Desinformação Funcional
Capítulo Único
Desinformação Funcional
Star atravessou as portas do ginásio e partiu para a chuva.
Não dá mais. Não dá mais.
Ela correu pelo estacionamento, tropeçando e caindo no chão. A lama lhe subiu os quadris e arruinou vestido.
Mas nada importava. Ela se levantou com o joelho arranhado e continuou a correr.
Sabia que ir ao baile de formatura seria uma péssima ideia.
Estaria com Marco.
Mas elas também estaria lá.
Cedo ou tarde, teria que retornar a Mewni. E sabia, lá no fundo, que Marco se recusaria a ir com ela.
Jackie Lynn ou Jenna.
Marco escolheria uma delas.
...
Não Star.
***
Já haviam passado horas. Marco rodou todos a cidade inteira, mas não encontrara Star em lugar nenhum.
Cansado, com a gravata lhe apertando o pescoço e os sapatos, os pés, ele achou melhor ir para casa.
Cedo ou tarde, ela apareceria.
No caminho de volta, no entanto, encontrou Star sentada em um balanço no parque.
Ele sorriu e se aproximou. Sentou – se no balanço anexo, e estendeu o pacote de nachos.
— Molhou um pouco com a chuva, mas acho que ainda estão bons.
Na verdade, naquele ponto, a chuva já cedera. O céu noturno agora estava claro, revelando uma lua branca por detrás das nuvens.
Ela agarrou o pacote e se serviu de um deles. Devolvendo a Marco, ele pegou outro.
— Desculpa.
— Tudo bem. Acontece.
— Não, eu.... Argh!
Star enfiou o quitute na boca e enfiou goela a baixo, sem mastigar.
— Não, não tá tudo bem. Eu sempre faço isso. Sempre que eu estou perto delas. Eu...
Só não consigo mais.
Ao contrário dela, o rapaz mastigava com a maior calma do mundo.
— Sabe que eu não vou te trair, né? Com ninguém.
Ela suspirou.
— Cedo ou tarde, você vai se cansar disso. E vai escolher uma delas.
Marco ficou surpreso com a afirmação da namorada. Realmente não estava entendendo onde ela queria chegar.
— Do que você está falando?
— Você entendeu.
— Não, sério. Mas do que você está falando?
Diga exatamente.
Star ficou de pé e fitou Marco, ainda sentado. Deixou que a baixo – estima saísse e a indignação tomasse conta.
— Tá brincando, não é? Eu só te arrasto para problemas. Você vai se encher.
Então ela voltou a sentar no balanço, se afundando nele.
E nos nachos.
— O mínimo o que se pode fazer, agora, é me dizer: Jackie ou Jenna?
— O quê?
Ela revirou os olhos.
— Jackie ou Jenna. Quem você ama mais?
Marco parou de comer. Tinha adiado esse assunto há muito tempo.
Todo mundo tinha. Mas ele não ia mais colaborar com a mentira.
Para o bem ou para o mal, aquilo tinha que acabar. E seria ali, agora.
— Eu nunca vou te trocar por ninguém, Star.
— Ah, marco, sério? Vai se fazer de difícil, agora? As duas são perfeitas e....
— Elas não são reais, Star.
....
— O quê?
Marco esfregou os olhos.
— Jackie Lynn e a Jenna. Não são reais. Nunca foram. Você as inventou.
Star se perdeu por um segundo. Não estava entendendo mais.
Tinha perdido alguma coisa.
— Como assim, elas não são reais?
Elas estavam lá, no baile, hoje! Me encarando, encarando a gente!
Ele suspirou. Sabia que a conversa ia ser longa.
— Não. Ninguém estava encarando a gente. Você passou boa parte do tempo olhando para o vazio. Aí, saiu gritando pela saída, dizendo que não era boa o bastante.
Então eu vim te procurar.
Espera, o quê?
Não, elas estavam lá.
Eu lembro.
Não é?
...
— Não, não, não, não, não, não.
Eu saberia se elas não fossem reais. Quer dizer, eu passo o tempo todo com a Jenna e ....
— Você passa o tempo todo comigo. Só nós dois.
Espera.
Ele tá certo.
— Não, espera. Calma – Star coçou o queixo, tentando se reestabelecer – o seu primeiro beijo, na pista de skate. Foi com a Jackie.
— Nãaaaao. Foi com você, lembra?
Eu te levei porque queria te impressionar andando de skate, e quase morri, em cima daquele troço. Aí, a gente se beijou.
Não foi isso que aconteceu...
Espera, foi sim.
Meu primeiro beijo.
...
Nosso primeiro beijo.
— Mas, depois, no cemitério. Eu e a Jenna....
— Eu e você. Ficamos o resto da noite lá. Esperando o Bon – Bon aparecer.
...
— Então, elas....
— Não.
— Nunca?
— Nunca.
Marco viu a tristeza dela. Ele se levantou, segurou as mãos dela, e se ajoelhou.
— Seus pais te mandaram para a Terra para ver se você melhorava disso.
Mas não melhorou. Eles tinham medo de te contar.
— Por quê? O que havia a temer?
— Eclipsa fazia a mesma coisa.
Ahn.
— Espera, quer dizer que eu sou...
— Você não é nada, a não ser você mesma. E eu não vou mais mentir pra você. Por que eu confio. Eu te amo, Star Buterfly.
Marco se ergueu e eles se abraçaram.
Não estava tudo bem.
Nem perto disso.
Mas sabia que ia ficar.
Eles se beijaram sob a luz da lua, e nada podia atrapalhar o momento.
Quando ela o largou, viu Jackie e Jenna, ali, paradas.
As duas acenavam positivamente para a princesa.
— Gosto de nachos.
Star riu. E era isso que importava. Mante – la feliz. Ele vivia pra isso.
Estava pronta para beija – lo de novo quando um pensamento lhe ocorreu.
— Espera, e a Cabeça – Pônei? Ela é real?
— Ah, ela é, sim. Mas eu gosto de pensar que não.
De mão dadas, partiram para casa.
Ainda tinham um saco absurdamente grande de nachos para terminar e muito o que conversar.
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