Aurora

A situação é pior do que eu pensava ser.

Depois de assumir o papel de Mrs.Elastic, iniciei minha missão de salvar os alunos de NovaHead – por mais irritantes e chatos que fossem.

Não havia sinal de Simon, Ashley, Zack ou até mesmo de Sophia – duvidava que ela viesse -, o que me tranquilizou um pouco.

Dylan, como Relâmpago, tratou de levar Lexi ao hospital mais próximo. Provavelmente a esta altura ele já deve ter voltado.

A questão é que o Coringa e seus palhaços não deveriam estar aqui.

Primeiro, porque o Coringa estava morto (pelo menos desde antes de eu nascer) e em segundo, Nova York não é seu lugar.

Ele é de Gothan City! Onde está a ordem desse país?

Desvio dos tiros das metralhadoras, que os palhaços usam para tentar me matar. Utilizo a elasticidade ao meu favor, driblando as balas com um pouco de “contorcionismo” para variar.

Alcanço os homens e os golpeio em seus “pontos fracos”, roubando suas armas e em seguida atirando neles para eliminá-los de vez.

Dois diabos a menos no planeta.

Viro-me e arfo com o susto, mas logo me recomponho sabendo quem é.

James – falo, com uma mistura de alívio e indignação. O que ele ainda está fazendo aqui? – Sai logo desse prédio! Aposto que Ashley e os outros já foram!

Seu sorriso sarcástico serve apenas para me irritar. Bufo com impaciência, considerando a hipótese de bofetear o irmão da minha amiga.

– Não vou embora – diz decidido, o que destrói por completo minhas chances de convencê-lo. – Escuta, o problema é maior do que vocês pensam...

– Jura? – ironizo, gesticulando na direção dos palhaços mortos no corredor. – O chefe deles estava morto!

– Acha que não sei disso? – James passa uma das mãos por seus cabelos escuros, uma atitude que me faz fitá-lo sem piscar. Oh meus deuses, como ele consegue ser tão... – Mas o que quero dizer é que tem mais coisa por trás disso.

Balanço a cabeça levemente, e trato de arquear as sobrancelhas, enquanto cruzo os braços. Nada de paquerar o Turner agora!

– Do que você sabe, James Turner? – questiono, autoritária.

James me encara sério, como nunca vi desde que o conheço (ontem, no caso).

– Está vendo esses rastros? – ele indica uma listra verde clara na parede, que segue até o fim do corredor.

– Agora estou. – digo, aproximando-me da parede e analisando o rastro esverdeado, que não fora notado por mim desde então, por conta dos tons claros usados no corredor. – Parece...

– Fumaça – conclui James, encarando-me com um sorriso irônico nos lábios. – A menos que o Coringa saiu soltando pum verde por aí, outro cara passou por aqui.

– Quem você sugere? – pergunto, com o cenho franzido.

James fica em silêncio por alguns instantes, passando seu olhar analítico pelo corredor.

– Não sei – responde por fim, fazendo-me bater os braços aos lados do corpo, frustrada, ao mesmo tempo em que um bufo escapa por meus lábios. – Mas sei que Coringa tem um objetivo fixo.

O encaro, absorvendo suas palavras. Quando volto meus olhos para James novamente, ele já sumiu do corredor.

A única pessoa capaz de atiçar uma possível revanche pelos velhos tempos, é a mesma pessoa que me irrita desde a quarta série.

No caso, Clarissa Wayne ou Lady Assassina.

(...)

Passo minha conversa com James para o Relâmpago, que se mostra eufórico com minhas palavras finais.

– Isso significa que a Clarissa se ferrou! – exclama, animado. Reviro os olhos e dou um tapa em sua nuca. – Ai!

– Não é hora para isso! Temos que dar um jeito de avisá-la o quanto antes! – E logo que Dylan abre a boca, provavelmente para me contrariar, trato de acrescentar com firmeza. – Talvez essa festinha do Coringa acabe se a Lady Assassina cuidar de seus próprios problemas!

Aplausos nada sinceros soam pelo corredor, com um eco. Voltamos nossos olhos para o lado, vendo a figura seguir até nós, lentamente.

– Ah, essa é uma boa ideia – Coringa umedece os lábios ruidosamente, com um olhar alucinado. – Chamem a garota para que participe da festa!

– Foi uma péssima ideia você ter vindo sozinho – Dylan cerra os punhos e se coloca em posição de ataque, assim como eu.

Coringa olha ao redor, claramente debochando de nós. Nos encara mais uma vez, continuando com sua série de passos lentos.

– Vocês são muito observadores. – Seu jeito de falar me lembra o de um usuário de drogas, e tal comparação chega a ser cômica. – Parabéns! Mas... – Coringa tira uma carta do bolso interno das vestes. – Eu não estou sozinho.

Ele retira o baralho do bolso e começa a embaralhas as cartas, com um sorriso sádico em sua face.

Nem eu ou Dylan nos movemos; o observamos atentamente, como se estivéssemos presos em uma ilusão.

E provavelmente estamos, penso, sem tirar os olhos das cartas do Coringa.

– E agora – Ele nos mostra suas cartas. – O número final.

Tira um dispositivo do bolso e aperta o botão.

Nada acontece.

O palhaço parece frustrado e começa a brigar com seu controle, feito um maluco. Por fim nos encara, e nesse meio-tempo já nos livramos de sua “ilusão” ou o que quer que seja.

– Problemas técnicos são terríveis. – E dizendo isso, sai correndo, virando o corredor.

Relâmpago solta um palavrão e se coloca em seu encalço, tal como eu. Mas no meio do caminho, somos repelidos.

A forte luz me joga para trás, tal como Dylan. O estrondo sacode o prédio e tenho certeza de que parte da estrutura vai desabar.

Coringa mostrou-se esperto afinal, e ainda mais perigoso do que em suas histórias que já ouvi de várias bocas quando criança.

Dessa vez, estou enfrentando algo grande. Nós os heróis, teremos de nos unir caso queiramos sair dessa confusão vivos.

Entretanto, os números não estão a nosso favor. Somos apenas Relâmpago, Metállica e eu, heróis inexperientes, contra um louco habilidoso e um possível ajudante, como James suspeitara.

Coringa passou por Stella, o que é de se preocupar. E com eu e Dylan fora do jogo, qual a chance de alguém comum escapar?

Basta torcermos para que um milagre aconteça.