— Uma semana após a volta do Rei Ben e a Princesa Mal da ilha com Dizzy, filha de Drizella Tremaine a irmã malvada de Cinderella, e com a amiga Arianna Winter, temos o prazer de ter uma entrevista com ela. A garota que era apelidada na Ilha dos Perdidos como "Filha de Auradon". – Toda a plateia batia palmas enquanto a garota de cabelos coloridos em tons pastéis aparecia. – Bem-vinda Arianna Winter! Por favor, sente-se.

— Obrigada. – A garota se sentou e acenou para a plateia que ainda batia palmas. – Obrigada.

— Então... Como podemos chamar você? – A apresentadora começou perguntando animada.

— Podem me chamar de Wint ou Winter mesmo, ninguém me chama pelo meu nome.

— Muito bem Winter, nos conte: Porque era apelidada de Filha de Auradon na Ilha?

— É engraçado. Meus pais eram praticantes de magia e foram jogados na Ilha injustamente, deram a eles o rótulo de vilões. Mas ninguém sabe dizer o que eles fizeram. Acontece que meus pais, assim como alguns poucos outros pais da Ilha, nos criavam para sermos pessoas boas e honestas. Eu sempre fui muito gentil e boa com algumas pessoas muito próximas e por isso era visto por muitos como fracote, ou como me chamavam, Filha de Auradon.

— Filha de Auradon porque era boa?

— Na Ilha isso é considerado extremamente ofensivo. É quase como um... – Winter parou para pensar por um minuto. – Acho que a expressão que vocês usam é "palavra de baixo calão".

— Entendi. – A apresentadora olhou seu bloquinho e prosseguiu com as perguntas. – A princesa Mal disse que vocês são velhas amigas. Como se conheceram Winter?!

— Depois que meus pais aceitaram que não tinham o que fazer, decidiu trabalhar para vilões. Meu pai foi trabalhar como auxiliar do pai da Mal, e minha mãe com a mãe da Mal, Malévola. Foi assim que nós nos conhecemos. Fui com minha mãe e conheci a Mal e a Evie.

— Curioso você falar sobre isso. Acho que ninguém em Auradon sabe quem é o pai da nossa futura rainha. Quem é o pai de Mal, a filha da Malévola? – Ela estava sorridente e Winter negou.

— Desculpa, apenas Mal pode dizer isso. Ninguém da Ilha sabe e os que sabem se recusam a falar. – O segredo de Mal deveria continuar assim, enterrado.

— Que pena! – A plateia reclamou e Winter deu de ombros sorrindo. – Mas nos conte, porque prefere ser chamada de Winter?

— Meu sobrenome significa Inverno e meus cabelos são brancos como a neve, isso juntado a minha personalidade fria e coração de gelo para com os inimigos e estranhos alimentou meu apelido. Ironicamente, era o meu sobrenome.

— Incrível! – A apresentadora correu o olho nas perguntas e voltou a olhar a amiga de Mal. – Winter se importaria de nos contar como é crescer na Ilha dos Perdidos?

— Bom... – A garota endireitou a postura e procurou os olhos de Mal, que estava na plateia. Todos acompanharam isso, tanto fisicamente quanto televisionalmente. Mal assentiu e Winter suspirou, voltando a olhar para a apresentadora. – Claro. Acho que posso falar um pouco.

— Estamos ansiosos para saber como é.

— A vida na Ilha dos Perdidos não é nem um pouco fácil. Nós não temos acesso à magia e a tecnologia, apenas aquelas velhas TV's de tubo. Muitas vezes nos falta comida e outras coisas pela falta de dinheiro. As coisas são caras e é difícil conseguir dinheiro, por isso temos que roubar se quisermos viver.

— E o que seria o maior medo da sociedade da Ilha?

— Um dos maiores medos dos casais da Ilha é ter filhos.

— Por quê?

— Normalmente, sessenta por cento dos bebês morrem após o nascimento. Cinquenta por cento morrem durante a gestação e podem até levar as mães junto. Não temos muitos métodos contraceptivos, os que têm são caros. E quando a criança vive, o maior medo é ela ter poderes.

— Como assim?! – Era uma realidade muito diferente.

— Os pais tem medo que seus filhos sejam como eu e a Mal, tem medo que tenham poderes.

— E você sabe o por quê? – De novo Winter olha para Mal e recebe uma confirmação.

— Vocês conhecem a história da barreira na Ilha, foi implantada pela Fada Madrinha por ordem do Rei Fera e a Rainha Bela. A barreira tem a função de inibir os poderes dos vilões, porém eles já estão formados. Não passam por evoluções.

— Pode ser mais clara com todos?! – A apresentadora e a plateia estavam confusos.

— Quando eu e a Mal nascemos, nossas famílias entraram em desespero ao saber que éramos como eles: tínhamos poderes. O pai da Mal não aguentou e foi embora, deixando ela com a Malévola. Meu pai cuidou de mim até meus oito ou noves anos e seguiu os passos do novo mestre, não queria sofrer. Acontece que quando uma criança mágica nasce ela morre por causa de seus poderes. Eles implodem você de dentro para fora.

— Como?! – Todos estavam perplexos.

— A barreira ao inibir poderes, impede a evolução dos mesmos nas crianças recém-nascidas. Isso causa a morte delas.

Meu Deus!— Alguém da plateia gritou apavorado.

— Quando eu e Mal tínhamos onze anos, ela teve uma febre extremamente forte. Chamamos de Febre Do Fim, apenas as crianças com poderes tem ela e normalmente morrem. Lembro que aquela Ilha ficou pequena para Malévola, que fez todo mundo ir atrás de uma solução para Mal que apenas piorava. Logo ela iria morrer e Malévola não aceitaria. Eu nunca vi tanto poder e ódio em uma só pessoa, dizem que até mesmo seu ex-marido tremeu diante dela.

— E o que houve?!

— Minha mãe conseguiu com meu pai uma erva para acalmar a febre da Mal. Assim que Mal tomou o chá da erva, sua febre foi às alturas. Eu lembro que Malévola disse que "era para esperar o resultado", mas ela estava preocupada com a Mal. Na manhã seguinte, após uma semana em coma, Mal acordou bem. Ela havia superado a Febre Do Fim.

— Você teve essa febre Winter?

— Eu tive três vezes. Alguns dias após a Mal foi a minha vez, mas a Malévola e minha mãe cuidaram de mim. Depois aos doze anos e aos treze eu tive de novo.

— Isso te faz mais poderosa que Mal?

— Ah, não. Acontece que a Febre Do Fim da Mal era muito forte, o que significa que seus poderes vieram de uma vez só. Os meus vieram parcelados em três vezes com altos juros. – Algumas risadas do público e da Mal que tinha os olhos cheios. Era algo difícil de falar. – Tivemos sorte, as poucas crianças que sobrevivem ao nascimento e que são mágicas morrem cedo. Chegar aos oito anos para elas é muito!

— Você conhece alguém que tenha morrido?

— Eu sei que minha mãe perdeu dois bebês antes de mim. Um durante a gestação e um após, mas ela não sabe dizer se eram ou não mágicos. Quando eu tinha uns cinco ou seis anos, minha mãe teve trigêmeos mágicos. O do meio não aguentou chegar aos três anos, morreu de doença. O caçula morreu aos seis anos graças a Febre. O mais velho dos três, foi morto porque roubou comida durante sua Febre. Ele levou uma facada e explodiu por causa da Febre Do Fim, antes mesmo de sofrer com a facada. Eu me culpo muito, não pude salvar eles.

— A Ilha dos Perdidos não tem serviços médicos?

— Antes tínhamos os serviços médicos que Auradon nos fornecia, mas os moradores da Ilha preferiram que fosse cortado.

— Porque os moradores da Ilha pediram que fosse interrompido o Programa de Serviço Médico de Auradon?

— Bem, isso é complicado. – Winter voltou a olhar Mal, e isso deixava todo mundo cada vez mais curioso. Inclusive o Rei Ben que olhava a futura Rainha sem entender. Mal novamente voltou a assentir.

— Acho que temos uma permissão da princesa. – Winter assentiu nervosa.

— O Programa foi uma ideia mais do que perfeita para a população de Auradon, mas o problema eram os médicos. Eles nos maltratavam e eram rudes, faziam cirurgias desnecessárias, passavam remédios errados que nos matavam. Quando as mulheres engravidavam, eles cuidavam e esperava as crianças nascerem, davam algumas como mortas e as jogavam vivas em um incinerador. – Todos tinham os olhos arregalados. – Era um massacre para diminuir a população da Ilha.

— E... Tem provas disso Winter?

— Ah, sim. Os aparelhos tecnológicos mais “atuais” da vila têm os vídeos. Os vídeos das câmeras de segurança foram divulgados para os moradores. Aí os colocamos para fora. Os gêmeos de uma amiga de minha falecida mãe foram incinerados depois de serem esfaqueados pelos médicos. – Silêncio total.

— Tudo bem... É... – A apresentadora voltou a olhar os papeis. – Como você e Mal faziam para... Quer dizer... Vocês tinham problemas com os poderes?

— Ah, sim. Principalmente depois das Febres, as coisas quebravam perto de nós duas. Chegava ser engraçado ouvir a Rainha Má brigar quando explodimos alguns espelhos. – A plateia riu. – Para que não nos machucasse e não tivéssemos mais Febres, Malévola nos fazia treinar todo dia. Enquanto não conseguíamos fazer aparecer uma faísca de nosso poder não podíamos parar. Era cansativo e esgotante fazer isso, mas quando ela viu que conseguíamos fazer isso tranquilamente, fomos liberadas.

— E como está sendo sua adaptação a Auradon Winter?

— Foi um pouco difícil, tudo muito diferente. Bem, nem tudo.

— Como assim nem tudo?

— O comportamento dos jovens de Auradon é semelhante ao dos jovens da Ilha. Maldosos com os de fora, praticantes de bullying e preconceito.

— Até os filhos dos príncipes e princesas?

— Principalmente. Na quinta eu explodi um vaso de plantas por acidente, não estou acostumada com meus poderes assim, mais livres. Uma garota me xingou, disse coisas extremamente rudes. Quando ela ameaçou me bater, fui obrigada a erguer uma barreira e acabei quebrando os vidros da janela. – Eu ri com a apresentadora. – Eu fui imediatamente atrás da diretora pedir perdão e ela foi super gentil. Prometi ajudar a limpar tudo e ela disse que vai me ajudar com o controle de poderes.

— Se alguém perguntasse para você se há algum motivo para que os moradores da Ilha se voltem contra Auradon, o que diria?

— Eu diria que há todos os motivos. Temos sim vilões e sim, devemos pagar por nossos erros. Mas ninguém, ninguém mesmo merece ser tratado pior que lixo. Nós somos pessoas também, e não merecemos ser tratadas de forma tão desumana. – Winter parou por um momento. – Mas todos merecem perdão e uma segunda chance.

— Obrigada pela conversa maravilhosa Winter. – A apresentadora sorriu para a ex-filha da Ilha.

— Eu que agradeço a oportunidade de falar sobre a Ilha e pedir ajuda para eles! – Winter sabia que essa teria sido a mais terrível das entrevistas de Auradon, mas eles precisavam abrir os olhos e entenderem que a vida não é só um conto de fadas.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.