Desperate Souls

Capítulo 17 - Sonho e realidade


Agora o escritório era diferente de todos os anteriores em que esteve, porém ao mesmo tempo era familiar...

Miki soube que estava em outro pesadelo assim que abriu os olhos e deu de cara com o vidro que separava o escritório do corredor:

—Eu sei que é você que está fazendo esses pesadelos Freddy! O que você quer?! –ela berra, olhando ao redor e se levantando, péssima ideia.

No momento em que levanta, se vê cara a cara com um Freddy com aparência fantasmagórica e decaído no corredor, encarando-a:

O que foi que me denunciou? Nossa conversa duas noites atrás ou sua conversinha com o Puppet?—ele fala –Achou que eu não ia saber que aquele idiota ia tentar lhe alertar?

—Não acha que esse joguinho de pesadelos é idiota? Eu já sei que você quer me assustar com eles, me fazer desistir de algo que eu nem faço ideia do que tenho que fazer, então qual é o ponto? Você não pode me ferir fisicamente em sonhos. –ela reúne coragem e o encara:

Acha idiota? Acha que não posso feri-la? —ele ri, calafrios sobem pela espinha de Miki –Veremos quem vai ganhar esta aposta então!

—O que... –ele some de sua frente, ela olha para os lados, confusa. Um segundo se passa... Dois... Três...

Freddy pula no rosto dela, um berro estridente, porém ao invés de senti-lo a tocando, ele a atravessa, fazendo-a recuar e cair sentada na cadeira.

Todo o escritório começa a piscar, ela não entendia o que estava acontecendo, por que Freddy a atravessou ao invés de arrastá-la até uma roupa? E então seus olhos cruzam com algo inesperado:

—P-por isso esse escritório era familiar... –ela balbucia, seu corpo gelando de medo –É a atração de terror, e você está aqui para me matar, não é?

Springtrap a encara, por um momento ela nota receio em seus olhos, que some no instante seguinte em que ele dá um grito estridente, pulando encima de Miki, fazendo os dois caírem no chão.

Miki tenta tirar o coelho de cima de si, porém era muito mais forte que ela:

—O que você quer com isso Freddy?! –ela berra, sentindo Springtrap apertar cada vez mais seu braço:

O que quero? Ora, apenas estou lhe mostrando quem esse assassino realmente é.­—Freddy surge encima da mesa –Todos esses pesadelos mostram o que fizemos com todos os guardas noturnos, mas acredite, o coelhão aí é pior que nós.—ele desaparece com uma risada macabra.

Miki faz questão de abrir a boca para gritar com ele, porém é impedida pelos dedos de Springtrap, que enfia em sua boca e segura seu maxilar enquanto a outra mão continuava a apertar seu braço.

Ela sente seus olhos encherem de água, sabia que o que iria acontecer em seguida não seria bom, e estava com medo daqueles olhos frios que a encaravam, sem se importarem com a dor que infligia nela:

—S-Spring... –ela tenta falar mesmo impedida pelos dedos dele, e é então que ele aperta ainda mais seu braço, até que os dois ouvem o som horrível de algo se quebrando.

Miki tenta gritar com a dor que sentia e parecia tão real, porém ele enfia ainda mais seus dedos na boca dela, impedindo-a. Com a outra mão, que agora estava livre, ele leva até seu pescoço e começa a asfixia-la.

Não aguentando aquela dor que parecia tão real, ela fecha os olhos e tudo fica negro.

Quando abre os olhos, estava em outro cenário, jogada em um canto e Springtrap estava de costas, mexendo em algo:

Caso esteja se perguntando, não, ele ainda não terminou com você.—Freddy aparece ao seu lado –Como eu disse, ele é pior que nós, e agora você vai sentir isso.

Springtrap se vira para ela, estava com um serrote em suas mãos. Ela engole em seco, vendo que aquele maldito Freddy havia sumido novamente:

—V-você não... N-não vai fazer isso né? –ela tenta falar, ele começa a vir em sua direção –N-não... –o serrote é levantado –Springtrap NÃO! –e ele baixa.

A dor que percorreu pelo corpo de Miki foi pior do que o pesadelo em que foi colocada nos trajes, a cada esforço que ele fazia ao tentar serrar os ossos dela, ela berrava ainda mais, tentando se desvencilhar dele, o que era em vão, e aquilo apenas piorava a dor.

E então seu braço cai no chão, desconectado de seu corpo.

Miki olha horrorizada seu braço imóvel no chão, sangue para tudo quanto é lado. Tudo o que conseguia pensar era no quanto queria acordar logo:

Resta três.—finalmente Springtrap fala, agarrando a perna dela e a encarando com a boca aberta, e ela nota algo assustador.

Havia um corpo dentro de Springtrap.

Ele levanta o serrote.

Miki grita.

Freddy ri.

—MIKI!!! –ela abre os olhos molhados por lágrimas, agora estava em seu quarto, alguém a segurava:

—S-Springtrap... –ela balbucia, vendo o coelho assustado em sua frente, que arregala os olhos ao ouvi-la falar seu nome:

—Miki, você... –antes que continuasse, ela grita e leva a mão até seu braço esquerdo, e então os dois notam algo peculiar:

—S-sangue? –Miki encara a mão agora coberta desta substancia, que estava se espalhando por toda a manga de seu pijama.

Em um movimento rápido, Springtrap pega Miki e a carrega até o banheiro:

—Onde estão os primeiros socorros? –ela aponta para o armário debaixo da pia. Ele a coloca com cuidado sentada e pega o necessário, encarando-a em seguida –Vai ter que tirar sua blusa, há muito sangue...

—Vai ter que me ajudar... E-eu não consigo mexer o braço. –ela fala, ele nota que mais lágrimas escorrem pelo rosto dela.

Com todo cuidado, ele a ajuda a tirar a blusa, e quando ela estava sem, ele identifica que o sangue vinha de um corte em seu braço, um corte que fazia uma volta completa em seu braço.

Ele limpa o sangue, e se assusta ao reconhecer aquelas marcas. É quase como se alguém tivesse serrado a pele dela... Mas como?

—E-está doendo... –ele volta a realidade com as palavras dela, notando que estava segurando com muita força seu braço:

—D-desculpe. –ele solta seu braço e pega rapidamente um medicamento, passando no ferimento e o enfaixando em seguida –Terminei. –ele se afasta, um pouco mais calmo, porém vê algo que faz seus olhos arregalarem.

Na barriga e tórax de Miki haviam marcas, marcas que passariam despercebidas para desatentos, mas não para alguém como ele.

Marcas de perfuração de springlocks.

—M-Miki, o-onde conseguiu essas cicatrizes? –sua voz fraqueja, apontando para as marcas, a qual ela olha e então o encara:

—Eu... Eu não sei. –é tudo eu ela fala, mas ele sabia que não era verdade, ela estava escondendo algo dele –Obrigada. –ela muda o assunto drasticamente:

—Pelo que?

—Por cuidar de mim. –ela indica a bandagem e se levanta –E por não ser como aquele assassino.—ela sussurra:

—O quê?

—Eu disse que vou pegar outra blusa. –ela sorri tristemente para ele e volta para o quarto.

Springtrap hesita por um momento e depois vai até o quarto também:

—Miki, o que foi que aconteceu? Como você se machucou desse jeito? Com o que sonhou? –ele pergunta:

—Apenas tive outro pesadelo. –ela veste uma blusa:

—Mas esse foi pior que os outros, você gritava como se... Como se... –ele para, se lembrando de onde já tinha ouvido gritos como aquele:

—“Como se”?

—Como se alguém a torturasse. –ele a encara:

—Não se preocupe, é só um pesadelo. –ela desvia o olhar –Agora com sua licença, preciso dormir mais um pouco antes de ter que me arrumar para a faculdade.

—Mas...

—Nada de “mas”! Já disse, está tudo bem! –e ela se deita na cama, se cobrindo até a cabeça com o cobertor.

Springtrap fica parado por uns instantes, frustrado, querendo entender o que estava acontecendo, porém vendo que não iria conseguir arrancar nada dela agora, vai até seu canto usual e se senta, desligando.

Miki suspira, tirando as cobertas da cabeça e vendo uma criança em sua frente com um sorriso assustador:

Mentindo para aquele assassino, que feio!—a criança ri –Mas eu venci a aposta, você foi ferida pelo pesadelo!

—Cale a boca Freddy. –ela sussurra:

Desista daquele assassino Miki, aceite minha proposta, não há como você me vencer.—ele começa a desaparecer –Ninguém é capaz de me vencer...