Desabafo

Capítulo 1


"Devo concluir que não sirvo para ver."

Pensava o canadense dentro do ônibus.

"Não consigo aproveitar os momentos felizes da minha vida... Na verdade, nada me agrada... Tenho ótimos amigos, uma ótima vida... Pessoas que me protegem. Por que eu quero mais do que isso? Por que sinto a necessidade de chamar atenção? Eu me pergunto se não sou realmente doente mental como o Arthur me disse uma vez.
Sabe, eu sempre machuco as pessoas. Nisto, eu tento me afastar de tudo, mas começo a me sentir sozinho e no fundo, eu tento chamar atenção de alguma maneira. Não consigo e fico assim triste, choroso, lerdo até... O pior não é não conseguir chamar atenção e sim quando eu consigo... Eu simplesmente rejeito que a pessoa tenha me dado atenção... Não... Eu não sou doente mental. Eu sou mimado. É isso... Eu quero tudo do meu jeito. E não aceito a vida..."

Ele levantou-se suspirando, havia chegado ao seu ponto. Desceu tranquilo e foi caminhando até o portão de sua casa.

"Eu devia dar mais atenção às pessoas a minha volta... Aguentar as coisas que eu não gosto... Eu sou totalmente egoísta. Veja já devo ter pensado uns trinta "eu" por toda essa conclusão de meus sentimentos. Fora o fato de que ainda não consigo me conformar com o meu jeito de ser, porem nada faço para resolver isso.
Hum... Sei que assim que me deita eu irei começar a chorar por algo que vai vim a minha cabeça. Provavelmente nem real vai ser, mas vou derramar muitas lagrimas por causa disso."

Abriu o portão e entrou.

— Ah, Matt! Finalmente você chegou. Me ajuda!!! - disse o Alfred arrastando o irmão.

— E-E! Ca-Calma! - disse ele baixo como sempre.

—Hum? Tem algo de errado? - questionou preocupado

— Não. - ele respondeu um tanto mais alto e serio.

— Mesmo?

— Sim. - respondeu meio seco.

— Ok... - o americano percebeu que tinha algo de errado, mas que o irmão obviamente não contaria. - Tem como você fazer isso?

O canadense não respondeu apenas foi fazendo.

— Ei Matt? - ouviu a voz do francês.

— Só um instante. - respondeu enquanto fazia aquilo que o americano pediu anteriormente.

— Matt? - novamente o Bonnefoy o chamou.

— Só um instante! - falou mais alto e prosseguiu no que fazia.

Ouviu cochichos e entre este o citar de seu nome, já estava terminando.

— Traga um copo da água.

— Ta bom....

Em menos de alguns segundos

— O MATT! QUER VIM LOGO?!

— Calma!

— Eu to esperando já faz tempo.

Numa longa respirado o Williams pegou o copo da água e levou para seu pai.

— Sabe o que estava reparando?

— Não... - ele falava com a raiva lhe tomando. E um sentimento que há tanto tempo lhe enchia um que lhe dava vontade de chorar constante, mas ele se segurava. Pelo menos na frente das pessoas.

— Que você não pega um só livro para entrar na faculdade... O que esta pensando da vida?

— Que sem objetivo não adianta fazer nada.

— Então me vergonha na cara e arranje um. - o francês viu o filho mais novo sair dali.

“O papa tem razão. Devia saber o que eu quero da vida. Eu vou acabar sendo sempre um inútil imprestável. Eu... Me odeio! Eu sou a pessoa mais nojenta do mundo. Eu devia estar indo em busca de um futuro. Mas não faço nada que preste. Só saio de casa quando é algo que... Bom, que me deixa feliz. É um assunto fútil. Não vou ganhar a vida com isso. Já tentei. E quando eu fico em casa... Eu dou apenas uma arrumada básica e fico no computador o dia inteiro, minha segunda vida é aqui."

Nesse meio tempo de pensamentos o menino foi ao seu quarto, pegou algumas peças de roupa e foi em direção ao banheiro.

“Uma criatura como eu não mereço viver."

Foi tomando seu banho tranquilo e por si... Ali era o único lugar onde ele raramente chorava... Sempre preferiu sua cama. Mas por vezes não se aguentava... E de desfazia em pranto ali mesmo. Se alguém saísse e lhe visse podia a dizer que era sabão no olho.

" Não sei como tem pessoas que dizem que eu sou forte... Eu simplesmente sou fraco demais pra tudo. As pessoas acham que eu as ajudo por quero ver todos felizes. Isso é uma completa mentira.
Ajudo porque quero me sentir útil em algo. Ou para me sentir redimido... Porque eu sei que no fundo eu vou acabar machucando essa pessoa... E por mais motivos que sinceramente não quero pensar...”

Terminou de banhar-se e vestiu-se.

“ Não sei do que estou reclamando de mim. Não vou mudar nada mesmo. É seguir assim... e esperar pelo fim. Porque nem coragem de me matar eu tenho né.”

Ele deixou na própria cama, fechando seus olhos, encolhendo seu corpo e como ele mesmo havia pensado anteriormente, sua mente começava a borbulhar possibilidades, estas nas quais ele achava o amor e estragava tudo. Estas que ele conseguia o futuro desejado, mas não conseguia prosseguir por não ser forte o bastante.

Todas aquelas possibilidades em que no fim, ele mesmo estregava por se sentir péssimo e horrível.

Era como o Williams se sentia: um lixo, seus pais o amavam, por mais que ele fosse constantemente incentivado por amigos e afins... Era como se nada na vida dele fosse realmente torna-lo a pessoa que ele queria ser e ao mesmo tempo, ele não queria ser nada porque tudo parecia pesado de mais.

“Eu quero melhorar? É uma pergunta plausível, né? No fim das contas, eu tenho uma vida boa e medo de seguir em frete, de mudar as coisas, perder as coisas! As poucas coisas que eu sinto que eu tenho. Mesmo que eu fique incomodado com a presença alheia... Mesmo que eu fique mal com tudo isso... Eu quero mudar isso?
Talvez eu só queira as coisas do meu jeito... Como eu disse, eu sou mimado e é só isso mesmo.”

Aquele pranto intenso que vinha novamente com seus pensamentos, a ponto de provocar dor, começava a cansar. Matthew aos poucos sem perceber dormia e encerrava mais um dia, onde não conseguia encarar a si própria e a vida.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.