Descendants 2 - In Reverse

Prólogo - Bem Vindos de Volta Auradon


No sonho de Boa, Auradon Prep estava de pernas pro ar.

As paredes e armários da escola haviam sido pichados, haviam papéis e lixo por todo lado. Ela estava caminhando pelos corredores desertos da escola, se perguntando onde estavam todos. Ela passou pelo jardim, vendo uma bandeira brilhante com as palavras “Long Live Evil” e a silhueta de Malévola balançava no ar, que cheirava pungentemente a maçãs apodrecendo e também a magia.

Magia, ela pensou, tinha um cheiro muito característico.

Confusa e assustada, Boa começou a ouvir música em algum lugar. Ela seguiu por onde o som vinha, se deparando com uma cena confusa demais para que conseguisse entender. A banda estava tocando e todos dançavam uma coreografia perfeita e ensaiada. Ela conhecia cada um daquelas pessoas, mas ao mesmo tempo estavam irreconhecíveis.

Roupas escuras e cabelos despenteados haviam tomado o lugar da aparência habitual de seus amigos e até mesmo de seus pais. Ela se afastou, vendo as nuvens negras cobrirem a escola. E lá, em frente a toda aquela confusão, estavam Ethan, Carlotta, Jullie e Maison, os únicos que pareciam realmente combinar com aquela escuridão.

E então, tudo parou. E Maison estava olhando para ela, com aquele sorriso que a fazia perder o folego. Ela esqueceu de tudo em volta, enquanto ele lhe jogava uma maçã, tão vermelha quanto sangue.

Ela olhou para o próprio reflexo na fruta brilhante, assustada com as cores escuras em volta de seus olhos. Ela olhou para baixo, vendo as mesmas cores nas suas roupas, antes de olhar para Maison que caminhavam em direção a ela.

Ele sorriu, pegou a maçã e segurou para que ela mordesse. Ela mordeu.

E então, já não era mais Maison quem a encarava.

...

—MAISON! MAISON! AQUI! – os repórteres eufóricos haviam cercado o jovem em frente a escola Auradon Prep. – PODE RESPONDER ALGUMAS PERGUNTAS?

—Eu não... – ele começou a falar, mas foi atacado por questionamentos antes de acabar a frase.

—Só faltam três dias pro baile, alguma vez já imaginou que um rapaz como você seria cavaleiro de Auradon?

—Como se sente sendo um dos heróis do reino?

—O que você tem a dizer aos que acusam você de ser o responsável por Boa ter adiado a coroação?

—Sua mãe ainda é uma borboleta?

Ao suspirou, soprando uma mecha de cabelo solta em frente ao rosto antes de se intrometer, diante a expressão confusa de Maison.

—Tudo bem, tudo bem, já chega – ela falou, se juntando a Maison – Acabaram as perguntas por hoje.

—Como você se sente namorando um vilão? – uma das repórteres perguntou.

Boa fechou as mãos, sentindo as unhas fincarem-se nas suas palmas, antes de falar grotescamente, quase em um rugido — Eu disse, já chega!

A mulher deu um passo pra trás, assustada, e todos os outros se calaram.

—O que está acontecendo aqui? – a Fada Madrinha veio correndo até onde eles estavam – Isso aqui ainda é uma escola. E vocês estão deixando meus alunos desconfortáveis. Então bibidi bobidi bu, é hora de partir! Vão, vão, xô! Obrigada.

—Obrigada Fada Madrinha – Boa suspirou, sorrindo para a diretora – Me desculpe por isso, é só ignorar que eles te deixam em paz.

—Acredita mesmo nisso? – Maison ergueu uma sobrancelha.

—Estou esperando que aconteça há dezessete anos – deu um suspiro frustrado.

—Está tudo bem princesa Fera – ele acariciou a bochecha dela – Eles não me incomodam, de qualquer maneira.

—Bem, a mim sim – ela franziu a testa, olhando pro relógio – A gente devia ir para algum lugar, fazer alguma coisa, fugir disso tudo, acho que não tenho mais nada pra hoje, eu não sei se você... – o celular dela começou a tocar – Um minuto. Alô? Dany? Você... Espera, o que? Tudo bem, eu to indo.

—Problemas?

—Desculpa, eu tenho mesmo que ir – ela falou, culpada – Nós marcamos outro dia. Eu prometo.

—Está tudo bem, vá salvar o reino – ele sorriu, sendo atacado por Jullie na mesma hora.

—Se eu tiver que caminhar mais um passo atrás de você, eu juro que vou colocar lagartixas no seu armário – ela ofegou, suada – Ethan está me infernizando. Disse que se você não for provar suas roupas ele não vai me deixar ver meu vestido. E eu quero ver meu vestido. Vamos. Oi Boa, tchau Boa!

—Hã, certo... – ela acenou, enquanto a pequena puxava Maison para longe, e aproveitou para fugir também, vendo os repórteres se aproximando.

...

—Você está na TV – falou Ethan, tirando as medidas do braço de Maison – De novo.

—Pode desligar? Por favor? – o de cabelos roxos pediu.

—Mas estão falando de quando você foi jantar com Jasmin e Alladin – falou Ethan, com uma importância que Maison não entendia.

—E isso é mais ou menos importante do que quando eu jantei com a Branca de Neve? Ou de quando eu for almoçar com a Ariel? – Maison bufou, tirando o blazer azul e olhando para a camisa branca sob ele e para os jeans – O que acha que nós estaríamos fazendo se ainda estivéssemos em casa?

—Em casa? – Ethan ergueu uma sobrancelha – Aqui é nossa casa agora Maison. Digo, se eu pudesse fechar a janelas e nunca mais olhar para a Ilha, é o que eu faria. Você não?

—Claro – ele deu os ombros, se sentando na cama – Onde está Jullie? Ela não devia estar te sufocando querendo ver o vestido dela?

—Ela disse que tinha que encontrar Carly, aparentemente elas combinaram de estudar juntas para a prova de Política Real – ele deu os ombros – Como se não fosse obvio que ela está treinando escondida pro teste do time de esgrima.

—Essa prova não é na próxima semana? – perguntou Maison.

—Se com próxima semana você quer dizer amanhã, então sim – o outro respondeu rindo, enquanto o de cabelos roxos praguejava e tirava de uma gaveta o livro de feitiços, abrindo o livro de história – Leia como um raio sem parar, no fim terá de tudo lembrar.

—Achei que tinha dito que só ia usar isso uma vez – falou Ethan, arrancando o livro das mãos do amigo enquanto este pulava as páginas do livro de história.

—Talvez eu tenha dito – Maison deu os ombros.

—Boa sabe que está com isso? – grunhiu o de cabelos azuis, folheando o livro – Pode mandar todos nós de volta para a Ilha.

—Não se ninguém descobrir – Maison seguiu folheando o livro de história – Boa não sabe. Ela nunca...

—Nunca aceitaria uma trapaça como essa? – Ethan riu – Isso é pouco, ela ficaria furiosa.

—Antes furiosa do que decepcionada – Maison fechou o livro, assim que acabou de ler – Pronto.

—Pronto? – Ethan ergueu uma sobrancelha – Não vai mais usar esse livro!

—Você não sente falta? De sair por ai quebrando as regras? – perguntou Maison, dando um tapa em um travesseiro.

—Não? – o outro suspirou – Eu não sei o que se passa na sua cabeça, sinceramente. Vou me trocar, e então podemos ir ok?

—Ir para onde?

—Para a seleção da equipe de esgrima – o outro falou, entrando no banheiro – e nem faça essa cara, você vai!

Maison jogou o travesseiro longe, olhando para a borboleta que se tronara sua mãe dentro de uma redoma de vidro. Ele franziu a testa, ela parecia... Maior?

...

—Maison, o que acha dessas fotos? – perguntou John, logo após a demonstração do time de esgrima, onde Andrew escolheria quem formaria o time aquele ano – Perguntei a Boa, mas ela disse que eu deveria falar com você.

—Parecem boas... – falou ele, dando os ombros – São pro site da escola?

—Não, eu tenho que mandar pros jornais para divulga a festa – ele falou – O que me lembra, eu enviei por e-mail o juramento, caso ninguém ainda tenha, você sabe, passado ele para você. Se achar alguma coisa confusa pode me perguntar, pessoalmente, e claro é um texto centenário, então se quiser fazer alguma mudança...

Maison parou, uma corrente elétrica percorrendo seu corpo quando os olhos se acenderam em verde brilhante.

—Eu tenho certeza que o juramento está excelente, obrigada John – falou ele, se sentando nas arquibancadas do ginásio de esgrima.

—Ai está o noivo! – falou Laurent, sentando-se também nas escadas junto com Ethan.

—O que quer dizer com isso? – perguntou Maison.

—Bem, você sabe... A colocação de título é um noivado do noivado, antes de você e Boa se casarem – falou John – Todos sabem disso!

—Bem, eu não sabia – falou Maison – Toda a minha vida então já está planejada?

—Não é assim – falou Ethan – É só o que todos esperam... Olhem, Andrew colocou a lista de quem entrou no time!

—Parabéns Maison! – falou John, dando um tapinha nas costas dele.

—O que? Mas eu... – ele ficou olhando para o nome na lista de aprovados – Eu acho que eu já vou indo.

Os três olharam, enquanto Maison saia do ginásio batendo os pés.

...

—Nós passamos o dia inteiro ontem discutindo esse baile, o que ainda falta? – perguntou Boa, sentando-se com Dany na biblioteca na tarde seguinte.

—Nós estamos quase acabando, eu prometo – falou Dany – Só temos que escolhe a cor dos olhos do Maison no vitral... Eu pensei talvez em Caramelo-Perfeito ou Marrom-Encantando, mas...

—Não! – todos a olharam, quando ela ficou em pé mais que depressa – Não, eles tem que ser verdes!

—Verdes? – Dany ergueu uma sobrancelha – Não acho que...

—Verdes – repetiu Boa.

—Tudo bem, verdes – Dany pegou as tiras de vidro verde e deu para Boa – qual você acha?

—Está – ela falou, sem hesitar – É perfeita.

—Ótima – falou Dany – Então, com isso, acho que era tudo. Vamos?

—Eu... Não vou nas aulas de hoje – falou Boa – Eu preciso me arrumar para... O que está acontecendo?

—Aquela é... – Dany arrumou os óculos, olhando para a garota que entrava na biblioteca – Cindy?

—Cindy? – Boa se virou, vendo Cindy Charming suada e exausta, bem a tempo dela cair de joelhos no carpete e as duas correrem até ela.

—Cindy? O que está fazendo aqui? – perguntou Boa – Como chegou aqui?

—Por favor, não me mande de volta... Não me mande pra lá de volta – falou ela, enquanto Dany ajudava-a a se levantar – Por favor Boa...

—Dany, pode levar ela para o escritório da fada madrinha? – pediu Boa – Prometi que me encontraria com Maison.

...

—Jullie, pela última vez – Andrew falou, andando com a garota pelos corredores de Auradon Prep – Não!

—Por que não? – ela choramingou, olhando para ele – Eu sou melhor do que qualquer um daqueles garotos, até mesmo que você!

—Jullie, como seu namorado eu não teria problema nenhum em te aceitar no time – falou ele, suspirando – Você já se provou muito boa, sim, melhor do que eu. Mas como capitão, eu tenho de seguir as regras. O livro diz um capitão e sete homens.

—Mas no Tourney...

—Tinham regras diferentes – ele completou – Sinto muito, mas você está em Auradon, e aqui nós seguimos as regras. Talvez agora que Cindy não está mais no comando, você possa tentar aquela vaga de líder de torcida.

—Mas eu não...

—Eu tenho que ir encontra os garotos, nós nos falamos depois – ele deu um beijo na testa dela e sair correndo.

—Eu não quero ser uma líder de torcida! – falou Jullie, para ninguém em especial. Literalmente, para ninguém, no corredor deserto.

...

—PRA MIM JÁ CHEGA! - gritou Maison, entrando no quarto das garotas, onde Carly estava sentada no computador com uma expressão concentrada.

—Hein, calma ai... O que aconteceu? – perguntou a loira, soltando o computador e olhando para o amigo.

—Eu não aguento mais, todo o dia é uma coisa diferente... Um dia é minha postura, outro é como um como, e agora querem que eu entre no maldito time de esgrima, como se seu fosse obrigado a virar um príncipe ou qualquer coisa do...

Carly deu um pulo, quando os olhos do amigo brilharam naquele fogo verde que a tanto tempo ela não via.

—Como você consegue? – perguntou ele, sentando na cama de Jullie e olhando para a amiga.

—O que quer dizer? – ela ergueu uma sobrancelha, acariciando Lady.

—Eu não consigo falar com ninguém... Ethan está cada dia mais encantado com Auradon, e Jullie... Nem sequer é mais a Jullie! – suspirou Maison, passando a mão nos cabelos – Mas você ainda parece... Você! Não é estranho ter todos te olhando o tempo inteiro nos corredores?

—Eu não sou uma princesa – Carly riu, balançando as pernas – Não sou uma dama, ou a filha de alguém importante. Eu sou apenas uma garota com um cachorro e uma mãe doida, Maison.

—Você não sente vontade de gritar e ver todos eles saírem correndo às vezes? – o de cabelos roxos perguntou.

—O tempo inteiro – riu Carly, apertando os lábios em seguida – Laurent quer que eu conheça os pais dele...

—Você quer conhece-los?

—Eu não sei, estou com medo... – ela admitiu – Venho dando desculpas pra ele há semanas, mas acho que não tem mais como fugir... Maison, você não tem nenhum feitiço que possa me ajudar ou...

—Carlotta, não – falou ele, serio – Os pais dele vão te adorar, sem feitiços.

—Tudo bem – ela suspirou – Eu acho que vou falar com Ethan, provar o meu vestido... Você vai ficar aqui?

—Se importa? – ele ergueu uma sobrancelha, deitando pra trás na cama de Jullie.

—Não, não me importo mas... Você não ia se encontrar com Boa?

Antes que Carly realmente tivesse acabado de perguntar, ele já havia saído correndo pela porta sem nem se despedir.