Capítulo Único

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Kaoru — desde que se lembra por gente — sempre andava de mãos dadas com Hikaru. Isso era um fato para qualquer um que tenha convivido, nem que fosse um pouquinho, com eles.

Por isso era estranho para ele — Kaoru, digo — não ter sua mão entrelaçada à do irmão, mesmo este estando ao seu lado.

Parou de andar e fechou os olhos por alguns segundos, processando o vazio com o qual teria que conviver, agora que Hikaru percebeu que não precisava mais de si para preencher o próprio vazio. Até pouco tempo atrás, Kaoru se perguntava o que faria quando Hikaru resolvesse dar “um passo adiante”, mas até que estava lidando bem com a situação.

— Kaoru? — indagou seu gêmeo, assim que constatou que havia parado de andar.

— Sim, Hikaru? — respondeu, voltando a abrir os olhos, mas ainda sem sair do lugar.

— O que houve? — perguntou preocupado.

— Não é nada — replicou, sorrindo para seu gêmeo — aliás, aquela ali não é a Haruhi? — apontou, mudando de assunto.

— Onde?! — Hikaru virou-se rapidamente, olhando para onde seu gêmeo indicava, vendo a menina que andava distraidamente pela rua.

— Vá falar com ela! — incentivou Kaoru, dando um empurrãozinho no irmão.

— Hã? Tem certeza? Prometi que ficaríamos juntos hoje — ponderou Hikaru.

— Sem problemas. Vai! — deu o último empurrãozinho, fazendo com que seu gêmeo (finalmente) corresse até ela.

— Eiii! Haruhi! — Hikaru acenou animadamente quando esta olhou para trás.

Kaoru sorriu. Hikaru podia ser bem idiota às vezes. Qualquer um podia perceber que estava apaixonado por Haruhi. Mordeu o lábio inferior.

Droga, não estava preparado para ficar sozinho. Não estava preparado para vê-lo andar de mãos dadas com outra pessoa.

Porque o amava. Eram um só. Não existia Kaoru sem Hikaru.

Desviou o olhar do que esperava ser futuramente um casal e deu as costas. Não aguentaria segurar as lágrimas se olhasse por mais tempo.

Estava lidando bem com a situação. Não deixaria seu egoísmo estragar isso.

Não ter mais suas mãos entrelaçadas era realmente solitário. Vai ver é porque Hikaru já estava muito distante.

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