Desperate Souls

Capítulo 7 - O novo morador


Miki abre a porta de seu apartamento, logo dando passagem a Springtrap, que entra e olha ao redor:

—Então... É aqui que você vive... –ele fala, ela tranca a porta e suspira, ainda tentando entender o porquê de ter feito aquilo, ainda mais que ele ainda lhe causava arrepios na espinha:

—É é, agora fica aí que eu tenho que pegar algo! –sem nem ao menos olhar para o animatrônico, ela corre até o banheiro, fechando e trancando a porta.

Ao olhar seu reflexo no espelho, via que suas olheiras pareciam ainda mais escuras por estar molhada e gelada. Ela pega algumas toalhas no armário embaixo da pia e seca o rosto:

—Afinal, o que estou fazendo? O que estou tentando provar trazendo ele para meu apartamento? Será que vou conseguir viver com ele aqui? –ela ri tristemente –Acabei de assinar minha sentença de morte...

Ao sair do banheiro, vê que o animatrônico estava parado no mesmo lugar ainda, seu corpo pingando:

—Se seque com isso. –ela mostra uma toalha em suas mãos:

—Tem certeza que quer me dar uma toalha branca? –ele estreita os olhos. Miki encara bem o corpo dele, realmente não queria saber o que havia lá dentro, tampouco no trabalho que teria depois para limpar a toalha:

—Tá, usa essa aqui então... –ela lhe atira a toalha marrom que estava usando para se secar –Depois coloca ela no tanque, que fica depois daquela porta –ela indica a porta e vai até seu quarto, e antes que Springtrap falasse qualquer coisa, ela bate a porta e tranca, se escorando nela e escorregando até o chão, abraçando seus joelhos.

Idiota, idiota! O que você espera fazer agora? Como vai dormir com ele aqui? O que ele vai fazer se eu abaixar a guarda...

—Hei, coloquei a toalha onde você me pediu! –algumas batidas soam na porta, assustando-a e fazendo sair de seus devaneios:

—O-ok! –ela tenta soar normal, falhando.

Springtrap, do outro lado da porta, encara o chão. Desde que ela havia aparecido e o tirado de lá, sentia que aquilo era um modo de os dois ficarem “quites” por causa do encontro desastroso, porém sabia que ela nutria medo dele, e se perguntava se não deveria sair de lá e voltar para a casa em ruínas que estava antes:

—Garota... Você realmente me quer aqui, na sua casa? –a pergunta dele a pega de surpresa. Nenhuma resposta, ele suspira, começando a se virar:

—Eu quero que você fique aqui. –ela responde, fazendo Springtrap estancar e olhar para a porta –E se fugir, eu vou atrás de você pra te arrastar de volta. –com isso Miki levanta e vai para cama:

—Garota... –Springtrap balbucia, olhando o chão e soltando um riso fraco –Você é bem idiota...

######

Miki acorda com alguém batendo na porta de seu quarto. Ela boceja e abre:

—Que houve? –ela coça o olho, encarando Springtrap:

—Já faz uns dez minutos que tem alguém batendo na porta. –ele indica a porta da casa, onde soam batidas:

—Deve ser a doida da Letícia... –ela o olha, receosa –Não é por nada, mas... Ninguém sabe sobre você e...

—Entendi, mas onde posso me esconder? –ele coloca a cabeça de lado:

—É um prédio antigo... Tem as escadas de emergência na janela do meu quarto. –ela indica com a cabeça:

—Certo. –ele abre a janela e sai, a fazendo suspirar e ir até a porta:

—Menina, que demora! Já tô um tempão aqui batendo na porta! –Letícia entra falando como o de costume:

—Desculpa, acabei dormindo um pouco demais... –Miki coça atrás de sua cabeça, dando um sorriso amarelo:

—Dormiu um pouco demais? Quer dizer que não está tendo mais pesadelos? –Letícia a encara:

—Na verdade ainda tenho, mas hoje não sonhei absolutamente nada.

—Isso quer dizer que está superando finalmente seus traumas –ela sorri, abraçando a amiga –Mas e aí, tem rango?

—Saiu correndo de novo de casa por causa dos seus pais? –Miki pega duas tigelas:

—Sim.

—Eu planejava dormir até a hora de ir pra faculdade, mas já vi que meus planos vão ser frustrados...

—Vão sim. –as tigelas são enchidas e Miki dá uma delas para Letícia –Mas e aí, como foi com o bonitão do James?

—Trabalhamos normal ué.

—Ah vá, nenhuma conversa legal? Ele não chamou pra nenhum encontro não?

—Não.

—Garota, assim não dá! Já vi que vou ter que dar uma de cupido pra vocês dois... –ela olha de cara feia a amiga:

—Não acho que vá dar certo nós dois. –Miki ri:

—Vai dar sim, tenha fé garota! –as duas caem na risada, porém são interrompidas por um barulho –Que foi isso?

—Ah, não deve ter sido nada...

—Como assim “não foi nada”? Parece que caiu algo no teu quarto. –Letícia a encara:

—Ok, vou dar uma olhada... –Letícia faz questão de levantar, mas Miki a impede –Não precisa vir, não deve ter sido nada demais, pode ser o vento...

—Tá... –ela faz biquinho, sentando de volta e continuando a comer.

Miki entra em seu quarto e fecha a porta, dando de cara com Springtrap:

—O que você está fazendo aqui? –ela sussurra, encarando assustada o animatrônico:

—Fiquei preocupado, estava demorando... –ele a olha de modo carente:

—Desculpa, é que a Letícia tende a aparecer e ficar até a hora da minha aula... Então provavelmente você vai ter que ficar lá encima até nós sairmos... –Miki o olha com cara de quem pede desculpas:

—Essa Letícia é uma amiga sua?

—Minha melhor amiga.

—E aí, o estrago foi tão grande pra demorar tanto? –a voz de Letícia soa pela porta:

—F-foi só meu abajur que caiu, só estou arrumando as coisas aqui, já tô indo! –ela fala pra a amiga:

—Essa é a minha deixa... –Springtrap vai até a janela e olha Miki, que encarava o nada, parecendo perdida em seus pensamentos –Quando você volta? –ele a retira de seu transe com a pergunta:

—Só de noite, naquele horário que chegamos ontem, porque eu tenho que trabalhar –ela dá um sorriso amarelo:

—Ok. –ele assente com a cabeça e sobe as escadas, deixando-a sozinha em seu quarto.

######

—Você me parece diferente querida... –Vovó fala, enquanto Miki limpava uma mesa:

—Como?

—Não sei como explicar direito, mas parece mais calma, seu semblante está sereno... Aconteceu algo bom?

—Não exatamente bom... –Miki sorri amarelo:

—Seja lá o que for, lhe fez bem –com isso a Vovó vai para a cozinha, onde James também estava, que acena para Miki com um sorriso.

Eu apenas abriguei o monstro dos meus pesadelos na minha casa, não acho que isso me deixe mais calma. Miki pensa, indo arrumar umas das mesas enquanto os clientes entravam na loja e se sentavam. Ela anota alguns pedidos e vai mandando para a Vovó, logo em seguida pegando uma bandeja e entregando os pedidos.

Quando estava para entregar em uma das mesas perto da porta, Miki não vê o garoto entrando correndo na frente dos pais, rindo. Antes que o pequeno a notasse, os dois se chocam com força, fazendo-a tropeçar para trás e os copos de vidro de milk-shake que estavam na bandeja voarem para cima. Eles iriam cair encima da cabeça do garoto, que caiu no chão com o impacto.

Miki, em um impulso, se joga para cima do garoto, abraçando-o, e os copos caem encima de sua cabeça, se quebrando e a fazendo tombar no chão com o impacto.

A criança começa a chorar, as pessoas gritavam assustadas ao seu redor, ela apenas sentia sua cabeça gelada por conta do sorvete, porém uma cor vermelha se juntava ao sorvete no chão. Miki perde a consciência.