Stella

Roí grande parte das minhas unhas durante o caminho para a Torre Stark. O rastro de destruição presente em nosso trajeto era terrível de se presenciar. E o sentimento de ter perdido Dylan para Lexi Riddle era ainda pior a cada minuto em todos nós.

Clarissa parecia completamente destruída durante o caminho, tanto quanto agora. Ela realmente o ama. Posso ver diante de cada lágrima que rola por sua bochecha em seu silêncio duradouro.

Chegamos à Torre Stark quarenta minutos depois de carros em chamas e pessoas gritando em desespero passarem pela picape. Bruce Banner ainda está atordoado quando Simon tira-o da picape e o coloca sobre um dos ombros sem dificuldade.

— Você vai ficar bem? — pergunto à Clarissa que está irreconhecível agora.

Sua bochecha esquerda começa a adquirir uma tonalidade arroxeada e seus olhos se encontram vermelhos pelo choro recente. Mas ela não me responde e se dirige ao irmão, que nos aguarda diante da porta.

— O Doutor Strange está aqui? — Ela questiona Charlie assim que saímos do elevador.

— Está. Wanda e ele estão fazendo inúmeras buscas sobre o que você pediu. Meu pai falou com as pessoas certas sobre bruxaria — Charlie tira a máscara de Asa Noturna.

Assim que Clarissa adentra a imensa sala onde os heróis estão reunidos, Charlie se aproxima de mim.

— O que ela tem? — pergunta com o cenho franzido.

Suspiro parando à frente dele.

— É o Dylan — Ele arqueia as sobrancelhas e prossigo. — Lexi fez algo com ele que apagou sua memória e o deixou completamente agressivo... Odiando a Clary. E querendo matá-la.

— Uau — Charlie mexe em seu cabelo com uma das mãos, atordoado com as informações. — Nunca imaginei que chegaria o dia que veria Clarissa se importar tanto com duas pessoas. James... E agora Dylan.

— Ela mudou Charlie — digo com certa brusquidão. — E você poderia valorizar mais essa parte nova da sua irmã.

Deixo Charlie em frente à porta e entro na sala onde os heróis discutem. O Quarteto Fantástico, Doutor Strange e os Vingadores mantém uma conversa paralela sobre os objetivos.

Batman já se encontra em seus trajes e a Mulher-Gato se aproxima dele para beijá-lo.

— Wolverine teve sucesso com a Ashley? — pergunta Zack agitado.

Largo-me no primeiro sofá que encontro completamente exausta. Minha mente parece um turbilhão de confusões.

— Já parou para pensar que estamos tão perto e ao mesmo tão longe de resolvermos tudo? — Sophia senta-se ao meu lado com um olhar cansado em seu rosto.

Meneei a cabeça positivamente.

— Magneto está na Califórnia. Quarteto Fantástico vai para a Flórida — avisa Steve Rogers. — Os Vingadores permanecem aqui. Os Wayne podem seguir para Gotham.

— Eu vou ficar aqui — Clarissa determina com firmeza. — Preciso cuidar da Lexi.

— Eu fico também — decide Charlie encarando a irmã.

— Como a Ashley vai ficar? — questiona Zack bruscamente. — Eu quero que a Ash acorde!

— Calma — Thor diz segurando o ombro dele de alguma maneira agindo de alguma maneira paterna. — O Doutor Strange vai para o Instituto Jean Grey. Vai ajudar sua amiga.

Zack respira fundo e balança a cabeça.

— Eu vou continuar as pesquisas sobre o caso da bruxa — promete Strange. — E vou tentar trazer a garota Turner de volta.

— Obrigada Doutor — Simon agradece apertando a mão do bruxo antes que ele partisse em seu próprio portal.

— Cuidem-se — Selina fala a Clarissa e Charlie envolvendo-o em um abraço. — Não vou suportar perdê-los de novo.

O Batman se dirige à Clary.

— Você consegue — E ele a abraça com força.

Posso reconhecer o amor presente na família Wayne, alcançando até mesmo Clarissa. Percebo tarde demais que Sophia se encontra nos braços de Sue e Reed, chorando descontroladamente.

— Eu precisei contar — Zack fala ocupando o lugar ao meu lado. — Sophia não faria isso sozinha.

Balancei a cabeça, surpresa.

— Zack Oliver fazendo o que é certo. Que milagre — brinco tentando trazer o espírito zombeteiro de volta.

— Milagre é você não ter ido no McDonald’s — desdenha Zack, arrancando uma risada de mim.

Clarissa gira a chave da picape entre seus dedos.

— Wanda vai com a gente. Tem um lugar que pode nos ajudar com coisas de bruxa — Ela diz friamente.

Levanto-me do sofá e sigo com o grupo para o ar livre mais uma vez.

(...)

Senti-me desconfortável na picape com o número excessivo de pessoas. Agora me encontro sentada no colo de Charlie, enquanto Sophia está ocupando o banco da carona, Zack o lugar do meio com Wanda em seu colo e Simon na janela. Isso é realmente desconfortável.

— Eu estive vendo alguns livros e... Para Lexi ter a Morte é necessário duas outras receptoras de poder. — fala a Feiticeira Escarlate enquanto Clary dirige com rapidez.

— Eu sei — Clarissa se mantém concentrada. — Sophia e eu somos receptoras.

De imediato a surpresa me dá um tapa na cara. Simon tira os olhos da janela e nos encara. Zack se desencosta de seu lugar e Charlie, abaixo de mim berra um nada sutil:

— E SÓ AGORA VOCÊ FALA?

Clarissa revira os olhos como se a questão fosse patética.

— Eu não poderia falar antes querido irmão, ou nossos queridos pais não permitiram que eu desse um passo sem a supervisão deles.

— Isso é mentir!

— Isso é omitir! Existe uma grande diferença!

— Certo! Chega! — Wanda grita, chamando nossa atenção. Suspira adquirindo uma postura ainda mais séria. — Quem colocou o poder em vocês era uma bruxa antiga?

Vejo pelo retrovisor Clary encarar Sophia de soslaio. A loira respira fundo.

— Ela se fez de minha avó por dezesseis anos. E parece ter no mínimo uns sessenta. Então...

— Okay. Qual o sobrenome dela?

— Vaunce.

Wanda de imediato parece surpresa e ao mesmo tempo incrédula.

— O que tem os Vaunce? — pergunto hesitante.

— Eram um clã antigo de bruxas extintos há muito tempo. Mais poderosos que as próprias bruxas de Salem — a Feiticeira Escarlate parece incomodada. — Eu adquiri meus poderes por conta da mutação. Mas... As bruxas Vaunce foram as primeiras a tê-lo.

— Está dizendo que as bruxas Vaunce são mutantes? — pergunta Clary, assoviando. — Isso está ficando cada vez mais legal. Que tal envolvermos zumbis agora?

— Vamos nos concentrar no ritual — Simon diz com todo o foco que possuí. — Como Soph e Clary podem ativar o poder que existe dentro delas?

— Com um ritual — Wanda responde levando a mão à têmpora. — Tem que ser feito em algum cemitério.

— E...? Vai precisar de temperos? Ou poções com sapos? — Clary demonstra todo seu lado sarcástico de uma vez.

Wanda engole em seco.

— É melhor eu falar quando estivermos lá.

— Voltando à parte do cemitério — pigarreia Zack, tomando o cuidado de manter os braços cruzados para não tocar em Wanda. Quanta devoção à Ashley. — Não é muito previsível?

— Estamos querendo convocar a Morte. Que outro lugar para fazer isso? — questiona Wanda franzindo o cenho.

Clarissa desvia de um corpo no meio da rua e continua acelerando.

— Não discutam crianças — ironiza a Wayne. — Eu ainda não falei o mais legal de tudo.

Engulo em seco, tentando me ajeitar sem incomodar Charlie. Clarissa parece adquire um ar cada vez mais debochado durante o caminho como se conseguisse afastar sua dor emocional dessa forma.

— O que pode ser pior do que você e Sophia serem receptoras da Morte assim como a Lexi? — indago com certo cuidado com minhas palavras.

Clary umedece os lábios, fitando-me por um segundo pelo retrovisor.

— A minha vida está ligada à vida de cada um de vocês do nosso querido grupo de heróis. Se eu morrer, vocês sobrevivem. Se eu não morrer... Vocês morrem.