Destroyers
Bônus
Bruce Wayne
Gotham City
A cidade está mergulhada em sangue, fogo e névoa.
Dirijo em alta velocidade pelas ruas, conseguindo ouvir a risada do Coringa em alto-falantes espalhados pela cidade.
— Aquele palhaço doente — Selina diz com uma entonação carregada de fúria.
— Conseguiu falar com o Charlie? — indago, preocupado com a situação dos meus filhos.
Quando os deixamos, Clarissa parecia completamente perdida. Eu reconhecera de imediato a sombra que impregnava seus olhos, porque era a mesma que eu guardara por tanto tempo.
— Não — Selina tira o celular da orelha impaciente. — Está caindo na Caixa Postal.
O centro de Gotham está cheio de tanques de guerra sendo controlados por soldados bem armados. Vejo palhaços carregando sacos de dinheiro e pessoas feridas como se fossem lixo.
— Que merda — sussurra Selina logo que um dos inimigos nos percebe e começa a atirar, junto de outros.
Saltamos para fora do veículo antes que um lançador de granadas o detone, mandando-o metros para trás. Pouso em posição de ataque, sendo recepcionado por tiros e dezenas de inimigos me golpeando. Desvio de cada ataque sem dificuldade, saltando e iniciando uma série de chutes e socos bem articulados que derrubam meus oponentes como se fossem peças de dominó.
Meus olhos fixam em Selina e fico satisfeito ao vê-la sem nenhum arranhão, com seus oponentes no chão. Como um felino ela salta para perto de mim.
— Coringa e Espantalho juntos? — supõem passando a língua pelos lábios. — Que feio...
— SURPRESA!
Pego Selina e aperto o gatilho mirando para o alto de um prédio, sendo alçado rapidamente pela corda que se prendera ali. A Mulher-Gato pousa à beira do prédio, seus olhos semicerrando-se para os galhos que surgem do meio da rua, uma árvore mortífera.
— Quanto tempo Selina! — exclama Hera Venenosa de pé em um galho maior. Ao seu lado, Arlequina gira seu taco de beisebol. — Como foram os dezesseis anos presa?
— Adormecida! — corrige Arlequina acenando. — Sua pele continua ótima!
Selina suspira se colocando de pé.
— Eu cuido delas. Por que não vai atrás do Coringa e do Espantalho? — Ela se aproxima de mim e acaricia meu rosto.
— Não vou deixar você — digo com firmeza.
Seus lábios chocam-se com os meus e de imediato meu peito aquece. Ela consegue atravessar o abismo soturno em meu íntimo, quebrar a barreira que existe dentro de mim. E abre espaço com suas garras, se instalando e completando a parte solitária, transformando-a em algo bom.
Além de tudo, trouxe-me uma família. Charlie e Clarissa, que embora teve suas infâncias arrancadas de mim, ainda são sangue do meu sangue e estou disposto a ser o pai que não tiveram.
— Eu te amo, Bruce — Ela sussurra ao nos separarmos, tocando meus lábios com seu dedo indicador.
Se afasta rapidamente e pula do prédio, desaparecendo diante de meus olhos. Lanço a corda contra outro prédio e pulo distanciando-me.
Eu também te amo, Selina.
(...)
Coringa não faz questão de ser discreto com seus rastros. Consigo seguir um determinado padrão que ele construiu de setes coloridas e explosivos com sorrisos imensos desenhados em sua estrutura. Ativo-os com minhas armas durante minha passagem.
Alcanço uma espécie de escola infantil completamente abandonada, e paro diante dela. Semicerro os olhos. Fotos de crianças preenchem a fachada, formando um sorriso.
Aproximo-me e reconheço de imediato os traços nos rostos infantis. São Charlie e Clarissa, em diferentes momentos de suas vidas.
Reconheço em uma das fotos a pequena garota com talvez quatro ou cinco anos de idade em meio a outras crianças com uniformes do orfanato. Seu olhar era infeliz. Fitando outra foto, reconheço Charlie sorridente entre brinquedos em uma escolinha.
— Vamos Bat-Idiota! — a voz do Coringa ecoa de caixas de som por todo o quintal. — Venha conhecer o passado de seus queridos filhos! Os morceguinhos tão infantis que tiveram uma vida tão interessante!
Cerro os punhos. Avanço em uma corrida desenfreada, abrindo a porta e adentrando a escola de crianças, sem saber ao certo o que vou encontrar.
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