A Divisão é uma organização secreta do governo para retirar todos os especiais, como eu e minha mãe, das ruas e transformá-los em armas poderosas. A Divisão é licenciada e supervisionada pelo governo, mas claro que toda a crueldade é cometida por debaixo dos panos e quase ninguém sabe das atrocidades cometidas aqui dentro. Uma das atrocidades que eu ouvi dizer é que eles nos dão uma espécie de droga que aumenta os nossos poderes. A droga não mata, mas pode causar danos irreversíveis como perda de memória e mutações genéticas que nos modificam. A divisão é mantida em segredo para não alarmar os cidadãos. Essa parte eu consigo entender perfeitamente, porque imagine só descobrir que há pessoas com o DNA mutante, que há pessoas com dons especiais, pessoas altamente perigosas em alguns aspectos soltas por aí. Sim, alguns são perigosos. Assim como no “mundo de pessoas normais”, há bons e maus no meu mundo também.

A sala de aula era um lugar onde jogavam as crianças para aprenderem a serem armas, onde nos disciplinavam para servirmos o governo. Quando a inspeção mandada pelo governo ia visitar a Divisão todo mês, tínhamos que fingir que não sofríamos ali, nós fingíamos que éramos apenas crianças felizes num lugar agradável. O que vocês sabem bem que não é verdade.

Eu não acho certo o que a divisão faz. Eu acho que nem mesmo o governo tem direito de nos tirar da sociedade, nos arrancar dos nossos lares e famílias para nos trancar como animais. Não é justo nos rotular assim, nós deveríamos ter escolha, nós ainda somos pessoas. Será que eles não pensam que talvez nós não queiramos ser armas? Que nós não queremos servir ao exército? Talvez nós só queiramos ser pessoas normais!

Eu odeio não poder fazer nada contra isso. Eu não quero ser uma escrava do governo até a minha morte. Eu quero ser livre!

Eu estava decidida a fugir dali e lutar contra essa injustiça. Eu estava decidida a derrubar a divisão, resgatar a minha mãe e todas as boas pessoas que prenderam aqui neste lugar. Eu sabia que o tal de Robert tinha alguma coisa a ver com isso, eu sentia que tinha que encontrá-lo para mudar o futuro... Eu só não sabia como.