fez arrepiar e ficar mais excitado.
- Pode falar. – Eu sussurrei.
- Tem um esquilo em cima do seu... – Ela não conseguiu terminar de falar. Eu abri meus olhos e vi o animal em cima de mim.
Meus olhos se arregalaram ao ver a imagem. Dei um berro fazendo com que meu corpo quase começasse a se debater. Sai daí seu animalzinho... Comecei a mexer a mão tentando afastá-lo até que ele saiu. Porém, isso não impediu que meu corpo fizesse mais um movimento brusco e a rede virasse, fazendo com que meu corpo e o de Paola caíssem no chão com força. Olhei para Paola que estava com as costas no chão, porém se contorcia um pouco de dor.
- Er... – Ela se virou para mim com a cara amarrada. – Desculpa?
- Sai. De. Perto. De. Mim. – Ela se levantou irritada. Andou em direção a rede de Harry e Malu e deu uma empurrada. – Levantem, temos que achar a porcaria da trilha... Ou achar água, isso já seria um bom começo.
- Tô bem aqui. – Malu disse voltando a fechar os olhos.
- Não perguntei se você estava bem. – Ela respondeu pegando uma garrafa de água e as ‘comidas’ que nós tínhamos. – Vamos tomar café da manhã.
- Ela é sempre assim mal-humorada de manhã? – Perguntei me aproximando do lugar onde, agora, Paola estava sentada.
- Só quando é jogada de uma rede. – Malu disse dando risada e se sentou. – Quem vai acordar a Tayná e o Niall?
- Eu é que não vou, vai que os dois estão pelados. – Harry se sentou dando de ombros. – TAYNÁAAAAAAAAAAAAA, NIALLL, CAFÉ DA MANHÃ QUERIDINHOS! – Ele deu um berro que deve ter vindo de dentro da próstata dele.
- Estamos aqui. – Tayná apareceu na escada. – E estamos bem vestidos, ouviram?
Ninguém falou nada. Só começamos a rir e continuamos a conversando enquanto abrimos um pacote de bolacha e um doritos. Ambos acabaram em 5 minutos, e lá se foram mais um pacote de bolacha e um doritos. Ótimo, agora já era. Quando paramos de comer, percebemos que só restaram um pacote de bolacha e três maças. A água já estava quase no final, mas teria que durar para a caminhada.
Arrumamos nossas coisas e começamos a descer indo embora da casa da arvore. As meninas falavam alguma coisa de sentir saudades de lá, enquanto eu dava graças que nós estávamos saindo dali. Começamos a caminhar em direção a tal cachoeira que nós havíamos visto. O caminho era longo e cansativo. Estava frio, porém não sentíamos tanto por estarmos caminhando há quase uma hora. Olhei para o lado e vi Malu deitada na mala do Harry sendo arrastada. Tayná cantarolava e pegava flores de tudo quanto é lugar nos chamando de lesmas. Paola estava ao meu lado, arrastando os pés enquanto Niall... Estava nas minhas costas.
- Não acredito que você está carregando o Niall! – Malu disse ainda jogada. – Devia estar ME carregando!
- Ele me ama mais. – Niall disse dando um sorriso.
- PARA LIAM! – Uma voz familiar soou. Todos nós nos viramos para o local de onde ela veio. Elisa.
- ELISA, VOLTA AQUI! – Era a voz de Liam. – A Mari e o Louis voltaram pra cabana! – Ele continuava a falar.
Nós todos nos encaramos. Era obvio que nós estávamos perto do acampamento. Aqueles babacas não tinham ido procurar nós? Eu vou pegar o Liam e o Louis e dar um belo soco na cara de cada um. Estavam tão preocupados em dar uns beijinhos que não ficaram preocupados, é isso?
Começamos a correr em direção a vozes. Mesmo Malu que estava quase morrendo, se ergueu e começou a correr em disparada. Nossos pés afundavam na lama que ainda havia no chão, mas isso não nos impedia. Eu era o primeiro, estava bem a frente de todo mundo e já tinha jogado Niall no chão a muito tempo. Eu estava correndo quando percebi que o chão não tinha continuação, então parei bruscamente. Era um barranco de lama. Um dos fundos e bem no final estava a cachoeira e o acampamento bem ao lado cheio de pessoas conversando.
- Gente, aqui tem um... – Quando me virei para falar, cinco figuras desesperadas vieram em minha direção e praticamente pularam em mim.
Pois é, ninguém sabia que tinha um barranco lá e foi assim que nós saímos rolando barranco a baixo.