Destroyers
Capítulo 02
Dylan
Esse sou eu, um típico garoto nova-iorquino de dezessete anos, que nas horas vagas assume a identidade de Relâmpago e prende os maiores bandidos da cidade.
Ah, e sou filho do Flash, um dos heróis mais incríveis que compõe a Liga da Justiça. Maneiro, né?
Em mais uma de minhas saídas noturnas, até pensei que hoje seria mais tranquilo, mas percebo que estive errado.
Clarissa Wayne, ou Lady Assassina, é a intranquilidade que surge para me atazanar. Com a rapidez genética – e especial – que possuo, pego o cartão que ela tem em mãos, sentindo ao longe o cheiro das chamas se alastrando pelo galpão explodido.
Infelizmente, não houve sobreviventes. Antes de vir para cá, dei uma passada no local e o que vi foram centenas de cadáveres.
Certo, às vezes acontecem coisas assim, mas não com frequência. E sempre que acontece é por culpa dela; Clarissa Wayne, o meu pior pesadelo.
– Então - minha voz sai mais debochada do que o normal. – Você continua roubando coisas?
Clarissa cerra os dentes, erguendo-se lentamente, como se pensasse em mil maneiras de me matar – o que, com certeza ela está fazendo.
– O que você tem a ver com isso?
Dou de ombros, enquanto caminho em sua direção.
– Eu sou o herói mais foda de Nova York e prendo todos os bandidos, sem falar que sou muito atraente. É, acho que o que você faz tem muito a ver comigo.
– Dá para devolver o cartão? – Sua voz muda completamente, indicando a falta de interesse que ela possui.
– Éhhhhh... No – Sorrio largamente ao vê-la bufar mais uma vez, com frustração. Ao menos tenho chance de me divertir com isso, antes de prendê-la.
– Sabe o trabalho que eu tive para conseguir isso? – Ela indica o cartão que seguro.
– Ah sei – ironizo. – Mais de cem pessoas mortas, rastros inexistentes e ainda faz com que todos acreditem que foi um ataque por conta de uma dívida com drogas.
– Parte disso é verdade – diz Clarissa, ronronando. – O lance das drogas, pelo menos...
Antes que ela possa impedir, surjo às suas costas e seguro seus pulsos. Posso sentir o doce perfume de seus cabelos ruivos e a frieza de sua pele.
Respiro fundo e penso na garota que realmente importa para mim: Lexi Riddle, minha atual namorada.
– No que você está metida agora? – questiono, tentando afastar os pensamentos nada certos em relação à Clarissa.
Ela tenta se soltar, mas aperto seus pulsos com mais força, fazendo-a bufar novamente, com clara irritação.
– Criei um novo tipo de veneno – responde ela, ofegante. Um sorriso perpassa seus lábios avermelhados, indicando o orgulho que possui por cada merda que faz.
Maluca.
Clarissa é a bandida mais doida, inteligente e assassina que tive o desprazer (ou prazer) de conhecer.
– Foi assim que matou Stanley Jefferson? - pergunto, afastando os cachos ruivos de sua pele cintilante.
– Você é esperto. - Murmura, em tom aprovador. - Muito bom mesmo, Relâmpago "McQueen".
Solto um palavrão, tentando não perder a paciência. Odeio quando Clarissa me chama assim.
– Considere-se presa - digo, algemando suas mãos.
A garota ri, me deixando ainda mais irritado.
– Do que está rindo?
Clarissa descansa sua cabeça em meu peito e me encara com seus olhos brilhando de maldade.
– Você não cansa desse jogo? - suspira. - Você me prende e eu fujo. Simples.
– Não dessa vez – falo, com convicção. Sei que a algemei de modo certo e Clarissa nunca vai escapar.
– Sabe o que eu sei? - sua voz muda para um tom sedutor.
Sinto nossa proximidade e de repente, esqueço-me de Lexi e do restante do mundo. Aproximo meu rosto do seu, querendo tocar seus lábios e senti-los de uma vez por todas.
– Que você quer me beijar – sussurra por fim, acertando em cheio meus pensamentos.
Quando começo a sentir a maciez de sua boca, Clarissa se afasta de súbito, sorrindo maliciosamente.
Balança as mãos no ar e indica as minhas. Ao baixar os olhos, percebo que estão algemadas. Clarissa tira algo do cinto e vejo que é o cartão de crédito do tal Stanley.
Porcaria, ela me enganou.
– Que saudade de você, benzinho - Clarissa beija o cartão e me encara em seguida. - Você pensou mesmo que eu ia ficar com você?
Sinto a raiva me consumir. Paguei de idiota, puta que a pariu!
– Agora você vai ficar preso ai por um bom tempo – conclui Clarissa, pensativa. - E eu vou estourar esse lindo cartão de crédito.
Sorriu vitoriosa, como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo. Fecho a cara, enquanto tento me soltar.
– Nos vemos na escola amanhã, Relâmpago "McQueen" - Clarissa manda um beijo em minha direção e salta de costas do prédio, sumindo do meu campo de visão.
Corro até o parapeito do edifício e olho para baixo. Nenhum sinal de Clarissa Wayne. Droga, dessa vez ela escapou.
E o pior de tudo, é que não tenho a chave das algemas.
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