Descendentes - A Esfera de Cristal

A verdade sobre a Família Winter


Todos no reino estavam mais do que ansiosos com o evento da noite para os alunos do segundo ano do colégio de Auradon que seria exibido pelo jornal da Mais Bela de Todos – Branca de Neve. Ainda mais os alunos que sempre assistiam e, agora, era a vez deles.

— Nem acredito que o jornal da Branca de Neve se chama assim. – Arianna penteava os cabelos brancos cheio de mechas coloridas enquanto assistia, mais uma vez, a chamada oficial do programa.

— Como a Rainha Má reagiria? – Sua colega de quarto, uma fada, questionou.

— Ela ficava furiosa. Eu lembro que ela criticava a Branca e a acusava de ter feito cirurgia estética. – A bruxa riu de suas memórias. – Era hilário ver a cena que ela fazia.

— Imagino. – A amiga ria. – Winter eu vou me arrumar com algumas amigas.

— Claro, nos vemos no evento. – Disse sem tirar atenção do espelho.

— Vai ficar bem? – Sorriu para a fada.

— Devo ir ao quarto de Evie e Mal. – A fada sorriu tranquila e se foi.

Mais tarde reuni tudo com magia dentro de uma bolsa marrom com espinhos e segui em caminho para o quarto das amigas de infância. Evie iria ajudá-la com a roupa para a noite mais esperada do ano.

No quarto das meninas, encontrou a filha da Rainha Má chamando a atenção de Mal por ter rasgado uma manga do vestido roxo para a noite. Enquanto isso, Mal questionava sobre o porquê do estresse por apenas um vestido.

— Porque você é a futura rainha de Auradon e o vestido foi desenhado por mim. Ou seja, tudo tem que ser perfeito! – Winter revirou os olhos. – O que faremos agora?

— Usaremos magia. – Disse fechando a porta. Evie me olhou feio e Mal suspirou.

— Magia só pode-...

— Só pode ser usada em caso de emergência. – Interrompi a futura rainha. – É o nosso caso. – Apontei o dedo pra manga e o girei duas vezes, fazendo a manga voltar pro lugar, a linha arrebentada se juntar e voltar a prender tudo no lugar. – Viu? Não cometi nenhum crime.

— Obrigada Wint. – Evie agradeceu. – Estou a mil, tenho vestidos para entregar e tenho que me arrumar ainda. – Sorri.

— Mostre o que falta e eu lhe ajudo. – Enquanto Evie falava o que faltava nos vestidos, com magia, eu os ajudava a serem prontos. Não demorou mais do que cinquenta minutos. – Feito, pode se arrumar. – Coloquei o último vestido pendurada na arara de entregas.

Enquanto Evie tomava banho os empregados vieram buscar os vestidos e pagar por eles, então eu os recebia. Assim que entreguei o último para o mordomo da filha da Mulan, pude me sentar e ver Mal brigar para fazer um delineado reto.

— Ajuda? – Chamei sua atenção e ela riu.

— Ajuda! – Ri e fui até ela.

— Reto?

— O mais reto possível. – Desfiz sua bagunça com magia e fui fazer o delineado. Enquanto eu prestava atenção, notei a aflição no olhar de Mal.

— Algum problema?

— Só um pouco de inveja. – Estranhei e segui para o outro olho.

— Inveja de...?

— Você. – Arqueei uma sobrancelha com um sorriso, esperando ela continuar. – Sempre foi boa em tudo Wint. E mesmo tendo chegado depois de mim em Auradon, consegue usar seus poderes com mais facilidade e sem um livro de feitiços. – Ri.

— Sabe por quê? – Ela negou. – Você está se esforçando para ser alguém que não é. Quer ser a rainha de Ben, está se adequando a ele e abandonando a verdadeira Mal. – Parei e olhei para ela. – Eu quase não reconheci o quarteto quando reencontrei vocês. Para viverem aqui, tiveram que colocar muitas máscaras e se adequarem a maneira deles.

— E você?

— Eu ainda sou a mesma, não me adequei a eles. Eles se adequaram a mim. – Voltei a arrumar a maquiagem. – Eu me aceito como bruxa, filha de bruxos e garota da Ilha. Por isso tudo parece fácil demais pra mim. – Parei de falar por um instante. – Acabei!

— Obrigada Wint. – Assenti e fui me sentar na cama de Evie.

— Mal. – Ela me olhou. – Autoconfiança e aceitação são tudo! – Ela sorriu e assentiu.

A hora do evento havia finalmente chegado. Todos estavam tão bem arrumados e contando o que perguntariam para a Esfera de Cristal. Ouvi dizer que ela era enorme, tinha um metro de diâmetro e era linda. Se olhasse bem, poderia ver o Universo como um inteiro e suas galáxias, e nada fugia de sua sabedoria e magia incomparável.

O evento em si era muito simples: faríamos uma fila sem ordem e faríamos a única pergunta que atormenta nosso coração. A Esfera só responde uma pergunta por pessoa. As lendas dizem que é dona de um poder inimaginável e que ninguém jamais teria acesso a ele.

Ouvi muitas perguntas tolas sobre como seria os felizes para sempre das garotas e garotos, sobre profissão, amor de sua vida... Coisas desnecessárias. Audrey teve a coragem de perguntar se ela seria a verdadeira Rainha de Auradon ao lado do Rei Ben.

Eu ainda acho que o “Não” não foi o bastante para ela! Por mim eu ainda ia dar um carimbado gigante na cara dela. Eu sei que ela voltou para atrapalhar o relacionamento do Rei Ben e da Mal.

Na minha vez eu fiquei nervosa. Vi Mal sentada em um pequeno trono ao lado de Ben, ambos de mãos dadas e felizes. Evie estava junto de Doug, Jay estava com Lonnie, e Carlos com Jane. Eu respirei fundo e me aproximei da Esfera.

— Promete fazer a pergunta que atormenta seu coração? – A Fada Madrinha questionou como o ritual mandava. Sorri.

— Eu prometo! – Disse convicta.

— Pois bem. Faça a sua pergunta!

Coloquei a mão por cima da Esfera de Cristal e mentalizei minha pergunta e para a surpresa de todos, a Esfera brilhou como nunca. Parecia que o Universo estava a um palmo de distancia de mim.

— Qual foi o crime que mandou meus pais para a Ilha? Sob quais acusações eles foram presos e isolados? – Normalmente a Esfera só respondia uma pergunta, mas ela se conectou comigo de tal forma que eu não podia descrever. Todos estavam calados e tensos, pois ela estava em silêncio.

Seus pais não cometeram nenhum crime, assim como outras famílias bruxas que foram mandadas para a Ilha.— Eu gelei e dei alguns passos para trás. Estava perdida e minha primeira reação foi olhar para o Rei Fera e a Rainha Bela, assim como todos os presentes – inclusive câmeras que se focaram totalmente em minha pessoa e minhas ações.

— Desliguem as câmeras. – O Rei Fera ordenou, mas um raio saiu de dentro da Esfera e atingiu no meio de meu peito.

— NÃO! – Atingi as câmeras para que nada pudesse desligá-las. – Você irá me responder, Majestade. – Sua expressão endureceu. – Porque meus pais e outras famílias foram mandados para lá?

— Eu não sei. – Ele respondeu e lágrimas inundaram meus olhos.

— MENTIRA! – Raios e nuvens começaram a se formar.

— Winter! – Mal me chamou.

— QUIETA MAL! EU QUERO A VERDADE, E APENAS ISTO!

— Não tem verdade alguma. – A Rainha Bela disse e eu olhei a Esfera.

— Ela não vai parar enquanto não falarem! – Mal avisou.

— Mostre a verdade! – E para a surpresa de todos, Ela me obedeceu.

Os Winter são uma tradicional família de bruxos, onde magias das Trevas e da Luz se encontram. Seus pais eram os únicos curandeiros de uma região afastada e abandonada pelo Rei e pela Rainha.Ela começou a contar. – O Rei e a Rainha decidiram que iriam banir quase todos os seres mágicos, inocentes ou não para que seu povo fosse perfeito. Pessoas foram mortas e quando os guardas chegaram à cidade, ameaçaram matar todos se seus pais não se entregassem.

— E eles se entregaram... – Eu disse e olhei para o Rei Fera. – Esfera.

Sim?

— O que mais eles fizeram? Eu quero toda a verdade.

O Plano de Controle de Vida da Ilha tinha o conhecimento do Rei e da Rainha, além da maioria dos outros príncipes e princesas. Eles autorizaram as mortes em massas, o aprisionamento e a extinção de alguns seres e famílias.— Olhei para todos ali, até meu olhar parar nela... Aurora. Ela tremeu e eu recebi minha confirmação.

— Aurora... – A chamei. – Você tem certeza que é a mocinha? – Voltei meu olhar para Mal. – Você tem certeza Mal, que sua mãe era a vilã? – Ninguém me respondia.

O Rei e a Rainha, junto aos outros, enganaram a Fada Madrinha.— Gelei e olhei a Esfera. A Fada Madrinha estava tão perplexa com tudo quanto eu. – O feitiço foi tirado de um livro antigo que ensinava como dizimar crianças mágicas, porém não com 100% de eficácia.— A Fada Madrinha começou a chorar.

— Por isso algumas crianças como eu e Mal sobrevivem. – Desgosto era o que eu sentia ao olhar toda a nobreza de Auradon.

— Eu conheci sua mãe – A Fada Madrinha começou. – Era uma mulher encantadora, ótima bruxa. Eu não pude acreditar quando disseram que estava matando pessoas envenenadas. – Lágrimas borraram toda a minha maquiagem.

— Vocês... – Eu olhei toda a nobreza e a família real. – Vocês mataram minha família. Mataram meus irmãos! Meus amigos! Famílias inocentes INTEIRAS! – Nuvens negras se tornavam cada vez mais densas por cima de todos.

— Winter, pare! – Mal chorava.

— Eu só irei parar quando responderem todas as minhas perguntas! Quando admitirem seus crimes! – Olhei para eles. – Mal... Você realmente quer pertencer a esta... Família? A esses assassinos imundos que só sabem mentir? – Olhei para os quatro ex-habitantes da ilha. – Vocês tem certeza eu seus pais não tinham motivos para querer vingança?

— Winter... – A filha da Malévola continuou a chorar.

— Ela avisou a gente Mal. Malévola, Rainha Má, Jafar, Cruella... Todos eles já sabiam da verdade! – Olhei para o Rei Ben. – Você sabia Benjamin?

— Não, juro que não. – Limpei lágrimas teimosas.

— Eu acredito, você é puro ao contrário da família suja que tem. – Olhei a Esfera. – Tome teu poder de volta, minhas dúvidas foram retiradas. – O mesmo raio que entrou antes, saiu de meu peito e com um movimento das mãos, dispersei as nuvens.

— Wint...? – Fada Madrinha me chamou. Limpei as lágrimas e a abracei.

— Eu vou querer saber mais sobre você e minha mãe, um dia. – Olhei para todos.

— O que fará agora? – Ela perguntou.

— Eu preciso ir embora daqui. – Olhei para o Rei e a Rainha que estavam incomodados. – Eu não quero ficar em um lugar que assassinos sangue frios andam como heróis. Esse lugar cheira a falsidade, assim como seus jovens e adultos.

— Acabou com o seu showzinho? – O Rei me desafiou. Eu ri sarcasticamente.

— Ainda não. – Abri meus braços e tombei minha cabeça para trás. As nuvens voltaram mais densas e escuras com raios coloridos escuros. – Ouçam bem todos...— Meus olhos estavam consumidos pelas cores da energia de meu poder, enquanto minha voz era enaltecida por sussurros.

— O que ela está fazendo? – Ben perguntou aos amigos.

— Winter vem de uma família de bruxas e bruxos lendários, era normal ela ter alguns flashs. Ver coisas. – Evie começou a explicar.

— Não me surpreende ela poder prever futuro e profecias. – Carlos disse, estava assustado.

— Por causa de seu rei e sua rainha, Auradon está condenada a sofrer. Não importa quantos séculos se passem, sempre haverá ódio e sede de vingança contra o reino. – As nuvens começavam a rodear como se fosse formar um furacão e eu olhei todos na plateia. – A fúria dos vilões está crescendo. A fúria da Ilha está crescendo e NADA os impedirá. Nem mesmo a barreira que será derrubada! – Todos começaram a murmurar assustados. – Essa é a herança de ódio que deixaram para todos, Rei Fera e Rainha Bela. – As nuvens sumiram e meu traje foi mudado para o tradicional de bruxas da família Winter.

— Winter. – Evie me chamou.

— Não adianta me olhar assim, a Esfera confirmará minha profecia. Eu recomendo que os inocentes saiam o mais rápido possível deste reino maldito.

Levantei meu vestido para poder andar e sair de lá o mais rápido possível. Ouvi o Rei Fera mandar os guardas atrás de mim, porém Ben os proibiu. Era o novo Rei afinal, sua palavra era a última.

Naquela semana eu me entreguei inteiramente às tradições e exigências do lado escuro da família Winter. Eu me despedi daquela amiga que era uma fada, já que a Fada Madrinha me deu a autorização para sair de Auradon e ter uma vida normal em outro país.

— Winter... – Mal me chamou assim que saí da sala da diretora.

— Sim? – O quinteto me olhou.

— Você está diferente. – Evie comentou.

— Depois de tudo o que eu descobri, decidi honrar a memória da minha família. – Olhei Ben. – Seus pais são assassinos e agora que exibi a verdade, vão querer minha cabeça rolando pelo pátio.

— O que você vai fazer? – Ele questionou ignorando minha “revelação do século”.

— A Fada Madrinha me deu permissão para ir embora. Eu que não vou arriscar meu pescoço como todos vocês.

Sim. Eu fui embora porque sabia das guerras que estavam por vir, eles vencendo ou não. O pai de Mal estava para soltar sua fúria e eu não ficaria para assistir.

— Cuidado Auradon, Hades está vindo e todos tremerão. – Foram minhas últimas palavras enquanto observava a estrutura externa da escola antes de me virar e passar por um portal.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.