— Você bem que podia me ensinar a usar isso — Disse apontando para os sais.

— Nada feito — Respondeu a loira — Posso até de ensinar, mas vai começar com algo diferente.

— Uma espada? — Seus olhos brilharam e a outra deu risada.

— Isso — E estendeu um bastão.

— Esse negócio não mata nem...

Antes que a menina terminasse de falar, a guerreira pegou o bastão e com toda rapidez acertou uma mosca que estava encostada na árvore.

— Mosca — Sussurrou a menina espantada.

— Gire e acerte pra frente — Repetia, mas cada vez que Eden tentava, acaba acertando o próprio corpo e levando violentas pancadas na cabeça — Tente com menos força, é uma questão de jeito.

Com algumas semanas de treinamento ela apresentou desenvolvimento, sua percepção estava mais aguçada.

— E agora? Quando enfrentaremos bandidos? — Disse animada após desviar de uma série de “ataques” que treinava com Gabrielle.

— Não está pronta ainda e não é sempre que vamos ter um contato direto, temos manter a paz, evitar confusão é o meu trabalho.

Depois de alguns meses viajando, elas chegaram a um vilarejo próximo ao mar, diferente dos últimos tempos, a mais nova estava radiante de alegria. Cedo de manhã elas pescavam e então tinham comida para o resto do dia, além disso, a brisa refrescante do mar lhe fazia tão bem como se tivesse nascido para navegar.

Certa noite Eden acordara de madrugada e mal acreditou no que seus olhos estavam vendo, os peixes saltavam e estavam sendo arrastados por alguns seres pela terra, tais criaturas falavam em uma língua de zumbidos que ela não conseguia entender.

Escondendo-se atrás de uma árvore ela descobriu que eram fadas com a aparência de crianças com orelhas pontudas, estas tiravam os peixes do mar por algum motivo.

— Tinkle, rápido com isso, se deixarmos esses peixes ao lado do orfanato, amanhã cedo as pobres crianças terão o que comer — A maior suspirou.

De repente todas elas viraram exatamente para onde a menina estava, ambas congelaram de medo e muitas deles preparavam as asinhas para fugir.

— Calma, eu quero ajudar — Sussurrou Eden levantando alguns peixes caídos e colocando dentro do saco — Sou amiga, posso ir com vocês?

A fada que parecia estressadinha voltava a sua cor amarelo brilhante de novo, pois havia ficado vermelha de nervosa.

— Podemos apagar a mente dela depois Loonie — Falou pela primeira vez a fadinha de vestido azul e cabelos pretinhos — Precisamos de ajuda.

— Okay — Ela já pode nos entender agora.

A fada loirinha chamada Loonie soprou um pozinho amarelo que fez a menina sentir-se engraçada, logo seus pés flutuaram levemente sobre o chão.

E podia ver do alto as pequenas fadas com uma espécie de rede dourada luminosa que atraía os peixes, seu trabalho tornou-se amarrar os sacos e colocá-los na frente do orfanato sem deixar suspeitas, uma menina pobre era algo comum ali, mas fadas coloridas realmente chamariam a atenção.

Dentro do orfanato algumas crianças choravam, estava tarde e pelo jeito o jantar não havia sido tão bom, as fadas não deveriam se intrometer nos assuntos humanos, mas eram crianças, fadas tem mais poder porque crianças acreditam nelas.

Após uma noite toda de trabalho ela voltou para o acampamento e visualizou Gabrielle dormindo, deitou-se exausta, em seus sonhos havia muita cor.

Na manhã seguinte, achou ter sido apenas mais um sonho estranho como os que estavam acontecendo nas últimas semanas, mas viu ao seu lado a rede prateada e mágica que usaram para pegar os peixes, então a abraçou e sorriu.

— Acorde dorminhoca, já está tarde.

— Só mais um pouquinho, estou cansada.

— Jogue fora a preguiça, hoje nos vamos pescar.

A ideia animou a menina que no momento da pescaria usou sua rede magnífica, atraindo vários peixes e diminuindo o trabalho que teriam.

— Nossa! Como fez isso?

— É a minha rede mágica das fadas, não te disse?

— Não, ainda não me contou onde conseguiu isso.

— Eu já disse, é mágica, as fadas dos meus sonhos me deram.

A loira tentou não discordar da menina, em tantos anos de aventuras já vira muita coisa que se contassem duvidaria, fadas não seria nem um pouco fora do comum, mas porque fadas pescadoras?