P.O.V. Aro.

Assim que ele entrou na sala eu senti que algo estava errado.

—O que há de errado meu filho?

—Eu não sou seu filho. Estou pedindo demissão e dando o fora daqui.

Ele arrancou o colar com o brasão dos Volturi e o jogou no chão como se sentisse nojo.

—Porque essa repentina mudança?

—As pessoas mudam Aro.

Ele disse o meu nome com raiva. E disse o meu nome.

—Desde quando me chama de Aro?

—Desde que estou indo embora, pedindo demissão. To cansado de ser odiado e temido, vou tentar uma coisa diferente pra variar. Adeus.

Jane chegou.

—Irmão não faça isso. Somos sua família.

—Não somos uma família, somos um clã. Para que fossemos uma família teria que haver afeto, amor, carinho e isso não existe aqui. Então vocês Mestres podem ir pro inferno e levar sua falsa lealdade com vocês.

—O que o fez chegar a essa decisão?

—Eu vi a luz mais brilhante do mundo. Eu senti neles o que eu não sinto em você. Um daria a vida pelo outro sem exitar, sem pensar, mas vocês mestres jamais se sacrificariam por nós. Adeus.

—Pode me mostrar essa luz brilhante?

—Você nunca mais vai ler meus pensamentos.

Ele saiu. Em segundos estava de malas prontas.

—Adeus irmã.

P.O.V. Alec.

Assim que eu cheguei á pacata cidade de Magic Falls dei-me conta de que estava perdido.

Mas, como se ouvisse minhas preces Deus me mandou uma voz linda, cantando melodiosamente. Eu segui a voz e fui parar numa cachoeira e qual foi a minha surpresa quando descobri que a dona da voz que me conduziu até lá foi a mesma razão de eu ter partido.

—A luz do seu olhar, é uma estrela a me guiar, iluminando o caminho trazendo a esperança de um belo amanhã. O amor é a flor mais bonita que nasce do brilho do seu olhar, a fonte que brota da terra, que rega os lírios e deságua no mar.

Ela estava boiando na água, flutuando. Até eu ver alguma coisa vindo por debaixo dela e com certeza não era um ser humano.

—Ei! Embaixo de você!

Ela olhou pra mim. Depois olhou pra baixo.

—Nossa que medo.

Ela tocou a coisa e uma cabeça saiu.

—Seu estraga prazeres! Eu ia assustar ela!

—Ia? Sua peste!

—Sabe o que eu tenho que fazer agora não sabe?

—Não vai funcionar com ele. Ele não se afoga.

—Porque não?

—Porque ele é igual aos meus avós. Fisicamente falando, ele não precisa respirar.

Foi ai que eu notei que as duas tinham caudas de peixe. Eram sereias. A neta do Cullen é uma sereia?

—Vira de costas, eu vou sair. Se olhar eu arranco os seus olhos fora.

Ouvi-a fazendo força pra sair e algo batendo contra o chão de pedra, de repente parou.

—Então, o seu Mestre quer que eu seja mais um troféu na coleção dele não é?

—Não. Eu pedi demissão.

—Pediu demissão? Ou você é muito inocente ou é muito burro.

—O que isso quer dizer?

—Ser Volturi é como ser da máfia. Você não pode simplesmente sair, eles vão mandar um batalhão atrás de você, imagine que o Aro vai simplesmente aceitar deixar uma das suas posses mais valiosas fugir. O principal objetivo deles não é justiça Alec, é poder.

—Ei não tá esquecendo de nada não?

—A tá. Toma, tchau Serena.

—Sardinhas!

—Você sai da água seca?

—Não. Eu seco á vapor. Vamos, você não vai querer deixar o meu avô nervoso vai?

—Melhor não.

Ela me estendeu a mão.

—Porque tá fazendo isso?

—Gentileza gera gentileza. Violência gera violência.

Peguei a mão dela e ela foi me guiando.

—Que som é esse?

—Música das fadas. Bem vindo á Magic Falls.

—Fadas?

—O nome da cidade é Magic Falls. Está implícito. Vamos.

Ela começou a correr e a me puxar. Ela era rápida.

—Chegamos!

—É uma casa no subúrbio.

—E?

—Vocês podem ser expostos.

—Isso não vai acontecer. Vai por mim.

—Como não?

—Você já vai ver. Entra ai. Fique á vontade.

—Olá Alec. Fico feliz que tenha mudado de lado.

—Olá Doutor Cullen.

—Por favor, me chame de Carslile. Essa é minha esposa Esme.

—Seja bem vindo querido.

Ela me abraçou e eu fiquei meio chocado.

—Você não gosta de abraços? Me desculpe, acho que me empolguei.

Cassie desceu as escadas correndo, no último degrau ela tropeçou e caiu de cara no chão. Mas, isso não a afetou em nada. Ela simplesmente levantou e disse pra mim com um grande sorriso.

—Bem vindo a família.

Ela estendeu a mão fechada e a abriu. Mas, não havia nada lá.

—E?

—O... ai deve ter caído. Era pra ser impactante e intrigante, mas eu sou desastrada demais pra isso.

Ela fechou os olhos e começou a falar palavras em um língua desconhecida.

—Ta embaixo do sofá.

Cassie deitou-se no chão e tentou enfiar o braço pelo espaço entre o sofá e o chão.

—Que droga! O meu braço não passa nesse buraco! Já sei! Peraí que eu já venho.

Ela enfiou um cabo de vassoura pelo buraco.

—Que droga! Eu não consigo pegar! Já sei.

Com um movimento de sua mão o sofá começou a flutuar e ela pegou o que quer que fosse. Depois colocou o sofá de volta no chão.

—Agora sim. Bem vindo á família Cullen.

—Um anel?

—Os anéis são o nosso maior segredo. O importante não é o anel em si, mas o feitiço que tá nele, enquanto usar esse anel você vai poder andar na luz do sol sem ser notado.

Depois de olhar atentamente notei que todos eles usavam anéis.

—Você não gostou do anel? Eu posso arrumar outro modelo.

—Não, o anel é adorável.

—Sério, se não gostou fala. Porque você vai ter que usar o anel pelo resto da sua vida ou seja pra sempre.

—Porque achou que eu ia gostar desse anel?

—Não se ofenda não, mas você não deixa uma boa primeira impressão.

—Eu imagino.

—Não. Você nem faz ideia, todo mundo te odeia e quer você morto. Tipo morto mesmo.

—Cassie!

—Eu to falando a verdade. E no caso dele a verdade dói, mas mentir é feio.

—Obrigado.

—Desculpe, acho que eu devia ter sido mais delicada. Eu vou fazer bolo.

—Bolo?

Ela correu para a cozinha. Dava pra ouvir a música que tocava.

—Ela não falou por mal, ela não consegue controlar o que fala sobre a personalidade e a alma das pessoas.

—A alma?

—Ela consegue ver através dos corpos. Ela consegue ver as almas das pessoas, consegue sentir o cheiro.

—Almas tem cheiro?

—Pra ela tem. Ela disse que a alma da minha esposa tem cheiro de baunilha.

—E que cheiro será que a minha tem?

Ouvi ela responder da cozinha.

—Enxofre, ovo podre e morte.

—Beleza.

—Não se preocupe filho, o cheiro e aparência da sua alma pode mudar.

—Pode?

—Se a Cassie diz que pode, então pode.

—Porque ela faz bolo se ninguém come?

—Ela come. A magia cobra caro filho, cada vez mais caro. Todo esse poder que elas tem precisa de muita energia para se manter. Vi a minha neta passar por isso que a Cassie está passando agora, como ela é filha de um vampiro duma raça diferente da nossa temo que ela não sobreviverá a quantidade de energia crescendo nela.

—Então ela vai morrer?

—Não sabemos. Nunca houve ninguém como ela antes.

Ouvimos o barulho de coisas caindo e quebrando, o som de um líquido viscoso se espalhando formando uma poça, algo metálico caindo no chão.

—Cassie.

O povo correu para acudi-la.

—Ai a minha filha! Vovô faz alguma coisa.

—O processo de regeneração celular está ativo, mas fraco. Ela tem que se alimentar e sangue animal não vai funcionar.

—Porque não?

—Por causa do pai dela. A raça deles não consegue sobreviver só com sangue animal, eles pifam.

Carslile deu sangue humano pra ela beber e ela voltou a si.

—O que aconteceu? Porque eu to cheia de massa de bolo?

—Você tem que se alimentar de sangue humano Cassandra.

—Mas, eu quero ser igual a vocês.

—O seu organismo não aceita sangue animal Cassandra! Você vomita e se não se alimentar vai morrer.

—Mas, você é hibrida também e o seu organismo aceita sangue animal! Porque eu não?! Eu quero ser igual!

—Mas, você não é. Cassandra o seu organismo é diferente do meu, você é filha do seu pai, uma das últimas descendentes vivas da família original e a raça deles não aceita sangue animal, o organismo deles é assim. É diferente do nosso.

—Eu odeio ele! Odeio ser diferente!

Ela foi para os fundos e voltou com materiais de limpeza.

—Deixa querida, vai descansar a gente limpa.

—Eu to bem. Eu sujei, eu limpo.

Ela limpou tudo e nesses poucos minutos que estive com eles a diferença gritante entre um clã e uma família. Aro se irritaria com o fato dela ter sujado tudo e mandaria Jane usar seu dom contra ela, Carslile e os Cullen se ofereceram para limpar a sujeira já que ela não tinha feito de propósito e tinha se sentido mal.

—Pronto.

—Se alimente Cassie.

—Tá.

Ela bebeu umas sete bolsas de sangue.

—Ta melhor?

—To.Porque eu tinha que ser tão esquisita?

—Você não é esquisita, é especial.

Ela olhou pra mim chocada.

—Eu acho que eu bati muito forte com a cabeça e estou tendo alucinações. Seguinte, se vai viver com a gente vamos ter que dar um jeito nesse seu look de comensal da morte.

—O que é comensal da morte?

—Caraca! Aquele castelo deve ser tipo, sem internet, sem wifi e sem saída. Eu não aguentaria vinte e quatro horas naquele buraco. Não se preocupe, vou preparar você pro século 21.

—Então querida, como é ser uma Ultra?

—Nem é tudo isso.

—O que é uma Ultra?

—Ele não sabe nada sobre a dinâmica do colegial. Eu e as minhas amigas somos as Ultras, ultra populares, ultra lindas e eu sou a abelha rainha daquela colmeia. Dai tem os nerds, os caras do time de futebol, os emos, os esquisitos, os asiáticos e o resto. As tribos se misturam, mas é muito raro alguém se misturar com a gente somos um grupo muito exclusivo.

—Sei. E eu vou poder me misturar com vocês?

—Talvez, mas antes você precisa de uma repaginada geral.