Destiny acordou na cama de um motel barato, em meio ao subúrbio mais sujo de toda Steel Town. Eram 3 da manhã, e ela havia dormitado após mais um de seus “serviços”. Fisicamente, ela era alta, esbelta, de pele branca, olhos verdes, e possuía longos cabelos negros. Tudo que sabia sobre sua família, ou melhor, sua mãe, era que ela havia lhe abandonado em frente a um prostíbulo na parte mais marginalizada de Steel Town. Desde então, tem vivido e trabalhado no mesmo. Ela, apesar de tudo, sempre preferiu crer que sua mãe ou pai eram casados com outras pessoas, sendo ela fruto de um adultério, por isso sua mãe lhe abandonou naquele lugar horrível. Era isso que ela dizia quando alguém lhe perguntava sobre sua família, mas de toda forma, ela não se importava com isso. A seu ver, sua vida antes de chegar aonde chegou não significava nada, e agora, menos ainda.

A jovem colocou a pouca roupa que vestia antes de iniciar seu serviço, e saiu do quarto, e também do motel, pelos fundos. Do lado de fora, tudo escuro, apenas algumas fracas luzes dos postes iluminavam tudo. Ao longe, ela avistou um vulto, na forma de um homem, então ela apressou seus passos até o ponto de ônibus. Chegou ao mesmo, e tomou um ônibus para voltar a sua “casa”.

Lá, foi recepcionada por Joyce, a cafetina, que já dizia ao vê-la:

- E então, queridinha, como fomos hoje?

Destiny olhou com desgosto para ela, e jogou na mesa todo o dinheiro do serviço, inclusive a parte que lhe pertencia por direito.

- Ta aqui sua grana, traveco nojento. Já sabe, pode ficar com o dinheiro todo. Não quero um centavo desse dinheiro sujo, que nem você.

- Ah, mas é abusada mesmo. Te acolhi aqui quando aquela vagabunda da sua mãe, a te largou aqui. Mas você piranha que nem a A...

- Eu sempre trabalhei pra te pagar, seu projeto falho de mulher. “A” quem? Minha mãe se chamava “A” o que? RESPONDE COISA!

- Quem falou em “A”? Você agora deu pra beber com os clientes? Não tem nenhuma “A”. Eu confundi os nomes. É tanta piranha que já passou por aqui, que confundo. Vai pra cima sua menina chata! Só por causa desse seu interrogatório, vai dormir sem comer.

- Ok, nem estou com fome. Eu vou descobrir se você estiver mentindo, e se você estiver mesmo mentindo, você vai ver. Tenha uma péssima noite, traveco porco.

Destiny subiu, foi para seu quarto, e bateu a porta. Ela tomou um banho, e logo dormiu. Naquela noite, sonhou com uma pequena cidade. Ela se viu criança, brincando, e então uma mão feminina a arrancou de lá e a jogou numa cama de motel barata ao lado de um homem estranho. Sem mais sonhos ela dormiu e acordou triste na manhã seguinte.

Ela fora a primeira no prostíbulo a acordar. Eram 9 horas, e as outras prostitutas dormiam. Após um banho rápido, vestiu-se com algumas roupas que comprará para sair à luz do dia como uma garota normal. Limpou o rosto, e saiu de cara limpa, sem as exageradas maquiagens que costuma usar nos serviços. Saiu do prostíbulo até o ponto de ônibus, onde tomou um para a praça da cidade. Ao chegar, sentou-se num banco observando as crianças correndo, e os pequenos animais passando. Um homem aproximou-se e disse:

- Bom dia, Destiny.

Ela olhou uma segunda vez para o homem, e o reconheceu como o da noite anterior, que ela virá a caminho do ponto de ônibus.

- Bom dia, eu acho. Quem é você?

- Eu sou alguém que pode ter informações sobre seu pai biológico.

- Sério? Então vamos ver. Quem é meu pai?

- As coisas não funcionam assim, Dess.

- Olha, você deve saber quem eu sou de verdade. Que não sou uma simples e pura moça sentada na praça. Mas, não vai ser dizendo que tem informações do meu pai que vai me convencer a fazer um programa com você de graça por isso. Eu venho nessa praça porque ela fica distante de onde as pessoas sabem o que eu faço. E aqui, eu não agendo nada, muito menos de graça. Passar bem.

- Espere! Não é isso. Eu sei o que você faz, mas não é isso que eu quero. Eu quero que você venha comigo, em uma viagem.

- Por que diabos eu iria numa viagem com um estranho?

- Meu nome é Stuart Overstreet. Nessa viagem, eu posso te esclarecer tudo. Por favor, venha.

- Para onde você vai?

- Mineral Town, ou Honey City, como você deve conhecer. Mas na época que você estava na barriga da sua mãe, chamava-se Mineral Town.

- Que seja. Nome, sobrenome e destino. Eu vou. Só preciso pegar umas coisas no puteiro.

- Claro. Eu vou com você.

Juntos, Destiny e Stu pegaram um ônibus para o prostíbulo. Ao chegar, ela disse:

- Melhor você esperar aqui fora. Não chame a polícia se ouvir algum barulho lá dentro.

- Nem passou pela minha cabeça chamá-los.

Ela entrou, já esperando encontrar a cafetina alterada. Ela odiava os sumiços de Destiny.

- SUA PUTA INGRATA, ONDE VOCÊ ESTAVA?!

- Tenha dó, não é da sua conta. Estou indo pegar minhas coisas e vou embora.

Destiny começou a subir as escadas e chegou ao primeiro andar. Porém, Joyce, furiosamente, correu em seu encalço e puxou seus cabelos gritando com a voz mais grave:

- QUEM DISSE QUE VOCÊ PODE PARTIR ASSIM?! VOCÊ ME DEVE, E MUITO! EU NÃO CONSEGUI IMPEDIR QUE SUA MAMÃE IDIOTA FUGISSE PRA CASAR COM SEU PAI, MAS VOCÊ EU NÃO DEIXAREI IR.

Ela virou-se e empurrou Joyce contra a parede com toda força que conseguiu juntar, e ambas rolaram pelo chão. A cafetina deu socos e bateu a cabeça de Destiny contra o chão alguma vezes, porém, ela ao conseguir livrar-se de Joyce revidou, dando-lhe tapas, e ao conseguir ficar de pé, chutou-a na barriga. As outras garotas saíram de seus quartos para ver o que estava acontecendo e ficaram horrorizadas. Destiny foi até seu quarto e juntou poucos pertences, como as poucas roupas descentes que e a maquiagem mais leve que possuía. Ela saiu do quarto, e foi surpreendida por Joyce que se recompusera. Ela avançou para cima dela, porém, ela correu, e então após se engalfinharem, Destiny deu um chute na cafetina e a mesma caiu rolando escada abaixo. Destiny correu e chutou mais uma vez Joyce. Ela então puxou a cafetina pela peruca e cochichou em seu ouvido:

- Você me bateu tanto, desde que eu era pequena, e eu me vinguei agora. E fique tranqüila, não vou voltar mais. Mas quem deve estar chegando daqui a pouco é a polícia. Eu acho que eles vão adorar encontrar todas aquelas menininhas trancadas no porão. Bela peruca, e muito bem segura, traveco. Espero que concordem comigo quando você estiver na cadeia.

Ela levantou a cabeça, e disse para as outras que estavam no primeiro andar vendo a cena:

- Acabou o show. Se eu fosse vocês, sairia daqui agora. A polícia ta vindo, e quando virem vocês aqui lhes levarão pro mesmo lugar que a nossa amada Joyce.

Destiny cuspiu no rosto de Joyce, e então pegou um extintor da parede e quebrou tudo que pode no térreo. Foi até onde ela guardava o dinheiro, e pegou tudo. Deu um pouco para cada uma das prostitutas e mandou que fossem embora, atrás de uma vida digna. Ela amarrou a cafetina com um chicote ao mastro de pole dance, e saiu.

Stu já possuía em mãos um celular, ficou aliviado ao ver Destiny, machucada, mas viva.

- Você está bem? Ouvi gritos e algo se quebrando.

- Estou ótima. Me empresta seu celular?

- Claro.

Ela ligou para a polícia e ao ouvir a voz da atendente disse:

- Bom dia, eu queria denunciar um prostíbulo no subúrbio que mantém jovens de 8 a 15 anos como reféns e as obriga a satisfazer os clientes mais nojentos deles. Não se assustem com o travesti amarrado no mastro de pole dance, é a cafetina. Enfim, ótima prisão pra vocês.

Ela desligou e devolveu o celular para Stu, que o jogou no lixo.

- Celular descartável. Você se arriscar muito, a polícia podia te prender também.

- Eu me arrisco pelo que é necessário. E denunciar esse lugar foi necessário. Eu posso não ser pura e inocente, mas não sou má.

- Tudo bem, desculpe. Então, vamos para a estação de trem?

Destiny anuiu, e eles foram até a ferroviária. Dentro do trem, Destiny perguntou:

- Essa Honey City, que se chamava Mineral Town, porque a mudança de nome?

- Tecnicamente, o nome passou a ser Honey-Mineral City, mas a produção de mel gera muito mais empregos e dinheiro do que a extração de minérios. Aliás, nem temos mais minas exploráveis, porém o nome ficou em homenagem aos mineradores que com os minérios construíram a cidade. No geral, as pessoas chamam apenas de Honey City. Você provavelmente vai conhecer o maior produtor de mel da região, Adam Tyler. Bom, então, qual nome você vai usar por lá? Afinal, ninguém poderá saber suas origens.

- Destiny. Eu gosto desse nome, apesar de ter ganhado lá onde eu trabalhei. E é meio paradoxal, vendo o fato de que eu não sei nada sobre meu destino.

- Ok. Bom, chegamos.