Capítulo 4 ~ A different direction.

Tenho o papel perfeito para você! – Eram essas as palavras que saíram da boca do diretor há uns 30 minutos atrás. Nem lembro exatamente de toda a conversa. Sei que em um minuto ele tinha decidido me dar um papel em um dorama que seria transmitido no maior canal de TV de Seoul. O que estava acontecendo?

O taxi ia em direção ao estúdio enquanto ele tagarelava ao meu lado. Meus olhos estavam fixos nos seus e eu tentava decorar toda e qualquer palavra que saia de sua boca. Era estranho pensar que há pouco tempo eu havia sido brutalmente rejeitada e agora estava num taxi com um grande diretor da Coréia, indo a um estúdio de verdade para fazer testes para um papel que eu nem sabia que existia.

Na verdade, eu podia até saber da existência do dorama Love Snow, afinal, era um dos mais aguardados na temporada, mas eu nunca iria imaginar que uma novata avulsa conseguisse sequer o papel de figurante. Não era possível que eu conseguisse algo tão importante, um papel que provavelmente só era dado a idols ou a atores renomados.

Eu não conseguia ficar feliz, simplesmente por não acreditar ainda que aquilo estivesse acontecendo comigo.

Enquanto eu vagueava por meus próprios pensamentos, o diretor apontava para um grande prédio com o nome KBS gigantesco e bem iluminado. Era óbvio que essa era a parte mais rica da cidade, afinal, todos que passavam pelas ruas estavam muito bem vestidos e apressados. Era o preço do sucesso.

De hoje em diante, eu esperava me tornar como eles.

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Eu estava acordando novamente daquele devaneio sinistro. O chão gelado fazia meu corpo tremer, enquanto meus músculos protestavam a cada sinal de que eu queria me levantar. Sem falar na minha cabeça. A dor da ressaca é algo que te faz prometer parar de beber.

Eu estava tonto e desorientado, além de não fazer idéia de onde eu estava. Podia apenas ouvir o som de pessoas andando e conversando apressadamente do lado de fora da sala em que eu me encontrava. De repente, tudo foi voltando para minha mente como em um flash. Eu estava bêbado para agüentar o ensaio fotográfico, Leeteuk havia brigado comigo momentos antes porque eu não levava nada a sério. Eu tinha acabado e ensaio e bebido mais um pouco.

Donghae, você definitivamente precisa parar de beber.

O mundo dava voltas enquanto eu procurava uma forma de sair daquela sala. Após chegar ao corredor, pude ver que o estúdio estava esvaziando aos poucos. Talvez todos estivessem indo embora agora que o meu trabalho tinha acabado ou estariam organizando os cenários para o próximo idol que fosse fazer um ensaio fotográfico.

Um grupo de garotas iniciantes passava por mim enquanto me cumprimentavam fervorosamente. Eu tentei parecer o melhor possível e, provavelmente, fiz um bom trabalho devido aos anos de prática. Parecer bem era minha especialidade.

Aquelas pobres garotas tinham uma visão errada do mundo dos idols. A não ser que alguma delas já tenha alguma experiência com o show business, elas estavam entrando em um mercado completamente desconhecido onde seus sonhos seriam destruídos tão facilmente quanto arrancar as asas de uma borboleta morta.

Continuei meu caminho até que algo me chamou a atenção. Algo não... alguém. Ela era linda. Apenas uma rosa inocente andando ao lado de um dos poucos diretores agradáveis dessa empresa. Ela não usava maquiagem, pelo menos não exageradamente, e tinha os cabelos ondulados, aparentemente naturais tanto na cor escura quanto no penteado solto. Ela tinha uma beleza incomum para as garotas do mundo idol.

E eu estava disposto a entender o porquê de me sentir tão atraído por ela.

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- Finalmente vocês chegaram. – A voz dele era tão grossa quanto a que eu ouvira pelo telefone. Agora minha dúvida tinha sido cessada, com certeza ele era o modelo novo.

- Abaixe a cabeça garoto e nos cumprimente direito. – A voz de Victoria era rígida e fria. Ela sabia muito bem lidar com novatos. Ele talvez fosse alguém incrível nos meus olhos, mas para ela, ele era apenas mais um talento bruto que precisava se adaptar rapidamente aos padrões coreanos para tentar fazer sucesso.

Ele abaixou a cabeça, mas pude notar um certo tom de zombaria em seu sorriso. Ele não estava levando aquilo a sério. Pobre garoto.

- Sou Ok Taecyeon. – Ele estendeu a mão para Victoria que apenas continuou a fitá-lo sem muita convicção. Não pude segurar o riso e, graças a isso, ele percebeu que eu estava ali. – E você é? Provavelmente a garota que me atendeu ao telefone.

- Jung Jessica – me apresentei, tentando ao máximo ser indiferente como Victoria. Graças ao meu talento como Ice princess, provavelmente eu tinha conseguido passar uma imagem mais fria do que a da minha própria mentora.

- Bom, pelo visto vocês coreanos não são muito de sorrir. – Ele falava com um sorriso zombeteiro no rosto. Continuava a não levar aquilo a sério. – Bom, agora que eu estou morando novamente na Coréia, seria bom que eu me acostumasse a não rir tanto.

- Vai continuar a contar piadas ou vamos ir logo ao seu ensaio fotográfico? – A voz de Victória era fria e ela continuava a olhá-lo como se ele fosse uma simples poça de água no chão e a levasse a um estágio de tédio profundo. – Minha modelo já está cansada da viagem e você ainda nem assinou seu contrato com a JSG. Talvez fosse melhor começar a se apressar. Não estou aqui para perder tempo com um modelo comediante.

Ele a fitou ofendido, talvez não estivesse a ser tratado assim. Nos EUA todos deveriam ser gentis com aquele pobre modelo asiático. Não estava acostumado a ser tratado como um produto. Aos poucos iria aprender como se comportar melhor para se tornar um verdadeiro idol.

Fomos todos ao carro para apressar a viagem. Todos estavam calados, afinal, conversar não tinha sido um bom início. Ele estava sentado ao meu lado e olhava fixamente para o vidro de sua janela. Parecia maravilhado com a Coréia.

- Ainda não conhecia a Coréia? – Meu tom de voz me assustou. Foi bem mais meigo do que eu esperava, parecendo que eu estava realmente interessada em saber mais sobre o novato.

- Não, eu morava aqui quando era crianças. Tenho ótimas lembranças desse país. Espero que sejam lembranças que se repitam nessa minha segunda estadia.

O sorriso dele me trazia uma sensação estranha. Eu não estava acostumada a lidar tão bem com novatos, mas algo nele me chamava atenção e era algo que nem mesmo eu conseguia explicar.

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A garota enfim saia da sala de reunião. Tinha uma pasta da empresa na mão e parecia tão feliz quanto uma criança que tinha ganhado de presente a boneca que tanto queria. E era assim, sorrindo, que ela me parecia ainda mais mágica, estranha e, quem sabe, fascinante.

Algo nela não estava certo.

Enquanto ela ia saindo eu tentei sair de vista. Tentativa frustrada. Meu corpo ainda não estava a responder todos os meus comandos, o que fez com que meus pés se atrapalhassem e eu caísse de cara no chão, bem na frente da garota e do diretor.

- Donghae? – Era a voz do diretor, pelo seu tom, parecia assustado, mas não tive coragem de levantar meu rosto do chão e encará-lo. – Você está bem? Onde está Leeteuk?

Apenas a menção do nome de Leeteuk me fez levantar rapidamente. Olhei para eles e tentei forçar um sorriso. Ajeitei o cabelo e cumprimentei-os da melhor forma que pude. Pude ver que ela parecia realmente assustada, mas com meu cumprimento, lançou um sorriso e baixou a cabeça da forma mais respeitosa possível, depois voltou a me fitar, dessa vez com menos assombro e mais alegria.

- Estou ótimo, apenas um probleminha com meus sapatos novos. – forjei uma gargalhada e dei uma piscadela para a garota.

- Bom, ainda bem que você está bem. Estou levando a senhoria Im para a portaria agora, gostaria de nos acompanhar? – O diretor parecia bem humorado e nem conseguiu perceber que eu estava mentindo.

- Im Yoona – A garota estendeu a mão e eu retribuí o cumprimento, soltando um leve “você deve saber quem eu sou” o que me deixou uma imagem arrogante e me fez ficar arrependido no mesmo instante. Ela não pareceu se importar, apenas sorriu e acenou com a cabeça positivamente.

- Vou acompanhá-los até a saída. – eu tentei parecer indiferente, mas meus olhos não conseguiam parar de ir em direção ao rosto sorridente daquela garota.

Pelo visto, eu teria minha chance de conhecê-la realmente. Só bastava um plano bem elaborado para isso, mas isso que conseguia fazer com facilidade.