E aquela foi a segunda vez que beijei Edward Cullen.

– Eu tenho que ir. – eu disse e saí de perto dele.

Desci as escadas correndo e saí da casa sem me preocupar em pegar minhas coisas. Entrei na caminhonete e quase matei o meu bebê na pressa de sair de lá.

Eu não era do tipo de garota que tinha medo de caras, ou nojo de beijos, mas da última vez eu beijara Edward, uma sequencia de acontecimentos foi desencadeada e resultou em um dia bem infeliz. Eu não precisava deixar aquilo acontecer de novo. Não depois de tudo que ele me fez passar.

–FLASH BACK ON-

– Se você me ama de verdade, vai dizer isso na frente de todo mundo da escola. – Edward disse.

– Mas eu já disse que te amo!-reclamei

– Não acredito em você... – ele disse virando as costas.

– Edward, espera! - chamei – Vai acreditar em mim se eu fizer isso?

– É claro que vou! – ele sorriu acariciando meu rosto – E então poderemos ficar juntos.

Borboletas rodopiaram no meu estômago com a ideia: eu e Edward juntos.

–Quando? – perguntei.

–Hoje, no intervalo. Pode fazer isso por mim? – ele perguntou esperançoso.

–Qualquer coisa por você, Edward. – sorri.

– Te vejo lá então.

Ele deu um beijo em minha testa e foi para a classe dele, antes que tocasse o segundo sinal. Era a primeira vez que ele conversava comigo tão publicamente – e isso era uma boa razão para eu ficar sorrindo até o intervalo. Quando a hora finalmente chegou, passei no banheiro para retocar o gloss e fui para o refeitório. Ele estava bem no centro do local, atraindo holofotes, junto com a equipe de futebol. Quando ele me viu comentou algo com Emmett e eles riram. Imaginei que fosse uma coisa boa. Caminhei até ele e ele sorriu – tão convidativo – para mim.

–Oi... – eu disse baixo.

– Ei, Belinha – ele quase gritou – está pronta?

–Sim. O que quer que eu faça?

–Apenas suba em cima da mesa e diga o quanto eu sou especial para você.

– Preciso mesmo?

– É por nós – Ele me garantiu – Vai lá!

Ele me colocou em cima da mesa e pediu a atenção de todos. As luzes do refeitório pareciam me cegar, e as borboletas no meu estômago estavam enfurecidas. Minhas mãos suavam, meu rosto queimava e meu coração parecia querer sair pela boca. Todos olhavam para mim.

–Hm, oi. – comecei – eu não sei como dizer isso; nunca fiz isso por ninguém antes – olhei para Edward e ele sorria – Bom, eu... Eu amo Edward Cullen. – disparei – Ele é lindo, legal, especial e nunca conheci ninguém tão maravilhoso quanto ele. Edward é perfeito.

Eu esperava que ele ficasse feliz por isso, mas não que ele explodisse em gargalhadas, como o resto dos alunos. Eu não conseguia entender o que era tão engraçado a ponto de fazer todos rirem tão exageradamente. Olhei para Edward, apavorada, mas ele ria mais do que os outros. Eu nem conseguia me mexer.

–Você é uma idiota Isabella – Edward debochou – Acha mesmo que eu seria capaz de gostar de você? Sem chance!

As lágrimas ardiam nos meus olhos e tudo que eu consegui fazer foi sair correndo para casa. Eu ainda não tinha idade para dirigir e geralmente pegava carona com a secretária da escola, mas a aula ainda não havia acabado então a única opção era correr.
Infelizmente, não conseguia fazer minhas pernas se moverem rápido o suficiente para deixar a dor para trás, nem devagar o suficiente para tornar o caminho maior. Não queria chegar em casa, só queria correr para sempre, ou até conseguir me sentir melhor.

Depois desse dia, foi uma dureza tornar um dia na escola suportável.

– FLASH BACK OFF –

Estava dirigindo por instinto, pois não conseguia fazer com que minha mente focasse no caminho. Cheguei em casa mais devagar do que pretendia – o caminho parecia eterno. Não que eu esperasse que Edward me perseguisse até em casa, mas eu precisava estar em um lugar em que eu me sentisse segura e pronta para usar minha mente para o mal.

Bebi dois copos de Coca-cola com um pouco do rum do meu pai e comi umas torradas. Não estava com paciência para fazer o almoço e mesmo que eu tentasse minha raiva por Edward não deixaria que eu me focasse.

Caminhei de um lado para o outro até conseguir fazer meu coração bater direito, depois me sentei.

Como se vingar de alguém sem magoar meu pai? Como tornar a vida de alguém insuportável? Como ser sutil e diabólica ao mesmo tempo? Minha mente estava imersa em pensamentos.

Primeiro: eu precisava estar perto dele. Perto o suficiente para tirá-lo do sério, mas não tanto, para não dar a chance de ele fazer algo pior contra mim.
Segundo: eu precisava convencer nossos pais de que éramos bons amigos, assim eu poderia fazer algumas brincadeiras, sem que parecesse maldade.
Terceiro: eu precisava ser forte – não podia me dar ao luxo de chorar na frente dele de novo. Eu também não podia ter medo dele, porque isso era algo estúpido.
Eu precisava deixá-lo louco, colérico e tão mal quanto eu ficara há três anos. Ele não merecia piedade.

Tomei um banho e escovei bem os dentes. Vesti uma calça de ginástica e um suéter azul para o clima chuvoso de Forks. Não tinha muitas coisas para fazer porque no segundo ano os deveres de casa não eram obrigatórios – e mesmo que fossem ninguém esperava mesmo que eu fizesse, então... Assisti a maratona de Fashion Police, mas não estava realmente prestando atenção. O tédio me consumiu até que decidi fazer o jantar. Peguei tudo que eu pudesse fatiar para me manter entretida.

Ouvi alguém bater à porta e fui, rapidamente, atendê-la – de avental e com o facão na mão.

– Oi... – Edward disse.

Cheguei a bolar o crime perfeito.

– 30 segundos. - Eu disse mostrando a minha linda faca de açougueiro para ele.

– 30 segundos para o quê? - ele perguntou perplexo.

27.

– Eu preciso de um favor. Quero que você vá a tal festa comigo hoje.

– Quer tanto ir a essa festa que tem que me convidar? – perguntei com escárnio. - Quem estará lá?

– Ninguém...

Apontei a faca para o rosto dele. Minha mão coçou para não fazer uma obra de arte.

– Tudo bem! - ele se rendeu. - Eu preciso ir. Tanya estará lá e eu fiz uma...

Apostou uma garota?– perguntei um pouco furiosa.

Parei para pensar enquanto ele tagarelava uma desculpa. Se ele perdesse iria ter que passar por algo ruim e ser humilhado pelos amigos. Eu precisava ir àquela festa e fazê-lo perder.

– Preciso de 15 minutos para me arrumar - declarei rapidamente.

– Olha, vai ser legal e às vezes você...

– Cala a boca! Já disse que eu vou! - eu disse um pouco irritada e subi para me trocar.

Trocar de roupa em 15 minutos era tarefa fácil para mim, mas não era uma ocasião qualquer: era uma festa com Edward Cullen, a festa na qual eu preferia ter um ataque cardíaco a deixá-lo ganhar uma maldita aposta. A festa em que eu ia devolver – em parte – o favor que ele me fizera há alguns anos atrás. Então, como eu poderia escolher a roupa perfeita?

Peguei dois dos meus vestidos mais... Bem, mais apropriados para ocasião e desci com eles.

– Qual dos dois? – perguntei mostrando os vestidos para ele.

– Não sei, tenho que ver no seu corpo. – Ele deu um sorriso safado e eu revirei os olhos.

Tirei a camiseta e dei um jeito de enfiar o primeiro vestido.

– Feche pra mim, por favor? – eu disse ácida e virei de costas.

Ele demorou um pouco, mas por fim fechou o vestido. Virei e acenei.

– E então? – perguntei impaciente.

– Deve ficar melhor sem calça jeans. – ele disse rindo.

– Ah, é mesmo? – eu disse sarcástica. – Qual dos dois?

– Você provavelmente fica linda nos dois, mas é só uma festa na casa de um otário qualquer... Não precisa ir de vestido nem nada. – ele disse sincero e calmo.

– Tudo bem, vem comigo. – eu disse puxando-o pela blusa.

Ele deu um chute na porta e me acompanhou. Subimos as escadas e quando estávamos no corredor, soltei-o. Entrei no meu quarto e esperei ouvir passos atrás de mim, coisa que eu não ouvi. Chamei-o e ele veio, devagar demais.

– Tudo bem, escolha. – Ordenei.

Abri o meu guarda-roupa perfeitamente organizado e branco e me sentei na cama. Tudo bem, não era tão perfeitamente branco, pois escrevera algumas frases nas portas à tinta preta e havia um único pôster do Logan Lerman na porta direita. Ele deu uma risadinha e me encarou sorrindo.

– Sem chance! Não vou ser o amigo gay que escolhe roupas para a amiga desesperada. – ele disse debochando. Lancei um travesseiro na direção dele.

– Deixe de ser idiota! Não tem nada a ver! Só, escolha. – eu disse sorrindo um pouquinho.

– Tudo bem, mas não faço questão de receber os créditos por isso.

Ele brincou um pouco, escolhendo pijamas e shorts curtos demais – que eu tinha para ficar em casa -, blusas velhas e nada decentes. Mas por fim, saiu melhor do que o esperado – não que fosse um desafio, mas não esperava que ele fosse se sair tão bem.

Edward escolheu uma blusa cropped de mangas longas preta e uma calça jeans de cintura alta da mesma cor. Aquilo me protegeria do frio de Forks e me deixaria bonita ao mesmo tempo.

Escovei os dentes, fiz um penteado e passei pouca maquiagem enquanto ele esperava no andar de baixo. O clima estava maravilhoso: sem chuva, pouca umidade e mais do que 15º C. Forks queria mesmo que eu saísse de casa aquela noite. Fomos no Volvo idiota, prata e reluzente dele e chegamos em menos tempo de que meu carro levaria para “pegar no tranco”.

A casa era grande e bonita e por um segundo tive dó do garoto que a disponibilizou para destruição.

– Obrigado por vir. – ele disse. Eu sabia o que aquilo queria dizer: “Agora se afaste enquanto eu ganho uma aposta”.

Não comemore ainda, benzinho. , pensei.

Fui dar uma volta pela festa e vi que Edward estava completamente certo: não havia classe nenhuma ali e um vestido seria completamente inapropriado. As pessoas pareciam não ter noção nenhuma de espaço pessoal, porque dançavam tão coladas umas nas outras que pareciam gêmeas siamesas. Tudo bem, esta é minha última reclamação: a fumaça de algo pior que cigarro.

Tratei de procurar o barril de cerveja. Vi alguns amigos de Edward, mas estavam tão bêbados que tive de me esgueirar para não ser agarrada por um deles. Deu para saber que eu estava no caminho certo pelo número de pessoas que se espremiam para entrar na sala: a bebida estava lá. Depois de 10 minutos, consegui pegar um copo grande e sair daquele galinheiro.

Bebi tudo em três goladas e fui procurar por Edward. No meio do caminho, achei um bom samaritano com uma garrafa de Absolut na mão e não pude negar. Não gostava de beber, fazia com que eu me sentisse mal, mas eu não ia a festas há alguns anos, então por que não aproveitar?

Edward estava sentado em um sofá, junto com aquele projeto de Jane Fonda, quase se beijando. Não sabia exatamente o que fazer então me sentei no colo dele e o beijei como se fosse uma atitude natural. Demorou uns cinco segundos para ele colocar as mãos na minha cintura, mas quando pensei que ele fosse me puxar, ele me empurrou. Tarde demais, Tanya se foi. , pensei.

Dei um sorriso malicioso enquanto ele encarava incrédulo.

– Qual é o seu problema? – o grito dele foi abafado pela música.

– Do que está falando? – perguntei sorrindo.

– Você pirou?! Honestamente, porque fez isso? Você é idiota ou problemática a esse ponto? Isabella, você é uma... – ele sibilou furioso.

– Piranha? – completei a frase. – É, então não se preocupe, vou beijar os seus amigos também, então não terá que se preocupar em passar vergonha!

Levantei-me e quando ia finalizar minha saída dramática, ele me puxou pelo braço, nos deixando a poucos centímetros de distancia.

– Aonde pensa que vai? – ele perguntou com os olhos semicerrados.

– E isso é da sua conta? – rebati.

– Se você beijar qualquer outro cara desse lugar...

– O que vai fazer? Arrancar meu braço como está fazendo agora? – provoquei. Ele afrouxou a mão, mas não soltou.

– Pague para ver. – Ele disse entre dentes.

Quase gargalhei na cara dele. Depois que ele me soltou, arrumei minha blusa e fui atrás de alguma coisa para beber. No meio do caminho, encontrei com um velho amigo – Jasper, que me abandonara, como todos os outros – e me lembrei de que a casa era dele. Tinha que me lembrar de quebrar um vaso depois...

– Oi! – ele soltou um bafo quente na minha cara. – Quanto tempo, Belle!

– Oi... – eu disse e tentei sair da frente dele.

– Você está uma gata! – ele gritou.

– É e você está fedendo, então... – tentei sair de novo, mas ele me segurou.

– Qual é! Não sente a minha falta? – ele ria.

– Não. – respondi sorrindo. – Agora é sério, com licença.

– Ah, Belle, você é sempre tão fofa! – ele gritou sorrindo. Eu poderia esmurrá-lo ali mesmo.

– Jasper, me solta.

– Acho que não. – ele sorriu e me beijou.

Sabe o que é nojo, repulsa? Beije Jasper Hale bêbado e irá descobrir. O pior gosto da minha vida. Quando consegui me soltar, pretendia socá-lo, mas alguém fez isso primeiro. O Sr. Distúrbio de personalidade Idiota Cullen o fez primeiro. E, sabe de uma coisa? Ninguém nem notou, apenas um casal, mas foi porque Jasper caiu em cima deles. Bando de maconheiros, pensei.

– Você é uma vadia. – Edward sibilou no meu ouvido.

Fui atrás dele. Edward abria caminho, empurrando qualquer um que não saísse rápido o suficiente – ou seja, todos os drogados/bêbados do lugar. Tentava ir tão rápido quanto ele, mas era impossível. Quando ele chegou ao gramado, reduziu a velocidade, então pude alcançá-lo. Estava caindo uma tempestade.

– Qual é o seu problema? – gritei, agarrando o braço dele. Ele parou e se virou.

– O meu problema? Você... Você sai correndo de mim depois de um beijo, então quando eu vou ficar com outra garota, você pira e me agarra, e só para acabar com a noite, você beija aquele pudim de cachaça que nem sabe o próprio nome! – ele berrou.

– Ele me agarrou!

Me poupe! Por que você não vai para a casa da sua mãe e nos deixa em paz? Não acha que já causou problemas demais por aqui? – ele quase salivava de ódio.

– Pare com isso! Eu juro que não o beijei! Edward! – chamei-o de volta, mas ele já estava se afastando. – Edward! Espera!

Corri atrás dele. Consegui entrar no Volvo antes dele pensar em me deixar para trás.

– Olhe para mim – pedi. Ele segurava o volante com força e estava com os olhos fechados. – Edward, eu não o beijei.

– As pessoas te odeiam Isabella. Não porque eu te humilhei na frente de todo mundo, nem porque sua caminhonete acorda todo mundo da Península de Olympic, ou por causa dos boatos. Você é odiosa. Você é grossa, é louca, é mal educada e as pessoas te conhecem. Elas sabem de tudo o que você fez, sabem que é uma piranha. – ele disse entre dentes.

Segurei as lágrimas. De jeito nenhum vou chorar na frente dele duas vezes no mesmo dia.

– Eu não sou uma vadia, Edward. – sibilei. – Você sabe disso. Você estava lá, sabe que é tudo mentira. Estava comigo lá. Não passa de mentira.

– Você acha? Eu não tenho tanta certeza, acho que os boatos são verdade. – Ele provocou.

– Eu tenho motivos para matar você, Edward. – disse com um falso humor.

– Ah, cala a boca! Se você tivesse reagido, se tivesse se defendido, sei lá, nos atacar de alguma forma, nada disso teria acontecido! Então pare de se fazer de vítima. – ele me olhou irritado.

– Verdade. Eu não sou a vítima. Você é. Qual foi mesmo a história que contou sobre o nariz quebrado? Caiu de cara na pia do banheiro? – debochei.

– Não importa. De qualquer forma, você provou que era tudo verdade. Você é uma biscate e ponto final.

– Eu não o beijei! Mas que merda! – gritei. – E por que o socou?

– É verdade, por quê? Eu devia ter te batido. – ele falou sério.

– Cai pra dentro, branquelo! – Cerrei os punhos.

Ele ergueu uma mão com calma e tocou o meu rosto. Ele o segurou e se aproximou de mim. Quando ele estava perto o suficiente para eu sentir sua respiração, ele afastou a mão do meu rosto e... Me bateu. Isso mesmo: ele me deu um tapa na cara!

– Você me bateu! – gritei. Ele gargalhou se afastando. – Seu filho da mãe! Você... Você me bateu!

Avancei nele com socos e tapas, mas ele continuava rindo. Ele segurou meus pulsos com sua mãe enorme e pesada, e com a outra, ele ajeitou meu cabelo. Ele ainda ria enquanto eu praguejava alguns nomes feios.

– Nem doeu, Bella! – ele riu. – E você pediu por isso, então...

– Você é um idiota, Edward... – soltei minhas mãos e abri a porta do carro.

– Aonde você vai? – ele ficou sério.

– Para casa – coloquei uma perna para fora do carro e a chuva me atingiu.

– Não vai, não! – ele segurou o meu pulso. – Foi só uma brincadeira.

– Estou cansada das suas brincadeiras. Não sou propriedade sua, nem sua vadia, Edward.

– Calma aí, Bella. Eu estava só brincando, não precisa... disso, sabe? Foi mal. Desculpe... Vem cá. – ele se esticou para puxar minha perna para dentro do carro e fechar a porta. – Pronto, vou te levar pra casa agora.

– Obrigada... – murmurei.

O barulho do aquecedor, desembaçador, limpador de para-brisas ocupava o silencio. Quando estava quase enlouquecendo com o barulho do carro, nós chegamos. Ele desligou o carro e de repente estávamos infiltrados na chuva.

– Obrigada – eu repeti com a mão na maçaneta.

– Espera... – ele suspirou. – Por que o beijou?

– Eu não beijei Jasper! – repeti irritada. – Não queria que ele fizesse isso...

– Eu sei, só queria ouvir você dizer isso de novo. – Ele sorriu. – Vem cá.

Ele colocou a mão na minha nuca e me puxou pra ele.

– Vai me bater de novo? – perguntei séria. Ele riu.

– Não, nunca mais... – ele respondeu e me beijou.

Era bom. Era bom beijar alguém que não cheirava à sarjeta; era incrível estar no meio da noite, envolvida pelo barulho da chuva e não no meio de um bando de bêbados e drogados; era poético como nossos corpos se moviam em sincronia e era horrível saber que os melhores beijos da minha vida havia sido com o cara mais idiota que eu conhecia.

– Boa noite... – ele sussurrou.

– Espera – pedi e entrelacei meus dedos no cabelo dele.

Cheguei tão perto de beijá-lo que foi difícil me controlar. Puxei o cabelo dele até conseguir arrancar alguns gemidos de dor.

– Nunca mais aposte uma garota. – Sussurrei no ouvido dele.

Dei um beijinho de despedida e sai para chuva.