Devoção

Capítulo 3 - Confissões


Capítulo 3 - Confissões

Eu não gostava da maneira como me olhava quando estávamos enfim sozinhos.
Parecia ler a minha alma.
Eu nunca gostei de ser um livro aberto para ninguém.
Mas parecia ser inevitável para você...
Você interpretava meus gestos,palavras e pensamentos com uma voracidade que me deixava intimidada e atraída.
Talvez seja minha primeira confissão.
Mas adorava sentir a simultaneidade dessas sensações.
Depois ao longo de simples conversas você me induz a revirar todas minhas convicções.
Sim,me faz duvidar da minha própria moral.
Todo aquele contato visual que adorava apoiar e vangloriar por se dizer adepta nas relações interpessoais contemporâneas.
E me custa admitir...
Você me faz destestar quando seus olhos obscuros se encontram com os meus e inspiram um estado de eterna letargia.
Você sempre disse que gostava de mulheres livres,intelectuais e independentes.
Aquelas que aspiram selvageria,bem típica daquelas embalagens de álcool que bebíamos após aulas entediantes.
Quando enfim o álcool nos consumia.
Quando nossos lábios enfim imploravam por um contato.
Palavras agridoces sopravam por seus lábios e você sussurrava o quanto eu o incitava o seu lado mais primitivo.
Um silêncio sepulcral ocupou aquele lugar.
Entretanto,sabíamos que mais tarde nossos pensamentos estariam efervescentes e renderiam em constatações.
Não importa em quantas noites de sono perdidas.
E assim,ao longo daquele beijo,suas mãos deslizavam ao longo do meu corpo como eternos amantes apaixonados.
Quando reparei,estávamos em sua cama e com os dedos das mãos entrelaçadas e no lugar do desejo latente ocupou,eu devo confessar,talvez a devoção.

Minerva — Julho,2018