Para quem olhasse agora, parecia que Kageyama Tobio estava bastante concentrado em ficar jogando a bola para o alto enquanto estava deitado na cama. A realidade era outra, ele via a bola batendo em sua mão e depois via ela alcançar uma certa altura, mas essa informação não era processada pelo seu cérebro que nesse momento pensava o por que dele se importar por quem Hinata Shoyo se relacionaria e pior, querer mudar a si mesmo para se encachar nas expectativas de Hinata.
Tudo começou varias horas antes do momento presente. Kageyama estava sentado no chão da quadra de vôlei, bebendo água. Sua respiração já estava mais calma depois do treinamento intenso, porém seu corpo ainda estava quente pelo esforço. Mesmo que estivesse cansado fisicamente, seu psicológico não estava satisfeito com o tempo de treinamento, ele precisava e queria treinar mais. E não havia ninguém melhor que um tampinha de um metro e sessenta e quatro com energia de sobra que dava para renovar a suas. Parou com seus devaneios e olhou para Hinata que estava a poucos metros de si conversando com Sugawara. Ele iria interromper a conversa dos ditos cujos, porém algo o impediu, ou melhor, o assunto da conversa o impediu:
— Então Shoyo, eu não sabia que você tinha tanto contato com o levantador do Nekoma. -disse Sugawara.
“Levantador do Nekoma?” pensou Kageyama se esforçando para se lembra o nome do garoto com cabelo de pudim, postura corcunda e olhos de gato. “Ken... Kemi...”
— O Kenma? -Ah! Kenma! Era esse o nome.- Nos ficamos bem próximos depois daquele amistoso. -Respondeu Shoyo.
“Próximos?” franziu o cenho. Por alguma razão aquilo lhe incomodou e ele não sabia o porquê já que Hinata é tão amigável que faria amizade com uma pedra.
—Próximos eh? -Sugawara o olhou malicioso.
— É. Ele tá’ me ensinando a jogar um jogo. -respondeu inocentemente não notando a malícia na frase do outro.
— Só ensinando? Nada mais?
Hinata franziu levemente o cenho.
— Como assim?
— Ora, ele não está te paquerando? -Ainda mais confuso, Shoyo negou com a cabeça. -Bom, eu ouvir dizer que ele é muito antissocial e não gosta de fazer novas amizades, então pensei que havia um motivo maior para ele conversar com você, Sabe? Talvez ter um crush em você... -o levantador deixou no ar.
— Não... ele só tá me ensinado a jogar mesmo. -disse ainda não entendendo realmente o que Sugawara queria com isso.
Kageyama estava na mesma situação. “Por que diabos Sugawara-san estaria levantando essas suposições ridículas? Hinata e o cabelo de pudim não tinham nada a ver, era impossível eles terem algum tipo de relação além da amizade, certo? Certo!”
— Então você é realmente inocente a esse ponto? -Sugawara disse surpreso.- Nossa! Daichi tinha razão. Mas você não estaria interessado nele de alguma outra forma...? -insinuou.
“É claro que ele não estaria! Eles se conhece muito pouco para ter uma relação mais profunda!” pensava irritado.
— Além da amizade? Não.
“Viu?” Um sorriso macabro se formou no rosto de Kageyama. Bom, esse sorriso era genuinamente um sorriso de satisfação, porém fez crescer um arrepio monstruoso no corpo de Asahi que estava ali do lado, que resolveu não falar nada para não ser atacado.
— Eu não tenho interesse em nenhum relacionamento por agora. Mas se fosse namorar alguém a pessoa teria que ser alguém gentil, que goste de vôlei e ser transparente em relação ao seus sentimentos...
Ficou tão perdido em seus pensamentos que mal escutou o meio da conversa, mas não é como se fosse necessário, a parte que julgou mais importante foi dita pela boca carnuda de Hinata -não que estivesse reparando- e ouvida por ele.
Por um acaso ele tinha todas as qualificações para ter um relacionamento com o Hinata a única coisa que faltava era “ser transparente em relação ao seus sentimentos”. Mas do que isso importa? Por que ele estaria interessado em qual tipo de pessoa Shoyo se relacionaria? Talvez por considera-lo... um amigo? Não. Ele não ligava para o relacionamento do Daichi-san e Sugawara-san que também são seus amigos, na verdade quando os dois assumiram o namoro, ao contrário dos outros do time que ficaram surpresos e felizes, ele não sentiu nada, isso não era da conta dele e não mudaria nada em sua vida. Então por que ficar tão interessado no do Hinata?
— Kageyama!
Saiu dos seus devaneios ao ouvir a voz daquele que atormentava seus pensamentos.
— N-não grita, seu idiota! -ver aquele que dominava sua cabeça tão próximo de si lhe deixava estranhamente envergonhado.
— Então para de ficar igual um imbecil encarando o nada! Estamos perdendo tempo, vamos treinar mais! Ou você já está cansado?
Kageyama sentiu seu sangue ferver com essa pergunta e logo respondeu:
— Claro que não, Hinata idiota!
— Então vem logo! -Shoyo pegou em seu braço e o saiu arrastando para próximo da rede. Aquele pequeno contato, não devia, mas fez seu coração dar um salto enorme em seu peito e suas bochechas atingirem a cor rosa.
Relembrando esse momento, as suas bochechas coraram igual à horas antes e ele estava tão disperso que não percebeu que tinha jogado a bola com mais força que deveria e quando ele esperava ela cai, com as mãos erguidas, não percebeu que ela estava demorando mais do que as outras vezes. A bola passou entre as suas mãos e atingiu diretamente o seu rosto, fazendo com que ele soltasse um grunhido surpreso e de dor.
— Idiota! Hinata, idiota! -resmungou e pegou o travesseiro para por no seu rosto. Ficaria assim até parar de pensar besteiras sobre aquela tangerina ambulante e dormisse.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.