Eden caminhava tranquilamente pela aldeia de Amphípolis, Cyrene, agora velha e adoentada, aguardava pela água do poço que a menina estava trazendo.

Às vezes quando ficava sozinha assim pensava: pobre menina, nunca saberá a verdade, é para o seu próprio bem.

Conforme as horas passavam ela ficava mais preocupada, naquela região haviam muitos saqueadores e sequestradores, vendiam as mulheres jovens como escravas; jamais desejaria esse futuro para sua querida menina, que costumava demorar apesar dos apelos da idosa que pedia que não perdesse tempo, decidiu então observar a velha estrada poeirenta, algumas jovens passaram pelo caminho e perguntou:

— Vocês viram minha menina? Ela é magra e de cabelos castanhos, tem 14 anos.

— Eu a conheço, está vindo com uma amiga ainda lá trás — Respondeu uma das moças.

Depois de alguns minutos pôde vislumbrar a garota a distância, ela passeava com seu balde cumprimentando as pessoas e conversando com as amigas, vendo as crianças correrem e aproveitando o ar fresco da primavera, até que chegou em casa.

— Onde esteve todo esse tempo?

— Buscando a água que a senhora me pediu mamãe.

— Não demore assim, por favor – e abraçou a garota – Sabe que me preocupo com você.

A garota encarou a mulher com seus olhos de um azul profundo misterioso, levantou a sobrancelha.

— Eu jamais seria pega mãe, sou muito rápida.

— Não conte com isso, já não és mais uma criança pequena para se esconder nas plantações quando esses homens vierem, precisa ter cuidado, eu não suportaria perder mais um ente querido.

— Me desculpe.

Eden odiava ver a mãe triste e sabia que no passado, muitos anos atrás, havia tido irmãos, mas ambos morreram antes que pudesse conhecer e conviver com eles.