Will chegou à conclusão de que suas novas escolhas poderiam fazer a diferença entre viver, ou, morrer. Seus olhos umedeceram em concordância e relutância; após sofrer um breve susto com o homem. O líder resolveu trancafiá-lo por algumas horas em seu gabinete, dizendo que mandaria uma pessoa comparecer à sala. Custou a Will entender sua situação, o menino suspirou tentando achar uma brecha seja qual fosse, deu leves batidas nas paredes, empurrou armários, pulou no assoalho, mas aquela fortaleza era de madeira maciça como um carvalho jovem

Resmungando olhou para o teto, havia uma claraboia iluminando o interior. Logo à frente uma árvore chamava atenção por ter fortes galhos escuros e flores amarelas bem vivas. Seu sorriso alargou-se em felicidade, se conseguisse subir lá, talvez...mas pensando no que poderia descobrir mais detalhes do que queriam fazer a ideia perdeu força repentinamente.

Will refletia bem sobre as consequências, abalado com o desespero escutou passos leves vindo, depois, alguém batendo à porta destrancando-a com um certo barulho, em seguida um homem entrou: Nariz aquilino, esguio, alto e desengonçado.

“Vamos menino, não tenho o dia todo, venha logo!” Ralhou dando as costas.

“Ei, você pode me ouvir num instante! Will gritou acompanhando aquele estranho que continuava tão calado do que uma coruja observando de seu ninho, era essa a característica que pensou: uma coruja olhando tudo mesmo estando de longe. Ele andava mais à frente com passos rápidos e longos, sua capa verde-acinzentada voava conforme seguia o caminho silencioso. Algo que lembrou um pouco Halt, talvez essa mania fosse compartilhada a todos da ordem, arqueiros eram reclusos e esquisitos.

E mais uma vez o mestre estava em seus pensamentos, ultimamente ele não saia de sua mente.

“Para onde eu irei?” Perguntou apertando os olhos.

“Vamos ver o mestre, e você, será bem-vindo por lá”.

Will abriu a boca com o comentário sobre “O mestre”, sobre Morgarath. Um arrepio subiu em lembrar deste senhor das guerras e na batalha de Hackman Heath, e quando ele foi expulso para as montanhas. Sofrendo ele temeu estar no mesmo ambiente que a lenda das trevas. Agora sentia falta de estar fora deste perigo, longe de tudo, visto que era uma nova vida incerta, queria voltar à época que morava aos cuidados do generoso Barão Arald — o senhor do Feudo Redmont. Foi educado lá, por ter sido um órfão tinha algumas regalias, assim como, as brigas infantis que tinha com o outro protegido, e agora, amigo, Horace. Todos estavam distante demais dele, e Halt, seu mestre de ofício. Will caminhou indo à atrás aos tropeços, saindo daquele modesto chalé escondido, algumas pessoas já haviam montado seus pôneis, enquanto olhava sem entender o que acontecia uma dor em sua cabeça de tal modo que desmaiasse ali mesmo, aos pés do estranho.

“Precisava disso tudo?” O nariz aquilino comentou rindo ao ver o garoto desacordado.

“Vai ser melhor para ele”. Gilan segurou o pálido rapaz, seu corpo leve e miúdo foi posto no ombro esquerdo, Will escutou bem distante uma voz conhecida, tudo rodava forte até perder finalmente a consciência.

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O rei era um homem sincero, porém, bom e cuidadoso, tinha seu reino em primeiro lugar, era carismático e um líder de honra; atraente, tinha cabelos loiros e olhos verdes afiados iguais de sua bela filha, Cassandra. Muitos gostavam desta figura imperiosa de Duncan, muitos aceitavam suas escolhas e apoiaram-no, e, como líder, sabia ouvir seus sucessores, Barão Arald; senhor dos feudos mais importantes de Araluen, sempre estava presente, é aliado e confiável. Tinha o David, pai de Gilan — bons amigos —, e comandante supremo do exército do rei, trazendo mais do que paz, levando admiração por ser um dos incríveis espadachins de Araluen, e por último, mas não menos importante à ocasião, Geldon,

Estavam todos reunidos no gabinete central, onde se habitava a área administrativa assim como os aposentos do barão, era um ambiente bonito de blocos de pedras. Também continha uma janela chamativa. Mas não eram essas as coisas que Halt realmente prestava atenção no momento. O arqueiro estava de pé, bastante irritado e de mal-humor, movia as pernas, apoiando-se às vezes em uma e em outra, alisava sem perceber suas facas deixando-o com uma aparência sombria e tenebrosa, que para os ocupantes daquela indigesta reunião calaram-se diante do arqueiro obscuro. Seus olhos miravam o nada da paisagem querendo colocar tudo para baixo, mas teria que ser mais do que isso.

“A conversa está mais do que enfadonha, está intragável”. David comentou tentando tirar a negritude daquele rosto sério. Todos se assustaram em descobrir sobre a Ordem dos Arqueiros, Crowley havia os traído, era um imenso problema, teria que mandar cartas aos outros feudos importantes, entretanto, demoraria até a mensagem chegar, e pelo visto, não tinham muito tempo.

“Queriam matá-lo, mas como esta carta veio parar em suas mãos?” Gendon comentou.

“Um dos meus, era um bom homem, sua águia me trouxe antes do amanhecer”. Antes de Will sair para mata à procura de flechas. Pensou, virando-se encarando os presentes, Duncan estava apoiado na mão, o mundo caía em suas costas curvadas mais uma vez, ele pensava até onde aquela história chegaria, ou até onde sua paciência para com Morgarath e suas ideias negativas. Ele olhou para o arqueiro, havia uma esperança, principalmente, para, Will, que se infiltrou na atual Ordem correndo o risco de ser descoberto e morto. O garoto tinha uma história ainda bastante fresca na mente de Morgarath — Seu pai havia auxiliado com a sua queda, assim como, Halt — entretanto, seria a chance deles conseguirem os planos, Will teria que ser o mais esperto possível.

“Mandarei que preparem os cavalos, vamos dar uma olhada”. Duncan disse olhando o mapa aberto sobre à mesa, Ele riscou o possível lugar, mandaria patrulhas pela região.

Halt manteve-se impassível vendo como David parecia estar incomodado com algo, aquela reunião havia roubado a graça daquele homem forte, deixando um fantasma no lugar deste. Geldon se levantou abrindo com pressa a porta para conversar com Ulf; o Mestre da Cavalaria. Era a questão de seu ex-pupilo, Gilan, Aquilo deixou o pai dele estranho, como um excelente arqueiro, sabia prestar atenção. O que estaria deixando ele assim? Halt iria abrir a boca, quando da janela viu uma sombra correndo trotando rápido, um certo pônei desgrenhado.

Era Puxão que relinchava batendo as fortes patas na terra.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.