Dias Mortos

36: A promessa de mil anos



“Sua alma ainda será minha” -dizia ele com um sorriso, que não demonstrava o que se passava em sua mente insana, mas me senti sorrir, mesmo não querendo. Ele tinha esse poder, de colocar pensamentos e sentimentos dentro da minha mente.

Talvez por isso eu estava prestes a fazer uma grande besteira.

“ E o que há em minha alma, que encanta a todos?”-me ouvi perguntar, enquanto rodava ao seu redor, tentando pensar por mim mesma. Ele apenas segurou meu pulso, passando as unhas grandes, deixando ali um rastro vermelho.

“ É algo único, e a quero para mim”-seus olhos brilhavam em chamas, ele emanava perigo e isso me encantava, na verdade meus sentimentos por sua pessoa nada mais era que pura admiração. Gostaria de ser igual a ele, temido, cruel...ser temida por quem me seguisse.

“Que tal então fazermos um trato”-sorri lhe encarando nos olhos, enquanto eu sentia que ele estava pensando no que eu disse. Não me importava com minha alma, quanto menos os sentimentos, mais o poder.

Era nisso que eu acreditava.

“O que se passa em sua mente, minha adorada das sombras?”

Andei pelo seu enorme salão, nosso esconderijo secreto enquanto sentia uma excitação quente passar sobre mim. Eu tinha ele, o senhor das sombra em minhas mãos. Quem diria...

“ Caia apaixonado por mim, arraste-se de amor por mim, beba do meu amor querido...”- eu sabia como deixa-lo louco, sim sua fraqueza era o sentimento “puro” que nutria por mim e minha alma. Ele apenas sorriu, enquanto deixava seus olhos passarem sobre mim.

“ Sim, para que a cada dia você ganhe mais domínio...-fiz uma careta, ele estava me rejeitando ou algo do tipo? Então relaxei, enquanto ele vinha em minha direção com um sorriso dançante nos lábios”-Você já me tem em suas mãos, pobre arrastando para as praias do submundo”

Me fiz de tola apaixonada, enquanto pegava suas mãos e deixava minha expressão suave.

“ Uma sedutora, liderando um coração apaixonado”...-passei meus dedos por seu rosto, enquanto aproximava meus lábios em seu rosto, sorrindo enquanto o via fechar os olhos em deleite, eu estava ganhando...e ele nem percebia...”Eu assassinei freiras de maneiras tão terríveis por ti querido, você pediu...eu apenas obedeci...e percebo que ganhei sua atenção.”

Ele apenas segurou com força meu rosto, enquanto lentamente suas mãos se abaixavam para minha cintura.

“ Por isso estive, esperando tanto tempo para lhe encontrar, sua alma me chama, somos únicos e iguais...o mais perfeito habitat para mim. Uma pessoa cuja mente perturbada é gelo fino”-sorri em quanto suas palavras faziam algum sentindo, flutuando sobre nós como juras eternas”Para o numero de vitimas do seu beijo, nenhuma alma poderia rejeita-la...nem mesmo a mim”

“Você está começando a amolecer...querido?”-perguntei com ar de rir, enquanto piscava de forma inocente em sua direção.

“ Sua perfeita beleza, faz de mim um escravo de desejos agonizantes.”

Sim! Era exatamente isso que queria ouvi-lo falando, tracei meus braços atrás de suas costas, enquanto me aproximava de seu rosto, deixando nossos olhos na mesma altura. Enquanto juntávamos nossos mundos insanos, loucos e agonizantes.

“ Então, temos um trato querido Christabel”

Ele apenas beijou minhas mãos, subindo até meu pescoço enquanto sussurrava em meus ouvidos.

“ Sim Lilith, você vivera por mil anos até nos encontramos novamente e juntaremos para sempre nossas almas, em um balanço violento para aniquilar a todos que estiveram abaixo de nós.”

Sorri em silêncio, ele seria o primeiro quem eu iria pisar, com prazer esmagar...



Enquanto meus olhos eram enchidos com escuridão, senti lagrimas gordas e gélidas molharem minhas bochechas. Havia algo em mim que eu ainda não entendia, havia memórias terríveis ainda escondidas, havia algo totalmente cruel e desumano que se escondia em meu interior, ele estava adormecido.

Mas sentia que agora...aos poucos estavam acordando.

– Senhor, acho que ela está desperta -pisquei, ainda vendo escuridão e ouvindo vozes não muito distantes.

– Sim, mas ela está diferente-eu conhecia essa voz, rouca e atormentada, que parecia dolorida em meus ouvidos -Mas por via das dúvidas, a deixe na inércia, não sabemos o que ela é capaz de fazer para escapar.

– Como o senhor quiser.

Enquanto os passos iam sumindo, eu me sentia deitada em algo macia e duro ao mesmo tempo. Lentamente mãos voarem para meus braços, fazendo ali desenhos imaginários.

– Logo sua hora irá chegar e Lilith, dessa vez você não irá escapar. Temos uma promessa e você terá de cumprir.

Tentei falar, até mesmo gritar, mas tudo parecia congelado enquanto minha cabeça parecia estar sendo esmagada por algo pesado. Tudo doía, meu estava pesado enquanto aos poucos ficava gelado e o medo era instantâneo e novamente, era jogada em uma memória esquecida.



“ Você perdeu o juízo! Como pode fazer tal coisa”-tentei ignorar o olhar vermelho de raiva de Ilanda, enquanto eu penteava meus cachos dourados de frente ao espelho. Ela gritava, enquanto eu ignorava, estava fazendo um bom trabalho.

“ Ora Ilanda não seja rainha do drama, sabes que fiz o certo”

Ela apenas me pegou pelo pulso, de forma violenta deixando seus olhos vagaram sem rumo pelo meu rosto, eu não tina medo dela.

Ainda.

“ Fazer uma promessa com um chefe do submundo...ainda mais Christabel, isso não é coisa que se deva fazer, o que pretende afinal?”

Sorri, enquanto colocava alguns anéis.

“Pode, isso tudo ainda é pouco, quero ser mais que uma simples ceifadora”me levantei, enquanto a brisa do fim de tarde rodava suavemente sobre mim”Sou Lilith! Filha da sombras, senhora da magia negra, quero ser lembrada Ilanda, não esquecida.”

Ela apenas negou em silêncio, enquanto eu sentia sua pequena cabeça trabalhar.

“Você merece um corretivo”

Foi tudo que disse, antes de me deixar com as gêmeas esqueléticas, que me serviam. Suspirei, me sentando de frente para janela, passando horas até finalmente as estrelas brilharem no céu. Algo estava para acontecer.



Gostaria de gritar, enquanto o sentimento de náusea vinha até mina garganta e novamente descia. Aquilo não podia ser real ou sim? Eu não era assim! Aquilo era coisas inventadas só pode...

Eu não quero...não podia...ser um monstro.

Mas tudo indicava, que certamente minha verdadeira identidade é uma jovem fria e cruel, que gosta de matar freiras, apenas para subir de status.

Isso me dava nojo!