Desculpe-me

O Fracasso Daquele Dia


- Não pode ser. Como isso aconteceu? Como? Eu o matei, tirei a vida do meu melhor amigo. – Pergunto a mim mesmo de pé na frente do corpo do jovem rei do Santo Reino de Iris, que agora está caído no chão com seus olhos abertos mostrando a coloração azul de sua íris enquanto um raio perfura seu peito queimando sua carne, fazendo com que uma fumaça apareça no local atingido.

- Isso meu filho, você consegue ver agora? Seu futuro é comigo e com Grima! – Um homem fala com um grande sorriso estampado no rosto possuindo um tom de pele escura com cabelo negro sem franja jogado para trás, com uma barba com volume mediano.

- Não... Eu... Eu... Vou matar você Validar!

- Você falhou meu filho, olhe ao seu redor e observe seus amigos caindo um a um.

Olho para o lado do grande salão do castelo possuindo quase nenhum pilar e de pouca iluminação. Logo assisto todos caindo durante suas batalhas contra os homens de Validar, meus amigos e a garota que amo, todos caídos no piso de mármore em uma poça vermelha. Caio de joelhos sentindo as lágrimas descerem até o fim de minhas bochechas ouvindo a comemoração dos inimigos e a risada de Validar voltando a invadir minha mente. Fecho o punho e levanto abrindo meu livro mágico de capa amarelada apontando minha mão direita em direção ao homem que é meu pai.

- O que está fazendo Grima? – Pergunta o homem com um largo sorriso andando em minha direção começando a gargalhar.

Minha visão começa a ficar vermelha, igualmente ao modo que me fez dar o ataque elétrico em Chrom e minha consciência começa a apagar aos poucos, como se outra consciência está tentando tomar conta de meu corpo. Eu tenho que impedi-lo a qualquer custo, o mundo depende de mim, preciso cumprir minha promessa que fiz ao meu falecido amigo.

- Thunder! – Exclamo quase sem forças criando uma grande força elétrica na mão e lançando contra Validar, acertando-o.

Validar cai e automaticamente ficando com seu joelho esquerdo no chão para conseguir equilíbrio, mesmo com vários ferimentos por lutar contra mim e Chrom. Ele diz colocando a mão esquerda no seu peito onde localiza o coração, no qual acaba de ser o alvo de meu ataque elétrico.

- Grima está em você, meu filho. Como ousa desafiar a vontade de nosso deus?

- Droga! – Exclamo sentindo minha visão ficando cada vez mais avermelhada chegando a escurecer e minhas memorias começam a passar diante meus olhos, as batalhas, as conversas e o dia em que a conheci naquele bosque. – Desculpe-me, Lissa. – Foi à última coisa que consegui falar quando toda minha visão fica escura como minha mente.

Antes de Robin desmaiar, sua força de vontade foi o suficiente para enfraquecer Grima que agora controla seu corpo. Mesmo não possuindo seu poder supremo o primeiro ataque foi anunciado, vilarejos começaram a ser destruídos e uma grande guerra tomou conta do Santo Reino de Iris e nela muitos anos se passaram até Grima recuperar todas suas forças e dominar o mundo.

Dezesseis anos passou rapidamente, Frederick um grande cavaleiro da família real e um dos poucos que sobreviveu a batalha contra Validar cuidou das duas filhas de Chrom treinando-as para as futuras batalhas enquanto outras figuras comandam a guerra estão sendo mortos em combate. Muitas baixas começam a surgir para ambos os lados, mas Grima continua atacando conseguindo ampliar cada vez mais seu exército e seu poder finalmente está retornando para seu corpo, Grima em breve conseguirá seu poder total.

Enquanto isso, no dia atual.

- Lucina? O que está fazendo? – Um homem de cabelo castanho pergunta enquanto veste sua ombreira metálica azulada preparando-se para uma nova luta enquanto observa uma garota de cabelo longo azulado usando um uniforme de tecido de alta qualidade possuindo uma coloração azul escuro possuindo armaduras leves em áreas estratégicas.

- Estou pronta para ir ao campo de batalha, Frederick! – Diz a adolescente de dezesseis anos mostrando vigor em suas palavras.

- Eu já falei com você Lucina, você ainda não está pronta para isso. Precisa de mais treino.

- Meu pai e minha mãe morreram nessa guerra! Eu quero lutar para salvar todos! – Grita a garota mostrando os dentes frustrada com a decisão de seu mestre.

- Já chega Lucina! Todos nós tivemos perdas. Mas se você for nesse estado não haverá menos um membro da família real para reinar o Santo Reino de Iris, isso seria uma grande perda para o nosso lado.

Um mensageiro surge correndo entrando em posição, ficando uns quatro metros do grande cavaleiro e rapidamente notificando com sua voz abafada.

- Frederick, notícias! O exército de Grima está aproximando pelo norte e atacando um vilarejo próximo. Nossas tropas não vão aguentar por muito tempo! O próprio Grima está comandando a invasão.

- Grima está lá? Frederick se eu conseguir matar ele toda essa guerra vai acabar! – Grita Lucina olhando para o homem que recusa mexendo a cabeça negativamente.

- Sinto muito Lucina, mas isso é apenas para os experientes.

Frederick levantou-se do banco de madeira totalmente equipado carregando sua lança prateada em punhos seguindo o mensageiro que passa as outras informações deixando Lucina sozinha no pátio do castelo. Que por sinal é grande possuindo um formato circular com uma boa vegetação de baixo e alto porte em lugares estratégicos para melhorar o ambiente enquanto possui várias cadeiras para descansar, em outras palavras um ótimo local para namorar a noite enquanto observa as estrelas.

Lucina cruza os braços voltando em direção para dentro do castelo retirando sua Rapier da bainha observando a lamina fina com altura considerável enquanto o brilho do sol deixa mais chamativo fazendo admirar sua espada, até sentir alguém aparecer ao seu lado colocando o braço em seu ombro e falando com um grande sorriso no rosto.

- Bom dia Lu-ci-na!

- Inigo! Eu já disse para não ficar fazendo isso. – Grita a garota saindo do “abraço” do rapaz encarando ele mostrando sua expressão séria, algo normal para o jovem rapaz.

Inigo é um rapaz de cabelo cinzento com olhos negros de cor branca possuindo quase sempre um largo sorriso no rosto utilizando vestimenta de cor branco e azul, cobrindo seu corpo totalmente, enquanto carrega uma espada na bainha preso na cintura e um escudo azulado preso a seu ombro esquerdo enquanto utiliza armaduras leves e pesadas em lugares estratégicos para combate.

- Pelo visto ainda não se acostumou com meus bons dias. Certo? – Pergunta ele de um modo convencido colocando a mão esquerda perto do rosto e em seguida passando o dedo no queixo, tentando fazer uma pose de galã.

- Cada dia suas poses pioram. Senhor tímido. – Diz Lucina olhando para o rapaz sem expressão enquanto continua encarando o rapaz.

- Vocês ainda não acreditam em meu passado não é mesmo? – Diz o rapaz rindo continuando com os dedos no queixo e em seguida fecha o olho esquerdo continuando – Que tal uma dança? Jovem princesa.

- Passo. – Fala rapidamente dando um corte rápido para a pergunta do rapaz.

- Essas garotas que se fazem de difícil. Eu espero Lu-ci-na. – Inigo diz levando a mão até o cabelo levantando-o fazendo um charme, mas tudo que consegue ver é um riso no rosto de Lucina enquanto observa a situação do rapaz.

- Você já me fez ri, agora pode parar de fazer isso. – Lucina fala com um sorriso no rosto fechando os olhos, aliviada por estar com Inigo mesmo com toda essa guerra acontecendo em seu reino e em seguida abriu fitando o rapaz – Alguma noticia de minha irmã?

- Sim, ela e o Gerome estão voltando da Arena Ferox. Parece que as coisas não vão bem lá. – Diz o rapaz desanimando um pouco cruzando os braços.

- Espero que eles voltem logo. – Lucina diz mostrando um pouco de tristeza em sua voz.

- Inigo! Lucina! – Ambos olham para uma janela do castelo a uns seis metros observando Kjelle, uma garota de cabelo curto de coloração azul claro vestindo uma armadura pesada cinzenta cobrindo todo o corpo, menos a cabeça, carregando uma lança de ferro em sua mão esquerda. Ela é um ano mais velho do que os dois rapazes e continua – Rápido! Estão atacando a cidade! O ataque de Grima foi só uma distração para levar as tropas de reforço para o lado oposto!

- O que? – Lucina e Inigo perguntam em uníssono, surpresoscom o que a garota disse.

- Inigo, chame todos! Vamos defender nossa cidade! – Lucina fala sem pensar duas vezes colocando a Rapier dentro da bainha e continuou dando a costa para o rapaz – Vou pegar os cavalos para chegarmos mais rápido! Vá!

Inigo concorda começando a correr para dentro do castelo igualmente Kjelle que sai da janela voltando a procurar os outros. Lucina olha para o lado oposto no qual Frederick partiu observando a fumaça negra indo em direção do grande céu azul, em seguida ela parte até o estábulo.