Desperate Souls

Capítulo 23 - Quinta noite


Primeiro, começou com os berros, depois a agitação e as batidas. Foi neste cenário que Springtrap religou e viu Miki.

Era outro pesadelo, outro pesadelo que Freddy a torturava.

Ela se debatia na cama, gritando de dor.

Springtrap odiava isso, odiava que não conseguia acordá-la por mais que tentasse, que todo esse sofrimento era por causa dela ter o ajudado. A situação parecia pior agora que ele sabia quem era o causador disso tudo.

E então, silêncio.

Confuso, ele chega mais perto de Miki, vendo que ela ainda dormia. O que estava acontecendo? Ela nunca havia parado de gritar antes de acordar... Até que ele nota.

Ela não estava respirando:

—Ah não, Miki! Acorde! Miki! –ele começa a sacudi-la –Vamos, não faça isso comigo! Não agora que você me aceitou! –ele a larga, vendo que isso não estava adiantando.

É então que ela acorda em um sobressalto, saindo da cama e correndo para o banheiro:

—Miki! –ele exclama, aliviado, porém esse sentimento não dura muito quando chega perto e a vê se olhando no espelho, a boca escorrendo sangue –O que...

Ela abaixa a cabeça, vomitando sangue na pia. Sem pensar duas vezes ele corre até ela e a afasta seus cabelos, encarando preocupado a pia branca agora pintada em vermelho:

—O que aconteceu?

—Freddy... –ela responde, respirando fundo, tossindo um pouco e cuspindo o resto de sangue que estava em sua boca –Ele me afogava... No sangue... Me abriu... –com esforço, se encara no espelho, vendo o estado pavoroso em que se encontrava:

—Você...

—Não, não vou vomitar mais. –ela liga a torneira, encarando o sangue sumindo, logo em seguida lava seu rosto e quando estava limpa, olha para Springtrap –Me ajude, acho que não vou conseguir me aguentar de pé.

—Claro. –ele a ajuda a ir até a cama, sentando-a –O que Freddy queria dessa vez?

—Ele finalmente me fez a tal proposta... E já deve saber qual foi minha resposta. –ele concorda com a cabeça. Ela se deita na cama –Ele queria que eu “quebrasse o seu coração”. –ela o encara –Que você apenas sofra eternamente, sem chance de redenção.

—Aquele maldito...

—Com certeza ele estará puto hoje. –ela soa sonolenta –Vou ter... Que me cuidar mais... –o cansaço vence, ela estava dormindo.

Springtrap se senta ao seu lado delicadamente:

—Não posso mais aceitar isso. –ele murmura, afagando o cabelo dela carinhosamente –Freddy não vai mais tocar em um fio de cabelo seu.

—----

—E aí, como está nossa fiel escudeira? –Douglas cumprimenta, com sua alegria habitual, quando Miki entra na pizzaria antes de começar seu turno –Enfrentando animatrônicos assombrados?

—Claro, eles não me deixam em paz. –ela ri, achando cômico que eram verdadeiras aquelas palavras –Teve algum problema?

—Nah, o Stephen que não para de reclamar das câmeras que não funcionam. –ele faz beiço –E pediu para eu olhar e usar minhas habilidades hackers para ver se encontrava algo, mesmo que o técnico já tenha olhado, mas nadica de nada. –ele engancha o braço ao redor do pescoço dela, como se fosse contar um segredo –Mas só entre nós, ele não quer admitir que o computador caríssimo dele é uma droga.

—Quão caro?

Muito caro. Eu disse para ele comprar um mais simples, mas nããããooo, tem que ser do contra! E ele ainda é uma toupeira pra mexer em qualquer coisa tecnológica que foi feita depois dos anos 2000! –Douglas começa a fazer gestos exagerados com as mãos, Miki tentava não rir daquilo –E agora ele fica me enchendo o saco porque as benditas câmeras não funcionam e sou eu que sei mexer na droga de um computador.

—Isso quer dizer que você vai me acompanhar em meu turno hoje? –ela sorri, escondendo o medo que a afligia de ele descobrir tudo:

—Ficar preso em uma salinha por seis horas? Não, não é minha praia. –ela fica aliviada –Mas pode crer que vou estar de volta as seis para rever as câmeras e provar que é coisa daquele maldito computador chique. –ele olha o relógio –Bom, vou deixá-la trabalhar, e nem precisa fazer a vistoria, já bisbilhotei tudo aqui.

—Sim senhor. –ele acena um tchauzinho para ela e sai da pizzaria. Quando ele some, ela suspira, aliviada –Ainda bem que não vou ter que explicar pra ele sobre robôs possuídos. –ela vai até sua sala e fecha a porta –Eu deveria ir para o salão dos Nightmares e esperar o Puppet lá... –ela pensa por um momento –Vai ser ruim, não teria as câmeras, e não sei quando eles se ativam. Se o Freddy se ativar antes, aí lascou.

Ela se senta em sua cadeira, relembrando do pesadelo que teve e as palavras insanas de Freddy ficavam se repetindo em sua mente.

Tentando se distrair, ela encara com atenção as câmeras, quase caindo da cadeira quando vê que Bonnie estava parado em frente à sua porta:

—Eu não vou abrir essa porta não. –ela murmura, aproximando o rosto do monitor –Como que você chegou tão rápido aí? Não passou nem cinco minutos do início do meu turno! Tá tão carente assim?

Com um suspiro, levanta e chega a porta, vendo se estava realmente fechada e que não iria ter convidados indesejados. Ela parecia estar bem trancada. Dando-se por satisfeita, Miki volta para sua cadeira e vê que todos os Toys haviam sumido, assim como Freddy e Chica:

—Mais essa agora... Freddy não tava brincando quando falou que eu ia me arrepender. –para seu desespero, ela vê que Foxy continuava em seu lugar, assim como Golden Freddy e os Nightmares –Vamos lá, todos os outros retardados acordaram...

Ela ouve um som vindo de sua porta. Ao olhar as câmeras, arregala os olhos, o medo tomando conta.

Balloon Boy estava mexendo no trinco com duas agulhas.

Mas é claro que esse demônio sabe abrir fechaduras! Ela ironiza mentalmente, sua porta sendo destrancada, abrindo e revelando Bonnie:

Você vem comigo! —ele fala, agarrando-a pelos cabelos e arrastando-a, que começa a berrar de dor e tentava se soltar –Sem mais truques, hoje você morre.

—Puppet!

Não adianta chama-lo, a vitória é nossa hoje.—ele a joga no chão, e quando olha para cima, vê que estava no salão dos Toys e cercada pelos mesmos:

Sabe Miki, mesmo você recusando minha doce proposta, ainda saio ganhando.—Freddy sai das sombras, caminhando até ela e a agarra pelos cabelos e a ergue até a altura de seus olhos –Já que lhe matando vai atingi-lo do mesmo jeito que desejo.

—Não vai ser tão fácil assim. –ela fala entredentes:

Ah, mas o corpo humano é tão frágil! Você quebra bem fácil.—ele aproxima o rosto dela –Não se preocupe, vou fazer com que seja longa e dolorosa sua morte.—ele a joga no chão, rindo. Ela tenta engatinhar para longe, porém os Toys a bloqueiam. Ela se vira para Freddy.

Ele a encarava com os olhos brilhando de insanidade.

Era ali que ia morrer.

Os Toys a agarram violentamente e a fazem se levantar.

Freddy começa a se aproximar:

Adeus Miki. –ele agarra seu braço, rindo:

Freddy! —uma voz faz todos congelarem. Ela não conseguia acreditar no que estava vendo, por que ele estava lá? –Solte-a neste instante!

Por que...—Freddy o encara, transbordando raiva –Justo agora... Justo agora que você aparece para me atrapalhar?!

Quem os encarava era Springtrap.